domingo, 8 de abril de 2012

6 de Abril - 31º Treino Lunar


Será que havia malucos suficientes para um Treino Lunar a uma 6ª feira santa? Havia. Mesmo com algumas baixas entre os fiéis amigos, outros regressaram e ainda se conseguiu um quórum jeitoso.

O céu estava sarapintado com nuvens enormes mas pouco ameaçadoras. O único problema parecia ser uma massa enorme mais escura no horizonte e que parecia aproximar-se. Via-se nitidamente que trazia a chuva a cair. A dúvida era só saber se se vinha cruzar connosco ou passava ao lado.


A lua nasceu tarde e embora estivesse enorme e brilhante escondia-se por vezes atrás das nuvens. Mas a luz chegava perfeitamente para substituir o frontal que nem sequer levei. Fui à conversa com o Vitor e com o Pedro até aos 30 minutos. Exactamente junto a um grupo de pescadores que estavam na faina. Acho que foram os 1ºs que vi este ano. Quer dizer que estão de volta os nossos companheiros habituais das marés vazias.

Ao voltarmos para trás apareceu a nossa amiga chuva. Forte e fria juntamente com uma ventania contra que se levantou, a viagem de volta foi bem mais madrasta. Vá lá que tinha o meu casaco impermeável e encerrei-me lá dentro enquanto o pior não passava.

Tal como previsto quando chegámos a chuva desapareceu tão depressa como tinha aparecido. Quem tinha regressado há mais tempo garantiu-nos que ali mal tinha chovido, apenas uns pingos.

Ninguém vinha preparado para comer pelo que ficámos apenas eu a Dora e o Luís. Armados com o petisco do costume decidimos vir para casa fazer a ceia e foi o melhor que fizemos. Acabámos o treino lunar em casa, com direito a cafézinho e tudo.

Belo treino lunar familiar. 

sábado, 7 de abril de 2012

25 de Março - Maratona de Barcelona

Desde Novembro que estava inscrito nesta maratona. Juntamente com o Sérgio estavam combinadas uma mini-férias que iriam servir para fazer a maratona e conhecer mais um pouco da fantástica Barcelona. Voos, apartamento, tudo tratado e arrumado à espera do grande dia. Que inevitavelmente chegou.

Sem mazelas de muito especial para além de algum cansaço acumulado das provas anteriores, mas que tentava compensar descansando durante a semana, lá fomos.

O apartamento estrategicamente seleccionado a 1km da partida permitiu uma chegada tranquila. Chegámos Sábado e em menos de um fósforo estávamos a levantar os dorsais e a almoçar na pasta party. 

Com 20.000 participantes fica sempre a dúvida se vamos perder muito tempo nas burocracias e filas parvas. Mas não. Para levantar os dorsais estava irrepreensível. Até para levantar o dorsal de um amigo que à ultima da hora não pôde vir e do qual nem o número de dorsal tínhamos, foi fácil.


Em menos de 5 minutos estávamos cá fora a tentarmo-nos juntar ao resto do pessoal que tinha ficado na fila da pasta party. A fila tinha avançado bem e estavam quase a entrar para dentro do pavilhão onde infelizmente a fila ainda ia encaracolar um bom bocado antes de chegar a nossa vez. Para nosso bem aconteceu uma coisa daquelas que acontece nos países evoluídos e em que existe já uma cultura entranhada de respeito e de atenção às coisas importantes. Como o Sérgio tem miúdos pequenos, imediatamente um rapaz da organização veio buscar-nos à fila e foi-nos entregar no topo da fila onde esperámos pouco mais de 2 ou 3 minutos para ser a nossa vez.

Mesmo assim não ajudou muito a melhorar a imagem da má pasta-party, quanto a mim o calcanhar de aquiles de toda a prova. Não porque quando era a nossa vez se tenha acabado a massa e porque tivemos de esperar 10 minutos que voltasse a haver massa. Pior estavam os outros que ainda iriam esperar mais de 1 hora para usufruir daquele mau serviço. É que nem tabuleiros havia. A coisa consistia em levar um prato com massa numa mão e uma lata de refrigerante na outra enquanto atravessávamos a área de entrada para chegarmos a uma zona de mesas. Os talheres era melhor irem no bolso. Nada daquilo fazia muito sentido enquanto se tentava chegar às mesas a equilibrar um prato de plástico ondulante cheio de massa quente.


