sábado, 30 de outubro de 2010

Macaquinhos no sótão

Eis que a data se aproxima. 

Mais uma maratona está a chegar. É preciso ter estado atento ao meu blog, ou já perceber um pouco desta coisa de correr, para dar o devido valor às linhas que agora escrevo. 

Uma maratona envolve, no mínimo, uma preparação de 3 a 4 meses de treinos específicos. 3 ou 4 por semana, às vezes 5. Desta vez tenho a pequena vantagem de já ser a 2ª vez que vou fazer uma maratona. Mas a vantagem é de facto muito pequena. Chegados a esta altura em que é tempo de reduzir a carga de treinos e de Km’s para deixar o corpo acumular energia e reservas para o grande dia, não nos conseguimos abstrair das habituais duvidas. Terei treinado o suficiente? Estarei bem preparado? Conseguirei chegar ao fim? Irá correr bem? Irei sofrer muito (mais do que o necessário)?

Mas de facto poucas certezas há. Não temos ponteirinhos e luzinhas que nos indiquem como estão os níveis. 

Para além disso há toda uma série de riscos que o Murphy diz que vão correr mal. Coisas perfeitamente banais em qualquer altura podem-se revelar autenticas frustrações nesta altura: uma constipação à ultima da hora, um mau jeito, um buraco ou um pé mal colocado num treino, um entorse. Tudo o que possa deitar por terra vários meses de investimento. Embora não se viva obcecado com isso (eu não vivo), reconheço que me passam pela cabeça por vezes. Sobretudo depois de quase acontecerem. Safa! Olha se.... 

Mas esta angustia é apenas parte do processo natural. Creio que deve afectar de igual modo amadores e profissionais. Se um profissional tem a vantagem de ter corrido já bastantes maratonas e de conhecer muito melhor o seu corpo, as suas capacidades e o seu momento de forma, também as suas responsabilidades são muito maiores, corre por objectivos muito mais exigentes e tem uma margem de erro muito inferior.

Este texto funciona também como um exorcizar de espíritos maus. Xô! 

Neste momento e apenas a uma semana da maratona do Porto, vou treinando aqui e ali, participando em provas já mais para libertar um pouco o stress, enquanto espero pelo big one.  

Tal como há um ano, fisicamente acho que estou pronto. Os kilos a mais das férias já foram. Creio que consegui um bom pico de forma. Não há lesões de assinalar. All systems GO! 

Olhando para a coisa de um ponto de vista estatístico e sem grandes preocupações científicas, agregando apenas os ultimos 3 meses antes da maratona, obtenho os seguintes valores:


2009 2010
Contagem: 39 Actividades 48 Actividades
Distância: 463,04 km 572,21 km
Hora: 43:31:18 h:m:s 54:03:32 h:m:s
Ganho de elevação: 6.734 m 5.322 m
Veloc. média: 10,6 km/h 10,6 km/h
RC méd.: 147 bpm 149 bpm
Calorias: 41.540 C 40.278 C


Isto dá-me algum descanso e confiança. Claro que nada diz quanto à qualidade do que andei a fazer mas diria que segui um plano semelhante, um pouco mais exigente apenas. Contando com os 10Km de hoje que não estão ainda reflectidos neste total, foram mais 12h, mais 120Km. Epá isto só pode estar pronto.

Portanto os macaquinhos estão arrumadinhos, no sótão. Felizmente nunca tive de colocar em prática, literalmente,  a máxima: instrução difícil, combate fácil, mas adaptando ao mundo da corrida, estou pronto para uma batalha fácil. 

Claro que é preciso conjugar uma série de outros factores mas a parte motora e psicológica está desejosa de mais um desafio. Voltarei a este tema para uma pequena reflexão e análise do percurso e do ritmo que vou tentar cumprir. 

Descansem que é altura dele (mas não exagerem :)

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

24 de Outubro - Corrida do Tejo



Após a ausência de 2009, ano em que fomos à corrida de Santiago de Compostela, voltámos à Corrida do Tejo. A prova cresceu muito em participantes desde 2008. Segundo indicações do Manzarra num púlpito pendurado num guindaste estavam 11.000 pessoas. Mas consultando o numero de pessoas que cortaram a meta (9262) não me parece que quase 1800 pessoas não tenham acabado a prova ou se tenha inscrito e não tenham aparecido. Seja como for esta prova, para além de outras coisas, é a maior corrida, em número de participantes, de Portugal.

