domingo, 1 de julho de 2012

Suunto Ambit versus Garmin 610...

...uma batalha de relógios com GPS
2ª parte


2.5 Funcionalidades - Físicas


Tão diferentes e no entanto tão iguais. É certo que ambas as empresas direccionam o seu produto para mercados diferentes mas será que estamos assim perante produtos tão diferentes? 

Já vimos que ambos são relógios a maior parte do tempo e transformam-se em poderosas ferramentas assim que precisamos deles. Assim como o super-homem que só precisava de uma cabine telefónica para passar de tímido repórter, ao tipo mais forte do mundo. Mas os tempos mudaram; hoje em dia o super-homem tinha de mudar de roupa dentro de uma mala ou no bolso das calças, que é o sítio onde estão os telefones... 

O Ambit tem para mostrar funcionalidades únicas que o diferenciam do 610 e que o direccionam para um publico específico. Mas o 610 também tem os seus trunfos. Dado que na prática se tratam de pequenos computadores que temos no pulso, aquilo que fazem hoje pode ser uma pequena parte do que vão fazer amanhã, sobretudo no caso do Ambit dado que a Suunto adoptou uma estratégia de evolução contínua do seu produto. Já lançou o esperado update de Maio, tem um outro anunciado para Outubro e o mais importante de tudo, a empresa disponibiliza um mail para que se enviem sugestões de características que gostariam de ver no relógio. A Garmin tem uma estratégia de avestruz; enterra a cabeça na areia e dá respostas parvas quando se contacta o suporte com questões relativas ao desenvolvimento de novas funcionalidades.  De qualquer forma, antes de vermos o que cada um oferece de diferente nesta área e o que poderá vir a oferecer, fiquemos com o que nunca há-de variar. O que os diferencia em funcionalidades físicas, daquelas que já não mudam mais porque necessitam de hardware específico que, ou está lá, ou nunca irá estar.

Ambit

Bússola 3D, ou seja, ao contrário de alguns relógios que têm verdadeiras bússolas, tal como este, não é necessário o relógio estar numa posição horizontal para que a bússola indique o Norte. Embora, obviamente o Norte faça mais sentido num plano paralelo ao solo. Mas faz sentido ainda assim, não termos de ter a preocupação de nivelar minimamente o relógio para termos precisão na bússola. A bússola é extremamente precisa e com um movimento suave. É possível e conveniente configurar a declinação magnética que é uma coisa importante para quem de facto precisa de uma bússola a sério. Tem a ver com o facto de o norte magnético não ser exactamente igual ao norte geográfico. Ou seja, o Arquitecto enganou-se a colocar o norte magnético exactamente no topo da Terra e é preciso dar um desconto nas bússolas. Mas isso agora não interessa nada. Não sei se alguém irá usar o Suunto para traçar azimutes numa carta até porque com a pulseira não dá muito jeito colocar o tipo em cima de uma carta mas enfim. 

No 610 não existe bússola. Qualquer GPS sabe onde está o norte e por conseguinte onde estão os outros pontos cardeais, obviamente. No entanto o GPS só nos consegue dizer onde está o norte se estivermos em movimento. Analisando as várias posições que calcula com os sinais que recebe dos satélites quando nos movimentamos, um GPS sabe para que lado estamos a ir. Mas mal paramos é impossível um GPS saber para onde estou virado. Ele sabe que eu estou ali, naquele ponto, mas é incapaz de saber para que lado é o Norte. A não ser que me comece a movimentar. Portanto digamos que um GPS tem meia bússola. Além disso devido à margem de erro do GPS, cerca de 3m nos melhores modelos e com as melhores condições atmosféricas, mesmo a andar a precisão da direcção não é das melhores. Por isso qualquer bússola com base em GPS vai oscilar muito a baixa velocidade e dá para ter uma ideia da direcção, pouco mais. Uma verdadeira bússola quando está parada estabiliza e mostra-nos a direcção precisa em graus. 
Ainda por cima o 610, tem problemas de personalidade. Como já disse a Garmin retirou algumas funcionalidades para não ofender quem não precisa de se orientar e só corre em pistas e estradas bem conhecidas, e deixou o rapaz com problemas de identidade. Portanto a bússsola GPS está lá mas não é acessível directamente. A forma mais simples é ir ao menu "Para onde?", escolher um local qualquer e escolher Ir para local. A seta aponta o local em linha recta mas fica visível uma bússola, sem graus e com a precisão de um relógio chinês com parkinson, mas ainda assim uma bússola... vá.

Barómetro/Altímetro. Na verdade é apenas um barómetro mas se não faltaram a muitas aulas de física sabem que o barómetro mede a pressão atmosférica e que medir a variação da pressão atmosférica é a forma mais precisa de saber a variação de altitude, assim de repente claro. 
Como a pressão atmosférica depende das condições atmosféricas, o barómetro tem as duas funções. Prevê o tempo e mostra a altitude. A precisão é incomparável com a de um GPS que também consegue saber mais ou menos a altitude.
Todos os barómetros têm este funcionamento duplo. Se o tempo estiver estável as variações de pressão atmosférica significam que estamos a alterar a nossa altitude. Se estivermos parados e a pressão estiver a variar significa que ou vem lá borrasca ou já passou e vem aí o bom tempo. Podemos escolher o modo barómetro e forçar o relógio a registar os valores de pressão atmosférica ou podemos escolher o modo altímetro e forçar o relógio a registar altitude. No modo automático o Ambit vai escolher  automaticamente o barómetro ou o altímetro consoante estamos parados ou em movimento. A não ser que se pretenda algo específico o modo automático serve perfeitamente.
Como qualquer barómetro, para obtermos valores fiáveis de altitude é necessário calibrá-lo porque a pressão atmosférica varia. Ou seja, a minha casa está a 60 metros de altitude sempre, quer faça sol ou chuva. Obviamente um altímetro baseado num barómetro não vai ser da mesma opinião. Portanto periodicamente ou antes de se ir usar o melhor é calibrar o rapaz, dizendo-lhe a que altitude estamos neste momento. Existem vários locais onde se pode obter um valor fidedigno ou aproximado de altitude: o google earth, ao pé do mar, num marco geodésico, numa carta topográfica, etc.
Para complicar as coisas um pouco, se no dia em que formos usar o altímetro as condições atmosféricas estiverem a variar, será necessário calibrar com muita frequência pois as variações de pressão irão alterar as medidas de altitude. Por exemplo, calibrei o Suunto ao nível do mar e quando regressei a casa descobri que estou a 60 metros de altitude. No Google Earth dizia 75, e o 610 acha que estou mais ou menos a 70. Isto com excelente recpção de sinal GPS, o que nem sempre é possível.
Mais trabalho mas mais precisão é o que o Ambit vos dá neste campo. Para além do barómetro, claro,  que é uma ferramenta útil para prever variações bruscas nas condições atmosféricas. Para quem está longe de informações actualizadas, a capacidade de prever um agravamento súbito do tempo pode fazer toda a diferença.
O grau de importância que cada um dá a esta precisão acrescida, ou funções extra, pode fazer toda a diferença na altura de escolher ou não o Ambit

