Quanto decidi começar com este blog, há pouco menos de 10 anos, estava longe de pensar o que significava de facto mudar de vida. Já tinha deixado de fumar, já estava a deixar de ser gordo e andava a fazer uma coisa que sempre detestei e seria a ultima coisa que me imaginava a fazer: correr.
Credo! Como era possível?
Foi no dia 18 de Março de 2007 que um gajo ainda largamente anafado foi finalmente fazer a mini maratona da Ponte 25 de Abril. Uaaau! Passar a ponte a correr, que emoção!
As coisas estavam de facto a mudar. Os 40 anos já tinham ficado para trás e com eles a vontade de tentar que os próximos 40 fossem diferentes dos anteriores. Dar o nome ao blog do gajo que mudou de vida era um pouco presunçoso, mas na altura pensava que podia mudar de vida e encerrar o assunto. O gajo mudou de vida e agora é outro.
O que eu não antevi era que a mudança não era um fim em si. A corrida mostrou-me que a mudança é eterna e infinita. Tal como os nossos limites. A busca da superação leva-nos a mudar constantemente; de hábitos, de métodos, de objectivos, adaptamo-nos, evoluímos, paramos, regredimos, evoluímos novamente, num ciclo interminável, repensamos tudo, continuamente. A corrida muda-nos por dentro e tentamos adaptar-nos por fora.
A verdade é que os 50 anos já lá vão e nunca estive tão em forma (mesmo sendo um coxo, agora a caminho de ser um velho coxo). As minhas análises são de um puto saudável de 16 anos, o material tem de ser tratado com carinho mas está tudo mais ou menos operacional e os níveis de energia estão quase sempre no máximo. Para além disso o ultra trail deu-me uma paz contemplativa que me permite olhar o mundo de uma forma totalmente diferente. O que são algumas contrariedades perante os gigantescos desafios de superação que se têm de ultrapassar? Às vezes só é preciso vê-las pelo prisma certo, dar-lhes a merecida importância.
Uma prova de 100 Kms muda-nos. Primeiro achamos que é um limite insuperável. Mas quando o superamos já somos outros. Na realidade nada mudou. Podíamos ter feito uma de 63, de 78 ou de 245. É irrelevante. É a viagem que é importante e não a distância ou o tempo que se demora. Mas abrir essas portas apenas nos revela mais portas por abrir, mais mudanças para fazer, novos caminhos para percorrer.
Abri portas para novos amigos, para novos desafios, atravessei montanhas em aventuras mágicas, estive em locais de beleza inimaginável, enchi a alma, alarguei horizontes e percebi que a vida e o mundo estão à minha espera. Não é importante ir a todo o lado. Basta ir em vez de ficar. Já não tenho muita paciência para ir a provas e eventos. O que verdadeiramente me apaixona é montanhar!
Abri portas para novos amigos, para novos desafios, atravessei montanhas em aventuras mágicas, estive em locais de beleza inimaginável, enchi a alma, alarguei horizontes e percebi que a vida e o mundo estão à minha espera. Não é importante ir a todo o lado. Basta ir em vez de ficar. Já não tenho muita paciência para ir a provas e eventos. O que verdadeiramente me apaixona é montanhar!
Mas a mudança não pode ser só por fora. Também percebi que podemos mudar por dentro. Mudar a forma do nosso corpo funcionar. Deixar de ser um mero consumidor de produtos processados e viver mais perto da natureza, de alimentos mais ancestrais e não do lixo fabricado para pessoal que nem tem tempo para coçar o cu. Mas esta é uma viagem que ainda agora está a começar. Infelizmente não é para todos entrar neste comboio, mas se quiserem é só seguirem as pistas que vou deixando nos meus artigos de nutrição. Não se trata de elitismos, simplesmente as pessoas não estão para se chatear, não querem mudar de hábitos, abandonar velhos preconceitos. Muitos acham que nem faz qualquer sentido, que são parvoíces de gajos alucinados, afinal sentem-se tão bem e tão saudáveis. Deixem-se estar. Cada um que seja saudável como quiser e puder.
A mudança não tem fim. O meu blog podia chamar-se de um gajo que está a mudar de vida, todos os dias.
Se isto tudo aconteceu apenas em 10 anos, no próximo ponto de situação, dentro de 10 anos, não faço a mínima ideia o que terei para escrever.
E é essa a beleza de mudar de vida, porque não há paciência para fazer sempre a mesma porra, seja ela qual for.
Se isto tudo aconteceu apenas em 10 anos, no próximo ponto de situação, dentro de 10 anos, não faço a mínima ideia o que terei para escrever.
E é essa a beleza de mudar de vida, porque não há paciência para fazer sempre a mesma porra, seja ela qual for.
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