sábado, 20 de abril de 2013

a-rival SpoQ SQ-100. Um relógio para ultras?


Desde que a Globalsat lançou o irmão gémeo deste SpoQ, o irmão original digamos assim (GH-625XT), que o tinha debaixo de olho. Sempre foi dificil de encontrar a bom preço mesmo na net. A Globalsat lança os relógios com a sua própria marca e também aceita fazer rebrands com outras marcas desde que façam uma grande encomenda. Quem segue este mercado de perto lembra-se seguramente há uns anos quando a Decathlon lançou um da sua marca que não era mais que o rebrand do Globalsat GH-615, acho. Neste link podem ver a família completa.

Feitas que estão as apresentações passemos ao que interessa. Não vou fazer um teste exaustivo, passar por todas as características do relógio, etc. Para além de ser aborrecido e consumir demasiado tempo, essa informação pode ser encontrada no manual. Se tiverem alguma duvida específica podem sempre perguntar que eu respondo. A metodologia que vou seguir é simples. Vou dar-vos uma ideia do produto em si,  passar ao que verdadeiramente me interessa no relógio, saber se cumpre os requisito e está arrumada a questão.

Começo logo por gerir as vossas expectativas. Isto não é um fenix ou um Ambit killer. Não encontrei o Santo Graal nem um tesouro escondido. Isto não deve ser novidade para ninguem. A questão aqui não é saber se o Dacia é melhor que o Renault. É saber se consigo fazer o que preciso com o Dacia e ficar com o troco para mim. Obviamente quando se pagam apenas 100 em vez de 300 ou 400 terão de se fazer algumas concessões. Muito sinceramente não necessito de toda a artilharia que tem um fenix ou um Suunto. Não preciso de um barómetro, não preciso de um termómetro, até ia ter pena de levar o Ambit para algumas provas, etc. O que me faltava era carregar o percurso e não andar aos papéis, por minha culpa, das organizações ou de quem fosse. A autonomia já tinha resolvido com um carregador portátil, mas as 8 horas de autonomia do 610 iriam tornar a UTMB um martírio de carregamentos e provavelmente iria acontecer como no UTAT em que às tantas já não queria carregar porra nenhuma. Só tive paciência para o carregar duas vezes e ao fim de 20 e poucas horas acabou-se o GPS. As 20 horas anunciadas pelo SpoQ agradam-me claro. O écran grande até dá jeito que a malta não vai para novos...Bom chega de conversa mole, vamos ao produto.


O que vem na caixa

O produto tem uma excelente apresentação. A caixa intrigou-me desde o início porque umas das línguas que está impressa na caixa exterior é o português. Nunca o vi à venda por cá. Ou fazia parte de um plano que não se concretizou ou ainda está para chegar, por exemplo ao Lidl, dado que na Alemanha é vendido também nessa cadeia de lojas. Ora como este modelo já tem uns anos e está seguramente em fim de vida a única hipótese foi perguntar à marca. Infelizmente a resposta que me deram é que a empresa não tem planos para comercializar o relógio em Portugal. Portanto nesta encarnação Spoq, não contem de o ver por cá à venda.

Incluído na caixa vem:
- Software
- Cinta para medir pulsação
- Suporte para a bicicleta
- Pulseira adicional mais comprida
- Chave de fendas
- Cabo USB

Software de suporte

Todo o software pode ser descarregado no site da empresa que comercializa o relógio. De notar que as versões inglesas originais de todo o software são totalmente compatíveis com o relógio. A única diferença é que o software vem inicialmente configurado para a lingua alemã. De resto as versões são identicas. O relógio vem em alemão de início, mas consultando o manual é simples seguir os passos para o pôr em inglês. Curiosamente o português não é uma das linguas disponíveis no relógio. Só na caixa :)
Quanto ao firmware também é idêntico entre o Globalsat e o SpoQ, apenas é diferente o logotipo inicial quando o relógio arranca. Creio que será possível colocar o firmware de um Globalsat no SpoQ mas sendo idênticos não há qualquer vantagem.

Depois de instalar o driver que permite ao sistema operativo reconhecer o relógio, instalei o software de treino. O software de treino só é essencial para fazer actualizações de firmware. Se não gostar do software de treino que vem com o relógio é possível utilizar o excelente SportTracks para descarregar os tracks e mesmo para enviar percursos para o relógio. Quem seja utilizador do SportTracks está em casa. Basta instalar o plugin que permite a comunicação com os relógios da Globalsat e terá acesso a todo o conteúdo do relógio.
Caso não seja utilizador do SportTracks e não queira usar este programa, pode perfeitamente usar o software que vem com o relógio. Não é um software de ultima geração mas cumpre perfeitamente com o essencial.
O SportTracks é excelente, altamente configurável com centenas de plugins desenvolvidos pela comunidade que estendem a funcionalidade do programa quase até ao infinito. Tem uma curva de aprendizagem algo elevada mas depois de se insistir uns tempos o programa é excelente e permite parametrização, configuração e recolha de informações até à exaustão. O único contra é que para usar mais que 2 plugins terá de comprar o programa pois a versão grátis só suporta 2 plugins. Como terá de instalar 2 plugins para comunicar com o relógio (o da Globalsat e o Waypoints para enviar tracks para o relógio) fica logo limitado. Para usar os excelentes plugins que a comunidade desenvolve só pagando 27€ por uma licença do SportTracks (dá para 2 PC's). De notar que alguns plugins também são pagos mas os essenciais são gratuitos felizmente.


