domingo, 20 de novembro de 2011

13 de Novembro - Trilhos de Casainhos




Tal como o ano passado, este ano fomos antes aos Trilhos de Casainhos em vez da Meia da Nazaré. Gosto da prova da Meia da Nazaré mas infelizmente é longe, e já na semana anterior tinha passado o fim de semana fora. Casainhos é mais perto e a Dora também queria vir. Além disso são trilhos o que torna tudo muito mais interessante.
Juntamente com o Luis lá fomos. O dia estava daqueles em que tanto pode dar chuva como sol. Nuvens cinzentas ameaçavam borrasca com o sol a espreitar muito tímido.  De vez em quando lá vinha um aguaceiro.
A prova prometia ser divertida com as violentas chuvadas que nessa madrugada se abateram na zona da capital. Para além disso tinha sido uma semana bem molhada. O ano passado éramos talvez uns 50 na partida. Este ano a coisa esteve bem mais composta. O circuito foi diferente, ao que me disseram igual ao da 1ª edição. Gostei muito mais desta volta. Principalmente a passagem por dentro do Parque Municipal do Cabeço de Montachique. Muito mas muito bonito.
Antes disso ainda tivemos de subir ao ponto mais alto da prova a 400m. Uma bela subida brindada com uma forte carga de água. No cimo a merecida foto.



Esta subida acabou por parecer uma descida quando comparada com a subida que nos esperava depois do Parque  Municipal. Quase a escalar, com água a descer à fartura, sem vegetação para ajudar que não fossem umas ervas mal amanhadas que escondiam os cursos de água e nos torciam os pés. Foram cerca de 150m de altitude a subir num fósforo. Incha palhaço! Em 500m de subida subimos 100m de altura. Isto pelas minhas contas dá 20% de inclinação. Fixe!

Já de novo no alto foi tempo de encaixar no caminho de regresso, e relaxar e aproveitar a paisagem até à meta. 




Jà nas instalações do clube um belo duche quentinho repôs as energias e abriu o apetite para o almoço que os anfitriões preparavam com afinco. Conseguiram sentar toda a gente e serviram um almoço muito generoso onde nada faltou. 

Gosto muito desta prova. É perto, os trilhos são simpáticos q.b. nada de muito radical e uma boa introdução à modalidade. Somos bem recebidos e dá gosto ver como um clube pequeno de uma aldeia nos arredores de Lisboa consegue organizar uma prova onde nada falta, começando pela vontade de bem receber e agradar aos atletas. Voltarei. Espero que o crescimento a que esta prova inevitavelmente estará votada não acabe por ser a sua desgraça. É que estas coisas de bem receber, como todos sabemos, tem os seus limites. 

Podem ver mais fotos no site do SC Casainhos. Se quiserem ver o Trilho o percurso está aqui na barra do lado direito, como sempre.

10 de Novembro - 21º Treino Lunar


Mais uma noite de Lua Cheia nos aguardava. Tal como previsto a semana de temporal deu-nos uma folga para fazermos o nosso treino na praia na maior das tranquilidades. Novos amigos se juntaram a nós vindos directamente da revista Sport Life. Do Seixal para a Costa da Caparica. E valeu a pena disseram-me no final.

O pessoal com medo da chuva ou do vento ou das 2 coisas, fica em casa a tiritar mas há sempre uma dúzia de malucos a quem o sofá não assiste.

E valeu bem a pena. Estava uma noite magnífica. Um luar gigantesco com algumas nuvens pouco espessas aqui e ali que apenas serviam para tornar a luz mais difusa e iluminar de forma magnífica toda a praia. Um fenómeno interessante. Nunca tinha visto a praia tão iluminada, mesmo naquelas noites de lua cheia e céu limpo. Via-se perfeitamente todo o areal e o mar. Mais parecia um final de tarde pouco tempo depois do pôr do sol. 

O areal fustigado pelo temporal dos dias anteriores estava completamente liso desde o topo da praia até ao mar. Em todo o percurso não houve um único riacho e era indiferente seguir-se junto à água ou mais acima. Estava igualmente compacto. Uma coisa impressionante. Uma pista suave e sem fim. 

Os novos amigos estavam deslumbrados com todo aquele cenário. Seguíamos contra um suave vento sul o que queria dizer que no regresso íamos ter um brinde com uma ajuda pelas costas. 

E lá fomos e voltámos, sempre à conversa, num ritmo calmo, mesmo à maneira para descomprimir da maratona do Porto. E que treino fabuloso que foi. 


Mesmo poucos para a ceia ainda conseguimos juntar um belo petisco. O vento sul embora não fosse muito forte ou frio era aborrecido e encontrámos abrigo para estender a toalha atrás da bilheteira do Transpraia.