Mas vejamos o filme da coisa. Como em 2008, fomos deixar o carro junto ao forte em Oeiras e apanhar o comboio para a partida. Na viagem percebemos logo um dos problemas da organização ter passado o limite de inscrições para 10.000. A viagem de comboio é insuportável. As sardinhas em lata têm uma vida mais confortável. Acabámos por sair na Cruz Quebrada e fomos devagarinho a correr aqueles 1500 metros até à partida. Bem melhor que ir no forno entalado até Algés. Mas foi o único problema que houve. De resto a prova continua bem organizada e nem se dá pelos 10.000 a não ser após a partida e durante a prova. Tanta gente!!!

Muito carnaval, muito investimento, é uma festa enorme. Independentemente de tudo o resto penso que esta prova vale pelo que faz pela corrida. Certamente muita e muita gente começa ali uma paixão pela corrida. 

Esta foto faz-me lembrar algo... o que será... :)

Quanto à corrida em si a prova correu-me bem. Este ano fui participar apenas para descontrair um pouco. O plano de treinos tinha algo bem mais exigente marcado. 28 Km. Mas queria ir na mesma. A opção foi repartir os Km's pelo fim de semana porque também não queria fazer 28 no Sábado e 10 no Domingo. Acabei por fazer 7 na Sexta com a Dora, 20 no Sábado com o Sérgio e mais 10 hoje com 10.000 gajos. Foi o que se arranjou.

Mesmo sem querer lá levei um ritmo mais forte do que pretendia e acabei por fazer 44 minutos. A seguir fui para a meta ver se via a Dora chegar. É muito divertido estar na meta a ver tanta gente a chegar. Tanta gente feliz. Ia com 1h de corrida e nesse escalão chegam as pessoas que estão a começar a correr. Na meta 2 senhoras da organização relembravam quem ia chegando para levantar os braços e festejar o momento. Bom, estava tão entretido que passou a Dora e passou um amigo meu e não vi nenhum. É muita gente a chegar ao mesmo tempo. 

Mais uma frutinha, que diga-se não era de grande qualidade e foi meter no carro e voltar para casa. 

domingo, 17 de outubro de 2010

17 de Outubro - Ultimo treino longo para a maratona do Porto


E lá foi mais um esticãozinho de quase 34Km, só para o corpinho se preparar. Faltam agora 3 semanas para a grande prova. Desta vez foi o Sérgio que marcou presença. Saímos bem cedo para apanhar as poucas estradas que tínhamos para fazer quase sem transito. Embora o dia prometesse muito sol à hora que saímos ainda fomos a sentir o frio da noite em muitas zonas do percurso. A ideia era ir até à quinta da Apostiça e depois desfazer. E assim foi. 17Km até lá, depois era só regressar a casa. Foi um excelente treino a desfrutar do melhor ar puro existente num raio de muitos e muitos kms. Sossego total e muitos pinheiros só perturbado por um ou outro quad. Mesmo assim como fomos muito cedo livrá-mo-nos da maioria deles. Os únicos tipos que nos viam passar estavam todos de preto em cima de postes e de árvores e riam-se. Quuuuááá, quuuááá, quuááá, malandros dos corvos. Enormes e belos.
Terreno sobe e desce, piso massacrante com muita pedra solta na zona da Apostiça a deixar algumas marcas nos pés. Mas tirando o cansaço e algumas dores nas articulações que amanhã já cá não estão, as maquinetas responderam bem. Isto está tudo pronto. Venha ela.

Agora olhando para o plano de treinos, a coisa já vai ser a decrescer, embora sem tirar muito o pé do acelerador. Para a semana ainda há 27Km para fazer e mais a Corrida do Tejo no Domingo. Ainda não sei bem como vou repartir a carga mas 37 em 2 dias é muita fruta. Ide treinar e portem-se bem.

10 de Outubro - Meia Maratona da Moita



Este fim de semana havia provas grandes por todo o lado, de Norte a Sul. Foi também o fim de semana da estreia de mais uma Maratona em Portugal.

Assim tivemos no mesmo dia a meia maratona do Porto, a meia maratona da Moita e a Maratona (e a meia Maratona) do Algarve. Isto se contarmos apenas com provas de alguma envergadura e mais conhecidas. Outras houve seguramente.

