domingo, 30 de outubro de 2011

De que é feita uma maratona?

Uma maratona podia ser feita de melão. É porque tal como os melões, as maratonas só se sabe como são depois de se abrirem.

Portanto amigos, por mais que treinem, por mais que tudo esteja preparado ao milímetro, por mais que tenham seguido todos os passos, aqueles 42195m serão sempre uma caixinha de surpresas. 

Isto não quer dizer que não se deve treinar. Obviamente. Só porque pode correr mal, a maior probabilidade, se fizermos a nossa parte, é que vá correr bem. E é para vos falar um pouco da minha parte que aqui estou a escrever estas linhas. Também para perceberem um pouco, para aqueles que ainda não chegaram lá, o que envolve um treino para uma maratona. Não é que seja obrigatório este treino tão específico. Já fiz maratonas quase sem treinos específicos, tirando os treinos longos que não convém mesmo nada falhar. Faz-me mais devagar, sofre-se mais um pouco, mas dependendo do ritmo que se impuser tudo se conclui.

Agora que falta 1 semana para a Maratona do Porto, fui ao Facebook pesquisar o que escrevi em 14 de Julho:
"Este é o plano de treinos que já está carregado no Garmin. Tudo pronto para começar dia 18. Haja motivação e máquina. Para 3h30 no Porto. 89 Treinos. Ai Jasus. A ver quantos consigo fazer."

Na altura houve quem não concordasse. 89 treinos? Ganda maluco. Pra que é isso moço? Etc.etc.
Mas limitei-me a seguir o mesmo programa de treinos que já tinha usado por 2 vezes e que deu bons resultados. Desta vez apenas um pouco mais puxado Na realidade há milhentos programas de treino e para um amador com ambições de fazer qualquer coisa de jeito qualquer plano serve. Eles são todos mais ou menos iguais: séries, fartleks, rampas, treinos longos, endurance, tudo em doses equilibradas, regado com descanso qb e uma mão cheia de provas de qualidade. Mais coisa, menos coisa, para os tempos e ritmos que estamos a falar, chega.
Portanto importante mesmo é termos um plano e um objectivo. São eles que muitas vezes nos convencem a sair de casa. 

3 meses e meio depois é fácil dar-vos conta de como a coisa correu. Basta ir ao site da garmin onde estão todos os treinos (em que levei o relógio) e verificar:
Contagem: 70 Actividades
Distância: 793,54 km
Hora: 80:53:23 h:m:s
Ganho de elevação: 7.457 m
Veloc. média: 9,8 km/h
RC média: 134 bpm
Calorias: 57.186 C

Tendo em conta que faltam 3 treinos e mais uma mão cheia de vezes em que não levei o relógio, é seguro dizer que acabei por fazer cerca de 79 treinos com mais de 800 Km durante 80 horas, em que quase subi ao Evereste e gastei quase 60 mil calorias. Incha!
Isto pode parecer muito ou pode parecer nada. Depende. É como a cena do copo que está meio cheio ou meio vazio. Para dar alguma ordem de grandeza aos números basta ir a um post semelhante a este que fiz o ano passado onde comparo a preparação da minha 1ª maratona com a do porto de 2010, cozinhar um pouco no excel e cá está:


Pode-se de facto dizer que fiz o trabalho de casa. Parte do aumento advem de ter usado um plano de treinos para 3h30. Será que chego lá? Isto significa tirar 6 minutos ao meu tempo de 2010. 6 minutos é muita coisa. Não vou no entanto esmagado com este objectivo. Acontece que o plano de treinos que usei em 2010 era para 3h45. Fiz 3h36. Só fazia sentido usar o plano para 3h30 e não voltar a usar o mesmo. Portanto este objectivo serviu o seu fim. Claro que este plano era muito exigente, com apenas 1 dia de descanso semanal. Ao princípio estava gordo e custou-me a entrar no plano com algumas faltas. Mas depois a coisa compôs-se.

Quanto às 3h30, é necessário fazer 4"58/Km em média. Olhando para os tempos de 2010 até nem parece dificil. Principalmente se conseguir não quebrar tanto a partir do Km 37. Claro que há tantas variáveis em jogo, como o tempo que vai estar, principalmente o vento naquela recta infindável até ao Castelo do Queijo, que o melhor é nem pensar nisso. Até porque o importante é passar um bom fim de semana com a malta das tripas, estar com os amigos, viver toda a emoção de mais uma maratona, divertir-me ao máximo até que os Km's comecem a fazer pagar o seu preço e sofrer pelo meu objectivo até que a meta nos separe. Ah e beber imperiais brancas e pretas na roulette que está na meta como se não houvesse amanhã! Isso sim!!! Bibó Porto carago! 