Pena os novos amigos não terem ficado para jantar. É a melhor parte. Mas seguramente vão voltar e comprovar porque é que continuamos, lua após lua, a insistir em treinarmos e convivermos. No final arrumamos tudo no saquinho e voltamos para casa.


E faltam 3 para o fim do ano. Mais algumas fotos aqui e as do Paulo Fernandes aqui

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

6 de Novembro - Maratona do Porto

Este ano fui ao Porto usando o excelente serviço que a organização desta maratona coloca à disposição dos atletas. Ainda não saímos de Lisboa e já se começa a perceber que a maratona do Porto pensa as coisas de outra maneira. Por 10€ o autocarro pega em nós no Campo Grande, leva-nos à feira da maratona levantar o dorsal e almoçar na pasta party, depois leva-nos ao hotel. Após a maratona vai buscar-nos ao hotel e deixa-nos no Campo Grande novamente. É difícil fazer melhor, talvez um motorista um pouco mais compreensivo apenas...
E assim sendo lá fomos. Montes de malta conhecida e só não houve mais convívio na viagem porque o sr. motorista estava muito preocupado com as multas que podíamos apanhar. Mas a viagem correu muito bem. A falar de corridas e economia mundial, o Porto chegou mais depressa do que o costume.

Na feira da maratona esperava-nos uma grande fila para levantar o dorsal. A organização pode seguramente melhorar este ponto. Mesmo tendo em conta que havia vários milhares de pessoas para levantar dorsais, há ali espaço para melhorar. Alguém foi falar com a organização e arranjou dezenas de senhas para a pasta party. Enquanto uns optaram por ficar na fila, outros foram logo almoçar. Duvidei que melhorasse muito a fila mas pelo menos melhorava a fomeca que já se fazia sentir. Ambiente divertido com uma banda fora do vulgar a interpretar temas bem conhecidos. Almoço simples mas com a bolonhesa muito saborosa. Uma bela pratada de massa. Cumpriu o objectivo. 

A feira da maratona sem ser de uma dimensão muito grande estava bem composta com uma série de stands interessantes. Consegui resistir ao novo Garmin e isso foi importante. Até quando?

Depois da feira o autocarro levou-nos ao hotel. Quando chegámos ao hotel vejo uma grande confusão no átrio com o funcionário na recepção a coçar a cabeça... Hummm. Ao entrar no hotel tudo se explicou. Uma série de reservas, as primeiras a serem feitas por sinal, tinham sido perdidas algures na cadeia de inscrição. O hotel não tinha obviamente qualquer responsabilidade. Melhor que perceber quem tinha feito asneira foi ligar para a o Jorge Teixeira. Tinha sido a organização a marcar os quartos no hotel. Pediu 5 minutos para resolver a questão, já ligava de volta.

Não estava minimamente preocupado, embora o meu quarto tenha sido um dos que não existia. Nem 1 minuto foi preciso. O Zé Alves aparece de repente e diz-me que o Félix está sozinho no quarto dele porque a mulher não veio, se eu queria repartir o quarto com ele. Maravilha. Ficava por metade do preço. Foi só o tempo de ir lá acima pôr as coisas e quando desci a situação estava resolvida. Algumas pessoas iriam para outro hotel e outras ficavam ali. Tudo se resolveu sem problemas de maior. Depois de um belo jantar, bem cedo como convém, ainda demos uma voltinha para sentir a temperatura a descer a olhos vistos e cama que amanhã há maratona.

Chip de papel. Tecnologia tuga. Boa!
Como previsto amanheceu um dia lindo mas gelado. A previsão era de 1 grau a mais que a hora. Às 6 estavam 7, às 7 estavam 8 e por aí fora. Depois de um pequeno almoço qb fomos para a partida. Nada de novo aqui. Relativamente ao ano passado só dei pela falta da chuva. A malta estava toda no topo da rua onde o sol conseguia banhar o cruzamento. Pareciam lagartos. Depois de largarmos a roupa no autocarro fizemos-lhes companhia. 




Sentia-me bem, e não estava minimamente ansioso ou nervoso. O ano passado estava bem mais apreensivo. Este ano ia confiante numa boa prova e sem surpresas. Após a partida tive de acelerar logo na subida inicial. Não queria perder muito tempo naquele primeiro Km. E também não queria deixar fugir os balões dos tempos. Objectivo não perder de vista o tipo das 3h30. Depois da subida inicial temos cerca de 5Km de uma suave descida da Av. da Boavista. É óptimo pois permite aquecer bem sem grande esforço. Permite rolar a um tempo superior ao previsto quase sem contar e assim amealhar preciosos segundos para o final. Perto do estádio do Bessa apanho o balão das 3h30. Seguia obviamente num ritmo constante perto dos 5m/Km. Aproveitei para o passar pois naquela zona ia muito confortável nos 4m30 - 4m40.