Termómetro. Esta função é que não vai lá com GPS. Ou se tem ou não tem. E o Ambit tem. Para se ter mais precisão é conveniente retirar o relógio do pulso e aguardar alguns minutos, no entanto em corrida fiquei surpreendido com os gráficos que se obtém. Com o relógio no pulso não estava à espera de ver variações tão grandes. Isto só pode significar que o vento tem um papel fundamental na medição da temperatura. No primeiro gráfico uma corrida na praia com o vento pelas costas. O regresso contra o vento é perfeitamente vísivel na imagem da esquerda. No segundo caso um treino em Lisboa à hora de almoço, num dia de muito calor, nota-se bem a altura em que andámos por Monsanto, bem mais fresquinho e depois novamente o regresso ao centro e aos 30 e tal graus. Excelente resolução Suunto.


Acelerómetro e Fused Speed. O Ambit posui um acelerômetro interno que lhe permite, para já, obter valores mais correctos de velocidade instantânea. O sistema GPS, devido à margem de erro, a baixas velocidades (andar, correr) não permite uma indicação correcta da velocidade. Já repararam com certeza nos gráficos de cadência e de velocidade das vossas provas em que a coisa mais parece um electrocardiograma. Na realidade, a incapacidade de prever a vossa posição correcta, impede obter uma leitura precisa do vosso ponto seguinte e por conseguinte um erro contínuo que faz variar a velocidade instantânea. No relógio a leitura não é tão imprecisa porque o relógio não actualiza com tanta frequência os valores, senão vocês pensavam que aquilo estava pifado. É por essa razão que alguns optam por adquirir um acessório para os ténis que comunica com o relógio. Não é mais do que um acelerómetro que permite obter velocidades instantâneas muito mais precisas. 
O que a Suunto fez foi colocar o acelerómetro dentro do próprio relógio e jogar com o oscilar dos braços para obter esses valores mais precisos. Chamam-lhe fused speed porque se trata de uma mistura das leituras do GPS com as leituras do acelerómetro interno. Se ficarem sem sinal de GPS ou a correr numa passadeira também vão conseguir ainda assim uma leitura precisa de velocidade. Não se esqueçam de oscilar os bracinhos :)
O acelerómetro tem um potencial enorme, tal como a Garmin mostrou no 910 e agora no Swim com todo o aproveitamento que fez relativo à natação (detecção de braçadas, de estilos, etc.) No Suunto para já temos a Fused Speed.



Veja-se a diferença da velocidade representada nestes 2 gráficos correspondentes ao mesmo treino. Valores muito mais estabilizados no Ambit do que no 610.


610


Vibração. Depois de umas fortes bordoadas, o 610 sai das cordas e puxa dos seus trunfos. E vibra. Vibra que nem um doido. É uma excelente funcionalidade. De facto nem sempre é fácil ouvir os pis que os relógios fazem. Estou-me a lembrar do inverno com as luvas, ou dos dias em que vamos a ouvir musica com os fones. A vibração é excelente. Bastante forte, é impossível não se dar por ela. Pode parecer irrelevante ou passar-se sem ela, mas tendo um relógio que vibra para nos alertar dos vários eventos é um grande conforto e depois de se ter já não faz sentido não ter. Simples golpe mas eficaz. Lembram-se quando começaram a aparecer telemóveis que vibravam? E hoje quais é que não vibram?

Interface Touch. Que maravilha. O vidro do relógio é sensível ao toque e funciona tal como os smartphones que usamos hoje em dia. Requer alguma habituação mas depois de se perceber a manha do rapaz rapidamente se percebe que o tiro foi bem certeiro. É fácil dizer que um dia todos os relógios serão assim, ou pelo menos estes relógios. Os telefones já são, portanto...
Não estamos a falar de um simples tocar no vidro. Mesmo num espaço tão pequeno o relógio detecta a direcção em que arrastamos o dedo, para fazer scroll por exemplo, para passar para o écran seguinte ou para o anterior. Numa palavra, brutal. A cereja no cimo do bolo desta funcionalidade é que o interface  touch funciona com água tal como funciona a seco. Portanto, mesmo à chuva usa-se de igual forma sem qualquer problema. Na prática até debaixo de água se pode usar, embora a estanquecidade seja apenas IPX7, (ver aqui a escala IP), ou seja 1 metro durante 30 minutos; não temos de nos preocupar se for preciso molhar o relógio, atravessar um rio, dar meia duzia de braçadas.
Debaixo de água ainda são mais bonitos
Mais útil ainda é o facto do toque no écran funcionar tão bem com os dedos como funciona com as luvas postas. Isto é um verdadeiro brinde e quem tem smartphones recentes, no Inverno.... vocês sabem do que é que eu estou a falar... :)
Nem toda a gente usa luvas nos dias frios de Inverno e sabe a chatice que é ter de as tirar para usar o telefone, mas todos usamos luvas quando está frio e precisamos de treinar.
Resumindo, esta funcionalidade veio para ficar, não tenho duvidas nenhumas.

Wireless Sync. Pode parecer uma mariquice inutil mas dá jeito. Toda a informação circula entre o 610 e o PC pelo ar. Basta o relógio estar a menos de 10 metros do PC que tem a pequena antena USB e automaticamente os vossos treinos são enviados para o site da Garmin ou para o Garmin Training Center no PC sem mais intervenção. É chegar do treino, tirar o relógio do pulso e tudo o resto é automático. No Ambit é o velho cabo com uma pinça que é preciso ligar para transferir os dados. O Garmin só precisa do cabo para carregar a bateria.