Se usar o SportTracks pode usar um plugin que exporta as actividades que queira enviar para o Connect em format TCX. Para já parece-me ser a opção que transfere mais informação para o Connect, provavelmente transfere tudo. O formato GPX não transfere a informação relativa às voltas. Será um processo manual mas é relativamente simples. Exportar do SportTracks, importar no Connect

Fica apenas uma nota relativa à importação de ficheiros GPX para o software do relógio. Se obtiver vários erros ao tentar importar um ficheiro GPX use primeiro o conversor online do site GPSies.com para normalizar o ficheiro convertendo de GPX para GPX. O ficheiro será limpo de informações adicionais que o software não consegue processar e já será possível carregar o ficheiro GPX sem erros.


O relógio


Esteticamente o relógio está bem concebido e não aparenta o tamanho que efectivamente tem. É grande.  Sobretudo é alto. Creio que será sobretudo devido à bateria que tem. Disfarça bem mas está ao nível do 305. Com a cor preta e a antena disfarçada de pulseira parece mais pequeno. Nada que incomode por aí além. Depois de estar no pulso vamos apreciar o grande écran disponível. A qualidade de construção é 100% plástico :) Nem tudo é mau. Com esta opção obtem-se um relógio bastante leve para o tamanho que tem e não se vai sentir no pulso sequer. Pelo menos não vai acontecer o mesmo que está a acontecer à tampa posterior metálica do meu Garmin, corrosão, desgaste, etc.

Embora o écran seja grande nem todas as informações que são apresentadas fazem um uso ideal do espaço disponível. Perde-se um pouco a vantagem de se poder facilitar a vida ao pessoal que vai tendo dificuldade em ver ao perto sem óculos. Algumas fontes são demasiado pequenas e a ergonomia não está bem pensada para aproveitar o tamanho do écran. Isto para a malta que vai tendo dificuldades com a visão ao perto e não usa óculos de forma permanente. Quem vir bem não terá problemas.


Ao contrário do Garmin 305 ou do 910 ou outros semelhante, o SpoQ tem a função de relógio. Pode permanecer cerca de 1 semana nesse modo, apenas mostrando as horas. Sempre apreciei esta funcionalidade. Já que se tem algo no puls,o ao menos que tenha utilidade para além de quando se está a correr.

Ao ligar, o relógio imediatamente inicia a procura de satélites. Encontrar o fix é extremamente rápido e conforme várias condições que já são conhecidas de quem usa GPS's demorará entre 3 a 30 segundos. Enquanto está a procurar o fix se carregarmos na seta para cima ou para baixo poderemos ter informação detalhada sobre os satélites disponíveis, a sua localização no céu e os que têm fix com o relógio. Aqui no sótão dentro de casa tenho facilmente um fix com 7 satélites.

Sem querer entrar em muitos detalhes de utilização, para os quais vos convido a lerem o manual, a utilização é relativamente simples e trivial. Tem as habituais funcionalidades básicas que encontramos em qualquer relógio GPS relativamente evoluído. A tecla PG, de page ou página, alterna entre os vários modos:
  - menu;
  - posição GPS;
  - 4 páginas de treino configuráveis entre 1 e 4 campos cada uma;
  - mapa (que tem de ser ligado inicialmente nas configurações);

Se estivermos nas páginas com informações do treino, uma das páginas será o relógio com a hora do dia. Se estivermos a seguir um track teremos uma página adicional relativa à navegação.

Aqui fica uma lista dos valores que pode escolher para as páginas de treino:

ALTIUDE - Current altitude
ALTI MAX - The highest altitude
ALTI MIN - The lowest altitude
CALORIES - shows how many calories you have burned
CAL RATE - Burn calories per hour
HR - Instant heart rate information
HR AVG - Average heart rate information
HR INZN - Heart rate zone
HR MAX - The max hear rate information
LAPS - Lap counts
LAP DIST - Lap distance
LAP PACE - The average pace for the last lap
LAP SPEED - The average speed for the last lap
LAP TIME - The time spent for the last lap
PACE - the time needed for one mile or one km
PACE AVG - Average pace
PACE BEST - The fastest pace
PACE INZN - Pace zone
SPEED - Instant speed
SPEED AVG - The average speed.
SPEED MAX - Max speed
SPEED INZN - Speed zone
TIME - Time
DISTANCE - shows how far you have trained
Asc SPEED - Ascending speed
CUMULATE + - Raise accumulative altitude
CUMULATE - - Falling accumulative altitude
REST DIST - The rest of distance to go
REST TIME - The rest of time to go
PACER - Evaluated time between trainer to virtual trainer
PACER E - Evaluated rest distance to destination
PACER T - Evaluate rest time to destination
SLOPE - The tilt percentage from vertical to horizontal