À data de hoje todos os sistemas estão operacionais. Todos menos um desgraçado de um músculo chamado piramidal que há 1 ano que me atormenta. Já aprendi a viver com ele. A ver se ainda vou à oficina tentar minimizar o problema mas senão vai ter de ser mesmo com esta peça com problemas. O que mais me chateia é que não vejo modos de resolver definitivamente a questão.

Vamos ver como está o melão este ano. Vemo-nos no Porto companheiros.

26 de Outubro - 20º Treino Lunar

O dia foi de temporal mas ao final da tarde a coisa amansou. Tal como tinha previsto só iria restar uma ventania enorme e uma ou outra nuvem com vontade de descarregar. Deve ter sido dos únicos treinos em que o numero de inscritos no Facebook quase correspondeu ao número de participantes :)

Indiferente ao tempo que estava fui o 1º a chegar e fui avaliar as condições da pista. Estava algum vento, temperatura agradável e nada de chuva. O céu estava quase limpo. O areal estava lisinho devido ao vento e à chuva que se fez sentir durante todo o dia. Fui até lá abaixo junto ao mar que obviamente estava eriçado devido ao vento Oeste muito forte. Estava um grande onshore mas não vi surfistas. Aliás com a Lua Nova via-se muito pouco. Fiquei ali uns momentos a apreciar a praia vazia no escuro e a pensar se alguém quereria ir para ali correr...

Quando voltei para o carro apareceu o João Cunha, o José Santos e o Paulo Costa. Estava reunida a pandilha. Estava na hora de correr e voltámos ao pontão para ver se estava mais alguém ali e avaliar as condições da praia. Mas quando nos aproximávamos as coisas tinham mudado radicalmente. O vento soprava agora com uma força muito maior e na zona do pontão havia agora uma chuva de areia tão forte que fugimos dali para fora e voltámos para o pé dos carros. Estava fora de questão ir para a praia. Safa!

Decidimos ir até à Trafaria mas nem fomos pelo pontão. Ao arrancarmos ainda chegou o Capucho pelo que voltámos atrás para o apanhar.

A coisa fez-se em amena cavaqueira tirando os ultimos 200m que foram feitos a sprintar abaixo dos 3min/Km com o Capucho. Bolas!!! Não caiu um pingo de chuva mas quando chegámos aos carros e estávamos a pensar onde iríamos comer qualquer coisa passou um aguaceiro que descarregou a sua ira. Metemo-nos nos carros e seguimos para um local secreto que não posso revelar. Embora não tenha voltado a chover estivemos muito confortáveis a jantar. O José Santos cometeu um grave pecado e deixou cair o saco reduzindo o número de garrafas de verde tinto a uma única unidade. Felizmente não bebo :)

Éramos poucos mas a conversa esteve animada com assuntos muito interessantes mas que também não posso revelar. 

Mais uma noite inesquecível que fica registada para a posteridade. Obrigado amigos!

sábado, 29 de outubro de 2011

23 de Outubro - Grande Trail Serra d'Arga




Em boa hora decidi ir ao I Grande Trail da Serra d’Arga. Estava com algumas duvidas por 2 razões. Primeiro porque ir a Caminha não é propriamente como ir ali ao lado, quer em tempo, quer em custo. Depois porque como vou fazer a maratona do Porto estava fora de questão ir fazer uma maratona de montanha 15 dias antes devido ao desgaste excessivo que iria sofrer. E ir fazer apenas o Trail (21Km) em vez da prova toda, deixa sempre aquela sensação de saber a pouco e acabava por não justificar a viagem.

A gota de água que fez transbordar o copo foi a corrida do tejo e a Nike que decidiram aumentar o preço da inscrição para 14€. Já quando aumentaram de 10€ para 12€ foi uma decisão polémica. Na altura uma série de pessoas abandonaram o barco desta prova. Agora este ano, em que todos estamos a passar dificuldades, decidirem aumentar mais 2€, para mim acabou-se. O meu clube paga a inscrição mas acho que é uma questão moral que me vai impedir de voltar a participar nesta prova. Claro que nesta sociedade de consumo cada qual é livre de fixar os preços dos serviços e cada um de nós deve optar por seleccionar em função das suas próprias opções.