Espero que esta nova maratona no Algarve vingue, embora ache ridícula a data escolhida. Menos de 1 mês antes da Maratona do Porto? Quais foram os critérios que levaram pessoas experientes na organização de provas a marcar as coisas em cima umas das outras? O país é assim tão grande e tem assim tanta gente a correr maratonas que justifique não haver uma coordenação e uma escolha mais bem pensada de datas? Obviamente que não e a resposta está na afluência que a prova teve. Cento e poucas pessoas à partida de uma maratona. É francamente mau. 106 atletas a cortar a linha da meta. De uma maratona. Era bom que esta prova tivesse sucesso. Afinal há tão poucas maratonas em Portugal. Só não se percebe é porque tentam matar as coisas antes de nascer.

Compreendo que este não deve ser um investimento com retorno imediato e que vai ser preciso apostar durante alguns anos até a prova se auto-sustentar, ou desaparecer. Mas para quê complicar?  O ano tem 12 meses e se muitos estão interditos devido ao clima da região, também há que respeitar quem já cá está há mais tempo e já tem as suas datas marcadas na agenda há muito mais tempo. Não me parece que seja útil para ninguém este tipo de atitudes.

Espero que repensem a data escolhida e que saibam encaixar esta prova no calendário anual. Todos irão lucrar com isso.

E só falo da Maratona no Algarve no tópico da Meia da Moita porque, quando estava a planear a época e as provas em que ia participar, surgiu-me inevitavelmente esta prova na ideia. No entanto era uma maratona e eu não queria fazer uma maratona logo antes de outra maratona. Já tinha decidido que este ano ia fazer a do Porto e embora não tenha feito nenhuma das duas, conheço ambos os traçados e em termos de beleza, envolvente, participação, posso mesmo dizer organização, é como comparar…. nada…. não é justo comparar. Portanto a maratona do Algarve estava fora de questão. Sobrava ir fazer a meia ao Algarve. Mas para quê ir ao Algarve fazer meia maratona se já tinha uma meia a 30 minutos de casa, na Moita. Com muito menos impacto familiar, no fim de semana e no orçamento?

E lá foi para o espaço esta 1ª edição Algarvia. Fico á espera de uma data em que a coisa faça sentido. Senão olha, boa sorte. Pelo feedback que me chegou desta prova este ano, não é só a data que têm de mudar.

Assim sendo, lá formos para a Meia da Moita. Inicialmente havia a ideia de ir um pouco mais cedo para fazermos meia duzia de Km’s extra porque o plano de treinos para esta semana pedia mais que 21. Mas dado que um dos companheiros tinha puxado demais num treino da véspera a ideia foi abandonada.

O objectivo era testar o ritmo para a maratona. Mas qual quê. Estavam todos enloquecidos e eu que levava o conta quilómetros era a melga de serviço. Sempre a chamar o pessoal. Venham cá! Então não queriam ir a 5? O ritmo oscilava entre os 4”30 e os 4”40. Ah e tal depois quando fôr a subir já reduzimos. Tá bem tá.

Só por volta do Km 10, 11, já no caminho de regresso a Moita foi possível acalmar um pouco e testar o ritmo dos 5”. O Reis entretanto avisa que o joelho está a dar problemas e que vai ficar já por ali. Seguimos viagem para fazer os restantes 9 Km’s desta vez saindo da Moita em direcção oposta. Num ritmo já mais descontraído lá fomos, eu e o Rogério. Até que ao Km17 um problema com os atacadores o fez parar. Esperei um pouco embora me tivesse dito para seguir. Retomámos a marcha e logo de seguida nova paragem para resolver o mesmo problema. Mau. Segue segue, dizia-me, já te apanho. Lá segui. O que aconteceu a seguir já não me apercebi. Só estranhei que nunca mais me apanhasse e que nunca mais chegasse à meta.  3 minutos depois lá chega o Rogério furibundo. Lá fiquei a saber que tinha parado uma terceira vez com problemas nos atacadores e que lhe começou a dar uma cãibra. Diz que me chamou. Mas eu não ouvi nada. Lá foi socorrido por outro companheiro. E tudo acabou bem. Da próxima vez vou ignorar os pedidos para seguir. Nunca imaginei que pudesse ter tido algum problema muscular. Não é que o fosse ajudar mais ou melhor do que quem o ajudou. Quiçá até lucrou com isso, mas fica sempre aquela sensação que podíamos ter estado lá. Enfim.