Tudo normal tirando o facto da página com a posição GPS que poderia estar num sub-menu e não incluída nas páginas por onde temos de passar. O acesso às várias páginas é circular e para irmos das informações do treino para a página de navegação basta pressionar uma vez, mas para voltar às informações de treino é preciso pressionar 4 ou 5 vezes o botão (se estivermos a a navegar temos mais um écran activo). Depois de se automatizar o gesto esquecemos o inconveniente. No fundo estas funcionalidades são sempre mais ou menos manhosas, por vezes até nos modelos de topo o acesso ao que pretendemos não faz muito sentido, estou-me a lembrar por exemplo do Ambit e do sítio dos menus onde estão algumas coisas e a quantidade de vezes que é preciso carregar em botões para obtermos determinadas acções...
Página de navegação que mostra a direcção do fim e estima a hora de chegada
O modo de relógio entra em acção ao fim de 5 minutos se não estiver a usar o GPS, para poupar bateria. Este modo pode ser desligado ou alterado para 10 minutos. O modo de relógio permite-lhe por exemplo usá-lo como despertador para o dias das provas. O modo de relógio acerta a hora automaticamente pelo sinal de GPS a primeira vez que obtem um fix. Uma característica que o Ambit por exemplo não tem.... vá-se lá saber porquê.

Para treinar o relógio tem o modo Gym onde pode optar por definir um Virtual Trainer para correr uma dada distância ou tempo a uma determinada velocidade. Também pode correr contra um treino anterior que esteja armazenado no relógio. O relógio mostra a vossa prestação contra o objectivo que definiram. Tem também um modo multidesporto em que podem alternar entre diversas modalidades e um treino intervalado onde podem compor o tipo de treino que pretendem com vários ritmos e objectivos que o relógio vos irá indicando ao longo do mesmo. Nada de novo para quem conhece as funcionalidades da Garmin nesta área.


Navegação

Resta apenas falar um pouco sobre a navegação, a principal razão da minha aquisição, para além da duração da bateria.

O relógio regista um track como todos os GPS's e mostra-o no écran do mapa, se o mapa estiver activado. No modo mapa consegue ver o percurso que já efectuou usando as teclas das setas para cima e para baixo como zoom + ou -. Isto dá-lhe uma ideia, grosso modo, do percurso que efectuou. Tal como em todos os Garmin e espero que na utlima versão de firmware do Ambit..., existe um modo back to start inteligente, em que o relógio o leva de volta ao princípio, sem o obrigar a fazer necessariamente todo o caminho de volta.


A verdadeira utilidade do mapa, pelo menos para mim, revela-se quando carregamos previamente o track GPS da prova que vamos fazer. Aí sim, o relógio mostra o track que carregámos juntamente com o que estamos a registar. Caso haja um engano podemos facilmente olhar para o écran e verificar o caminho que deveríamos estar a fazer, bem como a nossa posição actual e a direcção que deveremos seguir para voltar ao caminho certo. Este fim de semana no Ultra Trail de Sesimbra fui confirmando isto mesmo com as pequenas alterações que foram feitas ao traçado. Felizmente a prova estava muito bem marcada e apenas ia constatando as alterações e em momento algum tive de usar o relógio para encontrar o caminho.
O track é a linha recta do lado direito na direcção da seta. 

O track correcto acaba de ser retomado

O track está a ser seguido correctamente
No entanto nada disto é novidade e existe desde o 305 e até mesmo antes. A novidade aqui é a capacidade quer da bateria, quer da memória associada ao excelente preço claro.


Bateria e Memória

A bateria está anunciada com duração superior a 20 horas. Logo no primeiro carregamento que efectuei atingi as 20 horas de registo contínuo. As baterias de lítio actuais demoram algumas cargas a atingir a sua capacidade máxima. Na segunda carga já consegui gravar um track de 22 horas. É natural que com mais algumas cargas consiga atingir os valores que já vi referidos, mais de 23 horas de registo de track com utilização de iluminação ocasional. Grande performance neste campo.
Ao contrário da alguns modelos da Garmin o relógio está totalmente disponível durante o processo de carregamento. Assim é possível, com um carregador portátil, efectuar o carregamento durante uma prova. Graças à ficha de baixo perfil é mesmo possível carregar o relógio no pulso.

Quanto à capacidade da memória para registar pontos GPS o relógio vem por defeito programado para registar 1 ponto GPS por segundo. Como tem capacidade para mais de 120.000 pontos via poder registar mais de 33 horas de track. 1 ponto por segundo permite o track mais preciso mas convenhamos que 1 ponto a cada 2 segundos é também excelente e duplica a capacidade de escrita passando para mais de 66 horas de track. Se for preciso mais horas de registo é uma questão de diminuir ainda mais a frequência de gravação de pontos. Isto não afecta a duração da bateria pois o GPS está a funcionar permanentemente. Apenas afecta a memória disponível dado que a irá encher tanto mais rápido quanto maior a frequência com que regista pontos GPS. Talvez o facto de escrever menos pontos na memória também permita poupar alguns electrões e se atinja um pouco mais de autonomia.

Tracks e precisão GPS

No terreno o relógio é extremamente rápido a adquirir um fix embora esse tempo seja dependente de vários factores, como por exemplo o tempo que decorreu desde que o usou a ultima vez e se estava no mesmo local geográfico onde agora está. Na melhor das hipóteses o relógio demorará 1 segundo e no pior caso cerca de 30 segundos.