Ant, Ant+. O Ant é um protocolo de comunicação sem fios que o relógio utiliza para comunicar com os acessórios e no caso do Garmin para enviar e receber dados do PC. O facto do Ambit não suportar Ant+ vai impedir que usem acessórios de outros fabricantes dado que só suporta acessórios Ant da própria Suunto. Isto pode fazer sentido para quem já tenha investido em vários acessórios Ant+ que use com outro relógio porque não pode simplesmente trocar de relógio. Terá de comprar todos os acessórios da Suunto. Não me parece uma boa política. A vantagem é que se a Suunto quiser o suporte para Ant+ pode ser acrescentado num update de firmware. O 610 suporta Ant+ e é compatível com muito mais acessórios de vários fabricantes.

Resumindo


Claro que as funcionalidades do Ambit estão relacionadas com a capacidade de recolher informação do meio ambiente e as do 610 com a utilização do relógio. Mas cada um dá o que pode.
Creio que indiscutivelmente o Ambit vence este ponto. Não é que o 610 não seja revolucionário e o ideal seria juntar todas as funcionalidades num unico relógio, até porque se completam, mas de facto as do 610 podem considerar-se extras bem vindos e não são essenciais. As do Ambit acrescentam valor aos dados que recolhemos e estes sensores permitem uma evolução do software que só o tempo dirá se vai ocorrer ou não. Não desprezando o valor que a Garmin introduziu acho que é justo pontuarmos de seguinte forma:

Suunto Ambit *****
Garmin 610 ****


2.6 Funcionalidades - Software

Programas de suporte. Por mais bonito que seja o relógio, ou por mais informação que recolha, ou que apresente, é necessário extrair, carregar, configurar, etc. Todas essas tarefas têm de ser feitas com recursos a software do fabricante. São programas que aumentam a funcionalidade do relógio e permitem analisar em detalhe, armazenar, consultar, partilhar, tudo o que possam imaginar, relativo às vossas actividades. São também o interface para carregar informação para o relógio, quer seja um treino, um caminho, waypoints, ou mesmo configurar vários aspectos do relógio. 

Pode parecer de menor importância mas não. Sem o recurso ao software de suporte o relógio torna-se apenas um cebolão que carregam no pulso. Há que dedicar algum tempo a configurar e posteriormente extrair, analisar e arquivar a informação dos vossos treinos. Mais tarde ela estará disponível para consultarem, compararem percursos, tempos, partilharem com os amigos os percursos, etc.

Acredito que se conseguiram ler até aqui esta análise, nada disto é novo para vocês e portanto vamos a eles.

A solução da Garmin é composta por 2 produtos. O Garmin Training Center (GTC), instalado localmente no vosso PC e o Garmin Connect (GC), um site da Garmin para guardar e partilharem os vossos percursos de treinos e corridas. No principio o GTC era essencial para algumas funcionalidades. Hoje em dia o GC já faz praticamente tudo o que faz o GTC. Se não pensarmos numa manipulação e análise mais a sério da informação que pretendemos guardar, pode-se dizer que as principais diferenças são que o GTC mantem toda a informação apenas no disco do vosso PC, enquanto o GC a mantem na internet, nos servidores da Garmin com todas as vantagens que daí advêm: fácil de partilhar, acessível de qualquer browser, etc.

Embora a Garmin tenha vindo a pouco e pouco....e mesmo muito muito pouco, vindo a melhorar o GC no sentido de o dotar com todas as funcionalidades do GTC, e mesmo sendo o GTC um software com o aspecto dos anos 90, muitas das funcionalidades mais evoluídas só são feitas no GC por um masoquista.
Claro que o GC é bom, mas apenas naquilo que o GTC não permite: partilha, pesquisa e descoberta de percursos da comunidade, detalhe dos mapas, etc.
De resto o GTC é, diria, essencial para uma utilização mais a fundo da informação que recolhem, bem como na planificação dos treinos, criação de novos treinos e exercícios, etc. etc.

A Suunto só tem uma plataforma para recolha e análise dos dados. Trata-se do site movescount.com. Isto significa que para intereagirem com o relógio precisam de acesso à internet. Tudo é feito ligando o relógio ao  PC que por sua vez se liga ao site. Se não houver net esqueçam qualquer interacção com o Ambit. Podem descarregar as actividades para o PC. Para isso não é preciso net mas para tudo o resto só com acesso à net. Isto pode não ser problema se estivermos em casa. Mas se estivermos algures nas montanhas ou no estrangeiro, sem acesso à net, esqueçam.

Mas que precisam vocês de fazer seja o que fôr no Ambit? É que a Suunto tem uma filosofia oposta à Garmin no que toca a configurar o Ambit. Há várias opções e configurações que só podem ser feitas no site movescout.com e posteriormente sincronizadas com o relógio. Desde logo a escolha dos écrans de treino e do seu conteúdo. É certo que o relógio tem imensas potencialidades nestes aspecto, com as mais variadas configurações já pré definidas de acordo com as actividades. Mas para quem gosta de configurar e mudar qualquer coisa, tirar ou pôr uma métrica num dos écrans... vai precisar de acesso à net. Nada se pode fazer no Ambit neste aspecto. Alguns aspectos do relógio podem ser configurados no Ambit, coisas específicas do relógio, contraste, duração da luz, definições da bussola e do barômetro, mas tudo que tenha a ver com o treino, incluindo configurações de recolha de pontos de GPS só se pode fazer no site. Algumas coisas podem ser feitas no relógio e no site... Fica um pouco confuso este aspecto e ao mesmo tempo bastante limitador.

Na Garmin tirando 2 ou 3 coisas de perfil que têm de ser feitas no GC ou no GTC, todo o relógio é configurável no próprio relógio. Claro que se torna bem mais simples configurar o relógio num écran grande como o do PC, escolher os valores nas listas, verificar tudo o que se escolheu etc. mas desta forma, por mais complicado que seja definir tudo num écran tão pequeno pelo menos podemos fazê-lo em qualquer lado sem precisar de PC's ou acesso à net.
Dados biométricos recolhidos pelo Ambit e gráfico por camadas
Exceptuando estas características ambos os sites são relativamente idênticos quanto ao que se pode fazer com a informação. O Ambit recolhe mais dados e portanto o site também tem informação mais rica não presente no GC. O Ambit recolhe informação e disponibiliza no site directamente dados relativos a VO, EPOC, Energia, Respiração e R-R. Está fora do âmbito desta análise falar destas coisas. Mas está em preparação uma análise a um software chamado First Beat Athlete. Vejam os 2 videos e esperem pela análise ao software. Muito bons!!! Principalmente o 2º.


