quarta-feira, 30 de maio de 2012

13 de Maio - Trail Castelo de Abrantes



E pronto! A ultima prova antes de Portalegre chegou. Passei a semana a temer o pior. O joelho esquerdo ameaçava ser um problema. No Sábado fui fazer um mini trail pela Arriba depois de uma semana de gelo e Voltaren e a coisa lá deu o seu sinalzito... Mau, mau....

Mas decidi ir na mesma fazer os 40Km do Trail do Castelo de Abrantes. Havia de servir para tirar as teimas. Ou se portava bem com os 40Km e me dava confiança para Portalegre, ou a coisa rachava, ou vai ou racha como se costuma dizer. E para rachar que rachasse já, em vez de rachar em Portalegre. Também porque a Dora ia fazer a versão 15Km e isso era de facto excelente e merecia só por si a deslocação.

15 dias depois de termos estado na zona, lá repetimos a viagem. O estado português lá ficou a arder com mais uma viagem SCUT (sem custos para o utilizador e sem lucro para o tipo da galinha dos ovos de outro). Outro otário que não eu, que pague aquelas porcarias de pseudo auto-estradas. É com prazer que descubro as melhores estradas nacionais que temos. A melhor forma de viajar sem alimentar gulosos.

Lá chegados reencontrámos toda a equipa que ia participar. Está para breve o fim destas fotos coloridas... mas para já é o que há.

Quem ia para os 40Km partia primeiro num autocarro que nos havia de levar até à herdade de onde saímos. Quem ia para os 15Km partia 1h30 depois. Fiz umas contas de cabeça para ver se era possível apanhar a Dora antes da meta, dado que eles iam fazer os ultimos 15Km do percurso. Parecia-me viável até porque olhando para a altimetria, o percurso seria "sempre" a descer até ao Tejo, e no final a escalada ao castelo de Abrantes. Era esse então o meu objectivo. Chegar com a Dora ao final.


Chegados à herdade de onde íamos partir nem éramos assim tantos como isso. Umas poucas dúzias de atletas. O Director de prova estabelecia os últimos contactos via telemóvel e no relógio de cozinha.... perdão!!!...cronómetro da partida, tínhamos já 15 minutos de atraso relativamente à hora anunciada inicialmente. Isto ia dificultar o meu objectivo. De qualquer forma, desta vez, ia mesmo devagar. Portalegre gritava dentro de mim. "Não te canses pá! Prá semana tens de fazer 100Km".

E consegui ir mesmo devagar. Sem desprimor para os meus companheiros, mas eles têm um ritmo mais lento que eu (alguns). E obriguei-me a ir com eles até onde pudesse. Rapidamente formámos um grupo onde seguia também o Dário Santos (Organizador do Trail de Penafirme) já companheiro durante uma parte do percurso no Trail de Sesimbra

Para quem pensava que a coisa ia ser fácil ou tendencialmente a descer... ainda estou para perceber como acabámos por descer até ao Tejo. Safa! Que dureza. O andamento já de si não ia ser muito rápido, mas com aquelas subidas, que teimavam em surgir após cada descida a coisa ameaçava prolongar-se bem para além do que tinha pensado. 


A parte boa é que as paisagens compensavam tudo o resto. A seguir a esta zona da barragem desfrutámos do melhor que o nosso país tem em trail.



Um fantástico trilho que começou junto à ribeira e que nos fazia subir cada vez mais alto com a ribeira sempre lá em baixo e onde, por vezes, a progressão não era simples. As inúmeras ribeiras que nos refrescavam os pés, a alma e a garganta. Em várias bebi água tal a pureza das mesmas. Não esquecer que estavam anunciados 31ºC para esse dia, mas houve momentos por aquelas serras em que as coisas aqueceram seguramente mais do que isso. 


Primeiro ninguém queria molhar o pezinho, que faz bolha etc. A verdade é que quando por fim nos afastámos desta zona das ribeiras e deixámos de cruzá-las, bastantes vezes desejámos tê-las de volta. Que bem que sabia refrescar os pés naquela água fresquinha. 

Com o final das ribeiras veio também a hora de mais calor. Tínhamos demorado muito mais tempo do que o estimado. Ao Km 21 no abastecimento já nos tinham dito que o pessoal dos 15 Km tinha passado ali há que tempos. Lá se tinha ido o meu objectivo de apanhar a Dora e cruzarmos a meta juntos. O calor apertava e estávamos numa zona de olival que tivemos de contornar. As marcações aí estavam confusas e por sorte seguimos o trilho certo. Mais tarde percebemos que fomos dar uma volta enorme ao olival e tornámos a voltar para trás passando muito perto, mas a uma cota inferior. Por pouco não nos perdemos e apanhámos o trilho mais abaixo, como seguramente outros fizeram...

O Dário começou a ficar um pouco para trás mas eu já estava naquela fase em que só vejo a hora de chegar. Deixei-o com o Álvaro e segui lento mas determinado. Mais uns sobe e desces, passagem por dentro da quintazinha do Paes do Amaral e num instante o Castelo de Abrantes surge lá no alto. Ok, só já falta esta parede venha ela!
A vista a meio da subida para o Castelo era esmagadora. Sabia que já toda a gente dos 15Km tinha terminado mas estava curioso de encontrar a Dora. 