Para confirmar a precisão dos tracks recolhidos efectuei alguns treinos com o meu Garmin 610 num pulso e o SpoQ no outro. Aqui ficam os resultados. Em ambos os casos o track azul é o SpoQ e o verde é do Garmin. Cliquem nas imagens para analisarem os tracks em pormenor no mapmyrun.com


Os tracks são de excelente qualidade. Talvez o SpoQ tenha um pouco mais de qualidade e aderência ao traçado correcto nalgumas zonas. Também se percebe que nalgumas zonas ambos perdem resolução, devido à degradação da recepção do sinal nessas zonas. O SpoQ regista tracks um pouco mais longos mas foram meramente circunstanciais. Há uma diferença de 150 metros que surgiu nos primeiros metros e que se manteve estável durante todo o percurso provavelmente a um fix inicial um pouco optmista. No track de Lisboa nota-se esse erro superior no início do registo. A restante diferença, quer da duração quer da distância deve-se ao facto de não ter parado o relógio e este ter continuado a registar o track dentro do edifício... embora grande parte daquela zona seja uma cobertura de vidro, não há milagres.

Suporte

Existe uma pequena comunidade de devotos da Globalsat. Reunem-se num forum de suporte ao relógio da Globalsat US onde a lingua dominante é obviamente o inglês. Ali podem encontrar várias discussões, pedir ajuda para alguma dúvida. Também por ali o pessoal da Globalsat avisa quando saem novos firmwares com alterações etc.
Notem que os manuais apenas estão disponíveis em inglês, francês e alemão. Para retirarem toda a funcionalidade do relógio terão de dominar uma destas linguas e lerem o manual, ou então por tentativa e erro chegar onde quiserem.
Se tiverem algum problema com o relógio a garantia é dada pela loja que vos vendeu o relógio, ou seja terão de o enviar para o local da compra. Analisem bem esta questão com a loja. Provavelmente terão de pagar o envio e com sorte será devolvido gratuitamente mas cada loja tem a sua política de garantias própria. Não vai ser simples de encontrarem o relógio à venda. Algumas dicas: amazon.de, expansys.pt, ebay.co.uk, lidl.de. Googlem a coisa e boa sorte!

Contra

- Não existe um site online, da marca, para partilhar os seus treinos. Terá de optar por um dos vários que existem. Endomondo, Mapmyrun, etc. O próprio site da Garmin, o Connect, pode ser usado;
- Software algo limitado e ergonomicamente pobre;
- Manual de utilização apenas em Inglês, Alemão e Francês;
- Só possível adquirir na net;
- Requer algum à vontade com computadores para retirar todo o potencial no tratamento de tracks, conversão de formatos, envios de e para o relógio, carregamento de tracks em sites publicos, etc;
- Se precisar de accionar a garantia terá de o enviar para o site onde o comprou;

A favor

- Excelente relação qualidade/preço;
- Excelente conjunto de funcionalidades;
- Rapidez de aquisição de fix GPS;
- Track de grande qualidade e precisão;
- Bateria de elevada capacidade garante mais de 23 horas de registo de track;
- Boa capacidade de memória aliada à escolha do intervalo de registo de pontos, garante tracks de grande duração;
- Todas as funcionalidades estão disponíveis durante o carregamento do relógio;
- Em modo relógio tem autonomia para uma semana e pode ser usado como um vulgar relógio com despertador;

Conclusão

Se não se importa de lidar com ficheiros, conversões e formatos, se precisa de um relógio com uma bateria de elevada duração, ideal para ultra maratonas, se gosta de carregar os tracks GPS no relógio, se gosta de relógios grandes e não se importa com marcas e suposto status que conferem, se gosta de €uros e prefere ficar com eles para si, se não precisa de termómetros e barómetros, se gosta de bater a net em busca do melhor negócio e domina os meandros do comércio online, então este pode ser o relógio com GPS que procura. Imbatível no preço tem as principais funcionalidades e um generoso écran. Não vai dar os poucos euros por mal empregues.

Se lida mal com a informática, se acha complicado usar o connect ou o movescount ou semelhante para mostrar os tracks aos amigos, se não sabe carregar um track GPS no seu actual relógio, se sonha com malas Chanel e relógios iguais aos das vedetas, se não gosta de relógios grandes, se não domina uma das linguas do manual e ainda assim pretende usar funções avançadas e mostrar os seus feitos aos amigos, pense bem pois este pode não ser o relógio indicado para si. Até pode conseguir usá-lo sem problemas de maior, mas continuará a sonhar com o que deixou de comprar e ficará triste por não ir impressionar ninguém com este.

Se houver algum aspecto que gostassem de ver explicado avisem que eu detalho se for caso disso.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

A-rival Spoq (Globalsat GH-625XT) um relógio GPS contra a corrent€€€

Nem só de Garmins vive o mundo dos relógios com GPS. Ou de Suuntos vá.

A Globalsat produz relógios com GPS há vários anos. Esta empresa tailandesa é uma das grandes produtoras de hardware para captar e tratar sinais de GPS. Tenho uma Antena GPS bluetooth desta marca há mais de 8 anos. Desde o tempo em que os smartphones ainda não traziam o chip de GPS integrado. Ainda hoje se liga sem dificuldade a qualquer aparelho via bluetooth e fornece um sinal de grande qualidade com uma margem de erro mínima. Portanto em termos técnicos nada a dizer da sua capacidade e qualidade dos equipamentos que produz. 