Só vos digo que embora o 610 não o faça de origem, nem o faça com o software da Garmin é possível usar este software para extrair também todos os dados da frequência cardíaca que o 610 regista. Esperem pela análise e verão.

O site movescount é mais folclórico e com mais apitos e luzinhas, tem uma componente social mais evoluída, permite formar grupos, seguir utilizadores e também permite enviar os treinos de forma automática para o Facebook. Os gráficos suportam camadas com transparência e podem sobrepor-se para analisar. O GC tem um player que permite reproduzir a corrida enquanto um cursor percorre um mapa e vemos os diversos parâmetros nesse ponto.
A meio da subida às antenas na Reixida. Puff! Puff!
Creio que não há nada que uma plataforma tenha que se sinta falta na outra. As coisas são apresentadas de forma diferente apenas. São ambas plataformas robustas e com boa apresentação. O movescount é mais rico em termos de extras e na parte das flores. Pode-se acrescentar fotos por exemplo. Mas a Garmin tem uma componente local que é muito potente e permite analisar os resultados sem usar a internet.
Estão longe da perfeição mas nenhuma merece apenas 3 estrelas de modo que aqui terá de haver um empate.


Suunto Ambit ****
Garmin 610 ****


2.7 Funcionalidades - Em utilização


Relógio


O que se pode esperar de um relógio? Muita coisa, meus amigos possuidores de GPS's sem relógios. E quando se junta um GPS com um relógio, o 610 explica ao Ambit como as coisas se devem fazer.
No Ambit o relógio é uma funcionalidade separada. Pode ser acertado manualmente. Quando se liga ao PC o relógio importa a hora do PC. Convem que a hora esteja certa no PC. Tem 2 horas distintas o que permite manter 2 fusos horários. Tem um alarme que não serve para dorminhocos profundos.

O 610 não tem 2 fusos horários mas consegue acertar-se pela hora do GPS. O sistema GPS funciona com base em relógios atómicos que estão em órbita nos satélites do sistema. Se os relógios estão constantemente a receber a hora mais exacta que existe no planeta, faz todo o sentido que possam usá-la para se acertarem, certo? Claro! Bom, segundo a Suunto não. Isto porque o Ambit não acerta de forma automática pela hora do GPS. Não é grave porque a precisão dos relógios é grande. Mas se ficarmos sem bateria vai ser preciso acertar o relógio e se estivermos longe de um relógio... vai a olho!
Talvez a Suunto venha a incorporar esta funcionalidade num próximo update de firmware, embora toda a gente estivesse à espera que já viesse neste update de Junho... não veio.

O 610 não precisa de perguntar as horas a ninguém. Basta-lhe sair do modo de relógio e assim que apanhar um satélite a jeito, já está. O 610 tem também um despertador, um pouco mais irritante que juntamente com a vibração, se estiver em cima de uma mesa vai fazer uma bela ressonância e fazer-vos saltar da cama num ápice.
Brilhante é a capacidade do 610 saber em que zona do mundo está e automaticamente acertar-se para o fuso horário do país em que estão. Faz sentido. Pois se o rapaz sabe onde está, com uma tabela interna de fusos horários, nada como acertar-se sozinho mal acorda e apanha satélites. Simples e útil. Claro que estas coisas podem ser desligadas se por algum motivo não forem convenientes. Às vezes os automatismos são prejudiciais principalmente se não compreendemos totalmente o seu funcionamento e se temos duvidas quando ao seu comportamento perante uma situação excepcional. De qualquer forma o Ambit aqui é muito pobrezinho e o 610 já pouco pode fazer para atingir a perfeição.


Suunto Ambit ***
Garmin 610 *****


Visualização de informação

O Ambit segue uma filosofia diferente na visualização da informação que regista. Tem já pré-definidos vários  tipos de desporto que podemos seleccionar quando queremos praticar exercício: ciclismo, trail running, running, ski, trekking, indoor, etc. Estas pré-definições são configurações de quadros e conteúdos que são mostrados, bem como outras configurações lógicas. Por exemplo o GPS está desactivado no modo indoor. Claro que qualquer um destes desportos e respectivo conteúdo que é mostrado quando o seleccionamos, pode ser alterado no site movescount.com e posteriormente sincronizado para o relógio para produzir efeito. Podemos definir novos desportos, mudar o nome dos que já existem e alterar por completo o que a Suunto pré-definiu para cada um. E o que se pode fazer em cada desporto? Quando seleccionamos qualquer tipo de exercício temos até 8 écrans diferentes (que se sucedem uns aos outros ao carregar num botão). Cada écran suporta até 3 itens distintos sendo que a ultima linha ainda pode conter 5 itens diferentes que se alternam com outro botão. Ou seja, fazendo umas contas, cada écran suporta 7 itens (2 + 5 na ultima linha, um de cada vez claro). Se temos 8 écrans x 7 itens podemos apresentar até 56 itens no total. Para não darem em doidos com tanta informação, só existem 25 itens distintos e 3 gráficos (pulsação altímetro e barômetro).

A informação que podemos mostrar durante o exercício e o habitual, cronómetro, horas, tempo da volta, cadencia, médias de velocidades cadências e pulsação, distância, velocidade vertical, etc. O habitual, não vão dar por falta de nada neste aspecto. Mais configuração, menos configuração é o costume. Como não é possível mexer nestas coisas sem ter um PC com acesso à internet e o cabo de ligação à mão, compreende-se um pouco a fobia da Suunto em ter todo este potencial de configuração. Assim que cortamos a ligação umbilical do Ambit ao site movescount.com estamos entregues a nós próprios. Nada é possível fazer no relógio.