Não me vou alongar em conjecturas e explicações, apenas vou aproveitar para fechar o tema da corrida do tejo neste parágrafo porque provavelmente não voltarei a falar desta prova. A situação resume-se da seguinte forma:

- Quem fixa o valor a cobrar é a organização e tem toda a legitimidade para pedir o valor que quiser (segundo dizem em 2013 vai passar para 16€);
- Só vai a esta prova quem quer. Ninguém é obrigado a ir. Há tanta oferta em Portugal que é simples arranjar qualquer outra alternativa nessa data. Se não houver nenhuma, vá correr sozinho ou com amigos. Pelo contrário, quem for à prova escusa de vir “chorar” que o estão a roubar;
- Não há que ter “medo” de organizar outras provas em cima da corrida do Tejo. O publico alvo é diferente e há imensa gente que conscientemente evita participar nesta prova. Qualquer prova que surja nesta data conta à partida com muitas centenas de pessoas que não voltam a pôr os pés nesta prova. Pelo contrário muitas das pessoas que aqui vão são pessoas que saem do armário 2 ou 3 vezes por ano, nas provas mais mediáticas, e sempre irão fazer a mesma rotina e pagar à Nike para correr aquilo que a Nike achar que deve pedir;
- A corrida do tejo continua a esgotar (este ano foi difícil mas ainda esgotou) e enquanto tal acontecer a organização achará que a prova é um sucesso e sente-se com legitimidade para aumentar (ou manter) o preço. É a lei da oferta e da procura a funcionar.

Por estes motivos a unica decisão sensata que me resta é sair fora do barco e seguir outro caminho. Não temos todos de ir aos mesmos sítios fazer as mesmas coisas. Ponto final parágrafo.

Arrumada definitivamente esta questão passemos às coisas boas. TRAIL!

Para compensar os custos da deslocação juntámos 4 atletas de elevado gabarito e lá fomos: o Luis, o José Sousa, o Paulo Fernandes e eu. A viagem fez-se sem espinhas e em 3h30 estávamos em Caminha para almoçar. Caminha é muito bonita ali na foz do rio Minho que faz de fronteira com nuestros hermanos mesmo ali ao lado.

Depois de descobrirmos onde almoçar numa sucessão caricata de eventos, fomos para o hotel levantar os dorsais e assistir às jornadas. Sempre tive a convicção que a tarde de Sábado ia ser fantástica. Interlocutores de grande nível, assuntos muito interessantes e uma plateia de pessoal do trail, estava montada a festa. Se não acreditam confiram porque todos ficámos mais de 5 horas a absorver valiosa informação e histórias fantásticas.


O excelente Hotel Porta do Sol à beira do Rio Minho. Magnífico cenário

Os ilustres oradores no início da sessão
O Vereador/Cozinheiro do almoço da prova 




Começou com o amigo Jorge Serrazina a relatar a sua epopeia de 330Km no Tor de Géants. Uma prova que leva os atletas a fazer 330Km em 7 dias subindo e descendo os Alpes. Recomendo vivamente que tirem 30 minutos para lerem calmamente a prova contada na 1ª pessoa pelo Jorge no seu blog. Uma epopeia fantástica. A não perder. O Jorge terminou a prova em menos de 5 dias, acabando em 40º da geral e 3º do seu escalão. É obra!
Em seguida o Carlos Sá mostrou-nos um filme sobre a sua participação na Marathon des Sables em 2011. Uma  prova em que se leva o corpo e sobretudo o espírito para além de qualquer limite jamais imaginado. 7 dias em Marrocos, no deserto, a correr cerca de 40 Km por dia (um dos dias são 80 Km) em regime de auto subsistência. A organização apenas fornece água e um tecto de uma tenda para descansar. Tudo o resto é transportado pelo atleta. Com temperaturas perto dos 50º durante o dia e perto dos 0º à noite e um regulamento com regras muito rígidas leva qualquer um aos limites. Quem pode ultrapassa-os. E o Carlos Sá fez precisamente isso terminando num brilhante 8º lugar apenas a 3 horas do 1º marroquino. Se ainda não viram a excelente reportagem que à data passou na Sport TV aqui fica uma boa oportunidade. A não perder. Parte 1 e Parte 2

Seguiram-se apresentações mais técnicas, uma do treinador do Carlos Sá, Paulo Pires (onde é que eu já ouvi este nome?) sobre como se deve treinar, e também sobre a forma como o Carlos se prepara para as provas em que participa. Gostei de ver uma série de conceitos e suplementos que já utilizo nos meus treinos. 
A Dra. Maria Cunha fez uma apresentação muito interessante sobre Medicina Desportiva - Prevenção e tratamento das lesões mais frequentes em atletas. Excelente informação e dicas.