E chegado lá acima lá estava ela à espera. Claro que já tinha cortado a magnifica meta que aqui vos mostro. De qualquer modo simulámos uma chegada conjunta que o fotógrafo da meta registou. Pena que por vezes as imagens que mais desejamos ver acabem por nunca aparecer. Nunca vi esta foto da meta. Será que ficámos assim tão mal e o Sr. fotógrafo apagou? Mistérios!

Ah! E o joelho? Pois é. Já nem me lembrava dele. Deu sinal de vida entre o Km 10 e o 20. Depois eu esqueci-me dele, ou terá sido ele que se esqueceu de mim? Pouco importa. Vim com a confiança no máximo. A máquina estava operacional e pronta para a grande aventura do ano.

Quanto a um balanço desta prova, na verdade é um belo trail, bem organizado. Talvez se possa reduzir um pouco os encargos e passar essa poupança para os atletas. Os tempos assim o exigem. O almoço um pouco descaracterizado mas com um preço justo e cumpre o objectivo de repôr energias. Pergunto-me se seria preciso irmos de autocarro? Não seria possível sair junto ao tejo serra fora, feitos doidos?
De qualquer forma foi um excelente dia, numa bela região e um magnífico treino para Portalegre.


Se quiserem ver mais fotos vejam este album do facebook

terça-feira, 29 de maio de 2012

The Athlete's Book of Home Remedies - Um livro surpreendente

Um livro escrito para atletas, por um médico atleta. Um achado!

Quem anda nesta vida sabe bem como são as coisas com os médicos. Se tiverem de ir a um médico com uma queixa, daquelas que não são óbvias e que têm resoluções radicais e imediatas, esqueçam. É pior que um puto de 15 anos a tentar explicar ao avô como são as cenas com as gajas, tipo, tás a ver? Não tás né? Ya gimbra, esquece lá isso. O tipo não vai perceber o que vocês estão para ali a dizer. Dentro da sua cabeça de médico de sofá apenas está a pergunta "mas se este gajo se queixa de uma dôr que surge ao fim de 20Km's... para que raio corre o gajo tanto?" Para não dar parte de fraco encomenda-vos uma tonelada de exames, rx's, ressonâncias e ecos e no final encontra-vos 30 problemas que vocês nem sonhavam que tinham e saem de lá ainda mais deprimidos e com a dor original na mesma.

Claro que há excepções, há excelentes médicos no campo da medicina desportiva. Como em tudo na vida temos de ter a sorte de encontrar o certo.

Este livro que se cruzou comigo num email de divulgação chamou-me desde logo a atenção. Este médico que já fez 29 Maratonas e 9 Ironmans de certeza que percebe a minha maneira de pensar e a minha atitude face à corrida, aos treinos. Ainda por cima o tipo diz que explica e que conhece em detalhe toda a máquina. Sem duvida que parece bom de mais para ser verdade. Após ler algumas críticas muito favoráveis na Amazon não hesitei. E em boa hora o fiz.
O link acima leva-vos para a Amazon americana já que o preview do livro tem mais e melhores páginas disponíveis no exemplo.

Mas se quiserem comprar sugiro que usem o link da Amazon inglesa pois os portes para portugal são grátis ou mais reduzidos. Ao comprarem seguindo este link pagam exactamente o mesmo valor do que directamente na amazon.co.uk mas apoiam este site na produção de mais conteúdo.

O livro custa 13€ (mais 5€ de portes). Para um livro de quase 400 páginas, totalmente a cores, com centenas de excelentes ilustrações, impresso em papel couché, mesmo incluindo os portes, são valores que não existem no nosso mercado.

O livro excedeu totalmente as minhas expectativas. É uma obra de referência que vai demorar algum tempo a compensar o investimento, mesmo assim será provavelmente mais rápido do que penso.

Está dividido em 4 partes distintas:
  • Uma primeira parte de leitura sequencial em que ele explica a sua história e estilo de vida. Os seus objectivos e a forma como encara o desporto. Sendo uma pessoa que já correu 29 maratonas e 9 ironmans rapidamente nos identificamos com a sua atitude. Reconhecemos ali de imediato um companheiro da luta. Um tipo que sabe e sente os nossos ais. Neste capítulo o Sr. conquista-nos de imediato. Imaginem conhecerem um companheiro de treinos e provas que para além de partilhar o mesmo gosto pela corrida sabe tudo sobre o funcionamento do vosso corpo, principalmente ossos, músculos, articulações e demais peças. Um achado!
  • A segunda parte é mais de referência e é exaustiva. O corpo é dividido em várias partes e cada parte dissecada em fabulosas ilustrações. Articulação a articulação, osso a osso, músculo a músculo, os problemas são identificados, diagnosticados, explicados. Cada problema é explicado porque ocorre. O que se passa com a peça em questão e porque está a falhar. A ilustração mostra o funcionamento e a zona que está a causar o problema. Cada problema tem depois duas alíeneas, FIX IT, ou seja, o que podemos fazer para arranjar a coisa (se é que existe algo que possamos fazer) e também PREVENT IT, em que quase sempre são dadas várias dicas e exercícios para fortalecer áreas adjacentes que poderão evitar que o problema se manifeste ou se torne a manifestar depois de curado.
    Para concluir cada problema e porque se trata de um médico e não de um tipo que vos quer convencer que tudo se pode curar em casa, é claramente indicado quando devemos consultar um médico (com base nos sintomas) e se o problema pode ser resolvido com cirurgia.
    Os exercícios que permitem reparar ou prevenir o problema são também ilustrações de posturas e é simples seguir os exercícios indicados.
    Esta é a parte mais fantástica do livro.
  • A terceira parte é composta por um conjunto de exercícios de aquecimento e de fortalecimento muscular generalizado. O Dr. Metzl defende, e dificilmente se pode negar, que o ideal é desenvolver todos os musculos do corpo em equilibrio e não apenas alguns grupos específicos do desporto que praticamos. A vantagem destes exercícios é que podem ser feitos em qualquer lado e só necessitam do peso do vosso próprio corpo e pouco mais. Iron Strength Workout de seu nome, têm como objectivo principal fortalecer-vos com vista a evitar lesões.
  • Por fim fica bem no livro um capítulo dedicado à alimentação incluindo programas de alimentação exemplo dedicados quer a força quer a endurance.

