quinta-feira, 6 de outubro de 2011

2 de Outubro - 2º Trail Terras do Grande Lago


Este ano como ia sem a família aproveitei a boleia gentilmente oferecida pelo Mundo Da Corrida. Viagem gratuita para quem quisesse ir no Sábado no autocarro ao serviço da organização. Nem pensei duas vezes. Era uma boa oportunidade de passar um fim de semana entre amigos, para além de fazer um treino longo para a Maratona do Porto. Tal como o ano passado, o objectivo era fazer os 30Km em ritmo suave.

Assim o fim de semana começou no Sábado de manhã com a viagem até Portel a decorrer no meio de muita e animada conversa com os amigos da corrida. As provas de 100 Km e o reviver de muitas aventuras com os loucos que as fazem. Ronda, Peregrinos, etc. 

O dia prometia mais de 30º. Chegámos a Portel por volta das 12h30. Descarregar as bagagens e preparar o local do descanso foi feito rapidamente. Ficámos numa sala do 1º andar, onde o ano passado foi servido o almoço. É mais acolhedor que a largueza do pavilhão cá em baixo. Havia colchões de ginástica de vários tipos, feitios e espessuras. Óptimo! Não ia ser preciso usar o meu colchão de encher.

Já com a tralha no sítio estava na hora de ir almoçar. O pessoal do Mundo da Corrida, super organizado, estava pronto para ir marcar o trilho e em menos de nada desapareceram e foram à sua vida. A nós coube-nos a árdua tarefa de seleccionar um local para almoçar. Depois de muita análise escolha e investigação lá almoçámos. A comida era honesta, nada de espectacular. O preço também. Ao contrário do grupo que almoçou que era bem divertido. 


Depois de almoço e com o termómetro a subir acima dos 30º calhou mesmo bem um pequeno passeio ao paredão da barragem do Alqueva e no regresso uma imperial na esplanada da marina da Amieira. Umas ventoinhas pulverizavam água e arrefeciam um pouco o ambiente. Já tinha visto este sistema no Egipto. Muito bom. Ao voltar a Portel uma paragem no Intermarché para comprar alguns mantimentos extra, o pequeno almoço do dia seguinte, etc. Estava tudo pensado. 

Num instante ficou de noite.  Voltámos ao mesmo restaurante onde tínhamos deixado mesa reservada porque dava o jogo do SLB e sempre éramos um grupo grande, podia não ser fácil arranjar mesa. O jantar foi mais fraco que o almoço, casa a rebentar pelas costuras, serviço uma desgraça, não fosse o SLB ter entretido a gente com 4-1...

A caminho do descanso, tal como já tínhamos combinado à tarde, era hora de aliviar a carga frutífera das várias árvores de fruto do jardim de Portel. Dióspiros e romãs chamavam por nós. Os dióspiros estavam tão maduros que era um perigo estar debaixo da árvore e levar um um na tola. Dezenas deles tinham já caído no chão. O pessoal por ali tem as suas próprias árvores de fruto, não liga às do jardim. Mas tinham um aspecto tão maduro e delicioso que era impossível resistir. O José Sousa lá tratou de amarinhar pela árvore acima e proceder à colheita. Eu recebia o produto cá em baixo. Só consegui comer 4, antes de atingir o limite. Deliciosos.

Antes de dormir ainda tive de tomar um banho para dormir um pouco mais fresco. Foi a melhor noite que já passei em solo duro. Para já o solo era mole qb. Depois e por mais incrível que pareça em tanta gente não houve um único trombone. Um descanso toda a noite. Dormi quase como em casa! 

No dia seguinte o autocarro levou-nos para o Alqueva bem cedinho. Ficámos por ali à conversa até às 9h30. Toca a banda da aldeia e ala que se faz tarde. Estradões e algum sobe e desce até à Amieira. Estes primeiros 15Kms são a parte mais fácil e enganadora da prova. Sempre junto ao Alqueva, paisagens bem bonitas com o lago sempre presente, a marina do outro lado. Muito bonito. Tal como tinha planeado ia fazer uma prova confortável. Além disso estava imenso calor e o desgaste ia ser enorme. O meu objectivo era um treino longo e não estoirar ali pelo Alentejo. Desde cedo o Jorge Pereira juntou-se a mim e seguimos juntos.