Com uma capacidade anunciada superior a 20 horas de duração e com relatos de pessoas a fazerem ultas de 100 milhas em 23 horas sem recarregar o relógio, chamou-me a atenção. Com um chip Sirf IV de ultima geração e um custo de 100€ com entrega torna-se difícil resistir.

Sobretudo porque este relógio faz, para além de muitas outras coisas, o que a Garmin teimosamente nunca deu ao meu 610, a capacidade de carregar e seguir um track. Este pormenor deixou-me pendurado desde que comprei o 610 e percebi que a Garmin não ia dar esta capacidade ao relógio com qualquer upgrade posterior. Ao contrário do 410 que o fazia sem qualquer problema o 610 não iria ter essa sorte. 

Com as provas cada vez maiores e as organizações a terem cada vez mais dificuldade em garantir a correcta marcação de todo o circuito torna-se cada vez mais imprescindível levar o track carregado no relógio, Ainda este fim de semana andámos aos papéis a subir e a descer montes para confirmar o traçado. 

Ora quem não tem cão caça com gato e com as ultimas ofertas da Garmin e da Suunto com preços pouco adequados aos produtos, é fácil optar-se por testar um produto que não tem o sex-appeal deste últimos, mas fornece exactamente os mesmos serviços básicos que se pretendem: seguir um track pré carregado e registar o que se está a fazer. Com uma autonomia de 23h não há grande concorrência no mercado sequer. Relembro que o fenix e o Ambit fazem 50 horas mas registando pontos com intervalos de 1 minuto, pouca precisão para correr. Não é que eu seja muito rápido mas um track com pontos de 1 minuto de resolução vai ficar uma coisa demasiado grosseira, sem curvas e sem definição.

Neste caso importa referir que o modelo aqui referido é um Globalsat mas com outra marca especificamente  para o mercado alemão. Na Alemanha pode inclusivamente comprar-se no Lidl, talvez até apareça por cá um destes dias. 

Várias pessoas me têm perguntado se não vou testar o fenix e abro aqui um pequeno parênteses para  fechar esta questão. Quando o fenix saiu contactei a Garmin US a expressar a minha vontade em testar o fenix e relatar os resultados para a comunidade portuguesa. A resposta foi...nada.
Ao contrário da Suunto que fez questão em enviar-me um Ambit de um dos directores para eu testar (porque não tinham na altura nenhum disponível para me emprestar), a Garmin US nem sequer me respondeu ao mail. Fantástico. Quando somos clientes e ajudámos uma empresa a crescer com o nosso dinheiro e depois nem se dignam a responder a um mail... ficamos um pouco enjoados. Tornei a insistir, podia ter acontecido qualquer coisa ao mail...resposta... nada.
Algum tempo depois contactei a Garmin Portugal. Tive o mesmo tratamento, mas ao expressar a minha indignação por não ter sequer uma resposta, lá veio uma resposta. Quem fazia os testes aos equipamentos eram eles próprios. Expliquei que o que as pessoas pretendem é ler um teste independente, efectuado por um potencial utilizador e não um teste da marca. Ninguém teria qualquer interesse num teste a um carro efectuado pela marca. É claro que o resultado estaria totalmente enviesado. Não vou perder tempo a explicar porquê. Ainda assim solicitei acesso a esse teste, se é que existia ou podia ser consultado. Sugeriram-me que contactasse um revendedor autorizado e assim acabou a minha tentativa e fechei o capítulo Garmin. Já não me apetecia dar 400€ por um equipamento que não merece esse valor, quanto mais continuar a contribuir para uma empresa com esta filosofia de vida. Assim sendo está fechado este capítulo e escusam de me perguntar se vou testar um fenix. A não ser que me enviem um, vou redireccionar-vos para este artigo.

Voltando ao tema deste tópico, chegou ontem o Globalsat GH-625XT num fatinho de A-rival Spoq. Dentro de algum tempo vou deixar aqui uma pequena review a este relógio. Pouco tempo houve ainda para o testar. Primeiras impressões: não é feio, mas é grande. Uma vantagem óbvia do seu tamanho é o generoso écran; para quem vai tendo dificuldade em ver ao perto, dá jeito :) Já deu para comprovar que a qualidade do track que regista é superior ao meu Garmin 610, e deu para espreitar o software de suporte do relógio. Também vos digo já que não vai ser fácil encontrar o relógio à venda. Quanto ao resto vão ter de esperar...

Continua...

domingo, 7 de abril de 2013

Viagem ao Paleozóico - A prova (Parte 3)


(Parte 2 - Viagem ao Paleozóico - Hidratos de Cozido)


A chuva que caiu toda a noite eclipsou-se e ficou apenas um dia de céu nublado, calmo, sem vento. Depois da foto da praxe lá se deu a partida.
Tirando o Joaquim todos acabámos por partir com a prova principal. Uns que iam fazer, outros que não, outros que talvez, lá foram todos. Depois de 2 km de estrada entrámos pela fábrica das ardósias adentro. Foi a despedida do alcatrão. Com a noite de chuva e todo o inverno rigoroso, o terreno era o que se podia esperar. A zona da fábrica é xisto, xisto, xisto. Com água e lama. Ideal para escorregar.

