quinta-feira, 23 de junho de 2011

19 de Junho - Trail Louco da Reixida



Esta era daquelas provas que me despertava muita curiosidade. Por todos os motivos. Feita por gente da corrida, no campo, acarinhada por toda a população, com muita saudável maluquice, cheia de amigos e vedetas. Enfim, daquelas coisas que merecem uma deslocação.

E lá fui com o Luís. Eu ainda andava às voltas com o raio da bolha de Sesimbra que me massacrou toda a semana. Na 6ª feira tinha reunido a equipa (eu e a cirurgiã Dora) e fizemos uma intervenção à bolha. No sítio onde estava e com a grossura da pele na zona, a maldita estava pronta para me atazanar durante semanas. Tivemos de lhe fazer a folha. Como tinha andado vários dias protegida, a jovem pele que ficou à mostra, já não estava demasiado sensível. Ainda andei na 6ª e no Sábado sempre descalço mas era muito pouco tempo e a zona estava muito sensível. No Sábado à noite tentei proteger a zona o melhor que pude.

Mais um Domingo madrugador. Bem cedinho lá fomos para fazer 1h30 de caminho até à província. A coisa está escondida mas o GPS deu com ela. É sempre um prazer ver-se uma aldeia inteira empenhada num evento. Tantos amigos. O Vitor numa fona para cima e para baixo, mas tudo parecia bem organizado.

E lá partimos. Eu sabia que este ano não íamos fazer o rio logo de início porque o ano passado tinha havido queixas de quem não gostou de ter logo de ensopar os pés. Ainda íamos nos primeiros metros quando olhamos para o lado esquerdo e dezenas de malucos seguiam já rio adentro, flop, flop. Não é por aí! Não é por aí. Alguem achou que era para meter rio adentro, ignoraram as fitas e os outros foram atrás. Lá passámos à frente de uma série de craques, danados por se terem enganado.

Neste vídeo do amigo Jorge Serazina podem ver o engano e eles todos a dizerem-nos também, Não é por aí, Não é por aí. MEGA LOL

Reixida - até à 'neutralização' from Jorge Serazina on Vimeo.

A primeira subida veio e um obstáculo dificil de transpôr fez parar o pelotão e formou-se uma fila enorme serra acima. Aguardámos pacientemente entre piadas e brincadeira. Todos estávamos ali para nos divertirmos e pouco importava estar ali parado um bocado.

Transposto o calhau enorme, que era preciso escalar, começou o enorme sobe e desce, voltámos à aldeia onde a população nos esperava num local estratégico para nos ovacionar. Muito bom Reixida!

A partir daí foi sempre a subir, sempre a subir até ao cimo da serra junto à antena. Uma subida tramada de comprida e de inclinada. Ui que massacre. Chegados ao topo, juntei-me ao Tigre que tinha vindo ali por perto na subida. Estávamos no Km 5. Começámos a serpentear pelo topo da serra. Não estava muito calor mas o sol estava forte. Comecei a sentir algumas dores no pé na zona do penso. Tive de começar a gerir a coisa de outra forma. O piso estava a massacrar-me demasiado. O Tigre escapou-se. Descíamos a serra por estradões e cada vez estava mais incomodado e preocupado. Tão poucos Km's ainda e já a chatear-me. Não estava a correr bem. Às tantas aproxima-se de mim o Rui, o Jorge e mais um companheiro que lamentavelmente não fixei o nome.  A conversa vinha "quente" e bem divertida.  Colei-me a eles. O assunto era interessante :)

O Rui às tantas quando soube que vinha a sofrer dos pés ofereceu-me logo vaselina. Recusei mas depois do Km8, após o reabastecimento, não dava mais para continuar assim. Sentia que o penso que tinha feito já era e estava todo amarfanhado a incomodar-me ainda mais. Páro para analisar a situação. O penso tinha ido à vida. A zona da nova pele estava toda a amostra, mas estava com bom aspecto. Peço ao Rui a vaselina. E empapo aquela zona do pé quase com meia bisnaga de vaselina. Ponha mais, ponha mais, dizia o Rui. Calço a meia e siga para análise. Já não sentia o penso a chatear. A dor era suportável. Vamos embora.

Seguiamos todos juntos numa alegre galhofa. Paragens várias para poses fotos com este, fotos com o outro. Eu agradecia o ritmo lento. Mas cada vez era mais penoso retomar.



A paisagem e o circuito eram deslumbrantes. Às tantas no cimo de outro monte a organização tinha levado um contentor com 1 m3 de água e montou um chuveiro onde passámos alegremente. Que bela ideia.

Os pisos sucediam-se. Descidas bem ingremes alternavam com novas subidas desgastantes. Nós parávamos nos sítios mais pitorescos para fazer umas fotos de grupo.






 Eu a partir do Km 12 só já sonhava com o alívio do rio. Ah! Aquela água gelada no meu pé.... mas nada. Só pedra e trilho inclinado a massacrar-me os calcanhares.

Mas quem espera sempre alcança e o abençoado rio surgiu por volta do km 15. Que maravilha o Lis. Tão limpo, tão fresco. Que belas banhoca que tomei. Até dei uns mergulhos nas zonas mais fundas. Sentia a água pura nos lábios. Quase que apetecia beber.





Foi uma festa aquelas centenas de metros até chegarmos finalmente à meta. Reabastecimento com água à descrição, laranjas, marmelada. Tudo um mimo. Eu fui logo ver os estragos mas para meu espanto tinha sido apenas dôr já que a coisa estava com o mesmo aspecto que tinha ao Km8. Graças à abençoada vaselina do Rui. Mais um item a levar na mochila. 


Entretanto chegou o Luis e fomos tratar de almoçar. Uma bela feijoada, servida com uma boa logística. Sem filas. Tudo muito bem organizado. Infelizmente não pudemos ficar para o convívio final, entrega dos prémios, etc. De modo que uma saída à francesa foi o nosso plano de fuga.

Mas deixámos para trás uma organização que está de parabéns. A prova muito bem marcada,  paisagens magníficas, reabastecimentos onde nada faltava, um bom equilíbrio de maluquice e dureza, uma aldeia em festa  e uma montanha de amigos que se divertiram naquela serra. Custa um bocadinho a viagem mas sem dúvida que vale a pena. Obrigado Reixida. Espero voltar para o ano sem limitações para apreciar ainda mais o vosso campo.

Vejam todas as fotos aqui. O track está na coluna da direita

2 comentários:

  1. boas paulo grande descriçao da prova foi o meu 1 trail e adorei abraço depois mando te as fotos envia me o teu email.

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