A história da maratona começou a desenhar-se já em plena foz, talvez lá para o Km 6 ou 7. Dois companheiros seguiam juntos e faço um comentário a propósito de algo que já nem me lembro. Um deles repara que sou da caixa e metemos conversa porque a mulher também era da caixa. A coisa teria ficado assim não fossem eles estarem a fazer um tempo semelhante ao meu. Iam um pouco mais fortes mas volta na volta ficávamos juntos de novo. Eu estava na duvida se devia seguir com eles ou ficar nos meus previstos 4m50. Não me estava a custar nada aquele andamento um pouco mais forte mas estava com medo de pagar mais tarde a ousadia. Falámos mais um pouco e lá me contaram a história deles. O Pedro Pinheiro tinha andado a treinar o Paulo Sá para o ajudar a fazer a sua 1ª maratona em 3h30. O Pedro marcava o ritmo e actualizava constantemente o tempo que já tínhamos amealhado abaixo das 3h30. A companhia era boa e ir ali a ouvir o Pedro a anunciar "vamos bem, vamos com 3min abaixo das 3h30" dava  um ânimo brutal. Naquela zona, minutos a menos para depois dar margem para alguma quebra por volta dos 37, 38 Kms, eram musica celestial para os meus ouvidos. 

E lá fomos na palheta, tudo bem disposto, passamos a ponte para Gaia e lá vamos em direcção à Afurada. O cenário é magnífico e entre a conversa, o dia maravilhoso que estava e os craques que se vão cruzando porque já estão de volta, o tempo voa literalmente. Iamos a caminho da meia com um tempo muito bom. Eu ia a sentir-me bem e fresco. A minha dor de estimação do piramidal ou da ciática, sei lá,  ia acusando os Kms, mas não há nada a fazer portanto era ignorar. Passamos a meia com 1h42 nem parecia que estava apenas a meio de uma maratona. Dali é voltar à ponte e passar novamente para o Porto. Já de volta ao Porto vem a parte mais penosa da prova. Em vez de iniciarmos o regresso para a meta, voltamos à direita e temos de ir quase até à rotunda do Freixo. Um percurso sempre à beira rio mas quase sem ninguem, sem casas e estamos a afastar-nos e não a ficar mais perto. A única motivação é que estamos a cruzar-nos com os tipos mais rápidos e depois quando já estamos a voltar, com a malta mais lenta. 

Nesta zona vai dar-se uma nova reviravolta que irá condicionar o desfecho final. Acontece que o Paulo começou a quebrar um pouco o ritmo e não estava a ser capaz de manter o andamento. Eu percebi que em breve iria ter de tomar uma nova decisão. Abrandar e seguir com eles, sem saber bem o que iria acontecer com o Paulo, ou manter o ritmo que tínhamos levado até ali e seguir sozinho. Enquanto pensava nestas hipóteses acabaram por ficar para trás uns 10 metros. Eu estava a sentir-me bem e decidi seguir. Pedi-lhes desculpa, gostava muito de fazer a prova com eles, mas nestas alturas todos nos compreendemos bem. Segui sozinho. Com algum receio de vir a pagar esta ousadia mais tarde. Aliás, logo depois de dar a volta no Freixo e começar a viagem de volta para a meta, quebrei um bocado psicologicamente e fisicamente. De repente comecei a ficar cansado e a acusar o ritmo que levava. Estávamos quase no Km 30. Tinha de esperar pelo 35 para tomar mais um gel, mas só de pensar no sabor do gel... estava fora de questão. Fiquei um pouco preocupado a pensar que estava a tomar a pior opção. Tive de aguentar e a pouco e pouco o ânimo foi voltando. Passámos o túnel e no regresso, a coluna que estava apontada para o túnel e provocava uma atmosfera fantástica lá dentro com um eco gigantesco, tocava José Cid, "O tempo que passou, não volta não..."
Fosse como fosse saí do túnel reforçado (obrigado José Cid) e o empedrado a descer até me deu ânimo para os próximos Kms que decorreram normalmente. 
Aproximava-se às tantas uma zona complicada. Km 36, 37, 38, empedrado, a subir e recta sem fim. O tal sítio onde andei a amealhar para poder gastar. Já tinha tomado o ultimo gel ao Km 35. O Jorge Mimoso aparece vindo de trás e tento ir com ele mas ia forte nos 4h30, 4h40. Acaba por se afastar. Não consigo ir aquele ritmo. Ainda faltavam 6 ou 7 Km. No Km 38, tal como previsto, acabo por fazer um dos poucos Kms acima dos 5m. Tal como ao 26 onde tinha quebrado um pouco. Mesmo assim por poucos segundos. 
Lembro-me bem do sofrimento do ano passado e este ano ia bem melhor. Se não fosse a minha dôr, que nesta altura já me apanhava a toda a coxa, ia super bem. Quando vejo a rotunda e o Km 40, está o Paulo Fernandes a tirar-me fotos. Aí começo a olhar novamente para o relógio, coisa que já não fazia há bastante tempo e percebo que vou fazer 3h25. Falta sofrer a subida mas o ritmo não vai abrandar. Não pode abrandar. 
Ataco a subida com alguma dificuldade já, mas não era agora que a coisa ia correr mal. 2 Km, 10 minutos, é tudo o que me separa de imperiais geladinhas. Este ano faltava pessoal ao longo da subida a incentivar. Incentivo-me a mim próprio. Ainda vejo o Brito a andar. Faltavam 500m. Meto-me com ele incentivo-o. Já ia zombie. Tinha gasto tudo. Curva à esquerda, 100m, o relógio mostra o minuto 25. Já está, já não escapas amigo.