O único problema deste livro, é para quem não domina a lingua inglesa. Não duvido que este livro acabará por ser editado em Português (nem que seja o do Brasil). Se calhar ainda vão ter é de esperar algum tempo.

Alguns links uteis: Uma mensagem vídeo do Sôtôr e o site do Sôtôr.

Altamente recomendado.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

6 de Maio - Meia Maratona da Areia


Este ano tudo se conjugou na perfeição. Finalmente. Ao fim de 3 edições o Mundo da Corrida já merecia um dia perfeito.

A maré já se sabia que ia ser uma das mais baixas do ano. E para ajudar este ano não houve ventos, nem chuvas, nem frios. Nem calores malucos, já agora. Estava um dia excelente para uma corridinha na praia.

E foi o que fizemos. Eu já a descomprimir para Portalegre tinha feito na véspera um treino matinal de 21Km pela Arriba fóssil da Costa. 21Km seguidos de uma almoçarada com amigos. Grelhados e uma desgraceira pegada. Um verdadeiro estágio para a meia da areia do dia a seguir. Nunca sei bem se o que mais gosto é de correr com os amigos ou comer com os amigos. Desta vez ficou provado que a melhor opção é fazer as duas coisas e de preferência nesta ordem.

Seria portanto um fim de semana já mais calmo com 21+21 embora os 21 da meia fossem bem mais exigentes claro.

O dia amanheceu bonito e embora o céu limpo já se sabia que não ia estar muito calor. A rotina foi a habitual. Descer à praia, encontrar resmas de amigos e desfrutar de uma corrida na pista dos Treinos Lunares. Sei como esta prova é subtilmente desgastante. A areia é compacta e dá a ideia que estamos a correr numa pista de atletismo. Mas na verdade e embora nada o indique, a resposta elástica do piso nada tem a ver com a estrada ou mesmo com a terra batida. Ou seja, sem dar por isso, acabamos por despender muito mais energia do que se estivéssemos a correr noutro piso. Claro que a vantagem é termos uma prova com muito menor impacto nas articulações, mas como o piso é tão compacto e nem damos pelo esforço extra inicialmente, podemos ter algumas surpresas com a resposta do nosso corpo nos dias a seguir.
Espero que nada que não se recupere posteriormente mas a mim já me aconteceu mais do que uma vez, porque acabo sempre por impor um ritmo superior ao que pretendia, ressentir-me nos dias seguintes. Nada que, como não me mata, não me torne mais forte. Só isso!

Estava um pouco receoso porque o meu joelho esquerdo andava a ameaçar chatice e faltavam agora menos de 15 dias para os 100K de Portalegre. Mas não dava para parar, portanto era seguir mais calmamente. Na véspera a coisa tinha corrido relativamente bem e dado que fomos a um ritmo lento. embora me tivesse doído um pouco, nada que não tivesse desaparecido em seguida.


Logo após a partida, tal como sempre faço dirigi-me de imediato para a beira-mar e aí segui. Para não variar os primeiros Km's foram um pouco sofridos até entrar no ritmo. Felizmente o areal este ano estava excelente para a corrida. Seguia sozinho junto ao mar. A maré vazia era brutal. Antes de chegar à Fonte da Telha aparece o José Santos cheio de pica e pensei que me fosse deixar para trás. Mas não, acabou por ficar por ali e seguimos juntos.

Após a Fonte da Telha, zona onde normalmente o areal empina um pouco porque a água não desce tanto como antes da Fonte da Telha, nunca tinha visto o areal assim. Na zona onde o ano passado progredíamos com dificuldade dado o avançar da maré, este ano a água estava lá em baixo e parecia que estávamos na Costa tal a largura do areal completamente plano. Nunca tinha visto tanto areal à mostra naquela zona. Uma maré de 30 centímetros de altura, das mais baixas do ano, senão a mais baixa.



Depois de dar a volta continuámos juntos quase até perto da meta. Mantive-me junto ao mar enquanto o Zé progredia um pouco mais acima. Mas seguíamos a par. Acabámos por cortar a meta quase ao mesmo tempo, tendo feito a prova num ritmo bem mais forte do que o que inicialmente pretendia. Mas o magnífica pista da Caparica estava num dia excepcional pelo que foi só deixar as pernas desfrutarem daquela fantástica pista.

No final uma refrescante massagem com as frescas ondas do mar ajudaram à recuperação. Um mergulho ou  dois para refrescar e toca a rumar à barraquinha das imperiais onde inevitavelmente toda a gente acabava por aparecer e onde ficámos à conversa até perto da hora de voltar para casa. Estava cumprida a 2ª parte do treino do fim de semana. Um dia de praia que dificilmente se repetirá pois todas as variáveis se alinharam na perfeição.

O Mundo da Corrida já merecia um dia à altura da sua organização. Perfeito!