Poucos Kms após a partida era já inevitável que os pés estivessem completamente ensopados entre lama e água, água e lama. O percurso alternava entre andar cá em baixo no vale junto às ribeiras rios e riachos e gigantescas subidas e consequentes descidas. 
O Carlos Sá a liderar a prova com o Marcolino em 4º
A minha prova era um mistério. Vindo de uma lesão, que ainda hoje me persegue, era a minha primeira prova longa do ano. Sem qualquer preparação decente, a não ser umas provas de mini trails na zona de Lisboa, foi o organizador, Luis Pereira, que uns dias antes me convenceu a fazer a prova grande. Faz a grande, a pequena vai-te saber a pouco. E ele tinha razão. Um fim de semana de luxo para ir fazer apenas um mini trail a Valongo, ia-me arrepender. Mas fazer a grande era um grande risco. Mas decidi fazer a grande e tentar aguentar até onde conseguisse. Mesmo que não chegasse ao fim, pelo menos ia fazer uma distância maior e logo desfrutar mais da prova.

O Rui acompanhou-me na primeira parte da prova. Na 1ª subida fomos juntos e na descida, sempre mais dolorosa para mim, já me via grego para o acompanhar. Fizemos bastantes Kms ao longo do vale, por trilhos fantásticos, muito fechados, em que seguíamos por dentro de ribeiros. Quando me chegava ao pé dele ainda lhe dizia que ia muito depressa, mas ele não me ligava. Isto é a descer, é aproveitar, dizia-me. Mas veio a 2ª subida a doer e deixei de o ver. Soube depois que deu o estoiro e ficou para trás. 

Eu seguia como podia. Não estava bem mas estava a conseguir aguentar e gerir as dificuladades. Por volta do Km 20 e poucos não estava a conseguir ver como iria chegar ao fim. Seguia sozinho e encontrava ocasionalmente companheiros com quem seguia e trocava algumas palavras. Irremediavelmente ficava para trás. 
As subidas gigantescas, enormes corta-fogo, montanha a cima, quase feitos a passo até me corriam bem, Com os bastões, passinho curto, ritmo certo lá ia passando os meus companheiros mais lentos e sem bastões. 

A pouco e pouco os abastecimentos seguiam-se, as subidas e as descidas lá se venciam. O sol há muito que já se fazia sentir e o dia tinha ficado muito simpático. Nalguns sítios virados para o sol o piso tinha secado.
Por volta do Km 30 comecei-me a sentir melhor. Era altura de recuperar e apanhar nas subidas alguns dos companheiros que me tinham fugido alguns Kms antes. Começo a perceber que vou conseguir fazer a prova toda e o ânimo é suficiente para me fazer progredir a bom ritmo. Passo agora quem acelerou cedo demais e já tinha dado o estoiro. 

Vem a ultima subida, Uma parede brutal, mais de 1Km a subir quase a pique. Era a pior segundo diziam. E era. Logo na base as cãibras ameaçam irromper a todo o instante. Um levantar de perna a mais, uma escorregadela, era o suficiente para estalar uma. E depois? Ficava para ali a gemer caído no chão. Ia cheio de medo a subir. Micro passos. Mas lá consegui chegar às antenas e vencer a subida.
Na fase final regresso ao alcatrão e faço já todo o percurso até ao pavilhão a um bom ritmo com o cheiro da meta a puxar-me. Quando chego perto do pavilhão vejo a Cristina, o Joaquim, o Marcolino. Felicidade! Corto a meta. O Moutinho vem-me dar um calduço e balbucia umas palavras chapa 4. 

Fico por ali um pouco na zona da meta e reparo que só está 1 pessoa à espera de massagem. Fico logo ali à espera de vez. Erro crasso. Devia ter ido dar uma volta e alongado um pouco antes de ir à massagem. Havia de pagar o preço com imensas cãibras durante a massagem. Coitado do massagista mal conseguia fazer o seu trabalho com as cãibras a rebentar continuamente aqui ali, agora neste, agora aquele. Raios, nunca mais faço isto.
Depois com calma lá falei com a Cristina. Modéstia à parte como era possível já estar ali? Eu tinha ido devagar mas ela não passou por mim. Tinha desistido pois sentiu-se mal e passou para a prova pequena. O Marcolino fez 6º lugar. Bolas! Grande campeão, apenas mais meia-hora que o Carlos Sá e veio lá na frente com o Armando Teixeira o Nuno Silva, o Telmo Veloso, etc. Sim senhor, um campeão. O Luis estava a fazer a prova grande. Acabou por ir à grande. Valente! Faltava também o Álvaro e Ricardo dos quais não havia pormenores. O Joaquim lesionado lá fez a prova pequena e estava contente pois não se ressentiu da lesão.

Para mim era altura de tomar um banho e comer enquanto esperávamos pelos outros companheiros para voltar para Lisboa. 

A organização numa azáfama desmontava tudo. O Luis chega no limite do tempo e o Ricardo acabaria por chegar meia hora depois mas ainda ficar classificado. 

Era tempo de fechar o fim de semana, apanhar a A1 e voltar a casa. 
Já devem ter percebido que foi um fim de semana de encher as medidas a qualquer um. Achei a prova muito dura. Não fiz os Abutres este ano, devido à lesão, mas diz quem fez as duas que esta foi bem mais dura. Creio que aqui, ao contrário dos Abutres, ouve 2 factores determinantes para a dureza acrescida. As enormes subidas muito desgastantes e o facto da prova ser muito corrível. Portanto ou se estava a subir violentamente ou se tinha de estar a correr. No final um gigantesco empeno! Os Abutres são mais técnicos e obrigam a uma velocidade média um pouco mais baixa, logo a um menor desgaste. Mas vale o que vale. Sâo opiniões de quem fez as duas.

