sexta-feira, 3 de junho de 2011

1 de Junho - 10º Treino Lunar - Costa Lagoa Costa by night!!! E muito mais



Saí de casa numa fona. Desta vez para além do petisco ia levar muito mais tralha, mochila, radios PMR, etc. Ainda tinha de ir buscar o Parro. Acabámos por chegar à Costa com 15 minutos de atraso mas dentro do tempo que tinha pensado. Nunca acreditei que conseguíssemos sair antes das 8. No caminho já o Parro vinha a dizer que o Fernando Andrade tinha saído há pouco do trabalho mas eu sabia que a ponte não estava fácil (embora quando eu passei estivesse impecável, um acidente estragou tudo).

Chegámos e já nos queriam comer a pele. Vá lá que o Parro trazia dorsais para acalmar os ànimos :) Enquanto distribuíamos os dorsais fazíamos mais um pouco de tempo a ver se o Fernando chegava. Mas já não dava para esperar mais quando o Fernando estava aínda a entrar na ponte.



Precisamente às 20h arrancámos. 19 apeados e 2 de bicicleta. Eu sabia que ia pessoal da bicla e no princípio até referi que aquilo de bicla era bem complicado. Era preciso uma boa preparação para pedalar ali durante umas horas. Pensei que eles eram craques da coisa. Embora a maré estivesse no mínimo quando chegássemos á Lagoa, suspeitava que não era possível lá chegar de bicicleta.

Mas lá seguimos. Formaram-se vários grupos e os PMR's permitiam a troca de piadas entre os vários grupos. Num instante chegámos à Fonte da Telha. O nosso objectivo surgia agora no horizonte e discutimos durante uns tempos se a entrada era acoli naquela duna ou acolá na outra. Estávamos a 6Km do objectivo.



Eu ia parando para fazer uns bonecos bonitos do pôr do sol, da paisagem, dos pescadores e inevitavelmente descolei do meu grupo. A maré ainda a descer apresentava, mesmo naquela zona, uma área perfeitamente plana, embora ainda com alguma água, pelo que nem sempre se podia ir mesmo cá em baixo. Mas a progressão era excelente. O piso compacto. Uma maravilha. Nada de dificuldades. Perfeito para correr.



 A cerca de 2 Km da Lagoa é que não há hipótese. O piso inclina definitivamente e mesmo com a maré no mínimo não é possivel correr em piso plano e compacto. Ainda assim a maré bastante em baixo deixa à mostra um terreno um pouco inclinado mas suficientemente firme para uma corrida aceitável.



Quase a chegar começo a ver ao longe os flashes dos 1ºs que chegaram. Estranhamente não ficaram por ali e regressaram de imediato. Começamos a cruzar-nos à medida que estou cada vez mais perto. Tinha pensado que todos, ou quase, nos íamos reunir ali para reabastecer antes de voltarmos. O Nuno passa por mim e diz-me que é só mosquitos e que é impossível estar ali. Quando chego percebo o que ele queria dizer. O pouco vento que se sentia trazia milhares e milhares de mosquitos ou que raio era aquilo. Era de facto impossível estar ali. Tirei meia duzia de fotos mal amanhadas e nem pensar em esperar por mais ninguem, quanto mais comer por ali. Ia de certeza comer muito mosquito á mistura.
Os mosquitos colavam-se ao corpo húmido para além de virem contra os olhos, os ouvidos, bahhh!



Tal como os outros pirei-me dali para fora. Ia fazer 1 ou 2 Km até uma zona onde aquela praga tivesse acalmado. A princípio, agora contra o vento, embora pouco sempre era algum, a quantidade de bicharada que vinha contra nós era gigantesca. Mas à medida que nos afastávamos da zona começou finalmente a acalmar. Seguia agora com o Alex mas parei para me reabastecer e fiquei sozinho. Lá comi um pouco do bolinho energético que tinha feito na véspera e segui.

A noite caíu finalmente. A crónica dôr que me ataca as zonas mais calejadas dos pés também desapareceu depois de ter molhado os pés algumas vezes. Era a melhor parte da noite. Já tinha deixado a zona inicial inclinada logo após a lagoa. O mar estava agora no mínimo da noite. Quase sem ondas. Calmo. Um tapete plano e compacto estava agora à mostra, reluzia mas não tinha água. Seguia por aí mesmo junto á água. Muito ao longe as luzes de Lisboa, mal se distinguiam. Muito mais pequenas do que as costumo ver nos treinos lunares.
Ali mais perto mas ainda a 4Km as luzes da Fonte da Telha constituiam o primeiro objectivo. Do lado direito ali pertinho a arriba fóssil cortava todo o vento NE e dava uma sensação de aconchego naquela imensidão de vazio.

