Do meu lado a vida tem sido um turbilhão de coisas que deixam pouco tempo livre e que não promete acalmar tão cedo. As corridas continuam a clamar o seu quinhão do calendário, seja em provas seja a tentar preparar-me para as provas, nada de novo aqui. No pouco tempo mesmo livre livre, só apetece o dolce fare niente.
E o que me levou a voltar a escrever algo após tanto tempo ? Talvez este cantinho ainda faça sentido para alguém, além de mim. Talvez o leitor encontre aqui um pouco de paz daquilo em que se tornou a internet. Fiquei surepreendido de vir aqui e não ver, por exemplo, nenhum anúncio. Era a primeira coisa que ia fazer e afinal já está feita. Devo ter ignorado algum mail em que tinha de autorizar qualquer coisa que ia mudar. Ainda bem. Não suporto mais anúncios, gajos a impingir porras, influencers, e malta com agendas escondidas. Sites em que nem se consegue ler sequer o conteúdo tal o número de anuncios a tentar sobreporem-se uns aos outros e um gajo ali a tentar ler uma linha.
A sério, a internet está um lixo pegado. Entre os maluquinhos das teorias parvas, os extermistas à direita e à esquerda, o lodo em que se transformaram as redes sociais que são apenas mato para os populistas pegarem fogo, os sites fidedignos a tentarem sobreviver, já não só com anuncios mas a tentarem arrebanhar pagantes, cada vez mais escassos, não sobra grande coisa. Agora a ultima moda dos maluquinhos, liderados pelo maluquinho mais rico mundo, é atacar todos os media, o que é bom é o Xit... e toda a aldrabice, insultos, invenções, verborreia, tudo à solta, feito regabofe sabe-se lá do quê. Queimam-se as bruxas em hasta publica, a ver quem dá mais, o povo delirante com o poder, a exercer ali a sua liberdade digital de gregoriar mais alto que o parceiro do lado. Voltámos à primeira guerra mundial, cada um nas suas trincheiras, não há meio termo.
Aqui pelo menos não há anuncios, não vou viver de publicidade (nunca deu sequer para uma imperial) não vou impingir nada, sou mesmo só eu a dizer coisas, muitas vezes sem qualquer interesse, mas pelo menos é um cantinho tranquilo. Até porque na realidade ninguem vem já aqui. A malta quer é sangue, causas, facções, ahhhh quem não quer uma boa indignação, mandar abaixo, apanhar a onda da acefalia que finalmente saiu do armário e encontrou o seu sebastião que vai limpar portugal. Podem começar pela minha rua, tantas vezes esquecida pelo pessoal da junta ou da câmara, ou sabe-se lá de onde são, afinal nem os vejo quanto mais saber quem os (não) manda.
Não me vou alongar mais, apenas relembrar este texto que escrevi em 2020 e que infelizmente está cada vez mais atual. Podem ler ou reler para verificar, mas diria que tudo o que lá está agravou-se.
Volto a escrever também para me lembrar que tenho um livro quase pronto para publicar. Como se tivesse pouco para fazer, mas sim, mantenho a ideia de lançar o livro, nem que seja ao mar ali em Cacilhas. O problema de lançar um livro são muitos. A começar pela forma de o fazer fisicamente. Mas sobretudo porque nunca está pronto. Está quase, mas depois passa algum tempo e é preciso repensar algumas coisas que não sobrevivem ao momento em que deviam ter sido lidas. E alterar implica tempo para reler e passa mais tempo. E fica ali uma pescadinha de rabo na boca que o melhor era fritar e comer com um arroz de tomate. Mas devo esta à minha editora e faço questão que um dia destes, os mais corajosos e sofredores, tentem o feito de ler a prosa, ou fingir que a lêem, também conta.
Este é também um ano de efemérides, coisas inventadas que afinal celebra-se o que calha: o meu ultimo ano M55, embora para algumas provas até já vá ser M60. Algures em Março a minha corrida faz 18 anos, já não precisa de autorização para ir onde quiser e até pode tirar a carta e mandar-me passear. Foi na mini-maratona da Ponte 25 de Abril a 26 de Março do longínquo 2007 que tudo começou. Quem diria tudo o que estava para vir e se o universo quiser ainda muito estará.
Fiquem bem que isto já vai longo, e agora que limpei as teias de aranha a ver se volto mais vezes a este cantinho. Portem-se mal e corram muito que só vos faz é bem.
Sem comentários:
Enviar um comentário