Fica a faltar um modo que alterne automaticamente entre os vários écrans para não termos de estar constantemente a carregar no botão


No 610 temos até 4 écrans mais um que mostra o relógio. Exceptuando o do relógio que não é configurável, todos os outros mostram até 4 itens cada um, que podem ser seleccionados de uma lista de 49 distintos. Para além dos do Ambit (excluindo aqueles que são exclusivos dos sensores do Ambit) tem mais variações sobre os mesmos valores. Tem alguns que o Ambit não tem, um pouco mais fora do comum mas que não deixam de ser uteis. Tais como a hora do nascer e do pôr do sol na posição onde estamos :)
Faltam os gráficos para quem é fã de ver gráficos num écran tão pequenino, nomeadamente a série 4** tinha gráficos da pulsação cardíaca e muita gente se queixou no forum da Garmin por terem retirado essa capacidade. Por outro lado tem um modo em que os écrans vão alternando automaticamente, assim basta voltar a olha para o relógio passados uns segundos se a informação que queríamos ver não era a que estava a ser mostrada na altura. Não se podem configurar os écrans do relógio no site da Garmin mas alterar qualquer coisa que esteja a ser apresentada é super simples. Mesmo em utilização, com uma actividade a decorrer basta ficar a carregar no item que queremos alterar e ao fim de uns segundos o relógio entra em modo de edição. Meia duzia de toques e rapidamente substituimos aquele item por outro ou mudamos o número de itens que queremos naquela página. Muito bem pensado.

Seguindo abordagens diferentes ambos estão bem. O Ambit com mais pré-definições mas um pouco mais limitado nas variáveis que pode mostrar, bem como na forma de as alterar. O Garmin a necessitar de mais configurações mas a facilitar essa alteração, inclusivé durante um exercício se nos apetecer ver outra coisa qualquer naquele campo. E de forma fácil graças ao seu interface. Valorize-se mais um ou outro em função das necessidades, mas qualquer um deles está muito bem.


Suunto Ambit *****
Garmin 610 *****


Exercícios e Treinos (Workouts)

Quando comprei o meu Garmin 405, trazia um extra que me deixou boquiaberto. Não porque fizesse alguma coisa de transcendente ou sobrenatural, mas porque tinha uma função de Treinos que não imaginava que existia. Quando percebi o que era e a comecei a utilizar percebi o seu potencial. Na prática tem um treinador dentro do relógio. É possível configurar o mais variado tipo de treinos, calendarizá-los e automaticamente eles estão disponíveis no relógio nas datas pré-definidas. E o treino consiste na possibilidade do relógio, sabendo a vossa velocidade, distância percorrida e ritmo cardíaco, comandar todo o vosso treino dando-vos ordem para acelerar, abrandar, mais depressa, não tão depressa, comandando as vossas séries, intervalos, fartleks, treinos longos e tudo o mais que se lembrarem de conceber. Já não é preciso ir para uma pista fazer séries ou olhar para o cronómetro. Basta estar atento ás ordens do mestre que vibra (o 610) para vos dizer o que pretende que façam a seguir. Foi o meu mestre na minha 1ª maratona e conselheiro em todas as seguintes. Se querem saber mais sobre este assunto vejam este post e sobretudo o link que contem relativo ao mesmo tema.

O 610 felizmente manteve esta funcionalidade intacta, Parece-vos que o Ambit devia ter algo semelhante, certo? Também acho que sim mas a Suunto teria seguramente outras prioridades. Fala-se que esta funcionalidade irá surgir no update de Outubro mas a verdade é que não existe ainda uma lista oficial com as funcionalidades que vão entrar no próximo update. Será preciso esperar pelo final do Verão para se saber o que aí vem.

Não ia obviamente pontuar ambos os relógios. Mas no site da Suunto são referidas "Funções avançadas de treino", ou seja a Suunto pretende posicionar o Ambit como ferramenta de treino de corrida também. Portanto tem de ser. E face ao que o Garmin tem a mais e a tudo o que falta no Ambit há um longo caminho a percorrer aqui Suunto.


Suunto Ambit **
Garmin 610 *****


GPS e Navegação

Por esta altura já é suposto terem uma boa noção do que vale o Ambit. O 610 é o topo de gama no mercado dos relógios com GPS e acho que faz todo o sentido comparar o Ambit com o melhor.
Deixei para o final a funcionalidade mais importante nestes relógios. Relógios há muitos seu palerma, como diria o Vasco Santana, mas com GPS há poucos. Portanto o GPS é sem qualquer dúvida o cérebro dentro deles.

O GPS tem hoje em dia muito poucos segredos. Foi em tempos um segredo bem guardado, depois uma arma de guerra e só há bem pouco tempo os EUA decidiram disponibilizar o sinal que permite a precisão que necessitamos para ser util no dia a dia. Até essa altura o sinal para uso civil  tinha uma precisão de 100 metros... Hoje em dia conseguimos 5 metros no pulso, todos os telemóveis novos têm GPS, um chip que faz todos os cálculos para integrar em qualquer equipamento custa 5 dólares. A Europa está a lançar a sua própria rede de satélites que terão mais potência e mais serviços. O GPS veio para ficar.

A diferença está no que cada relógio consegue fazer com o GPS e não na funcionalidade em si. 

As coisas básicas qualquer um faz. Regista o sítio onde estamos, permite saber as coordenadas, permite definir um novo local com base nas coordenadas e diz-nos a distância em linha recta do mesmo. Obviamente regista o track que estamos a fazer e permite mais tarde enviá-lo para o site de cada fabricante de onde o podemos exportar para outras ferramentas de visualização e convertê-lo em qualquer outro formato, carregar noutra ferramenta etc. etc.

Quanto à precisão também é a esperada. Ambos os modelos se comportam como esperado e registam um track com bastante qualidade e aderência ao traçado no terreno. Ambos têm chipsets de ultima geração com alta sensibilidade e rapidez na aquisição de fix. Não vale a pena estar a comparar o tempo de aquisição de fix porque depende de vários factores. São rápidos. Apenas referir que o Ambit, sempre que se liga ao PC descarrega o almanaque com a localização dos satélites actualizada. Isto faz com que se for usado logo a seguir o tempo de aquisição de fix seja instantâneo. Noutras situações, o tempo de aquisição é o habitual nos GPS de ultima geração.