Para fechar com chave de Ouro o João Garcia levou-nos numa pequena incursão aos picos mais altos do mundo. Como treina, o que se sente, como se sobem montanhas de mais de 8000 metros sem recurso a oxigénio suplementar.

As jornadas superaram a minha expectativa. Foi uma tarde muito bem passada no Hotel Porta do Sol que tem excelentes condições para um evento desta dimensão. Espero que futuros eventos deste género aproveitem esta receita que o Carlos Sá deu. A partilha de informação é muito importante. E estes eventos são o local ideal para se divulgar informação, para partilharmos experiências, derrubar mitos, aprendermos uns com os outros. No fundo trata-se de fazer crescer a modalidade. O Carlos Sá revelou-se assim, não só um atleta de montanha de um nível extraordinário, mas também um organizador de eventos altamente inovadores e muitíssimo úteis para toda a comunidade.

No final, depois de colocarmos as coisas no pavilhão, fomos procurar um sítio para jantar e rapidamente percebemos que em equipa que ganha não se mexe e voltámos ao local do almoço. Já agora e porque fomos bem tratados aqui fica o agradecimento em forma de publicidade. Restaurante Remo em Caminha, junto ao rio, uma vista magnífica e relaxante. Pratos do dia mais em conta numa salinha mais reservada ou serviço à carta nas zonas mais nobres com vista para o rio. Porreiro pá!
A noite calma não deixava antever a borrasca que lá vinha. Mas vinha! Dormiu-se relativamente bem, pavilhão bem composto, poucos trombones.
6h, equipar, arrumar tudo no carro e seguir para Dem onde chegámos cedo e já com uma ventania enorme. Não estava muito frio mas o vento encarregava-se de tornar a coisa bem desagradável. Aquecíamos no pequeno café no centro da aldeia enquanto esperávamos pela partida da prova principal. A partida foi muito engraçada com todos a contarem as badaladas do sina da igreja. A partida seria à 8ª badalada.



Depois de assistir à partida da Maratona já debaixo de um gigantesco vendaval e alguma chuva percebi que ia melhor servido com um impermeável do que com um corta vento. Não estava a pensar ir muito depressa e as rajadas de vento iriam certamente causar bastante desconforto térmico. Foi uma boa aposta. Enquanto esperávamos pela nossa partida e pela 9ª badalada do sino da igreja a ventania trazia por vezes umas cargas de água. Já estava impermeável e sentia-me aconchegado. Podia cair o céu.


Logo após a partida começámos a subida que iria logo pôr toda a gente em sentido. Quanto mais subíamos mais inclinada e exigente se tornava. As rajadas de vento e as chuvadas aumentavam também com a escalada. A partir de certa altitude já estávamos no interior das nuvens, parecendo que era nevoeiro..
Ao chegarmos ao primeiro pico, após uma subida de 3 Km deu logo para perceber que a tempestade tinha vindo mais cedo. Um pequeno abastecimento de água sobrevivia como podia abrigado atrás de uma pedra. Um vento gigantesco uivava numa construção de suporte a uma antena. A chuva na horizontal fustigava quem estava ali a trabalhar. 
Sabendo que o pessoal da maratona iria voltar por ali e fazer aquela descida, no meio da nuvem e com aqueles ventos ciclónicos... não ia dar bom resultado.

Ao começarmos a descer a encosta contrária o vento amainava à medida que descíamos, protegidos agora pela própria serra. Começam a surgir as primeiras calçadas romanas que o Carlos tanto tinha referido na véspera. Feitas de grandes pedras eram surpreendentemente seguras. Aos poucos fui perdendo o receio de descer em velocidade, saltando de pedra em pedra. Os meus Asics Trabuco revelavam uma aderência surpreendente mesmo nas pedras molhadas. Tentava conter-me nas descidas porque o perigo espreita a cada passada e basta uma escorregadela para deitar por terra, não só esta prova mas também, no meu caso, a Maratona do Porto, 15 dias depois desta prova. Tive de me "lembrar" muitas vezes que estava ali para passear, tal era a vontade de acelerar e arriscar mais um pouco.
Sensivelmente a meio da prova surgiu o Mosteiro S. João de Arga.

