Uma maratona podia ser feita de melão. É porque tal como os melões, as maratonas só se sabe como são depois de se abrirem.
Portanto amigos, por mais que treinem, por mais que tudo esteja preparado ao milímetro, por mais que tenham seguido todos os passos, aqueles 42195m serão sempre uma caixinha de surpresas.
Isto não quer dizer que não se deve treinar. Obviamente. Só porque pode correr mal, a maior probabilidade, se fizermos a nossa parte, é que vá correr bem. E é para vos falar um pouco da minha parte que aqui estou a escrever estas linhas. Também para perceberem um pouco, para aqueles que ainda não chegaram lá, o que envolve um treino para uma maratona. Não é que seja obrigatório este treino tão específico. Já fiz maratonas quase sem treinos específicos, tirando os treinos longos que não convém mesmo nada falhar. Faz-me mais devagar, sofre-se mais um pouco, mas dependendo do ritmo que se impuser tudo se conclui.
Agora que falta 1 semana para a Maratona do Porto, fui ao Facebook pesquisar o que escrevi em 14 de Julho:
"Este é o plano de treinos que já está carregado no Garmin. Tudo pronto para começar dia 18. Haja motivação e máquina. Para 3h30 no Porto. 89 Treinos. Ai Jasus. A ver quantos consigo fazer."
Na altura houve quem não concordasse. 89 treinos? Ganda maluco. Pra que é isso moço? Etc.etc.
Mas limitei-me a seguir o mesmo programa de treinos que já tinha usado por 2 vezes e que deu bons resultados. Desta vez apenas um pouco mais puxado Na realidade há milhentos programas de treino e para um amador com ambições de fazer qualquer coisa de jeito qualquer plano serve. Eles são todos mais ou menos iguais: séries, fartleks, rampas, treinos longos, endurance, tudo em doses equilibradas, regado com descanso qb e uma mão cheia de provas de qualidade. Mais coisa, menos coisa, para os tempos e ritmos que estamos a falar, chega.
Portanto importante mesmo é termos um plano e um objectivo. São eles que muitas vezes nos convencem a sair de casa.
3 meses e meio depois é fácil dar-vos conta de como a coisa correu. Basta ir ao site da garmin onde estão todos os treinos (em que levei o relógio) e verificar:
Contagem: 70 Actividades Distância: 793,54 km Hora: 80:53:23 h:m:s Ganho de elevação: 7.457 m Veloc. média: 9,8 km/h RC média: 134 bpm Calorias: 57.186 C |
Tendo em conta que faltam 3 treinos e mais uma mão cheia de vezes em que não levei o relógio, é seguro dizer que acabei por fazer cerca de 79 treinos com mais de 800 Km durante 80 horas, em que quase subi ao Evereste e gastei quase 60 mil calorias. Incha!
Isto pode parecer muito ou pode parecer nada. Depende. É como a cena do copo que está meio cheio ou meio vazio. Para dar alguma ordem de grandeza aos números basta ir a um post semelhante a este que fiz o ano passado onde comparo a preparação da minha 1ª maratona com a do porto de 2010, cozinhar um pouco no excel e cá está:
Pode-se de facto dizer que fiz o trabalho de casa. Parte do aumento advem de ter usado um plano de treinos para 3h30. Será que chego lá? Isto significa tirar 6 minutos ao meu tempo de 2010. 6 minutos é muita coisa. Não vou no entanto esmagado com este objectivo. Acontece que o plano de treinos que usei em 2010 era para 3h45. Fiz 3h36. Só fazia sentido usar o plano para 3h30 e não voltar a usar o mesmo. Portanto este objectivo serviu o seu fim. Claro que este plano era muito exigente, com apenas 1 dia de descanso semanal. Ao princípio estava gordo e custou-me a entrar no plano com algumas faltas. Mas depois a coisa compôs-se.
Quanto às 3h30, é necessário fazer 4"58/Km em média. Olhando para os tempos de 2010 até nem parece dificil. Principalmente se conseguir não quebrar tanto a partir do Km 37. Claro que há tantas variáveis em jogo, como o tempo que vai estar, principalmente o vento naquela recta infindável até ao Castelo do Queijo, que o melhor é nem pensar nisso. Até porque o importante é passar um bom fim de semana com a malta das tripas, estar com os amigos, viver toda a emoção de mais uma maratona, divertir-me ao máximo até que os Km's comecem a fazer pagar o seu preço e sofrer pelo meu objectivo até que a meta nos separe. Ah e beber imperiais brancas e pretas na roulette que está na meta como se não houvesse amanhã! Isso sim!!! Bibó Porto carago!
À data de hoje todos os sistemas estão operacionais. Todos menos um desgraçado de um músculo chamado piramidal que há 1 ano que me atormenta. Já aprendi a viver com ele. A ver se ainda vou à oficina tentar minimizar o problema mas senão vai ter de ser mesmo com esta peça com problemas. O que mais me chateia é que não vejo modos de resolver definitivamente a questão.
Vamos ver como está o melão este ano. Vemo-nos no Porto companheiros.