Quanto à organização da prova, marcações irrepreensíveis, bons abastecimentos, só falhou o facto de não haver controlo dos atletas nos postos de abastecimento ou controlo. Com vários pontos comuns e cruzamentos dos vários percursos em muitos sítios, e percursos a passar muito perto uns dos outros, era fácil inventar-se um percurso à medida de cada um e no final não havia forma da organização saber quem fez o quê. Para a maralha isso é pouco importante e impossível de confirmar sem controlo, mas lá na frente onde todos sabem em que lugar estão, ainda deu asneira. Várias pessoas inscritas na prova grande, atalharam, desistiram, mudaram para o percurso pequeno, etc. etc. e depois na meta ficavam calados que nem ratos com a organização a atribuir-lhes o percurso grande. Se na frente isso se resolveu rapidamente, lá para o meio do pelotão isso era impossível de aferir. Foram alguns, ai isso foram seguramente. Mas eu faço a minha prova sem me importar com tempos e posições. Isso não quer dizer que este não seja um ponto a melhorar e resolver em edições posteriores


De resto tudo estava impecável. Valeu bem a pena esta incursão moura pelas terras nortenhas. Tudo somado só tenho bem a dizer do passeio. O cozido que é uma interessante experiência gastronómica, o hostel onde ficámos, a prova. Obrigado a todos, quer os do Norte, quer aos meus companheiros da aventura que foi passarmos um divertido fim de semana em Valongo. A regressar, se possível sem ser a correr, para visitar as minas dos romanos, os fetos pré-históricos e tudo o resto. Obrigado por me mostrarem mais um cantinho que ignorava existir neste país.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Viagem ao Paleozóico - Hidratos de Cozido (Parte 2)

(Parte 1 - Viagem ao Paleozóico - Paleo quê?)

Um belo dia chegou um mail daqueles que chegam sem pedir licença. Meia dúzia de fotos anunciavam um cozido à portuguesa feito dentro de um pão. As imagens entravam pelos olhos adentro. Que senhor cozido. Meia dúzia de pesquisas e rapidamente se comprovou que as imagens eram reais e correspondiam ao estabelecimento que o confeciona. Mais, ainda estava atualizado e bastaria deslocarmo-nos ao local para provar tamanha iguaria. Santa Maria da Feira, Santa Maria da Feira, ora isto fica… mesmo perto de Valongo, pois está claro.


Só faltava reunir uma tripulação para rumar a Norte. E com um Trail no fundo de um oceano de há centenas de milhões de anos e um cozido á portuguesa dentro de um pão não ia ser muito difícil.A organização da prova ajudou à tomada de decisão, com umas jornadas na tarde de Sábado e com o Carlos Sá a contar a sua mais recente aventura no Aconcágua. Estava feito o programa das festas. Só era preciso esperar que a data chegasse.
O inverno choveu até mais não e o fim de semana ameaçava borrasca mas a embarcação lá rumou a Norte com 6 magníficos malucos em busca de enchidos fumegantes, trilobites, montes e vales. Mais 3 companheiros se iriam juntar a nós no local do ataque gastronómico. 
O local, digno de referencia, é a Adega do Monhé em Santa Maria da Feira e com a ajuda do Google não precisam de mais nenhuma dica. Vou-vos poupar a grandes pormenores e detalhes mas não posso deixar de referir que ali se encontra uma experiência gastronómica muito interessante. Reúnam no mínimo 6 amigos e comprovem. 
O chefe fará questão de vos receber com a sua simpatia e explicar-vos-á a origem e os detalhes que são necessários para que, por magia, toda aquele conjunto de ingredientes passe 4 a 5 horas no forno e no final tudo está no ponto. As carnes tenras e suculentas, os legumes no ponto, as couves de chorar por mais, tudo com um delicioso perfume a enchidos. Nós éramos 8 e não sobrou nada que se visse… Afinal precisávamos de forças para vencer o raio dos Trilobites no dia a seguir.

Era hora de rumar a Valongo. Ainda antes de irmos ao pavilhão levantar os dorsais e assistir à palestra teríamos de passar no local em que iríamos dormir. Ao contrário de outras vezes, por sugestão do Luis Pereira, ficámos no Hostel Romano em vez de ficar no pavilhão. E que boa sugestão foi. Por um preço francamente simpático trocámos a confusão do pavilhão por 2 quartos com beliches. Tudo num ambiente bem acolhedor e quase familiar que o Pedro Almeida fez questão em assegurar. 
Se contarmos que não precisámos de levar colchões nem sacos cama, tínhamos 1 casa de banho no quarto, uma noite descansada e um bom pequeno almoço antes da prova, a nossa opção compensou largamente. Conheci também um sítio em Valongo em que não hesitarei em voltar quando for para aqueles lados. Fiquei fã. Dado que é uma nova aposta da empresa desejo o maior sucesso. Até para que um dia que aí regresse possa desfrutar novamente dos vossos serviços. Numa palavra, excelente.

