domingo, 21 de dezembro de 2014

Suunto Ambit 3 - Parte 2

Parte 2? Então não leram a Parte 1? Pfff! Felizmente se clicarem neste link ainda vão a tempo. E não tenham receio. No final está outro link que vos traz de volta. Impressionante! 
Quem é amigo?



E Ao fim de meia dúzia de treinos e de testes como se resume a experiência?


Não pretendia propriamente testar o Ambit 3 até à exaustão. Nem o Ambit precisava de tal teste. A Suunto tem evoluído muito bem o produto ao longo destes 2 anos e como imaginam, hoje em dia, qualquer relógio com GPS de 70€ é tecnologicamente perfeito. Que o digam todos aqueles que leram a minha análise ao fantástico A-rival Spoq e que esteve na origem do sucesso deste relógio em Portugal, seguramente com muitas e muitas centenas de unidades vendidas. Para uma marca sem qualquer representação em Portugal, sem estrutura de vendas, sem suporte técnico, o sucesso do Spoq só pode ser um case study! 

Portanto a minha análise irá focar-se no que diferencia o Ambit 3 da concorrência e não no que a concorrência já consegue fazer da mesma forma (e bastante mais em conta, também).

Cristina, não vais levar a mal...

...mas beleza é fundamental! Se não for para treinar ou para levar para o meio do mato, pelo menos para usar no dia a dia. E este Ambit 3 nesta versão light, digamos assim, é absolutamente um relógio do dia a dia. Com um aspecto clean, não muito agressivo, discreto qb e com excelente acabamento. Aqui está uma característica que não vão encontrar no A-rival Spoq por exemplo. O patinho feio low cost também aguenta 1 semana em modo de relógio mas ninguém no seu perfeito juízo vai andar com aquele electrodoméstico no pulso no dia a dia. Não se ofendam fãs do Spoq, já tive um durante imenso tempo, sei bem do que falo. E não o vendi por ser feiozito, coitadito. Apenas porque não permite, nem recolhe dados de natação.

Claro que, cada coisa no seu lugar, o Spoq nunca me incomodou por ser assim. Simplesmente usava-o nos locais apropriados e não era o meu relógio do dia a dia. O Ambit 3 Sport é. O Peak talvez já seja menos um pouco, devido ao peso e volume, está mais equiparado ao Fenix 2. Uso o meu Fenix 2 sem qualquer problema, mas se não for treinar nesse dia dispenso o peso extra no pulso. 

Concluindo, têm já aqui algo que o Ambit 3 Sport domina. A não ser que não gostem do design ficam bem servidos com um relógio quase convencional para usar em todas as ocasiões.

Moves 

Moves é o nome que a Suunto usa para as actividades. Tudo é um Move, uma corrida, uma braçadas na piscina, uma volta de bicla, etc. Deixo-vos aqui 2 ou 3 links de alguns dos moves que fiz. O site Movescount é o equivalente do Connect da Garmin. Embora não tenha mais informação técnica do que o Connect, por exemplo, acho que está mais bem conseguido. O grafismo está bem conseguido, o site é rápido e está pejado de icones e ligações que dão a sensação de um dinamismo muito superior. Embora a parte social do Movescount seja muito mais eficaz e integrada que o Connect, se espremermos bem o sumo da coisa, vai dar praticamente ao mesmo. No entanto o site é rápido e funcional. Depois de se aprender onde estão as coisas e qual a melhor forma de lá chegar é eficiente. O Connect é mais direto mas também é mais lento e parece mais despido. 

Se quiserem comparar o mesmo treino nos dois sites para analisarem o tipo de informação disponível cliquem nas imagens seguintes. Não vou dissertar muito acerca das potencialidades de cada um. Se a vossa onda é de facto esta então saberão melhor que ninguém o que precisam de obter e o que cada site vos consegue dar ou não.