Um agradecimento ao José Carlos Melo e ao Vitor Veloso a quem simpaticamente roubei estas fotos sem sequer pedir autorização. Obrigado amigos!

domingo, 27 de maio de 2012

29 de Abril - Trail Arribas do Tejo



Uma prova de trail gratuita?!!? E isso existe? 30 Km de trail numa região muito bonita e pouco conhecida do país. Era o que prometia esta prova. Claro que tinhamos de ir lá ver se era mesmo assim. 

Evitando a vergonha nacional chamada SCUTS é fácil aceder a esta zona, via Alcochete, direcção Porto Alto, Coruche, Montargil, Ponte Sôr, etc. A estrada é impecável, rectas sem fim. Não é preciso ir pagar a peso de ouro pseudo auto-estradas com o piso em más condições e a 1€ a cada meia duzia de Km's. Uma vergonha!

Não fazia ideia o que nos esperava porque na verdade não conhecia aquela zona. Já tinha ouvido dizer que era muito bonita mas não esperava tanto. O dia estava muito bonito embora quando saímos o nevoeiro ainda dominava. Mas ao chegarmos ao Tejo já se tinha dissipado. 

O trilho junto ao tejo é espectacular. Terra batida, todo arranjado. Um sobe e desce constante com degraus onde eram precisos e escadarias com corrimões de madeira. O Tejo calmimho, o dia sem vento, o sol a brilhar no meio das nuvens. Cenário fantástico. Às tantas e ainda muito antes de Belver começa um enorme passadiço que permite em zonas com menos trilho uma progressão excelente. Km's de passadiço em tábua com escadaria que vão desembocar numa praia fluvial. Que linda região e que dedicação das suas gentes que tem tudo num mimo. 

Depois de acabar o passadiço subimos à estrada e passamos a ponte para Belver. O Castelo lá bem no alto ri-se para nós. E metemos por um trilho de terra batida que, obviamente, nos vai levar até ao Castelo. Reabastecemos e atravessamos o castelo onde nos espera uma descida de terra até uma zona de ribeira e pedra. Uma ponte suspensa e estamos do outro lado. 

Depois foi a parte mais monótona mas ainda assim bem exigente. Estradões e enormes subidas seguidas de descidas. A meta surge enfim no pavilhão onde levantámos os dorsais. Tudo muito bem marcado, bons abastecimentos, muita simpatia e dedicação. Um exemplo para todos. Como é possível uma comunidade organizar uma prova desta envergadura gratuita? Os meus parabéns a todos. 



No final encontrei a Dora que tinha acabado de chegar também da caminhada. O banho era no parque de campismo. Depois ainda voltámos ao pavilhão para um mini almoço por 2,5€ Uma sopa, uma sandocha de carne de porco grelhada, uma bebida e uma peça de fruta. Depois de 30Km soube a pouco mas foi o que se pôde arranjar. 

Vamos ver se a organização persiste e se para o ano vem o 2º

Apenas tenho a apontar o facto de a 2ª parte do percurso ser um pouco monótona, ainda por cima depois de nos terem dado uma 1ª parte espectacular sempre à beira do Tejo num cenário magnífico. A 2ª parte fica-se com pena de haver tão pouco para ver. 

O almoço podia ser um pouco mais substancial. Encareçam a coisa se fôr preciso mas uma sopa e uma sandocha depois de 30Km... sabe a pouco.

De resto só tenho a dar-vos os parabéns pela vossa magnífica prova e dedicação. Vê-se que toda a comunidade está envolvida no evento. E só assim se conseguem estas coisas. Estiveram todos muito bem. Os meus parabéns. Para o ano faço questão de ir aí de novo ver se a coisa melhora o pouco que falta.

Se quiserem ver mais fotos vejam este album no facebook. Desta vez foi a Dora que levou a máquina.

25 de Abril - Corrida da Liberdade


Um clássico. Esta é daquelas provas que é preciso ir. Não por causa de conotações políticas ou revolucionárias. Simplesmente porque é uma prova gratuita e que mantem o espírito do desporto gratuito e para todos. Acho que é uma coisa que alguém se lembrou de escrever na Constituição... Mas hoje em dia já se sabe que a Constituição vale o que vale e o pior é que parece que ninguém está muito preocupado com isso.

Preferia que a prova acabasse no Carmo, como fizeram num ano. Mas deve ter havido muitas prima donas a queixarem-se da subida. Aqueles que só são bons a acelerar nas descidas. Nunca mais ousaram fazer esse final. Que pena. Assim não passa de mais um aborrecimento banal igual a tantas outras bodegas que fazem a Av. da Républica e depois descem a Av. da Liberdade. Enfim...

De qualquer maneira lá cumprimos a tradição. Deixámos o carro na Avenida e tivemos de saltar os torniquetes da estação de metro porque não estava ninguém para abrir as portas aos atletas. Parecia que íamos libertar a pátria da ditadura...

Tal como em muitas outras provas, estava mais gente do que no ano anterior. Depois da partida lá seguimos. O José Santos, folgado como anda, acelerou. Eu vim mais devagar à conversa com o Pedro Gabriel e com o Miguel que apanhámos pelo caminho. Ainda assim e tendo em conta que no Domingo tinha feito a Maratona de Sevilha acabei por vir bem mais rápido do que estava à espera.