Depois de fazermos o check-in e deixarmos as malas lá fomos ao pavilhão tratar dos dorsais e de assistir às jornadas. A Filipa Vicente abriu as hostilidades falando sobre nutrição com excelentes conselhos para a malta da corrida. Seguiu-se o ex-atleta agora psicólogo Miguel Lucas. Motivação era o tema. Como nos motivamos para as provas. Como vencemos tarefas aparentemente insuperáveis. Como e porque nos superamos semana após semana. O Carlos Sá fechou o dia com os detalhes da sua subida ao Aconcágua. Já conhecia parte da história por ter lido o resumo que publicou. Mas o Carlos ali a falar com a descrição de inúmeras fotos, com tempo para nos fazer viajar por aquelas montanhas impressionantes é outra conversa. O Carlos é um bom comunicador e tem um discurso fluente e consegue transmitir na perfeição as emoções de estarmos lá a sofrer com ele, a passar as privações, a sentir as dificuldades. O treinador do Carlos, o Paulo Pires, ia dando mais uns retoques no que foi uma aventura impressionante. Eu por mim não me canso de os ouvir, seja a dar conselhos, seja a explicar factos incríveis. O Carlos e o Paulo são para mim aquilo que eu sou para os meus amigos sedentários que não se imaginam sequer a correr 100 metros. Relatam feitos impensáveis que nos fazem sonhar. No fundo, tal como o pessoal do sofá, sabemos que aquelas aventuras esperam por nós, aquelas performances (ou outras um pouco menos gloriosas vá) estão ali à espera que as enfrentemos com a tenacidade e dedicação que ele as enfrenta. 

O pavilhão estava muito bem composto com as habituais bancas cheias de equipamento das melhores marcas a fazer lembrar a organização de excelente nível dos Abutres. A entrega dos dorsais decorreu sem qualquer problema ou demora. Pena as jornadas em pleno pavilhão não permitirem um ambiente mais calmo e acolhedor dado que o natural barulho de fundo tornava por vezes difícil a tarefa, quer ao orador quer ao publico. Algo a melhorar, embora não seja simples encontrar espaços que alberguem tanta gente.

No final restava-nos regressar ao Hostel para preparar a tralha e tratarmos de jantar ou pelo menos comer qualquer coisa que o cozido não ia durar até à manhã do dia seguinte. Infelizmente a chuva que caía desde a tarde não dava tréguas e não pudemos conhecer Valongo em condições. Comemos rapidamente no snack-bar do Hostel onde a simpatia do empregado também foi uma constante. Isto de ter uma miúda divertida no grupo também ajuda muito nestas coisas. O senhor cujo nome não retive contou-nos a história do Hostel e do Snack-bar, a forma como estavam a investir e a apostar naquele local. Muito interessante. Boa sorte é o que vos desejo. 

A noite decorreu tranquila como previsto e de manhã às 6h45 quando esperávamos que se iniciasse o pequeno almoço a única coisa inesperada foi o Carlos Sá que desceu as escadas e ficámos ali a trocar umas palavras enquanto a porta não abria. Depois de um excelente pequeno almoço em que nada faltou estávamos prontos para o Paleozóico. A 4 km do pavilhão que servia de base à prova nem foi preciso usarmos o shuttle gratuito que o Hostel tinha colocado à disposição dos hóspedes para o transporte para a prova. Um serviço de facto 5 estrelas. Foi metermos na carrinha e ala que se faz tarde.

Parte 3 - Viagem ao Paleozóico - A prova

Viagem ao Paleozóico - Paleo quê?

Na escala geológica o Paleozóico representa um período de cerca de 300 milhões de anos que teve início à cerca de 540 milhões de anos. Numa escala que desafia a nossa compreensão não é simples imaginar o nosso planeta nessa altura. Mas em determinados locais os vestígios desses tempos ainda persistem e ajudam-nos a compreender as origens do nosso planeta. O nome desta prova, Trilhos do Paleozóico, despertou-me de imediato a atenção. Não sabia que em Valongo existia um tão vasto mostruário desses tempos. 

Não é por acaso que o símbolo da prova era um Trilobite, uma criatura tipo bicho de conta gigante que viveu muito antes dos dinossauros e que se extinguiu à cerca de 250 milhões de anos, sabe-se lá porquê  dado que eram uma das criaturas que  proliferava nos oceanos desses tempos.

O mundo dá muitas voltas e isto é tão verdade que hoje em dia podemos ver naquelas serras e vales o que era o fundo do mar de há centenas de milhões de anos.

Sugiro que vejam este vídeo onde são referidos alguns dos tesouros da zona. Sem duvida um sítio a visitar noutra oportunidade e sem ser a correr. Acho excelente a divulgação que a organização fez da zona. Aproveitar uma prova de trail para passar a mensagem e permitir a descoberta de uma região é muito bem pensado. Neste link podem encontrar mais informações sobre o Parque Paleozóico de Valongo já que o site oficial do Parque está em manutenção... se calhar para sempre, infelizmente como muitas coisas neste país.


Foi graças a este enquadramento que esta prova ficou debaixo de olho mal apareceu pelo Facebook. Restava aguardar para perceber se seria viável uma deslocação à zona. 

Antes de continuarem a ler não deixem de investigar um pouco o Paleozóico, os Trilobites e imaginar a terra nesses tempos. Podem começar por este artigo da Super Interessante