Em seguida fomos digerir a coisa para a feira da maratona. Aí sim as coisas já estavam à altura. Nada que se compare com uma grande maratona como Paris em que a feira faz cair os queixos ao chão, mas ainda assim muito decente com as principais marcas e muita novidades de fazer crescer água na boca e esvaziar os bolsos.

Vi o novo frontal da Petzl, o novo Suunto Ambit, Buffs fantásticos, muito material da Raidlight, da Salomon, tudo coisas a preços que a Troika não ia aprovar. Portanto lá seguimos e o resto do dia foi passado entre umas voltinhas de reconhecimento da zona, a compra de abastecimentos e a preparação do jantar. 

Essa noite havia uma chatice adicional que merecia alguns cuidados. A hora adiantava às 2 da manhã para as 3. E a maratona partia às 8h30. Felizmente estávamos a menos de 10 minutos a pé da partida. Pelo que bastaria sair de casa um pouco antes. O problema com a mudança de hora é que hoje em dias os relógios, os telemóveis e muitas outras coisas, já mudam de hora sozinhos... ou não... quem sabe? E neste caso uma falha de 1 hora era fatal. Levantar uma hora mais cedo just in case também seria um desperdício já que já íamos dormir uma hora a menos. Felizmente o Sérgio tinha um telefone 1G que não tem cá pretensões de mudanças de hora. Eu também tinha o Ipod nano que não muda a hora sozinho, acho, sabe-se lá, mas não tinha despertador. O telefone estava na hora portuguesa ainda. O Garmin só mudava quando saisse do modo relógio e apanhasse satélite, embora já tivesse mudado para o fuso de espanha sem ninguém lhe ter pedido nada. De qualquer maneira fui dormir descansado, apenas curioso para ver como tudo se ia comportar. Lembro-me de acordar às 5h30 olhar para os 3 e todos tinham a mesma hora?!?!? Fiquei a tentar perceber quem tinha mudado ou não e não cheguei a nenhuma conclusão antes de adormecer de novo. De manhã o telefone acordou-me à hora que pretendia apesar de marcar uma hora a menos. Lindo.




Rapidamente nos despachámos e foi, tal como pensado, simples de chegar à partida e entrar nas caixas certas. O Sérgio ia ficar na caixa azul eu estava na vermelha (< 3h30). Despedimo-nos e mal chego à zona onde iria ter de esperar 20 minutos aparece o Melo. Lá estivemos na conversa até à hora da partida. Deixei-o logo ir-se embora para não me desgraçar. Eu ia ali para rolar e fazer Kms. Na semana seguinte tinha os Trilhos de Almourol à minha espera. Uma outra maratona de trail. Encaixei no meu ritmo e lá fomos. Eu e os outros 20.000. Avenidas largas, toda a gente com imenso espaço para correr. Os primeiros Kms são sempre a subir, sem grande declive mas a subir. Como se está fresco fazem-se bem até ao estádio do Barcelona que contornamos e iniciamos a descida que nos irá levar até perto da partida de novo. 



Ia eu muito descansado a pensar na vida e a apreciar a cidade aparece o Pedro Ferreira de trás. Estava a ver que não te apanhava. Vinha com um ritmo acima do meu e super entusiasmado. Acompanhei-o durante uns tempos mas ele estava muito forte. Disse-lhe para seguir que eu não ia conseguir segui-lo. Dizia que não e desafiava-me a continuar. Optei por ir atrás dele ali a 4 ou 5 metros a ver se ele seguia e me deixava descansar. Mas não consegui. Começámos a aproximar dos 20Km local onde nos estávamos a cruzar com outros atletas e as coisas tornaram-se um pouco mais apertadas e já não fugiu. E lá acabámos por encaixar novamente os ritmos e seguimos juntos. Estavam a passar por nós um monte de lebres das 3h15 sendo que uma ficou mais para trás e foi ali ao pé de nós durante muito tempo. Por um lado apetecia acelerar um pouco e tentar seguir com elas. Mas era pura loucura sem qualquer preparação tentar fazer 3h15. Já era bom à meia elas estarem ali naquele sítio a afastarem-me muito muito lentamente. 

Depois de ter passado ali um momento de mais cansaço o gel Gu que tinha tomado começava a fazer efeito e estava-me a sentir bem e até estava com ideias de ir atrás daquela lebre perdida das 31h5. Pergunto ao Pedro quase de forma retórica, então estás bem? A resposta supreendeu-me. Épá não! Então? Isto não está muito bem. Segue tu. Não senhor. Trouxeste-me até aqui agora tens de gramar comigo, disse-lhe. Seguimos mais uns Kms mas o Pedro estava nítidamente em quebra. Seguíamos agora a mais de 5m/km e eu tentava animá-lo, ainda lhe dei mais um Gu, esperava a ver se lhe passava aquele mau momento e se melhorava um pouco. Mas não.