Vejam aqui o mesmo treino com os 2 relógios. Não há diferenças significativas. (cliquem na imagem para explorar os tracks no site mapmyrun)

As diferenças estão nas funcionalidades mais avançadas e na autonomia. É que embora os relógios resistam entre 15 dias e 1 mês sem o GPS activo, as contas que o processador tem de fazer continuamente para calcular a posição, bem como escrever continuamente todas as posições na memória do relógio, esgotam a bateria numa questão de algumas horas. Quantas é o que vamos ver já a seguir.

O 610 resiste 8 horas com o GPS activo. O Ambit resiste 15 ou 50 horas consoante o modo de GPS que se escolha. Mais uma vez esta é uma decisão que tem de ser tomada antes de se cortar o cordão umbilical com o site movescount.com. Mas na prática não é problemática porque o modo de registo é uma característica do desporto que se pretende praticar e já vimos que é totalmente configurável. Assim podemos perfeitamente definir 2 Trail Runnings, 1 com o registo de segundo a segundo e outro com o registo minuto a minuto. No terreno podemos seleccionar qual o modo que queremos usar. Embora não se possa alterar enquanto estamos a registar é possível parar uma actividade e iniciar uma nova com outro modo. Depois em casa com corte e costura juntam-se os dois tracks. Tudo se faz.

Antes que comecem a achar que o Ambit aguenta 50 horas com o GPS ligado e que abafa a concorrência leiam para perceber o reverso da medalha. Embora o Ambit tenha uma bateria muito maior que o 610, (basta ver a caixa do Ambit) tinha de haver algo mais. Nenhum fabricante consegue extrair o triplo ou mesmo o dobro da capacidade de uma bateria. O rei da autonomia é o 910 com 20 horas.
O truque que permite ao Ambit suportar 50 horas de registo de GPS é que nesse modo o relógio só recolhe 1 ponto de GPS a cada minuto. O relógio mantem-se a registar os outros parâmetros e apenas a cada minuto o GPS desperta apanha um fix, regista o valor e desliga o GPS.
Só assim é possível fazer o GPS durar mais do dobro do 910. E chega? 1 ponto por minuto? Para trekking sem duvida que sim. Não percorrem assim tanto terreno num minuto. Para trail? Tirem as vossas conclusões. Reparem no track seguinte registado com o 610 e o Ambit ao mesmo tempo. O 610 seguia no modo de registo inteligente, o Ambit no modo 1 minuto. Reparem nos 700 metros que as inevitáveis linhas rectas comeram em 6Km apenas. Mais de 10%. Será expectável que numa prova de 100 Km's a divergência seja de 10Km, dependendo claro do número de curvas e do traçado. Talvez um pouco menos mas contem com algo entre os 5% e os 10% a menos.
É o preço a pagar por um GPS no pulso com autonomia para 50 horas. De repente o carregador USB de emergência volta a fazer todo o sentido, não? (cliquem na imagem para explorar os tracks no site mapmyrun)

O Ambit usa também um modo alternativo para conseguir registar um track de 50 horas. Apenas regista os valores de 10 em 10 segundos. 
Temos assim frequências de obtenção de pontos GPS, 1 segundo e 1 minuto. No modo 1 segundo o GPS dura 15 horas. No modo 1 minuto dura 50 horas.
Tem também 2 periodicidades de escrita dos vários valores na memória interna, 1 segundo com espaço para 15 horas e 10 segundos conseguindo registar 50 horas. 

A memória é circular e quando estiver cheia o relógio começa automaticamente a escrever por cima dos valores mais antigos, perdendo o início da actividade. Assim terá sempre as ultimas 15 horas ou as ultimas 50 horas da actividade.

A primeira coisa que apetece é pedir à Suunto para disponibilizar um valor intermédio de obtenção de pontos GPS. Por exemplo 30 segundos. Ganhava-se o dobro da precisão, não? Porque será que não o fizeram? Não foi seguramente por não se lembrarem disso. Reparem que o relógio está continuamente a desligar o GPS e a ligá-lo novamente para adquirir novo fix passado um minuto. Ora isto sugere que este ciclo demora aproximadamente 20 segundos (dado que a autonomia triplica) permitindo poupar 2/3 da bateria. Com 30 segundos, a autonomia iria ter um sério revés porque o relógio passava a estar ligado quase continuamente. Provavelmente em testes chegaram à conclusão que 1 minuto seria o tempo ideal entre cada medida e tudo o que descer daí não deve apresentar ganhos significativos. Fico à espera de confirmar esta teoria pelo não aparecimento de tempo intermédios de obtenção de pontos GPS. Ou se aparecer uma amostragem intermédia qual será o consumo extra da bateria.

No 610 as coisas são mais simples. Existe o modo 1 segundo e o modo inteligente. O GPS está continuamente a recolher pontos e nunca desliga. Com o modo 1 segundo forçamos o relógio a gravar a posição no ficheiro a cada segundo. Com o modo automático o relógio decide quando deve gravar um ponto com base na vossa direcção e velocidade. Se forem sempre em linha recta ele irá registar pontos mais afastados pois não há valor em registar mais pontos. Afinal o traçado reproduz-se facilmente com uma linha recta. Se estiverem a fazer muitas curvas e variações, ele regista com mais frequência para não perder os pormenores. Este factor apenas afecta a quantidade de horas que podem registar, conseguindo guardar muito mais horas no modo automático, como facilmente percebem.

O 610 consegue registar 200 horas em modo automático e 50 horas no modo 1 segundo.

Se o factor duração da bateria se consegue ultrapassar com os carregadores portáteis que já referi (um inconveniente adicional mas ainda assim resolve o problema) já a memória cheia só se resolve descarregando para um PC (felizmente para descarregar não precisa de acesso à net; os tracks ficam armazenados no PC até se ligar ao movescount,com).
Assim o Ambit é um pouco mais limitado na capacidade de armazenar pontos. Claro que 50 horas, no modo 10 segundos, é mais que suficiente para 99% dos clientes. Se quiserem mais terão de levar um netbook para descarregar o track periodicamente.

Esta divergência tão grande na capacidade de memória deve-se provavelmente ao facto do Ambit registar  mais informação relativa aos milissegundos entre cada batimento cardíaco, que lhe permite posteriormente, com modelos matemáticos no site da movescount.com, estimar uma série de métricas relacionadas com o esforço, o efeito do treino e a capacidade de recuperação.