            

E natação? A natação foi um dos motivos porque troquei o meu Arival Spoq por um Fenix 2. É um dos motivos para ter um Ambit 3 também. E aqui o Ambit 3 marca um ponto extra. O Ambit 3 traz um medidor de frequência cardíaca inovador que permite utilização debaixo de água. 
O problema com a água é que a tecnologia de envio dos dados para o relógio, quer seja Bluetooth quer seja Ant+, simplesmente não funciona debaixo de água. O sinal é demasiado fraco e se esta tecnologia é perfeita para as nossas corridas, na água a propagação não permite a comunicação cinta relógio. Ou pelo menos não permite uma comunicação permanente e estável.

Então a Suunto resolveu o problema criando uma cinta um pouco mais inteligente. Os dados da frequência cardíaca são armazenados na cinta e vão sendo enviados à medida que é possível estabelecer comunicação com o relógio. Seja porque o vosso pulso passou perto do leitor, seja porque descansaram um pouco, por exemplo.

E funciona, diria que muito bem. Não sei se será 100% fiável mas é bem melhor que não ter nada. No treino de comparação que fiz com os 2 relógios isso é desde logo evidente nas calorias estimadas. O Ambit seguramente a aproximar-se muito mais da realidade do que o Fenix que dá uma estimativa de calorias sabe-se lá com base no quê. No meu caso que sou um coxo a nadar seguramente que gastei bem mais do que as que o Fenix 2 diz que gastei.

E usar a cinta é prático na piscina? Não! É horrível. Esqueçam os saltos, claro. A cinta vai parar à cintura,,. e nas voltas o impulso com as pernas na parede...uooooouu lá vai ela. Claro que podem sempre apertar a coisa até mal conseguirem respirar e se calhar não se mexe, mas mesmo assim duvido. A nadar não tem qualquer influência. Talvez tire uns décimos de segundo aos puristas. 

Em águas livres este problema não se põe. Não há saltos nem paredes para dar voltas e provavelmente a cinta estará por baixo do fato.

Tal como no Fenix 2 o Ambit reconhece o estilo de natação que estiverem a fazer. Livre, bruços etc. Parece-me que o Ambit necessíta de aprendizagem do vosso estilo. Pelo menos o menu tem essas opções e creio que li algures que assim é. O Fenix 2 não tem sequer essas opções e parece-me que reconhece melhor os estilos. Desde logo no treino de comparação o Fenix 2 reconheceu bem mais piscinas em bruços do que o Ambit, o que vai de encontro ao que li. De qualquer modo não investiguei a fundo esta parte, mas mesmo que seja preciso ensiná-lo melhor isso não é questão.

Portanto na natação e excluindo os dados recolhidos que deixo novamente para análise dos interessados o Ambit marca pontos com a recolha de informação de frequência cardíaca debaixo de água.

Resta saber se a tecnologia de recolha da frequência cardíaca no pulso, usada pela TomTom nos seus relógios multisport é tão boa como a da Suunto. Resolvia-se o problema das cintas cardíacas a saltarem. Para além de que ir para a piscina com uma cinta no peito é no mínimo... estranho. Se alguém da TomTom estiver a ler isto e aceitar o desafio já sabe o que tem a fazer.

              



E mais coisas novas?

Um dos principais motivos para a Suunto lançar esta actualização prende-se com a conectividade com os smartphones. Uma área que a Garmin e outras estavam a começar a dominar e a Suunto estava a perder terreno. Se exceptuarmos a nova cinta cardíaca e a conectividade com o telefone, estamos praticamente perante um Ambit 2 essa é que é a realidade.

Para esta conectividade a Suunto assumiu a sua escolha quanto ao tipo de conectividade. Bluetooth. Para o bem e para o mal. Isto é capaz de não querer dizer muito para quase todos os clientes, mas para quem tem acessórios Ant+ este upgrade é uma impossibilidade. Também é verdade que quase ninguém com um Ambit 2 estaria muito interessado em actualizar para o 3, afinal só para ter uma cinta aquática e ligar ao smartphone... Mas esta jogada diz muito sobre a aposta de futuro da conectividade que a Suunto pretende.

A Garmin aposta num mix de Ant+ para sensores de acessórios e Bluetooth Smart para conexão ao telefone. Vamos ver para onde evolui o mercado.

Mas olhando para a conectividade o que nos oferece a Suunto?