Celebrei que nem um maluco! Objectivo bem superado. Tinha acabo de pulverizar meu tempo de 2010 em mais de 11 minutos. Tinha acabado de superar o meu objectivo em mais de 5 minutos. Valeu bem o esforço. À minha 5ª maratona baixei das 3h30. Quase nunca tenho objectivos destes, mas esta prova foi uma excepção. Comecei em Julho com muitos kilos a mais e a pouco e pouco ia conseguindo treinar cada vez mais dentro do plano. Foram várias dezenas de treinos e uma dezena de provas. Mas quando superamos o nosso objectivo é uma alegria extra. 

Teria adorado na mesma ter feito esta maratona mesmo que tudo tivesse corrido mal. Assim apenas sabe um pouco melhor. 


Na zona da meta a sensacional barraca da imperial não tem mãos a medir. Uma branca e uma preta foi o que conseguir beber. Na palhaçada celebrava com os amigos o grande feito de todos. Montes de gente ia chegando. Às tantas chega o Paulo e o Pedro. Acabaram por fazer 3h34. Numa primeira maratona é excelente e não está ao alcance de muitos (amadores como eu). Seguramente treinou imenso e dou-lhe daqui os meus parabéns pela marca. Na próxima logo tiras 10 minutos a esse tempo.

Quanto a mim estou tramado. A próxima que me lembre de treinar para um objectivo terá de ser para as 3h15 que é o próximo passo nos planos de treinos que uso... :)

Depois da prova foi só voltar ao hotel para um banho recuperador, e um almoço ainda mais recuperador no mesmo sítio do jantar. O autocarro lá estava à nossa espera para nos trazer de volta ao Campo Grande. A viagem para baixo foi um pouco mais dolorosa... 

E assim se passou um excelente fim de semana. Cheio de amigos, diversão e para descontrair uma maratona. Para o ano vou voltar e fazer 3h15. Lá terá de ser. Aconselho-vos a todos a fazerem esta maratona. em 2012. A melhor maratona do país, sem comparação possível. É pena, mas contra factos não há argumentos.

Fica um sério aviso para o Hotel Douro e para a organização que aí reserva quartos para a Maratona. Escreverem nos cartões que entregam com as chaves "Saídas depois das 14h - 25€, Saídas depois das 16h paga um dia inteiro extra" não me parece a melhor forma de lidar com o inconveniente de ter de alojar as pessoas que vão à maratona. Compreendo o inconveniente que possa causar à logística do hotel ter de lidar com esta gente que precisa de vir tomar banho depois da prova. O pessoal não consegue sair até ao meio-dia que é a hora habitual. Mas a gerência deverá fazer a sua escolha. Quer ter o hotel cheio e suportar o custo extra da limpeza tardia, ou prefere não ter lá os clientes? É que estas atitudes pagam-se caras meus Srs. Eu saí até às 14h mas teria sido mais razoável solicitar cordialmente às pessoas que saíssem até ás 15h , sendo que os mais conscientes o fariam seguramente. Restam uns quantos que são o preço a pagar pelo lucro extra que a prova dá. Eu por mim fiz questão de transmitir este ponto à recepcionista e dificilmente voltarei a ficar neste hotel. Vou também garantir que a organização se assegura de esclarecer e informar atempadamente estas condições. Noutros hotéis, bem mais baratos, não ocorreu este problema. 
Quanto à falha de reservas acredito que foi um erro e o trabalho que lhes deu dificilmente se irá repetir. 

Até 2012!

Vejam todas as fotos no album do picasa.