A organização foi de uma eficácia fantástica e tudo decorreu sem qualquer problema. Abastecimentos pré-sinalizados 100 metros antes, bem colocados, Km’s bem marcados, partida a horas, chegada sem problemas. Um descanso, pertinho de casa. Uma meia com lugar cativo no calendário.

O tempo acabou por ser melhor do que o previsto dado que fomos a um ritmo mais elevado, mas mesmo assim não foi nada de especial. Em linha com a edição de 2009 acabei no mesmo minuto 1h42. Os tempos estão aqui.
O track com os restantes detalhes está na barra lateral, no sítio do costume.

No final era tempo de regressar a casa onde a Dora tinha uma belas dumas favas à espera. Maravilha!

domingo, 10 de outubro de 2010

Bolo desportivo

 Há 500 mil receitas de bolos energéticos/desportivos na net. Esta é apenas mais uma. A unica diferença para as outras todas é que já experimentei esta e gostei.
- É económica e simples de fazer
- Conserva-se muito tempo 
- De fácil digestão
Testei durante a semana antes do Trilhos do Grande Lago, testei ao pequeno almoço da prova e durante a própria prova. Passou com distinção. 


Desta vez não tinha banana mas da próxima vez vou incluir na receita Se correr bem depois altero a receita. Para já é assim:


Ingredientes


- 120g de farinha integral (Tipo 110 ou parecido)
- 120g de flocos de aveia
- 120g de passas de uvas
- 100g de mel
- 50g de amêndoa moída
- 280ml de leite
- 2 colheres de sopa de azeite
- 1 ovo
- 1 colher de chá de bicarbonato de sódio


Preparação


Misturar todos os ingredientes sólidos. Dissolver o mel no leite morno e juntar à mistura. Incorporar o ovo e o azeite. Misturar tudo muito bem. Untar com manteiga e farinha uma forma de 23cm de diâmetro para facilitar o desenformar. Levar ao forno a 160ºC durante 25 a 30 min. Deixar arrefecer. Se correr tudo bem obterá um bolo rasteiro, compacto e que se solta da forma facilmente. Cortar em pedaços e guardar. 


O meu aguentou facilmente mais de 1 semana no frigorífico. Como, antes de correr, 1 ou 2 pedaços, no pequeno almoço antes das provas, ou mesmo durante as provas mais longas. Não fica muito doce, nem convém, para poder sobreviver aqui à marabunta cá de casa. Se forem gulosos aumentem a quantidade de mel.


Se quiserem consultem a fonte original que usei aqui.


Update V1.1


Inspirado pelos comentários do Tigre, aqui mais em baixo acabámos de fazer uma nova fornada. Desta vez foi um bocado à Ratatouille. Quantidades mais ou menos, avelã em vez de amêndoa, uma banana esmagada, umas bagas goji (dica do Luis), umas colheres de proteína whey com sabor a chocolate, mantendo tudo o resto. Depois usámos também as formas de queques. Nem vos digo nada. A coisa ficou mesmo deliciosa. Quase que dá vontade de ir correr só para comer um queque destes. Ficaram bem mais fôfos do que a receita original. Deixo-vos com uma foto e com a inveja. Agora só falta o Sicó para os rapazes cumprirem a sua função. 






Bons treinos bem nutridos!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

3 de Outubro - Trail Terras do Grande Lago



Há muito tempo que esta prova estava na agenda. Ainda por cima implicava uma deslocação da corte para aproveitar para conhecer melhor mais um cantinho deste país. E assim no Sábado de manhã seguimos viagem que o tempo é sempre escasso quando as coisas estão a saber bem. Acompanhados do Rogério e respectiva família, foi um passinho até Portel.

À medida que nos aproximávamos do destino íamos vendo com outros olhos a orografia do terreno. Quais searas, rectas e planícies com chaparros? Aquela zona de transição do Baixo para o Alto Alentejo ou está a subir ou está a descer. Serras, montes e vales. Isso sim. Estava dado o mote.