Num vale magnífico era o nosso sítio de eleição onde tínhamos planeado dormir na noite anterior. Era um dos locais de "solo duro" previstos pela organização, no entanto um fogo no dia anterior e o necessário rescaldo que estava a decorrer impediram que usássemos o local. Foi uma pena mas em 2012 a ver se não pegam fogo à serra outra vez. Já as zona das cascatas teve de ficar de fora devido a um incêndio na semana anterior. O habitual cancro que ataca as florestas do nosso país, este ano só chegou em Outubro devido à vaga de calor. Mais um sítio que fica para 2012.
Após o Mosteiro retomámos a paisagem de serra. Ora subíamos a picos onde a tempestade nos recordava que o dia se estava a degradar cada vez mais, ora descíamos a vales e recantos da serra onde parecia que estava apenas um dia feio, mas nada de grave. Atravessámos aldeias do mais castiço que há, com o xisto a dominar toda a paisagem até chegarmos à zona do rio. Um vale em que acompanhámos o rio numa zona muito bonita e bem preservada.




Aqui ouvi a confirmação do que já tinha ouvido no reabastecimento do Mosteiro. A prova de 42Km tinha sido cancelada devido ao mau tempo e estava a acabar também ao Km 20, tal como a nossa. Fiquei com pena do pessoal dos 42Km. Ia ser uma desilusão mas era perfeitamente compreensível. A tempestade tinha chegado mais cedo e nos pontos altos, com o vento e com nuvens tão baixas a visibilidade era mínima. A malta gosta de desafios mas deixar prosseguir a prova era pura loucura..

Ainda consegui fazer um bom sprint nos 2Km de estrada antes de S. Lourenço, dado que tinha vindo devagar durante toda a prova. Na meta a Manuela Machado, debaixo de chuva, esperava por cada atleta para lhe colocar a medalha ao pescoço. Bolas, senti-me fresco outra vez ao ver tamanha atleta a colocar-me a medalha. 

O Carlos Sá estava num stress enorme com a confusão logística que estava a causar o cancelamento da prova grande ali em S. Lourenço. Só os da pequena é que estavam previstos acabar ali e serem transportados de volta a Dem. Os da grande terminaram pelo próprio pé em Dem. Era preciso levar aquela gente toda dali para Dem. Felizmente muita gente da Maratona optou por correr até Dem pela estrada (8Km) fazendo assim mais um pouco de prova e aliviando a organização de ter de os transportar. Eu mal o Carlos me perguntou se estava pronto para ir para Dem e tomar antes banho lá acedi de imediato.

Em Dem despachei-me num instante e foi só o tempo de todos nos encontrarmos de novo, o que não foi fácil para o José Sousa que, coitado, ficou na vila à espera que o fossem buscar e eu no pavilhão do almoço à espera dele. Desculpa Zé... A confusão foi geral. O Luis e o Paulo tiveram mais sorte pois foram entregues directamente no pavilhão tal como eu e, pensava eu, tal como todos iriam ser. 

Enfim, percalços resultantes do raio do tempo que baralhou os planos da organização. Foi só o tempo de repor algumas energias com o esparguete à bolonhesa que o Vereador da Câmara de Caminha confeccionou para 800 pessoas (e estava muito bom, parabéns ao cozinheiro), o José recebeu a medalha dele que com o cancelamento não tinha sido entregue e, por mais que me custasse, queria raspar-me dali para fora. O tempo estava terrível, cada vez chovia mais (como se ainda fosse possível) e rajadas de vento enormes deixavam adivinhar uma viagem para baixo nada confortável. 
E de facto não foi nada confortável. Debaixo de um dilúvio que várias vezes nos obrigou quase a parar na auto-estrada (um verdadeiro perigo iminente) lá chegámos à zona de Coimbra e daí para baixo já o tempo agravava apenas com fortes mas breves descargas. Ainda conseguimos ver o sol, mas de pouca dura. Por volta das 19h estávamos em casa com a barriguinha cheia de um fim de semana fantástico de trail.    

Em boa hora nos juntámos para ir ao fim do país fazer esta aventura. Embora o tempo tenha estragado os planos a muita gente eu adorei as condições climatéricas e a adrenalina adicional que trouxe... :)

Obrigado a todos e espero que tenham gostado tanto de todo o fim de semana como eu. O Carlos está de parabéns. Tem ali uma serra magnífica e toda uma comunidade de gentes simpáticas e hospitaleiras que está pronta a ajudar na recepção aos seus amigos. Para o ano se tudo correr bem volto à Serra d'Arga para fazer a 1ª Maratona de Montanha da Serra d'Arga, completa SFF :)

Podem ver as minhas fotos (que ficaram muito fraquinhas pois devido ao mau tempo poucas vezes usei a máquina na prova) aqui.
Mas no blog da prova estão centenas de fotos que têm sido enviadas ao Carlos. Vejam aqui

terça-feira, 25 de outubro de 2011

12 de Outubro - 19º Treino Lunar


Mais uma noite de Verão, provavelmente a ultima deste ano. Um dia com 30º e uma noite de eleição. Um grupo bem composto. Alguns amigos novos vieram conhecer os Treinos Lunares. 