Na navegação é que a porca torce o rabo. E bem. No 610 já nem bato mais no ceguinho. Vejam a minha análise está lá tudo explicado. No Ambit tenho de vos confessar que fiquei um pouco desiludido com o update de firmware que a Suunto fez em Junho. Já sabia que o Ambit não trazia qualquer funcionalidade de navegação de origem. A Suunto comprometeu-se no entanto a rapidamente actualizar o relógio com algumas funcionalidades em falta em Maio. Hoje em dia ficamos várias vezes com a ideia que os produtos saem para o mercado meio cozinhados. Sinal dos tempos. Mas a Suunto adoptou a postura correcta. Disse desde logo que estava plenamente consciente que faltavam algumas coisas e comprometeu-se com uma atitude de melhoria contínua do produto. Ainda não estava à venda e já toda a gente sabia que haveria um update em Maio e outro em Outubro. O de Maio resvalou para Junho, mas o que trouxe?

O relógio já tinha hipótese de receber até 100 waypoints ou POI's como agora lhes chamam para usar o nome waypoint noutra coisa. Para cada um desses POI's era possível obter a distância em linha recta  e seguir na sua direcção com base numa barra que diminui lateralmente quando vamos na direcção correta rumo do dito cujo. Ora como sabemos, a distância em linha recta para um ponto é, fora de estrada,. uma coisa um pouco vaga. Até pode induzir em erro influenciando a tentar usar um caminho que se revela impossível de prosseguir já muito perto do ponto e obriga a voltar atrás e perder imenso tempo.

A navegação que a Suunto agora introduziu, nesta versão 1.5 do firmware, é apenas a possibilidade de desenharem um traçado no movescount.com usando no máximo 100 pontos. Depois de transferirem essa rota para o relógio e activarem a navegação para o 1º ponto ele irá automaticamente passar de ponto em ponto sempre que alcançarem cada um deles. Uma forma automática de navegarem para os 100 pontos de forma consecutiva. Esqueçam esta funcionalidade para correr. Tem demasiados problemas:

- Não podem usar um traçado fornecido por alguem porque tem milhares de pontos. Não suportado. Só podem usar 100 pontos. Qualquer track GPS por mais pequeno que seja tem muitas centenas ou vários milhares de pontos.
- Podem ser teimosos e desenharem vocês à mão no site um traçado aproximado gastando os 100 pontos todos (e gastam-se num instante)
- Quando forem usar o relógio para correr essa rota ele vai estar a indicar o 1º ponto. Em linha recta para lá claro. O relógio só muda para o 2º depois de passarem exactamente no 1º ponto. O que vai acontecer é que, ou vão a olhar fixamente para o relógio na aproximação final para garantirem que passam no 1º ponto e ele muda para o 2º ou então quando derem por ela já passaram perto do 1º, ele não assumiu a passagem e vai ficar a dar-vos a distância a afastar-se do 1º. Ou voltam atrás até ele considerar que passaram no 1º ponto ou então numa sequência de botões demasiado aborrecida podem fazer skip desse ponto. Se usarem muitos pontos, num traçado sinuoso ou técnico, vão falhar vários pontos, depois já não sabem os que passaram ou têm de saltar e..... AhhhhhRRGRGR!!! Esqueçam.

Esta navegação não serve para correr.Precisamos de carregar um track que seja como os GPS's do carro. Não tenho de seleccionar centenas de pontos para ir do ponto A ao B. E ele sabe se eu estou no percurso ou não. Se não estiver, alerta-me e diz-me o que tenho de fazer para voltar ao percurso. Bom quem já usou navegação para correr sabe bem o que estou a falar.

Para trail isto é um flop. Temos pena!

Para que serve esta navegação afinal? Imagino que seja óptima para trekking. Carregamos uma ou duas duzias de locais por onde queremos passar, pontos referencia, marcos geodésicos, pontos de água, locais de interesse. E calmamente vamos progredindo, sem contar com o Ambit para nos guiar no percurso, mas podemos ir consultando quanto falta, em linha recta, para cada um deles.

Podemos ter várias rotas no relógio mas ao todo só há 100 pontos para todas.

Irá haver algo mais?  A Suunto não desvenda para já. Está de facto um update programado para Outubro (que aposto que vai resvalar para Novembro) mas só a seguir ao Verão a Suunto vai revelar o que vai trazer.

Eu espero estar enganado mas não me parece que a Suunto vá disponibilizar tão cedo a capacidade do relógio seguir uma rota. Se é que alguma vez irá. Se esta já estava anunciada há tanto tempo e vai-se a ver sai uma coisa tão fraquinha... Notem que foi apenas um automatizar de algo que já existia. A navegação que o Suunto faz com o update 1.5 já era possível fazer anteriormente, desde que fossem seleccionando manualmente cada ponto de forma sequencial.

Não houve nada de novo de facto. Algumas correcções simples. Disponibilização de funções já existentes nalguns modos (por exemplo podem agora usar a bússola durante um exercício) e mais nada de substancial.

Ainda assim a Suunto está à frente. O GPS é inovador nas suas 50h, com precisão suficiente para várias actividades mais calmas e mesmo para correr se não forem muito exigentes no registo. A navegação, por mais fraquinha que seja, existe. E existe também a forte possibilidade de um dia evoluir ao contrário do Garmin que dificilmente será actualizado. Não é que o GPS seja mau, já vimos que são ambos muito bons. Mas não faz mais do que a sua função e no confronto com a concorrência já está a perder.

Mas veja-se a função Back to Start do Ambit, uma novidade no firmware 1.5, e fica-se com uma clara ideia do tipo de alterações que a Suunto fez. É bem representativa.
Como toda a gente imagina a função back to start serve para, se nos perdermos, ou mesmo sem estarmos perdidos, nos trazer de volta ao sítio onde iniciámos o registo do trilho. Ora o Ambit não trazia esta função de início. O 610, tem esta função bem implementada. Os srs. da Garmin esqueceram-se de a desligar na sua  ânsia de impedir o 610 de seguir uma rota. E porque digo isto? Porque esta função faz exactamente isso. Segue uma rota. Aquela que vocês estão a gravar. Ao seleccionarem esta função o 610 pede-vos um momento enquanto inverte o percurso que vocês estavam a gravar e depois surge uma seta que vos indica o caminho certo para o início, curva a curva. É o registo que vocês estavam a fazer mas ao contrário. Vai obviamente levar-vos de volta pelo mesmo caminho. Claro que o 610 só faz isto para o percurso que estavam a gravar. Não é possível fazê-lo para um percurso carregado no relógio....