O almoço na Amieira foi fantástico, num restaurante daqueles que desafiam a lógica dos custos, onde só tivemos de responder a 2 perguntas: Tinto ou Branco? e Carne ou Peixe? Nem digo mais para que se surpreendam como nos aconteceu. Vão à Amieria, ao Aficionado (é melhor marcar mesa) e depois falamos.
Altamente recomendado para quem gosta de boa comida genuína, com um serviço eficaz e um preço justo. Se a vossa onda é outra, rumem à marina e seguramente encontrarão outro tipo de opções.

Jantar em Alqueva já mais regrado a preparar o dia seguinte, dia de luta, e regresso à albergaria O Castelo. Sítio em conta com as condições suficientes para quem precisava de descansar o esqueleto por umas horas. No entanto tenham cuidado, se fôr fim de semana, certifiquem-se que pedem um quarto longe do barulho que vem do bar ao lado. É que o pessoal fica cá fora até às tantas e para quem quer descansar é uma desgraça. Mesmo com as excelentes janelas que faziam grande parte do trabalho, era impossível haver sossego. De resto chega bem para o que pretendíamos. Limpo e agradável.

Os autocarros que nos levavam para a partida, em Alqueva, partiam às 8h30 e por lá andávamos a encontrar malta conhecida, quando soubemos que os 32Km, que tinham passado a 34Km, foram esticados até aos 36Km. Primeiro sentimento: épá comecem lá com isto depressa antes que venha um novo aumento para os 38Km :) Devido à abertura da caça foi preciso evitar a passagem por dentro de algumas herdades. Assim iríamos ter de contornar o que dantes estava planeado atravessar. E contra factos não há argumentos. Quem já ia fazer 34Km prefere fazer mais 2 do que ganhar um peso extra... em chumbo.

Isto excedia ainda mais o plano de treino que tinha para esse dia, que ainda por cima não era suposto ser feito em montes e vales. Levávamos também um amigo do Rogério que vinha de umas esfregas valentes, mas que precisava de Kms para a maratona do Porto. Decidimos que íamos devagar e que o importante era chegar ao fim sem estragar nada. E lá fomos. O andamento era muito lento e propício à conversa. Rapidamente juntámos mais alguns companheiros na conversa e lá fomos. Os primeiros Kms a seguir a Alqueva deram logo o mote. Sobe, desce, sobe desce. Até nos aproximarmos do Grande Lago a coisa seguia tipo carrossel. Tínhamos sido avisados que os primeiros 18km eram mais brandos, mas para termos calma que os 18 seguintes iram fazer mossa.

Devido às alterações de ultima hora, penso eu, os abastecimentos ficaram um bocado desfasados. Estavam previstos de 5Km em 5Km mas o primeiro surgiu aos 9Km e os outros seguiam com 2 muito juntos a prejudicarem mais tarde um grande troço sem abastecimento. Precalços que felizmente não foram mais do que incómodos. Tivesse estado um dia como o da véspera com 27º a cantiga ia ser outra. Mas o dia acordou ideal para a prova. Céu muito encoberto, sol nem vê-lo, um vento de Sul, por vezes com rajadas fortes no alto dos montes e serras.


A paisagem desfilava por nós. O Lago acompanhou-nos durante alguns Km’s. Ali naquela zona o lago não é muito largo pelo que não choca muito com a paisagem. Afinal sempre houve albufeiras no Alentejo, maiores ou menores. Devido á orografia do terreno nunca se consegue ter a percepção da grandiosidade do Lago. Talvez se subíssemos a um ponto bem mais alto. Mas dali não. Claro que isso não quer dizer que não desfrutássemos de paisagens belíssimas. Mas enquanto andámos naquela zona junto à água estivemos sempre a uma cota ligeiramente acima da água. Só mais tarde, já longe do lago, atingimos o ponto mais alto da prova com a água já bem longe.

E lá seguíamos o nosso percurso. A monotonia da paisagem contrastava com a boa disposição geral. A paisagem mudava aqui e ali Primeiro sem árvorres, depois com sobreiros, às vezes oliveiras, um bom pedaço de eucaliptos onde parecia que tínhamos saído do Alentejo e entrado no Sicó, até o solo era logo outro. Pinheiros. Uma aula de botânica.


Pelo caminho íamos também encontrando muitos dos tipos que nos tinham obrigado a fazer ainda mais 2Km. Caçadeiras ao ombro. Olhavam para nós um pouco resignados. Não sou caçador mas é fácil perceber que 300 tipos a correr por aqueles montes não são propriamente a melhor receita para ajudar a apanhar umas lebres.