Bom material de facto. Se forem os felizes possuidores de um iPhone com suporte Bluetooth Smart (acho que a partir do 4S) podem instalar a App da Suunto e conectarem-se ao relógio fazendo uma ponte entre o site Movescount e o Ambit 3. Poderão enviar os vossos treinos de imediato para o site, poderão consultar todos os vossos treinos que estão no site e, muito importante, poderão configurar o vosso relógio comodamente no telefone e depois actualizar o mesmo no final. Podem escolher os quadros que querem ver para cada desporto, que campos querem ver em cada quadro, etc.
Isto é de facto muito importante para o Ambit porque dantes era preciso ter o relógio ligado ao PC para configurar esta informação. Se estivessem longe de um PC com o software instalado e com acesso à net.... azarinho, tivessem pensado nisso a tempo.

Agora aumentou um pouco o leque de possibilidades. Basta terem um iPhone 4s ou superior :)

E Android perguntam vocês legitimamente? Pois... há que esperar. Está prometida uma App para Março. E a Suunto não costuma falhar. Portanto é só mais uns meses de espera.

De qualquer forma é excelente esta forma de configurar o relógio. A Garmin não usa esta abordagem e apenas no relógio é possível a configuração. É a forma à prova de tudo. Até a meio de uma prova sem telefone podem alterar a configuração, mas infelizmente é a mais complexa e frustrante nalguns casos. O ideal era a Garmin que já permite configurar no relógio e já tem uma App até para Android, permitir também fazer a configuração do mesmo na App. Enfim, nada é perfeito!

Deixo-vos com alguns écrans da App para iPhone:

Configuração do Ambit 3


Resumo de Moves

Detalhe de um treino de corrida


Detalhe de um treino de natação



Não encontrei forma de aceder a percursos e de enviar percursos para o relógio mas provavelmente não estive tempo suficiente com o iPhone, porque não tenho um iPhone e não deu para explorar a fundo a App. Mas do que vi gostei bastante da App. Sá falta mesmo sair para o Android.

Quanto à conectividade e por não ter um iPhone não me foi possível fazer grandes testes dos restantes aspectos mas deverá ser muito identica à do Fenix 2. A partir do momento em que o relógio está emparelhado com o telefone e se tiverem o Bluetooth ligado, vão poder receber no relógio as notificações que chegam ao telefone. Chamadas a chegar, mails e SMS's, chamadas perdidas, enfim, tudo o que acontece no vosso telefone é mostrado no écran do relógio. No caso de SMS's, mails e até notificações do Facebook, podem ler o detalhe no relógio. Claro que a seguir têm de pegar no telefone para responderem. Interessante embora o preço a pagar seja a autonomia do relógio a esvair-se rapidamente. Esqueçam a cena de andarem 1 semana com o relógio a treinar sem carregar. Enfim, mais uma coisa para carregar com frequência.

Ou então usam de facto quando dá mesmo jeito, por exemplo numa prova em que levem o telefone na mochila, aí sim, podem ver quem vos está a ligar ou se aquele SMS que chegou interessa. Aqui sim verdadeiramente útil.

Em resumo

E porque não vos quero maçar mais, devem ter que ir às compras ou fazer azevias, deixo-vos meia dúzia de bons e maus motivos para comprarem ou não o Ambit 3 Sport.

Bons motivos

- Bom aspecto e um bom companheiro para o dia a dia, haja ou não treino. Look bonito embora talvez um pouco aborrecido ao fim de uns tempos

 - Fiável e confiável na linha do anterior Ambit 2

- Excelente App que permite configurar totalmente o vosso Ambit 3

- Ainda não têm nenhum relógio com GPS ou têm e não estão satisfeitos com ele e acham razoável gastar 350-400€ (sem e com cinta de FC) para terem um bom relógio

- Mais fino e mais leve que o irmão Peak embora com menos autonomia, Eiii! Nem todos os malucos vão correr dias inteiros para a montanha

Maus motivos

- Por enquanto precisam de um iPhone 4S ou superior para usar a App, de resto só podem configurar o relógio se estiverem com ele ligado ao PC e tiverem acesso à net. A configuração é feita através do site movescout,com