No Ambit foi tudo muito mais simples. Acho que o que deu mais trabalho foi mesmo criar mais um item no menu que diz "Back to Start". E porquê? Porque o que o Ambit faz é mostrar-vos a direcção e a distância, EM LINHA RECTA, para o 1º ponto da vossa rota. Obrigado Suunto. Não era preciso darem-se ao trabalho de criar uma linha nova no menu. Já se podia navegar em linha recta para um ponto qualquer desde que o relógio saiu. Ora isto não é nada. Para além de já lá estar desde sempre, apontar em linha recta para o 1º ponto do percurso não serve para nada a não ser que andem a passear num deserto plano.

Esta atitude assusta-me um pouco. Para que se fazem estas coisas? É com base nisto que só vejo 2 opções. Ou a Suunto está a trabalhar arduamente, há vários meses, numa navegação a sério, que já se percebeu que tem de ser desenvolvida de raiz, e entretanto lançou estas flores para enganar o padeiro, ou então não vai ser agora, num período de férias, em um ou dois meses que vai conseguir implementar algo de mais complexo. Já se viu o tipo de coisas que se fazem em 1 ou 2 meses...

Não estou a agoirar nada. Gosto muito do Suunto Ambit e tomara que rapidamente tenha estas funcionalidades a sério. Mas até lá é irem dando uns passeios pela montanha. Isto assumindo que a Suunto tem interesse ou capacidade de disponibilizar a função.


Suunto Ambit ****
Garmin 610 ***


Relação Preço Qualidade


O Garmin 610 na versão HRM (com cinta de frequência cardíaca) tem um PVP recomendado de 399€ enquanto o Suunto Ambit também com HRM tem um PVP de 480€. Ambos se conseguem encontrar na net um pouco abaixo desses preços. É dificil estabelecer esta relação. São ambos relógios muito caros, é um facto. Consegue-se comprar um Garmin 410 HRM, que acaba por ser mais completo que o 610 pois faltam-lhe apenas meia duzia de extras, por cerca de 170€. E por este preço não havia duvidas que o Garmin ganhava esta categoria. Mas assim com um diferença de 20% entre eles, sendo que o Ambit tem capacidades extra que o 610 nunca terá (barômetro, termómetro, bússola e acelerómetro) só mesmo a valorização que cada um dará a estes aspectos poderá justificar os 80€ a mais. Ou isso o factor beleza. O Ambit é mais relógio, mais robusto e com um aspecto mais imponente que o Garmin 610.
De qualquer maneira ambos estão inflaccionados face a outros produtos com características muito semelhantes.

Suunto Ambit ***
Garmin 610 ***



Conclusão


Ambos são excelentes relógios.  Não estão destinados ao mesmo publico alvo embora se toquem em muitos pontos desta análise. O Garmin 610 é uma proposta mais adulta. Já há 1 ano no mercado, alvo de várias versões de firmware quase exclusivamente com correcções. Tem o melhor que a Garmin sabe sendo uma evolução de muitos modelos anteriores. Falta-lhe um bocadinho assim  para ser adulto e util no trail mas acho que a Garmin deve estar a esconder algo na manga para não permitir a utilização de tracks no relógio. Com um interface inovador marca seguramente um ponto de viragem no que se pode fazer com estes relógios. Em termos de software está claramente à frente do Suunto Ambit. Fica no entanto a ideia que a Garmin abandonou a evolução do relógio. Tem o que tem e ponto final. Basta ver a evolução dos firmwares para se perceber que a loja ali fechou. 
O Ambit parece estar nos antípodas. É um jovem, cheio de promessas mas ainda um pouco verde e com poucas funcionalidades. Obviamente tem características unicas e a Suunto promete desenvolver continuamente o produto. O posicionamento das duas empresas é totalmente distinto. Enquanto a Garmin parece focada em lançar produtos novos, abandonando a melhoria dos antigos, a Suunto parece acreditar mais em lançar e desenvolver um relógio que pode evoluir ao longo do tempo. Claro que é cedo demais para se perceber o que vai acontecer de facto e esta amostra recente não é das melhores, embora tenha sido fiel ao espírito da empresa. Vai ser preciso esperar por Outubro para ver o que aí vem de novo. 
À semelhança do novo relógio da Garmin, o Garmin Swim, parece-me que a Garmin poderá ter qualquer coisa na manga para um destes dias responder à Suunto. Porque mesmo com algumas coisas em falta o Ambit está sozinho no mercado e a sua mensagem de relógio para exploradores é muito poderosa. E não há que negar que já dá para explorar umas coisas armado com um Ambit. 


O resultado da tabela seguinte não me surpreende. São 2 excelentes relógios que neste momento se equivalem não pelo que os une mas pelo que os separa. Claro que a potencialidade do Ambit é muito grande e seguramente que daqui a uns meses esta análise estará desactualizada. O 610 subiu alto mas a sua carreira, por força da filosofia do fabricante, parece estar estagnada e já pouco terá para dar, se é que algum dia virá a dar mais do que o que já deu.

Vou continuar a acompanhar a evolução do Ambit e a estagnação do 610. Estou curioso de ver o que vem aí no próximo update do Ambit. Já vai dar para tirar algumas duvidas quanto ao caminho que a Suunto quer trilhar com o relógio. Até lá não se esqueçam que a Suunto tem um mail para onde pede que enviem as vossas sugestões de funcionalidades que gostariam de ver no Ambit: ambit@suunto.com. Qualquer um pode sugerir o que gostaria de ver no Ambit. Eu já o fiz.

Resta-me agradecer à Suunto pela sua gentileza e pessoalmente ao Jari Ikäheimonen por terem tornado esta crítica possível. Gostei muito de testar o Ambit e a atitude da vossa empresa foi deveras surpreendente. Demonstra a vossa confiança no produto que têm e espero sinceramente que um dia tenha motivos para comprar um Ambit. Era sinal que tinham continuado a desenvolver o Ambit e feito jus à vossa aposta de melhoria contínua do produto.

E agora é tempo do Ambit terminar as suas férias ao Sol e regressar a temperaturas um pouco menos simpáticas na Finlândia. Boa viagem Ambit! Bons treinos Jari!

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