Na chegada um fila gigantesca para receber a bela da t-shirt rasca. Estava apenas 1 pessoa a distribuir as t-shirts o que achei brilhante. E ainda dava ouvidos aos gajos que queriam trocar. Muito bom.. que nível de organização. Mas como pagámos zero fica difícil reclamar. 

Até para o ano.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Maratón ou Marató? Passeando pelas maratonas espanholas


Uma análise das principais maratonas espanholas é o que vos proponho neste artigo. Como sempre altamente subjectiva, como convém. 

Saiu na rifa neste ano de 2012 meter na cabeça fazer as 3 principais maratonas de Espanha de rajada. Precisava de treinar para os 100 Km da Utra de S. Mamede e nada como treinar com amigos aos fins de semana em vez de andar a correr sozinho dias e dias a fio. Até porque o companheiro que me desafiou para os 100Km....baldou-se, e fiquei eu com a cruz :)

Assim surgiu logo esta ideia de fazer maratonas. Como em Portugal são coisa rara e nos outros países a Troika não aconselha, nada como aproveitarmos o facto dos nossos vizinhos continuarem 20 ou 30 anos à nossa frente em imensas coisas e, claro está, no atletismo. Quem já fez maratonas em Espanha sabe bem do que estou a falar. Quem não fez é fazer e verá. É fácil, bem barato nalguns casos, e se forem atletas de elite, não dá milhões, mas dá seguramente muitos milhares. 

Como não é o meu caso dou-vos eu aquilo que posso. E o que posso é deixar um comparativo das várias provas. Para ajudar quem tem de escolher apenas uma. Se puderem escolham todas, nem que seja uma por ano. São todas diferentes e aproveitam para conhecer um pouco melhor as fantásticas cidades onde se realizam. 

Tinha prometido que fazia uma escolha e tentava eleger a melhor, aqui fica esse esforço. Duvidas é só perguntar.

Estes foram os critérios que me lembrei. Se quiserem que compare outro critério não hesitem e peçam. Os meus artigos nunca estão finalizados.


Pasta Party
A Pasta Party parece-me um bom critério porque é algo que espelha a preocupação da organização em receber bem os atletas que se deslocam de fora. Normalmente contamos com aquela refeição, chegamos muito em cima da hora. Precisamos de nos instalar rapidamente e desfrutar da cidade antes da prova. E uma refeição de qualidade que nos ajude a passar o resto do dia sem pensar mais em comer é importante. Estamos fora do nosso ambiente e encontrar um restaurante numa cidade desconhecida não é o que mais apetece. Às vezes ainda com a mala atrás.
Sevilha é imbatível neste item. Há que dar pontuação máxima a esta Pasta Party. Há sempre alguma fila mas a quantidade, variedade e instalações são do melhor. Pode não se gostar muito daquele macarrão com mollho de tomate.. mas depois de tantas horas de viagem...
Barcelona desilude totalmente e não atinge os mínimos. Há que melhorar neste ponto Barcelona. Atravessar à frente da porta de acesso equilibrando um prato numa mão e uma lata na noutra é ridiculo. 
Madrid tem nota positiva. Tudo somado cumpre mas há espaço para melhorar. Basta irem a Sevilha ver como se faz melhor. 

Sevilha *****
Madrid ***
Barcelona **

Entrega dos Dorsais e Saco
Aqui Sevilha não fica tão bem embora este ano as coisas até tenham corrido um pouco melhor. No fundo todos fazem a coisa da mesma forma mas parece ser nos pequenos detalhes que as coisas emperram um pouco. Quem gosta de estar em filas? Se Barcelona funciona tão bem os outros também conseguem chegar lá. Sevilha não fica sozinha. Madrid também podia funcionar um pouco melhor. Até porque tem muito mais atletas a participar logo há que optimizar ainda mais as coisas. 

Sevilha ***
Madrid ***
Barcelona *****

Brindes e Ofertas
Ninguem vai fazer uma maratona pelo conteúdo do saco, ainda assim é bom ter em conta o que podemos encontrar. De Sevilha volta-se com um equipamento completo, calções camisola de alças e meias. Nada mau. No final da prova ainda têm direito a uma toalha que dá imenso jeito para usar nas provas ou trazer no carro para os treinos. Madrid tem uma T-shirt técnica muito bonita da Adidas, uma mochila bonita mas muito frágil e uma medalha fabulosa da Rock'n'Roll series. Acreditem se não conhecem. É a medalha mais bonita que alguma vez viram. Barcelona tem apenas a T-shirt técnica muito, bonita também. 

Sevilha ****
Madrid ****
Barcelona ***


Abastecimentos
Eu pensava que Sevilha era fraquinho apenas com água, isotónico, laranjas e esponjas, mas depois de ir a Madrid percebi que é possível poupar ainda mais um pouco e deixar a fruta e as esponjas, essas mordomias, de lado. O importante é sabermos com o que contamos e irmos aviados. Mesmo assim este ano em Madrid havia um abastecimento de gel da Gu. Mas de resto é pobrezinha. Barcelona não sendo nenhum luxo tem mais uma ou outra iguaria, tudo o que Sevilha tem e 2 abastecimentos de Gu. Não sendo perfeita ganha facilmente a categoria.