 - O preço. Reconhecendo a qualidade dos materiais, ainda assim é demasiado caro. São todos, isto não é um defeito só da Suunto. Fica de fora o fabuloso Arival Spoq, o amigo dos tugas tesos

 - Já têm um Ambit 2 e não sentem falta de ligar o telefone ao relógio nem precisam de saber a vossa FC debaixo de água. Deixem-se estar e comprem antes umas meias para o Natal

- Precisam de estar dias inteiros a correr em montanhas então é melhor analisarem o irmão Peak e as coisas complicam-se porque terão também de ver o Fenix 2


 Conclusão final

Este Ambit 3 é na realidade uma excelente opção. Vou agora abstrair-me do preço e pensar que se leram tudo até aqui, também já se abstraíram disso e estão mesmo interessados no relógio.
A realidade é que não há no mercado concorrência com este Ambit 3 Sport, a não ser talvez o próprio Ambit 2 que até está mais barato. A Garmin só tem nesta linha o Fenix 2 mas que está muitos furos acima deste e nem sequer é o mesmo segmento. Este seria concorrente de um Fenix 2 light que não existe. Tudo o resto não está neste segmento.
Bonito, uso diário, boa qualidade de construção. É claro que o mercado está continuamente a mudar. Está aí o Polar V800 também carregadinho de extras e quase a chegar o Garmin 920XT para assumir a liderança de novo, mas com um design que é complicado de assumir no dia a dia, pelo menos com alguns estilos de roupa.

Por isso é simples, só têm de pesar todas as opções e verem se o Ambit 3 Sport é a vossa opção. Se fôr avancem pois seguramente vão ficar satisfeitos com a vossa escolha.


Agradecimentos finais à Amersports que me disponibilizou o Suunto Ambit 3 Sport para suportar esta análise. 

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Maratona do Porto 2014 - Celebrando a melhor e maior Maratona de Portugal



Com a desculpa de ter feito a minha melhor maratona aproveito para escrever um pouco sobre este ritual que é a Maratona do Porto.

A Maratona do Porto não é igual a nenhuma outra Maratona. Desde logo porque envolve ir ao Porto e muito por culpa da organização essa viagem não é como nenhuma outra viagem.

A Maratona do Porto é como um cabaz de Natal cheio de iguarias. Tem 42 195m como todas as outras, é um facto, mas tem muito mais coisas que só existem aqui. No dia em que faltar uma delas se calhar a Maratona do Porto passa a ser como qualquer outra Maratona e depois olha, se calhar vai-se, ou talvez não. Mas falemos do cabaz chamado Maratona do Porto.

Para se ir fazer a Maratona do Porto tem de se ir nos autocarros que a organização gentilmente subsidia aos mouros e que a Ana Pereira organiza de forma exemplar. Também me armo em organizador de coisas (pequenas e não desta dimensão) por isso sei a trabalheira que é lidar com centenas de pessoas, pagamentos, mails, duvidas, problemas, etc. Para quem vai parece fácil, mas sei que não é.
  
Obrigado Maria sem Frio nem Casa. Se não houvesse autocarros, para mim já não era a mesma Maratona. Espero que a organização continue a pensar como eu. Talvez um dia tenham de ser comboios ou aviões, mas a lógica é a mesma. Uma viagem descansado, à conversa, rever amigos, conhecer outros, indispensável no pacote.
Depois o Hotel Tuela e de um modo geral o grupo HF Hotels, pois acredito que tenham todos a mesma orientação estratégica. Há vários anos que fico no Tuela, (mas acredito que podia ser o Fenix ou outro qualquer). Simpatia, eficiência, preço justo e acima de tudo não se pretende “ordenhar” os atletas. A política de late check out até ás 15h demonstra que o grupo compreende as nossas necessidades. São estes pequenos gestos que fazem a diferença. Bem hajam, voltarei e espero que mantenham sempre esta orientação.
Por fim reencontrar os amigos e passar bons momentos, quer no jantar pré-maratona, quer no almoço pós-maratona. Este ano o almoço extravasou um pouco com uma enorme celebração das 50 maratonas do António Guerreiro e se o autocarro não saísse ás 17h da Rotunda da Boavista….