Lá para o Km 26 num reabastecimento perdi-o de vista. Ainda abrandei um pouco a ver se ele reaparecia mas depois acabei por seguir com a noção que podia estar a prejudicá-lo com o meu incentivo. Possivelmente queria ficar sozinho e baixar o ritmo sem a minha pressão. Nestas alturas não há muito a fazer. Lá segui, um pouco triste porque ia ter de acabar sozinho e porque gostava imenso de acabar a prova com ele também. Após esta zona e por volta do Km 30 o mais banho de multidão enfurecida. Tanta gente junto daquele edifício que parece um supositório gigante, que fazia arrepios na espinha. A multidão dos dois lados da estrada quase que se juntava e ficava apenas um pequeno corredor no meio para passarmos. A gritaria era enorme e puxava por nós. Anims, anims, Paulo. No meio daquela confusão ouvia o meu nome porque levava o verdadeiro dorsal. Um 2º dorsal, facultativo, para pôr nas costas, onde está apenas o nome. Precisamente para que a multidão possa apoiar-nos. Excelente ideia.

Aproximávamos agora da zona do mar e de toda a zona habitacional junto ao mar. Uma zona gémea do parque das nações. Com muito mais espaço e sem a pressão do cimento que se sente aqui por Lisboa. Áreas gigantes de jardins e avenidas genuinamente largas com 1/10 dos prédios do Parque das Nações. Pode ser muito bom para quem lá mora, mas naquela altura preferia estar no Parque das Nações onde dificilmente se vê o sol. Estava uma brasa e aquela torreira estava a esgotar as ultimas reservas de energia. Tinha feito uma 1ª parte muito rápida com uma meia maratona para 3h15 e estava a pagar o preço. Seguia em dificuldades, daquelas alturas em que se pensa Para que é que eu me meto nisto? E agora como é que vou chegar ao fim? Arrrhggghh!! Estou tramado com F maíusculo. 


Em seguida as ramblas ajudaram a quebrar a monotonia e trouxeram algumas sombra de volta. Só já pensava em chegar ao Cólon para depois pensar na subida até à Praça de Espanha. 2Km de sofrimento até à meta. E foram. Já conhecia bem aquela subida e contei cada lojinha até que por fim a meta à vista. Na curva antes da meta vejo a Dora, a Sandra, as miúdas a celebrar. Olho em frente e vejo o cronómetro da meta 3h20. Que coisa?!! O pouco oxigénio disponível ainda me deixou perceber que ia bater o meu record do Porto por 5 minutos. Já há muitos Kms que nem olhava para o relógio. Não queria saber de tempos. Não queria ver os Kms a passar, devagar. Mas aquele tempo acendeu as luzes todas. Acelerei como se aqueles 100 metros servissem para melhorar fosse o que fosse. Só não queria que mudasse para o minuto seguinte. E não mudou. E sem treinar e sem saber como tirei 5 min. ao tempo do Porto. 3h20. E agora? Tenho de ir fazer 3h15 ao Porto? Mau!!!
Ainda mal refeito da chegada já o Melo andava por ali a passear. Tinha feito 3h14. Excelente tempo de campeão. Vou aproveitar para tirar um foto com ele antes que já nem o consiga ver à chegada.


Chegada sem problemas, num instante fui ter com elas e voltámos para a meta em busca do Sérgio que tinha passado a ouvir música e não viu ninguém. Reencontro, grande festa. Lá fomos para casa tomar um merecido e infindável banho e vingar a coisa com um grande almoço. Barcelona esperava por nós nos próximos dias. E lá fomos gastar o ácido láctico rambla acima e rambla abaixo.
Não é fácil juntar tanta coisa num fim de semana. Férias, amigos, descobrir cidades, fazer maratonas e bater records. Mais uma para não esquecer. A minha 7ª maratona. 
Venha o Almourol!

Estas e outros fotos no facebook seguindo este link. Se seguirem este link podem ver as minhas passagens em vários pontos do circuito a partir da meia maratona em diante. É a mesma tecnologia usada na maratona de Paris. 