Sevilha ***
Madrid **
Barcelona ****

Assistência médica durante a prova
Felizmente só posso falar do que vi e nunca precisei de testar esta categoria, pelo menos no aspecto médico. Parece-me que Sevilha e Barcelona estão bem e somos acompanhados por bicicletas e patinadores que podem intervir a qualquer momento. Madrid faz bandeira deste aspecto e parece-me que com razão. Nunca vi tantos patinadores artilhados com tanto material. Cada um leva um braço no ar com um balde de vaselina bem visivel. É só chamar. Está quase sempre um ao vosso lado. Em Madrid ainda recorri a um pouco de Reflex num joelho. Uma assitência que demorou menos tempo que um carro de F1 a trocar de pneus. Nada mau. 

Sevilha ***
Madrid ****
Barcelona ***


Feira da Maratona

Aqui a melhor feira é Barcelona. Também é a que tem mais participantes e tem a equipa de Paris por detrás. Isto pode explicar muita coisa. E de facto as feiras são por enquanto proporcionais aos participantes. Quanto mais alminhas mais as marcas apostam, mais expositores, mais marcas presentes, o costume. Afinal é o mercado a funcionar. Sevilha é fraquita, Madrid é razoável sendo Barcelona a melhor das 3. Não é algo que seja minimamente decisivo mas aqui fica.

Sevilha **
Madrid ***
Barcelona ****

Inscrição
Qualquer uma das 3 permite inscrição online e respectivo pagamento com cartão de crédito. Se não tiverem cartão de crédito usem um MBnet. Peçam ajuda ao vosso banco se precisarem de saber o que é e como se usa o MBnet. Nada de especial aqui. Os sites são simples e directos e funcionam bem. O resto do processo é todo feito por email, envio de comprovativos, documentos para levantar o dorsal, informaões de ultima hora, etc. 
Barcelona está talvez um pouco melhor no seguimento que faz até à data da prova com uma newsletter. Os outros sites têm a mesma informação online só não fazem tão bem o seguimento da coisa. Acho que Barcelona merece aqui um pequeno diferenciamento. Madrid também fica bem classificada pois usufrui da infra-estrutura da Competitor e perto do final enviam um guia com toda a informação muito bem pensado.

Sevilha ***
Madrid ****
Barcelona ****


Percurso
O percurso obviamente é dificil de classificar. Altamente subjectivo. Mas não deixa de ser um critério. Aqui nunca haverá um consenso sendo que cada percurso agradará a atletas diferentes. Se o objectivo fôr fazer um tempo canhão e bater o seu record pessoal terá de ser Sevilha. Plano mais plano não há. Avenidas largas a perder de vista, mesmo para dar ao pedal no máximo. Também é boa para quem tem o trauma das subidas e acha que uma boa maratona tem de ser plana para ser mais fácil. Barcelona e Madrid têm algumas semelhanças em termos gerais mas no terreno Madrid é um autêntico carrossel de sobe e desce. Mais difícil dirão uns, mais divertida e menos aborrecida dirão outros. Em termos práticos Madrid tem subidas mais inclinadas, ainda que relativamente curtas. Será difícil fazer um bom tempo em Madrid, mas não fica a perder por isso. Percurso muito bonito a passar perto de fabulosos monumentos e por dentro de um magnífico parque entre muitos outros locais fantásticos.

Sevilha ****
Madrid *****
Barcelona ****


Acessibilidade

Tudo gira sobre rodas em Sevilha. Mas como o estádio fica na periferia da cidade são muitas rodas ao mesmo tempo. Talvez a questão de estacionar seja o ponto mais fraco quando se vai em cima da hora. Há lugar e por 1€ é fácil estacionar. Mas como vai toda a gente ao mesmo tempo...
Nas outras não levei carro e não posso comparar este ponto. Mas sendo o estádio olímpico afastado do centro e sem metro perto acaba sempre por obrigar a usar a rede viária de uma ou outra forma. Em Madrid e Barcelona a partida é feita de locais emblemáticos e muito bem servidos de Metro ou é possível encontrar alojamento perto da partida. Em Sevilha para quem fica no centro pode sempre ponderar fazer um aquecimento de 2 ou 3 Km, no mínimo, até ao estádio. Autocarros e táxis existem mas ou vão muito cedo ou ficam encalhados nas filas. Ir muito cedo é a solução.

Sevilha ****
Madrid *****
Barcelona *****

Relação Custo/Benefício
Sevilha bate tudo. Com os seus 21€, face ao que oferece, quer no saco, quer em refeições, não dá hipótese. As outras não são muito caras comparando com outras grandes cidades europeias e face ao que oferecem. mas tudo pesado Sevilha não dá hipótese neste critério.

Sevilha *****
Madrid ****
Barcelona ****




Deslocação 
A deslocação não pode ter classificação. Cada caso é um caso e não pode pesar na classificação Claro que irá influenciar a vossa escolha mas nada pode ser feito para melhorar a coisa. Tirando o Sócrates que queria fazer um TGV... mas depois quem ia pagar os bilhetes? Esqueçam lá isso :)
Sevilha terão de ir de carro ou de autocarro. Sendo muito popular, todos os anos há várias excursões organizadas. É só escolher a mais conveniente.
Madrid está no limiar das excursões. Pelo menos para quem vai de Lisboa ou Porto. Contem com 8 horas de viagem para cada lado. Felizmente há voos baratos para os mais apressados. Este ano fui de autocarro e sendo um bocado seca acabei por passar bem o tempo à conversa, a ler, a dormir e ou a ver um filme no telemóvel. 
Barcelona não há alternativa razoável ao avião. Com sorte não pagam mais do que para Madrid.