Ao longe luzinhas que pareciam frontais iam crescendo até se transformarem em pescadores na sua faina. E passo uns e passo outros e outros. Muita gente anda a pescar por ali. Algumas mulheres metem-se comigo, dizem que sou o ultimo. Digo-lhes que não.

De vez em quando, estava pessoal por ali, naquele fim do mundo. Nem sei bem quem. Estavam cá mais em cima na areia seca. Um casalinho?

Eu seguia completamente às escuras. Só as estrelas iluminavam a noite. Não me apetecia ligar o frontal.

À medida que me aproximo da Fonte da Telha há cada vez mais gente na praia.

Já vinha há alguns Km's a falar pelo rádio com o Roque que tinha ficado mais para trás com o José Santos. O Parro ainda vinha mais atrás já sozinho. Também tinha um rádio mas não estava a responder à chamada. Eu após a Fonte da Telha comecei a tentar contactar a Caparica mas só conseguia falar com o Melo que não devia ir muito á minha frente. Às tantas o Roque diz que já vinha a andar há muito tempo e nem sinal do Parro. Vai esperar ali na Fonte da Telha para ver se o tipo aparece.

Às tantas apercebo-me que vai ali à frente algo. Seria uma bicla? Meto a passo para finalmente pôr o frontal na moina. Volto a correr e de facto era uma bicla. Ainda fiquei baralhado porque não fazia muito sentido uma bicla ali aquela hora. Seguia com alguma dificuldade até porque senão como tinha eu conseguido a correr ultrapassar uma bicla? Olhei para ele mas não o reconheci e ele também nada disse, por isso segui.

Mais à frente seguia  o Melo e o Nuno Tempera com outro companheiro de bicla. Seguiam a andar quase. Bicla pela mão. O companheiro da bicla seguia com muita dificuldade já e eles iam ali a acompanhá-lo. Quando lhes disse que o outro vinha ali logo atrás o Melo e o Nuno foram ter com ele. Eu fiquei com ele e abandonei a minha corrida. Viemos sempre juntos até ao final dado que ele estava muito desmoralizado para além do esgotamento que já tinha tido à ida para lá. Claro que não conseguiram chegar à Lagoa. Contou-me que subestimou o esforço. Na prática não faziam ideia do que era pedalar naquele piso.

Consigo finalmente falar com o Luis Canhão na Caparica e dado que os primeiros tipos estavam a começar a chegar peço-lhe para alguém telefonar ao Parro dado que não conseguimos contactar com ele. Assim o fazem e está tudo bem. Vem quase na Fonte da Telha.

Finalmente chegámos. Pouco mais de 3 horas e vim muito devagar com o companheiro da bicicleta. Se tivéssemos saído mesmo ás 19h30 e não fosse preciso ajudar ninguém, dava para fazer as 3 horas sem qualquer problema. Vai ser essa a minha bitola para uma futura aventura.

Levei 1,5L de água mas foi pouco. Vim a racionar na fase final e não havia necessidade. Para a próxima levo os 2L

Grande festa! Tanta gente por ali. Foi o tempo de refrescar, trocar de roupa e fazer a festa do costume.
Mas ainda faltava o Parro. Onde raio se meteu este tipo e porque é que está a demorar tanto tempo. Ficou a dormir numa duna? A beber copos num bar da Fonte da Telha?
Às tantas lá surge o homem. Abandona o material e vai tomar um banho ao mar. Alguém pega na mochila e estranha o peso. Que raio traz este tipo aqui? Pedras? Chumbo? Abrimos para satisfazer a curiosidade e eram cavalas!!!! 7 Kg de cavalas, viemos a saber depois. Tinha parado junto a um dos grupos de pescadores e dado que a cavala não é valorizada por aqui, sendo muitas vezes deitada ao mar (as gaivotas agradecem) cravou-lhes um saco bem aviado com belos exemplares.


Este facto veio posteriormente a dar origem à receita que está na página dos Treinos Lunares no Facebook. Cavala à moda de Olhão, aqui chamada de Cavala à Treino Lunar.