Desta vez seguimos todos cá em baixo junto ao mar. O piso estava uma maravilha. A lua chegava perfeitamente para iluminar o areal. Ninguem ou quase ninguem levava frontal. Para o grupo da frente foram 14 Km de corrida. A habitual passagem por vários grupos de pescadores na faina celebrada com grande alarido por todos. Alguns já vão simulando que correm e tudo :)
À vinda os craques e os mais folgados desembestam a correr que nem uns loucos. Eu que estava a fazer o meu treino em ritmo controlado mantive-me à conversa com o Orlando e viemos juntos até ao final à conversa. A 4Km da chegada ainda atrelámos um dos novos companheiros que deu um pouco mais de gás para lá e já vinha em dificuldades. Lá reduzimos um pouco e viemos ali a fazer companhia e a motivá-lo para continuar connosco. E conseguiu. Chegou todo roto mas chegou e creio que deu por bem empregue o seu esforço.
Era agora altura do habitual petisco, novamente nos bancos junto à praia fruto de uma noite magnífica. Sem nada de muito especial, recordo-me que o frango que levei fez sucesso devido ao picante super power que a loja pôs. Passaram-se. Eu não pedi nada de especial mas estava bem puxado. Foi um sucesso. Mas estava tudo óptimo e todos jantámos muito bem, com um belo verde tinto e também um tinto maduro, cerveja e sumos para quem não gosta de néctares.
Mais algumas fotos aqui.

9 de Outubro - Meia Maratona da Moita



Aproveitei esta prova para um treino longo. Juntamente com o João Cunha e o Nuno chegámos uma hora antes e fomos fazer 10Km. É muito agradável fazer 10Km na Moita. Sempre junto ao Tejo fomos até ao Rosário por ciclovias ou trilhos ribeirinhos. Muita qualidade de vida naquele cantinho do tejo, muita gente a passear de bicicleta.

Depois foi chegar quase à hora da partida e fazer a prova em ritmo lento. Não houve grande história para contar. Seguia com um grupo de alentejanos muito divertido que se metia com toda a gente e lá me fui entretendo. Sem surpresas lá terminei o treino longo programado. 30 Km em ritmo lento que acabou por não ser muito lento. Em provas é sempre dificil. Mas foi um bom treino. Tão fácil como foi chegar e fazer a prova assim foi metermo-nos no carro e até para o ano Moita.

Igual a ela própria é uma prova simples e eficaz. Bem organizada, bem marcada, talvez um pouco mais de água fosse importante dado o anormal calor que se fez sentir. Um percurso um bocado seca mas isso já é uma opinião pessoal. É uma boa prova para records porque não é muito confusa à partida e praticamente sempre plana.


segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Mais um segredo revelado - Como proteger os mamilos?


Quando se começam a correr grandes distâncias e sobretudo a aumentar o número de treinos semanais, é inevitável. Lá volta a cena dos mamilos. 

Este é um problema que afecta exclusivamente os machos, pelo menos os que não usam soutien... As mulheres tendo em conta que não correm sem soutien, estão livres deste problema. 

O problema é a assadura dos mamilos. Este processo é uma conjugação de factores, mas mais cedo ou mais tarde vai atacar. Tem a ver com o tecido da t-shirt, se é apertada ou justa, se suam muito ou pouco, etc. etc.
Mesmo que não suem muito, pode ser num dia de chuva, num treino mais longo com uma t-shirt mais marada. Enfim, acho que todos, ou quase, sabem bem ao que me refiro. No meu caso as primeiras vezes que fui apanhado desprevenido lá chegava com a t-shirt toda marcada de sangue.... 

Há várias soluções. Há o penso ou o quadrado de adesivo, desde que não suem muito aguenta-se. O adesivo é bem mais forte não vai cair. Pode doer um pouco ao tirar mas se o fizerem no banho sai melhor. 

Há a vaselina que usei algumas vezes até perceber que mancha as t-shirts ficando com enormes auréolas na zona dos mamilos. É para esquecer. 