Vamos a contas:


Nem de propósito não há uma clara vencedora. As falhas de umas são o sucesso das outras. Não considero que 1 ponto de diferença após tantos critérios seja revelador do que quer que seja. Cada uma tem os seus pontos fortes e de facto não é fácil escolher uma que se afirme muito em relação a outra. O mais provável é que ao ler a descrição de cada ponto acabe por valorizá-los de forma diferente e assim encontrar mais facilmente a que lhe convém. Faça todas e tire as duvidas. 
Por outro lado em 50 pontos possíveis qualquer uma delas tem espaço para melhorar.

Por fim o resumo de cada uma das provas em que participei. Pode ser que no detalhe esteja a solução:

Venga campeone animo!



quarta-feira, 16 de maio de 2012

22 de Abril - Maratona de Madrid



A 3ª Maratona em 2 meses estava a chegar. Sesimbra tinha corrido bem, sem grandes mazelas para além dos pés um pouco abrasados. Durante a semana tratei ao máximo com creme hidratante, que pelo menos tem o poder de nos convencer que estamos a fazer tudo o que podemos para ajudar a recuperar.

Estava um pouco apreensivo com o fim de semana. Acordar às 4, autocarro às 5, viagem para Madrid no autocarro do Mundo da Corrida, Maratona e depois regresso. Chegar e retomar a semana de trabalho. Algo completamente incompreensível? Vamos ver o que dá. 

A viagem decorreu sem grandes sobressaltos. Depois de alguma conversa consegui retomar o sono e acordei a chegar ao Caia para um café. Portugal está arrumado. O resto passou-se bem, entre conversas, histórias de corridas e um pouco de leitura Madrid estava à vista. O regresso era onde esperava mais dificuldades depois da experiência da viagem à Maratona do Porto o ano passado.

Mas, consumada a chegada directamente na feira da maratona para levantar os dorsais e repor energias na pasta party, foi rápida a tomada de posse do apartamento que íamos repartir.



Os apartamentos Goya são honestos. Quando se paga pouco não se pode esperar milagres. Mas para dormir uma noite perto do centro de Madrid não é preciso mais nada... talvez um micro-ondas vá.

O resto do dia foi dividido entre a aquisição de comida para o jantar e para o pequeno almoço e uma volta pelas redondezas. Esta véspera da maratona ficou completa com um jantar caseiro ao som do relato em espanhol do Barcelona - Real. É divertido ouvir um relato em espanhol. Tudo era maravilhoso... Espanholada!



           




Com a vitória do Real a cidade teve um cair de noite diferente. A festa estava um pouco por todo o lado. Fomos dar uma volta para desmoer o jantar e não resistimos a ir à Praça Cibeles sentir a festa. A polícia tinha montado um enorme arraial para impedir a tomada da fonte. Parecia que a festa era da polícia. O pessoal que queria celebrar acumulava-se nos cantos da praça mas não tinham hipótese de fazer o assalto final. Demasiada polícia inundava toda a praça com dezenas de carros com os pirilampos ligados. Ainda andámos por ali um bocado a celebrar com eles, só que gritávamos SLB para baralhar. Claro que ninguém nos passava cartão. Para variar sem sequer deviam estar a perceber o que dizíamos. Não passávamos de 3 ou 4 malucos a filmar aquilo e a gritar umas parvoíces. Mas que era divertido era. Ainda rebentou um petardo ali a meia dúzia de metros de nós que nos fez saltar do chão. Inchaaa!

A noite passou-se muito bem e o dia acordou com ar de fresco. Rapidamente estávamos prontos e a caminho da partida. 10 minutos a pé bastavam para chegarmos. Vários pára-quedistas saltaram de 2 aviões e com uma precisão fantástica iam acertando na zona de poiso. Depois de uma foto com os simpáticos irmãos Dalton dirigimo-nos para a zona das boxes de partida. Sem grande controlo circulava-se com alguma facilidade entre as várias boxes de partida. O Vitorino que estava comigo ainda passou para a box da frente à ultima da hora. Eu não tinha qualquer pretensão que não fosse um bom treino e que os pés não me chateassem. Nem relógio levava devido a um acidente com o meu Garmin que devia estar nessa altura lá para Barcelona em substituição. Era preciso correr 42.195 e mais nada.

Sentia-me bem. Estava confiante que os pés não me iam chatear. Tinha comprado na feira da maratona umas meias WrightSock com Coolmesh e umas espanholas de Coolmax que tinham sido temas que tinha andado a pesquisar há uns tempos. Muitas vezes queixamo-nos de aquecimento nos pés e a culpa não é só dos ténis. Dentro dos ténis para além dos nossos pés estão as palmilhas e as meias. Pensava como iria sentir a altitude. Tinham dito que aos 800m já faz alguma diferença. 

A partida começa logo em ligeira subida. Daquelas que enganam. A princípio senti alguma dificuldade, de facto. Mas também não sei se não seria só do facto de irmos a subir. Os balões das 3h15 e das 3h30 seguiam juntos ali ao pé naquela altura. Embora não fosse minha intenção aproveitei o ritmo deles para definir o meu. Estava-me a custar mais do que o normal acompanhar as 3h30. Resolvi manter o ritmo para tirar conclusões. Após alguns Kms os 3h30 começaram a ficar para trás e os 3h15 iam ganhando distância. O cansaço exagerado tinha desaparecido e seguia agora confortável. Sentia que ganhava distância aos 3h30 pelo lento afastar dos 3h15. Estava confortavelmente instalado no meu ritmo. Era só manter. Seguia sozinho. Não conseguia encontrar ninguem

O carrossel começou a revelar-se e embora estivéssemos a descer em termos gerais até ao km 28 as subidas alternavam com as descidas. Se as subidas eram esgotantes, a alteração de ritmos e o esforço seguido do "descanso", iam quebrando a monotonia. O circuito é muito bonito, variado, com passagens perto de monumentos fantásticos, parques imponentes, uma maravilha. Nalguns sítios havia inclusive obstáculos no traçado mas pelos vistos a organização não está preocupada com isso. O traçado acima de tudo. 