Logo após o 1º abastecimento ao Km 6 começo a sentir que algo não estava bem com o dedo grande do pé direito. Um leve ardor fez-me suspeitar que vinha aí bolha. Mau! Nem 10 Km temos. O que vale é que ia precavido com uma embalagem de vaselina, e tinha posto antes da prova e tudo. No 2º abastecimento sou forçado a analisar o que se estava ali a passar. Descalço-me e lá estava ela a formar-se. Uma bolha enorme por debaixo do dedo grande na articulação!?! Que sítio. Carradas de vaselina na zona. Monta tudo e sigo um pouco preocupado. Como é que isto iria evoluir? 

Ao fim de uns Km's a dôr nessa zona está controlada. Começa a surgir nova bolha agora na sola do outro pé. No abastecimento seguinte, verificação da bolha 1 e tratamento da bolha 2. Percebo que a 1 está estável carrego mais um bocado de vaselina e trato da 2. Fico mais animado porque parece-me que vai dar para seguir viagem. Por precaução nalguns abastecimentos carregava com mais um pouco de vaselina. 


Depois da Amieira é que a prova começa com trilhos mais técnicos e sobe e desce constante. Fomos sempre conservando energia. A andar nas subidas e a correr no resto. A temperatura subia sem parar. A nossa estratégia conservadora deu resultados e pelo caminho fomos apanhando alguns incautos que ou não conheciam o percurso, mas foram avisados para a 2ª parte, ou foram depressa demais e não contaram com o calor. Eu tirando os pés ia mais do que descansado, sempre a poupar. Afinal o meu treino longo estava feito, para quê sofrer demais? 



A partir do ultimo abastecimento era sempre a subir até à meta. Consegui convencer o Jorge e fizemos quase tudo a correr. Ainda eram mais de 3 Km numa subida não muito íngreme mas constante. 

Mal chegámos fomos direitinhos para o Jaccuzi que tínhamos combinado na véspera. Já lá estava o pessoal que foi fazer o mini trail e um ou outro craque mais acelera. Que bem que soube. O Jorge fazia Jacuzzis para lá e para cá. Eu descalcei-me de imediato para analisar o estado da desgraça. O que mais me preocupa nas bolhas não é esse dia. É o impacto que vão ter nos dias e treinos seguintes. Os meus pés são um ponto muito fraco. Ainda por cima com um plano de treinos quase diários.



Depois do banho nem toda a gente queria ir comer ou tinham refeições alternativas mas eu não tinha levado nada e estava capaz de comer, não digo um boi, mas como deve ser. Fomos a outro restaurante diferente. A coisa começou mal, com alguma rudeza da empregada, mas acabou muito bem. Comida excelente, cerveja estupidamente gelada, ar condicionado qb, sobremesas deliciosas, excelente preço. Ficámos com pena de só o descobrir no fim. Pode ser que pró ano haja mais.

Depois de um compasso de espera enquanto aguardámos que o pessoal da organização almoçasse, foi tempo de fazer mais uma descansada viagem, em que o tempo voou enquanto o Carlos e o Jorge regressavam à juventude, se iam recordando, e nos deliciavam com as provas do antigamente e histórias sem fim de tempos que já lá vão. O tempo voa naquelas viagens. 

Agradeço a hospitalidade do Mundo da Corrida. Foi um prazer viajar convosco. Fiquei a conhecer melhor alguns dos amigos que já conhecia e foi um excelente fim de semana para repetir sempre que possível. Haja provas! Para o ano há mais.

Fiquem com o resto das fotos do fim de semana aqui neste link.

2 comentários:

  1. caro paulo,
    muito bom o relato de todo o fim de semana. no caso de participar no próximo ano também vou no autocarro. sempre se convive mais e ainda se passeia. depois deste trail a maratona é apenas uma questão de pormenor. boa e rápida recuperação das mazelas. até bre.
    paulo lapao.
    kmepalavras.wordpress.com

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  2. Oi Paulo. De facto foi um belo fim de semana de convívio e ainda fiz um treino longo pelo alentejo. Um descanso!

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