Venho portanto revelar-vos o meu segredo que tenho contado a vários amigos e fico espantado pois ninguem conhece. Mas é uma pequena maravilha. 

Um rufo por favor..........e a melhor solução para proteger os mamilos é....... rufo.... bâton do cieiro! xaran!!

Simples, prático, podem levar convosco para provas extra longas, mas nunca precisei de repor, não mancha as t-shirts, não doi a tirar, e ficam com uns mamilos super suaves... ok, esta ultima parte era a gozar.

O meu conselho é experimentem. Talvez fiquem convencidos como eu fiquei. Agora já não saio para correr sem barrar bem os mamilos com bâton do cieiro. Custa tipo 1€ ou 2€, há em todo o lado, dura meses. 
Eu diria que o bâton do cieiro é maioritariamente composto por vaselina ou glicerina e mais uma ou outra gordura e vitamina E. Mas lá está, resulta e o resto é conversa. E não precisam ir comprar um XPTO qualquer. Os de 1 aério são os melhores. Deixem de se armar em metrosexuais.

Espalhem generosamente em cima do mamilo e bons treinos. 
Depois contem como correu. 


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

2 de Outubro - 2º Trail Terras do Grande Lago


Este ano como ia sem a família aproveitei a boleia gentilmente oferecida pelo Mundo Da Corrida. Viagem gratuita para quem quisesse ir no Sábado no autocarro ao serviço da organização. Nem pensei duas vezes. Era uma boa oportunidade de passar um fim de semana entre amigos, para além de fazer um treino longo para a Maratona do Porto. Tal como o ano passado, o objectivo era fazer os 30Km em ritmo suave.

Assim o fim de semana começou no Sábado de manhã com a viagem até Portel a decorrer no meio de muita e animada conversa com os amigos da corrida. As provas de 100 Km e o reviver de muitas aventuras com os loucos que as fazem. Ronda, Peregrinos, etc. 

O dia prometia mais de 30º. Chegámos a Portel por volta das 12h30. Descarregar as bagagens e preparar o local do descanso foi feito rapidamente. Ficámos numa sala do 1º andar, onde o ano passado foi servido o almoço. É mais acolhedor que a largueza do pavilhão cá em baixo. Havia colchões de ginástica de vários tipos, feitios e espessuras. Óptimo! Não ia ser preciso usar o meu colchão de encher.

Já com a tralha no sítio estava na hora de ir almoçar. O pessoal do Mundo da Corrida, super organizado, estava pronto para ir marcar o trilho e em menos de nada desapareceram e foram à sua vida. A nós coube-nos a árdua tarefa de seleccionar um local para almoçar. Depois de muita análise escolha e investigação lá almoçámos. A comida era honesta, nada de espectacular. O preço também. Ao contrário do grupo que almoçou que era bem divertido. 


Depois de almoço e com o termómetro a subir acima dos 30º calhou mesmo bem um pequeno passeio ao paredão da barragem do Alqueva e no regresso uma imperial na esplanada da marina da Amieira. Umas ventoinhas pulverizavam água e arrefeciam um pouco o ambiente. Já tinha visto este sistema no Egipto. Muito bom. Ao voltar a Portel uma paragem no Intermarché para comprar alguns mantimentos extra, o pequeno almoço do dia seguinte, etc. Estava tudo pensado. 

Num instante ficou de noite.  Voltámos ao mesmo restaurante onde tínhamos deixado mesa reservada porque dava o jogo do SLB e sempre éramos um grupo grande, podia não ser fácil arranjar mesa. O jantar foi mais fraco que o almoço, casa a rebentar pelas costuras, serviço uma desgraça, não fosse o SLB ter entretido a gente com 4-1...

A caminho do descanso, tal como já tínhamos combinado à tarde, era hora de aliviar a carga frutífera das várias árvores de fruto do jardim de Portel. Dióspiros e romãs chamavam por nós. Os dióspiros estavam tão maduros que era um perigo estar debaixo da árvore e levar um um na tola. Dezenas deles tinham já caído no chão. O pessoal por ali tem as suas próprias árvores de fruto, não liga às do jardim. Mas tinham um aspecto tão maduro e delicioso que era impossível resistir. O José Sousa lá tratou de amarinhar pela árvore acima e proceder à colheita. Eu recebia o produto cá em baixo. Só consegui comer 4, antes de atingir o limite. Deliciosos.