Estavam finalmente reunidas todas as condições para o petisco. E lá teve de ser. Montes de comida e bebida. Excelentes petiscos e sobremesas. Para variar, a Leonor que ultimamente não nos tem dado o prazer da sua simpática companhia, continua a enviar via Orlando os seus fantásticos petiscos. Um obrigado muito especial! O Carolo foi uma magnífica descoberta. Já está na lista para reproduzir em casa.


Estava tudo excelente mas a geleira de cervejas que o Melo levou…. Que néctar dos deuses. Estupidamente geladas! Maravilha!!!!


O companheiro Luis Rocha presenteou os Treinos Lunares com a surpresa da noite. Um fantástico bolo da Rosa Doce. Nham!

E por ali ficámos até ser tarde. Todos iam dizendo quantas horas faltavam para saltar da cama, "daqui a pouco", mas a vontade de encerrar o 10º Treino Lunar não era muita. O Parro ainda nos obrigou a beber champanhe e a brindar à epopeia. Grande aventura nocturna!

Obrigado a todos os que vieram e os que não vieram à lagoa também. Houve muita gente que fez o treino do costume. Houve muita gente que secou imenso tempo à nossa espera. Obrigado amigos.
Obrigado por não se resignarem a ficar em casa e por continuarem a quebrar a rotina para este simpático convívio quinzenal.

Parece que o 11º é que vai ser bom! 

Vejam o resto das fotos aqui ou na minha página do facebook aqui

As fotos do Parro estão aqui

7 comentários:

  1. À alguns meses atrás quando me encontrava a treinar solitáriamente pelas bandas da caparica, nunca pensei que um dia a aspiração de ter companhia nos meus treinos se concretiza-se da forma como aconteceu. Apraz dizer que o sonho transformou-se em realidade tendo inclusivé superado todas as minhas melhores expectativas. Graças a estes treinos lunares, que entretanto entraram na rotina da familia, tenho conhecido um conjunto de seres humanos fantásticos que tendo unicamente como partilha o gosto comum da corrida se juntam de forma entusiastica num convivio sem comparação. RESUMINDO: TENHO SIDO MUITO FELIZ POR PARTILHAR COM TODOS VÓS ESTES BONS MOMENTOS. OBRIFGADO A TODOS E ATÉ AO PRÓXIMO TREINO.

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  2. Se fosse preciso mais algum incentivo para nos continuarmos a juntar e a divertir nestas noites, acabava já aqui essa necessidade. Felizmente isto já se entranhou de tal forma que agora estamos condenados!!!!

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  3. Eu que normalmente ando no lado norte do Tejo até há cerca de 1 ano nunca tinha treinado na excelente pista de treino que é o areal da Caparica na maré vazia. A companhia e o convívio que estes treinos lunares propiciam servem de incentivo para arranjar coragem para o martírio de passar a ponte. Mas é compensador. Agradeço ao organizador Paulo Pires e aos companheiros destes treinos.
    Abraços.

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  4. Grande Reportagem Paulo, foi Maravilhoso!!!!!!!! Acho que bebi a melhor cerveja do MUNDO quando ao chegar ainda em transe o Carlos Melo me ofereceu a dita!!!!!!
    Até à próxima - COSTA - BICAS - COSTA!!!!!!

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  5. E o Bolo além de ser uma delicia está muito bem esgalhado o desenho!!!!Um MIMO!!!!!

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  6. Há pessoas que nasceram para impulsionar o Mundo para a frente. Este grupo, em especial o Paulo Pires, fizeram com que eu mudasse os meus "desportos" habituais - "mapling" e "esplanagem" - para caminhadas regulares, já que sendo um jovem ansião não me atreveria a correr.
    Mas na verdade já lá vão 5 Kg (sem qualquer esforço dietético) e - surpresa! - alguma corrida (embora curta).
    Querem ver que qualquer dia vou a uma corrida de 10 Km ? Essa era muito engraçada para um pré-geronte.
    A todos os companheiros os meus agradecimentos por mais uma bela noite de actividade física e momentos de convívio tão motivadores.
    Sempre que puder atravessarei o rio para a "margem desértica" (segundo um conhecido não sei quantos)e aí estarei.
    Até dia 15.

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  7. Vocês é que são os verdadeiros heróis. Siga para o próximo! A Lua já vai crescendo. Quando a virem grande no céu está na hora de mais um, amigos!!!

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