22 de Março - 30º Treino Lunar


Este treino lunar teve de ser aldrabado. Isto porque a Lua Nova era só na 6ª feira, mas na 6ª era preciso fazer as malas para partirmos para Barcelona portanto nada como antecipar para 5ª. Na 5ª já não havia lua portanto ia dar ao mesmo. 

Desta vez os R4F marcaram de novo presença e vieram para jantar tal como prometido. Foi um treino suave com a Maratona dentro de 3 dias e o cansaço acumulado de uma série de provas semana sim semana sim.




Calhou bem a oportunidade de irmos fazer o nosso convívio para a sede secreta, onde até pudemos assistir ao Gil Vincente a eliminar o Braga nos penalties na meia-final da taça da liga... Os R4F ficaram impressionados com os nossos recursos :) 


Mais um saudável treino seguido de uma agradável reposição de calorias. Boa disposição é só o que é preciso.

18 de Março - Trail de Penafirme


Inicialmente tinha programado ir à maratona de Badajoz nesta data mas dado que na semana seguinte ia para Barcelona e não tinha arranjado companhia para ir, acabei por conseguir convencer a Dora a vir também a Penafirme fazer o mini trail enquanto fazia a prova principal.

Esta prova prometia ser divertida. Uma 1ª edição numa zona muito bonita, seguida de um almoço no hotel Golfemar. E de facto a organização estava esmerada. Um belo saco de prendas com uma garrafa de tinto da região.

Partida conjunta do hipódromo ao lado do campo de golfe e num instante estávamos a subir a arriba passando ao lado do hotel. Lembro-me do José Santos me tentar convencer antes da prova que aquilo era tudo plano, praia, pinhal.... E nós rodeados de montes enormes... Que não, que não íamos para aquele lado... Ok...

 

De facto foram poucos os momentos de planura. Ou estávamos a subir ou estávamos a descer. Claro que não havia grandes subidas nem a altimetria acumulada era grande coisa. Mas ainda apanhámos uns belos empenos pela frente. Terrenos sempre diferentes, paisagens sempre deslumbrantes. Segui a prova quase toda com o José Santos. No próximo fim de semana estaria em Barcelona para fazer mais uma maratona de modo que a ideia era passear, desmoer os 60Km do Oh Meu Deus da semana anterior e sobretudo não estragar nada. Barcelona tinha sido planeada desde Novembro. 


 

A zona é surpreendente. Por exemplo, no cimo de um morro enorme uma passagem subterrânea leva-nos para o outro lado do monte onde se descobre uma vista incrível. Houve de tudo. Foi um sobe e desce constante. O José sempre que eu não estava a ver mandava-se para o chão e uma das vezes ainda se ia aleijando a sério. Quando não se estava a mandar para o chão estava a lamentar-se da dureza da prova, do empeno, etc.

 

Perto do final e após o ultimo reabastecimento, depois de me ter mandado embora vezes sem conta apercebi-me que ele estava já bastante cansado e que não adiantava insistir pelo que o deixei em paz e segui atrás da Glória Serrazina e do Nuno Alexandre que tinham passado por nós há uns minutos. Estávamos agora já muito perto do final na zona da praia. Progredíamos agora por dunas e areia.

 


No final ainda houve tempo de passar pela praia em frente ao Hotel mesmo antes de atravessar a ponte do ribeiro que ali vai desaguar. Uma zona muito bonita e um dia magnífico ajudaram às fotos ficarem de facto lindas. Podem ver todas as foto neste link. Vale a pena.




O almoço foi muito bem servido pela unidade hoteleira que podem ver nas fotos. Talvez se tivesse comido mais qualquer coisinha... mas não posso dizer que não ficámos bem. Os banhos embora quentes eram algo limitados com apenas 3 chuveiros. Algo a rever na próxima edição. Também a rever o traçado que gerou bastantes problemas com imensa gente a perder-se. Foi de tal forma que a organização anulou a classificação. Nós não tivemos qualquer problema e até achei o percurso bem marcado. No entanto numa das zonas problemáticas já estava posicionado um elemento da organização a indicar o sentido certo quando lá passámos. O percurso em trevo gerou alguma confusão nessa zona com muita gente a falhar uma das folhas do trevo, outros a fazerem-na ao contrário. 

Embora seja uma falha algo grave para mim foi irrelevante. Fiz todo o percurso, achei a zona lindíssima, estava um dia magnífico, o resto quem quiser que se chateie. Fui muito bem tratado e para o ano vou voltar porque se corrigirem os pequenos problemas que referi temos aqui um trail para durar. Parabéns pelo vosso trabalho e agora é só continuar. Até para o ano.