Antes de dormir ainda tive de tomar um banho para dormir um pouco mais fresco. Foi a melhor noite que já passei em solo duro. Para já o solo era mole qb. Depois e por mais incrível que pareça em tanta gente não houve um único trombone. Um descanso toda a noite. Dormi quase como em casa! 

No dia seguinte o autocarro levou-nos para o Alqueva bem cedinho. Ficámos por ali à conversa até às 9h30. Toca a banda da aldeia e ala que se faz tarde. Estradões e algum sobe e desce até à Amieira. Estes primeiros 15Kms são a parte mais fácil e enganadora da prova. Sempre junto ao Alqueva, paisagens bem bonitas com o lago sempre presente, a marina do outro lado. Muito bonito. Tal como tinha planeado ia fazer uma prova confortável. Além disso estava imenso calor e o desgaste ia ser enorme. O meu objectivo era um treino longo e não estoirar ali pelo Alentejo. Desde cedo o Jorge Pereira juntou-se a mim e seguimos juntos.





Logo após o 1º abastecimento ao Km 6 começo a sentir que algo não estava bem com o dedo grande do pé direito. Um leve ardor fez-me suspeitar que vinha aí bolha. Mau! Nem 10 Km temos. O que vale é que ia precavido com uma embalagem de vaselina, e tinha posto antes da prova e tudo. No 2º abastecimento sou forçado a analisar o que se estava ali a passar. Descalço-me e lá estava ela a formar-se. Uma bolha enorme por debaixo do dedo grande na articulação!?! Que sítio. Carradas de vaselina na zona. Monta tudo e sigo um pouco preocupado. Como é que isto iria evoluir? 

Ao fim de uns Km's a dôr nessa zona está controlada. Começa a surgir nova bolha agora na sola do outro pé. No abastecimento seguinte, verificação da bolha 1 e tratamento da bolha 2. Percebo que a 1 está estável carrego mais um bocado de vaselina e trato da 2. Fico mais animado porque parece-me que vai dar para seguir viagem. Por precaução nalguns abastecimentos carregava com mais um pouco de vaselina. 


Depois da Amieira é que a prova começa com trilhos mais técnicos e sobe e desce constante. Fomos sempre conservando energia. A andar nas subidas e a correr no resto. A temperatura subia sem parar. A nossa estratégia conservadora deu resultados e pelo caminho fomos apanhando alguns incautos que ou não conheciam o percurso, mas foram avisados para a 2ª parte, ou foram depressa demais e não contaram com o calor. Eu tirando os pés ia mais do que descansado, sempre a poupar. Afinal o meu treino longo estava feito, para quê sofrer demais? 



A partir do ultimo abastecimento era sempre a subir até à meta. Consegui convencer o Jorge e fizemos quase tudo a correr. Ainda eram mais de 3 Km numa subida não muito íngreme mas constante. 

Mal chegámos fomos direitinhos para o Jaccuzi que tínhamos combinado na véspera. Já lá estava o pessoal que foi fazer o mini trail e um ou outro craque mais acelera. Que bem que soube. O Jorge fazia Jacuzzis para lá e para cá. Eu descalcei-me de imediato para analisar o estado da desgraça. O que mais me preocupa nas bolhas não é esse dia. É o impacto que vão ter nos dias e treinos seguintes. Os meus pés são um ponto muito fraco. Ainda por cima com um plano de treinos quase diários.



Depois do banho nem toda a gente queria ir comer ou tinham refeições alternativas mas eu não tinha levado nada e estava capaz de comer, não digo um boi, mas como deve ser. Fomos a outro restaurante diferente. A coisa começou mal, com alguma rudeza da empregada, mas acabou muito bem. Comida excelente, cerveja estupidamente gelada, ar condicionado qb, sobremesas deliciosas, excelente preço. Ficámos com pena de só o descobrir no fim. Pode ser que pró ano haja mais.

Depois de um compasso de espera enquanto aguardámos que o pessoal da organização almoçasse, foi tempo de fazer mais uma descansada viagem, em que o tempo voou enquanto o Carlos e o Jorge regressavam à juventude, se iam recordando, e nos deliciavam com as provas do antigamente e histórias sem fim de tempos que já lá vão. O tempo voa naquelas viagens. 

Agradeço a hospitalidade do Mundo da Corrida. Foi um prazer viajar convosco. Fiquei a conhecer melhor alguns dos amigos que já conhecia e foi um excelente fim de semana para repetir sempre que possível. Haja provas! Para o ano há mais.

Fiquem com o resto das fotos do fim de semana aqui neste link.