(Parte 1 - Viagem ao Paleozóico - Paleo quê?)
Parte 3 - Viagem ao Paleozóico - A prova
Um belo dia chegou um mail daqueles que chegam sem pedir licença. Meia dúzia de fotos anunciavam um cozido à portuguesa feito dentro de um pão. As imagens entravam pelos olhos adentro. Que senhor cozido. Meia dúzia de pesquisas e rapidamente se comprovou que as imagens eram reais e correspondiam ao estabelecimento que o confeciona. Mais, ainda estava atualizado e bastaria deslocarmo-nos ao local para provar tamanha iguaria. Santa Maria da Feira, Santa Maria da Feira, ora isto fica… mesmo perto de Valongo, pois está claro.
Só faltava reunir uma tripulação para rumar a Norte. E com um Trail no fundo de um oceano de há centenas de milhões de anos e um cozido á portuguesa dentro de um pão não ia ser muito difícil.A organização da prova ajudou à tomada de decisão, com umas jornadas na tarde de Sábado e com o Carlos Sá a contar a sua mais recente aventura no Aconcágua. Estava feito o programa das festas. Só era preciso esperar que a data chegasse.
O inverno choveu até mais não e o fim de semana ameaçava borrasca mas a embarcação lá rumou a Norte com 6 magníficos malucos em busca de enchidos fumegantes, trilobites, montes e vales. Mais 3 companheiros se iriam juntar a nós no local do ataque gastronómico.
O local, digno de referencia, é a Adega do Monhé em Santa Maria da Feira e com a ajuda do Google não precisam de mais nenhuma dica. Vou-vos poupar a grandes pormenores e detalhes mas não posso deixar de referir que ali se encontra uma experiência gastronómica muito interessante. Reúnam no mínimo 6 amigos e comprovem.
O chefe fará questão de vos receber com a sua simpatia e explicar-vos-á a origem e os detalhes que são necessários para que, por magia, toda aquele conjunto de ingredientes passe 4 a 5 horas no forno e no final tudo está no ponto. As carnes tenras e suculentas, os legumes no ponto, as couves de chorar por mais, tudo com um delicioso perfume a enchidos. Nós éramos 8 e não sobrou nada que se visse… Afinal precisávamos de forças para vencer o raio dos Trilobites no dia a seguir.
Era hora de rumar a Valongo. Ainda antes de irmos ao pavilhão levantar os dorsais e assistir à palestra teríamos de passar no local em que iríamos dormir. Ao contrário de outras vezes, por sugestão do Luis Pereira, ficámos no Hostel Romano em vez de ficar no pavilhão. E que boa sugestão foi. Por um preço francamente simpático trocámos a confusão do pavilhão por 2 quartos com beliches. Tudo num ambiente bem acolhedor e quase familiar que o Pedro Almeida fez questão em assegurar.
Se contarmos que não precisámos de levar colchões nem sacos cama, tínhamos 1 casa de banho no quarto, uma noite descansada e um bom pequeno almoço antes da prova, a nossa opção compensou largamente. Conheci também um sítio em Valongo em que não hesitarei em voltar quando for para aqueles lados. Fiquei fã. Dado que é uma nova aposta da empresa desejo o maior sucesso. Até para que um dia que aí regresse possa desfrutar novamente dos vossos serviços. Numa palavra, excelente.
Depois de fazermos o check-in e deixarmos as malas lá fomos ao pavilhão tratar dos dorsais e de assistir às jornadas. A Filipa Vicente abriu as hostilidades falando sobre nutrição com excelentes conselhos para a malta da corrida. Seguiu-se o ex-atleta agora psicólogo Miguel Lucas. Motivação era o tema. Como nos motivamos para as provas. Como vencemos tarefas aparentemente insuperáveis. Como e porque nos superamos semana após semana. O Carlos Sá fechou o dia com os detalhes da sua subida ao Aconcágua. Já conhecia parte da história por ter lido o resumo que publicou. Mas o Carlos ali a falar com a descrição de inúmeras fotos, com tempo para nos fazer viajar por aquelas montanhas impressionantes é outra conversa. O Carlos é um bom comunicador e tem um discurso fluente e consegue transmitir na perfeição as emoções de estarmos lá a sofrer com ele, a passar as privações, a sentir as dificuldades. O treinador do Carlos, o Paulo Pires, ia dando mais uns retoques no que foi uma aventura impressionante. Eu por mim não me canso de os ouvir, seja a dar conselhos, seja a explicar factos incríveis. O Carlos e o Paulo são para mim aquilo que eu sou para os meus amigos sedentários que não se imaginam sequer a correr 100 metros. Relatam feitos impensáveis que nos fazem sonhar. No fundo, tal como o pessoal do sofá, sabemos que aquelas aventuras esperam por nós, aquelas performances (ou outras um pouco menos gloriosas vá) estão ali à espera que as enfrentemos com a tenacidade e dedicação que ele as enfrenta.
O pavilhão estava muito bem composto com as habituais bancas cheias de equipamento das melhores marcas a fazer lembrar a organização de excelente nível dos Abutres. A entrega dos dorsais decorreu sem qualquer problema ou demora. Pena as jornadas em pleno pavilhão não permitirem um ambiente mais calmo e acolhedor dado que o natural barulho de fundo tornava por vezes difícil a tarefa, quer ao orador quer ao publico. Algo a melhorar, embora não seja simples encontrar espaços que alberguem tanta gente.
No final restava-nos regressar ao Hostel para preparar a tralha e tratarmos de jantar ou pelo menos comer qualquer coisa que o cozido não ia durar até à manhã do dia seguinte. Infelizmente a chuva que caía desde a tarde não dava tréguas e não pudemos conhecer Valongo em condições. Comemos rapidamente no snack-bar do Hostel onde a simpatia do empregado também foi uma constante. Isto de ter uma miúda divertida no grupo também ajuda muito nestas coisas. O senhor cujo nome não retive contou-nos a história do Hostel e do Snack-bar, a forma como estavam a investir e a apostar naquele local. Muito interessante. Boa sorte é o que vos desejo.
A noite decorreu tranquila como previsto e de manhã às 6h45 quando esperávamos que se iniciasse o pequeno almoço a única coisa inesperada foi o Carlos Sá que desceu as escadas e ficámos ali a trocar umas palavras enquanto a porta não abria. Depois de um excelente pequeno almoço em que nada faltou estávamos prontos para o Paleozóico. A 4 km do pavilhão que servia de base à prova nem foi preciso usarmos o shuttle gratuito que o Hostel tinha colocado à disposição dos hóspedes para o transporte para a prova. Um serviço de facto 5 estrelas. Foi metermos na carrinha e ala que se faz tarde.
Mais uma história cheia de gastronomia, aventura e boa disposição. Fico a aguardar a continução. Um grande abraço.
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