Passo à meia com 1h40. Umas contas de cabeça e era tempo para 3h20. Sabia bem que iria quebrar um pouco e que no final nos aguardavam umas subidas petisco. Ainda assim 10 minutos chegavam bem se não houvesse surpresas adicionais. Bastava manter ou tentar manter. Não é que houvesse algum interesse especial em fazer fosse que tempo fosse, mas já que tinha deixado os 3h30 para trás e ganho uma margem confortável, já agora...
Ia controlando o tempo pelas paragens de autocarro que têm relógios, mas nem era preciso porque o ritmo estava a manter-se. Chega por fim a zona das subidas. Felizmente aqui o trail tem-me ajudado muito a progredir. A forma como encaro uma subida hoje em dia é totalmente diferente. Venham de lá que eu já vos digo. E lá ia. Começo a passar imensa gente que não está preparada para aquelas inclinações.

De repente ao meu lado está um balão das 3h30?!?!? Fico incrédulo. Estávamos ao Km 38. Penso, olha-me este olha. Agora? Tento rever os tempos numa paragem de autocarro e assim por alto não fazia sentido aqueles tipos ali. Tinha obviamente quebrado um pouco mas daí a apanharem-me e a prometerem deixar-me para trás? Muito estranho. Ainda assim podiam tirar o cavalinho da chuva. Não era agora que ia ficar a ver navios. Já tinha interiorizado a ideia de fazer menos de 3h30, desculpem amigos, meto uma abaixo e com um restinho de forças que estava a guardar sei lá para quê, foi mesmo na pior subida para a meta que cerrei os dentes e cá vai disto. 39 e já cheirava a meta. Não olho para trás, não é preciso, sei que vêm por ali. Não conseguem é passar. Na recta da meta vislumbro o cronómetro 3h25. 3h25!?!? Bom, está bem, venha. E veio. 30 segundos depois os 3h30 começam a cortar a meta. 3h26. Não percebi bem porquê mas Ok. Quem ia para 3h30 e resistiu aquela subida naquele ritmo teve o bónus. Quem os viu fugir no final e ainda assim ficou nas 3h30 também deve ter ficado feliz. Tanto faz. A minha 3ª maratona espanhola estava feita e os 3h25 feitos sem qualquer preocupação e sequer relógio souberam-me maravilhosamente. Mas estava exausto. As meias foram excelentes. Cumpriram o seu papel na perfeição. Pés sempre secos e relativamente frescos.

O José Carlos Melo foi a primeira pessoa que encontrei. Celebrámos juntos tal como em Barcelona. Mais uma espanhola conquistada...!

O José Carlos ficou por ali e eu fui andando. Só queria voltar para o apartamento. De tal modo que quando vi uns seguranças a abrir as grades saí e voltei logo para trás. Estávamos talvez a 1500 metros do apartamento. Quando saí apercebi-me da parvoíce que foi não ir até ao fim da recta. Faltou repôr energias. A comidinha estava no final da recta. Ahhh. Estupido sem oxigénio no cérebro. Too late! Agora é chegar ao apartamento depressa. Foi o que sobrou. Fui o primeiro a chegar e a despachar-me. 

Assim que o José Sousa se despachou fomos logo entupir as artérias para o Burger King mas não foi fácil fazer desaparecer o raio do hamburguer. Eram mais olhos que barriga. 

A preparação para a viagem foi feita logo a seguir ao almoço com um Voltaren. Ultimamente tenho usado o Voltaren para recuperar de provas muito duras. É uma ajuda enorme nas dores musculares e mesmo no dia seguinte em que já desapareceram todos os benefícios do medicamento sente-se uma diferença enorme na velocidade de recuperação. Não o uso por sistema mas sempre que a dureza é grande não hesito. 
Fosse porque razão fosse a viagem de regresso não me custou nada. Conversa e mais conversa, mais alguma leitura e quando a noite caiu foi só sacar do Galaxy S e aproveitar para ver um filme (Missão Impossível 3). Sei que quando dei por mim a coisa estava quase consumada. Claro que já passava da meia-noite quando enfim nos devolveram ao Centro-Sul. Ainda por cima vínhamos de Sul e tivemos de ir primeiro a Lisboa deixar o pessoal de Lisboa. Uma dívida de gratidão foi o que ganharam os gajos de Lisboa. 

Feito o balanço final foi um fim de semana que me encheu as medidas. Embora não tenha parado um instante, tenha papado 16 horas de autocarro, mais uma maratona pelo meio e uns passeios em Madrid, os amigos com que partilhei estes dias fizeram deste fim de semana mais uma jornada memorável. Não vos conseguia passar aqui nem 1/1000 de tudo o que sentimos e vivemos, por isso o que vos aconselho é que um dia possam tirar a prova dos nove.


Obrigado pela vossa companhia. Um abraço à malta do Mundo da Corrida. Sem eles não tinha sido a mesma coisa. A todos os companheiros de viagem, um abraço!

Vejam mais fotos neste album do facebook.