Os km’s iam passando e moendo as forças. A segunda metade fez-se anunciar com declives mais acentuados e mais frequentes. Ora era preciso meter a passo porque a subida era demasiado inclinada, ora a descida moía as articulações dos joelhos. Dado que tínhamos ido devagar, eu e o Rogério íamos bem, o 3º resistente começava a sucumbir ao cansaço acumulado dos últimos dias e à falta de Km’s que ainda tem. O Paulo que tinha ficado para trás apanhou-nos, porque íamos muito lentos. Ainda fomos ali um bocado juntos, mas ele estava a sentir-se bem e seguiu viagem.

Pouco antes do Km 32 novo abastecimento. Lembro-me de ter pensado que se tivessem sido 32 era perfeito. Mas ainda faltavam 4. E sempre a subir. Aliás, todo o traçado é em crescendo desde o Alqueva até Portel. O Reis ficou definitivamente para trás e conseguiu convencer o Rogério a seguir. Lá fomos fazer os últimos 4Km. O ultimo empeno até á meta. Passagem pela vila de Portel e chegada a Portel onde o pessoal nos aguardava. Ahhh!!! Mais uma bela prova de trail.


Desta vez optei por levar uma máquina fotográfica comigo. É uma pequena máquina, à prova de água e de quedas, pelo que ia descansado. Fiquei surpreendido com a qualidade das fotos. Quase todas foram tiradas em corrida e nem sei como a máquina consegue tirar fotos focadas nestas condições. Acho que o resultado é bem interessante. E já que levo o Garmin a gravar o track, basta juntar as duas coisas, mexer bem, e voilà. Lembrei-me de preparar mais uma engenhoca. Que tal um track no Google Maps…. com as fotos ao longo do track, cada uma no sítio do track onde foi tirada? Ahnnn? Era giro! E que tal fazer isto para quase 100 fotos de forma quase automática e que esteja acessível com um simples browser visitando o Google Maps. Era fixe! Pronto, é este resultado que partilho convosco. 

Google Map da Prova


Para quem tiver o Google Earth instalado no PC também pode usar o link seguinte. Vê o mesmo, mas tem muito mais funcionalidades disponíveis no Google Earth, para além de ter uma utilização muito mais fluida que um browser.



Tenho pena de não ter tirado mais fotos, por vezes esquecia-me que levava a máquina comigo. Por vezes no meio do esforço e de uma recuperação era o que menos me apetecia era pegar na dita. Tenho de apurar a técnica para a próxima prova. Digam o que acham da ideia. Isto assim fica uma espécie de street view em que eu faço de carro da Google (ok, geek joke time). Pelo menos para as provas mais emblemáticas que aí vêm vou fazer novamente o "race view".

Era tempo de tomar um banho rápido na hospedaria e ir para o almocinho de cozido de grão. Que óptima ideia. O problema é que devido a uma organização pouco eficiente da empresa que serviu o almoço, o tempo de espera foi um desespero. Esperámos talvez 1 hora na fila para o almoço. E era suposto ser self-service. Correu mal essa parte. No Sicó tinha corrido tão bem. De resto e mesmo contando com as alterações de traçado á ultima da hora, a localização dos abastecimentos que também trocou um bocado as voltas, foi uma organização 5 estrelas e demos o nosso fim-de-semana por muitíssimo bem empregue. Agradeço ao pessoal do Mundo da Corrida por mais este contributo para a causa. Voltarei com a certeza que estes aspectos serão melhorados na próxima.


Foi um prova diferente para mim. Normalmente vou sozinho, no meu ritmo. Vou mais rápido e chego mais esgotado à meta. Levava o Garmin em auto pausa (pára o cronómetro sempre que paro) e só nos reabastecimentos foram mais de 10 minutos, à conversa, à espera para reagrupar, etc. Mas assim é muito mais divertido e o tempo passa bem mais depressa. Mas o objectivo foi perfeitamente atingido. Não deixou qualquer mazela, e no dia a seguir não sentia qualquer cansaço ou dôr muscular. Não diria que tinha feito 36Km de montes e serras alentejanas no dia anterior. Excelente treino para a Maratona do Porto.

As classificações estão aqui. Fizemos 3h57 com um tempo de corrida de 3h45.