Mas são estes momentos únicos que ficam gravados e que também fazem parte do cabaz: Amigos + Endorfinas + Lello, Uma palavra também para o Restaurante Convívio que fica mesmo em frente ao Tuela e onde fomos muito bem recebidos. Às vezes não é preciso ir muito longe.

Por fim a razão de tudo isto, a Maratona. É bom ver que a Maratona do Porto é agora a maior Maratona de Portugal. Bairrismos à parte, a organização tudo faz para isso. Sempre uma atenção com um preço especial para os early adopters ou os maratono-dependentes (já vai nos 20€.... comportem.se!). Depois leva-nos de autocarro, oferece-nos uma pasta party que é logo onde começa o convívio e o reencontro de amigos, até singelos mimos como café e chá na partida e cerveja na meta. Dizia eu que estes mimos fazem a diferença porque tudo o resto já é de nível excelente.

"E para mim é este o cabaz da Maratona do Porto. É importante que nenhum destes ingredientes falte para que a receita funcione"


Quanto à maratona em si e a história da que foi a minha 13ª resume-se muito facilmente. Melhor tempo de sempre para o cota, com 3h12m. Assim a modos que 4m31/Km de média. Umas palavras para aqueles que acham que este tempo vale alguma coisa (sem desrespeitar ninguém pois cada um tem os seus limites e objectivos).

Depois do UTAT e se tudo estivesse bem, a minha ideia era encaixar nas ultimas semanas de um plano de treinos e fazer umas séries e uns treinos longos. Como todos os bons planos, este não foi cumprido. Claro que as desculpas eram de boa qualidade, sendo a ultima uma contratura num adutor num treino de séries de 2Km que me fez parar uma semana para massagens de Voltaren. Ainda vi a coisa mal parada mas a minha massagista pessoal esteve à altura. Tirando a habitual rotina de treinos semanais só houve mesmo tempo para descansar, ir à meia da Moita dar um arzinho de corrida e depois ir a Almeirim testar ritmos e perceber que poderia tentar fazer algo de jeito.
Há muitas estratégias para se correr uma maratona. Correr a primeira parte mais controlada e fazer a 2º mais rápida (negative splits), já fiz uma assim; correr sempre ao mesmo ritmo tipo relógio suíço, já fiz uma assim. Depois há também a estratégia que usei. Sabia que sem grandes treinos longos não ia conseguir manter um ritmo constante até final. Inevitavelmente iria quebrar por volta dos 30 ou antes.Assim e dado que no Porto os primeiros 7Km são a descer, a tática passava por rolar nos 4m20/Km e chegando cá abaixo tentar manter abaixo dos 4m30 o máximo possível. Depois era esperar que não estoirasse ou estoirasse o mais tarde possível.

O plano foi mais ou menos cumprido. Arranquei com o Zé Santos e com o Paulo Martins. O Zé ia tentar seguir comigo enquanto desse. O Paulo queria fazer uma média de 4m45 mas rapidamente se juntou à festa. Arrancámos à frente do balão das 3h15 e nunca o vi a não ser pelas costas. Cá em baixo em Matosinhos junta-se o João Paulo Maia que ia para 3h30 ou mais se não aguentasse. Até ao Km 17, 18 tudo estava a correr como pensado. Já cá em baixo sucediam-se os Kms a 4m26, 4m27. O grupo ia unido. So far so good, como diria o optimista a cair de um prédio de onde se atirou. O Paulo Martins dançava à nossa frente e corria de costas, mas a euforia estava perto do fim. O Zé foi o primeiro a descolar do grupo ainda antes da meia. Depois descolou o João Paulo e por fim o Paulo Martins. O Nuno Neves que também se juntou a nós com o João Paulo Maia mantinha-se rijo e fazia-me companhia. 
A meia foi feita com 1h34, uma boa marca que poderia dar 3h08 em modo relógio suíco. Curiosamente a estimativa que o meu Fenix 2 tinha dado após Aleirim para o tempo à Maratona. Como não era dia de relógio suíço não me deixei impressionar. Aquele tempo à meia não iria apenas duplicar no final. Restava saber qual era a fatura a pagar.

No regresso de Gaia vi o balão das 3h15 quando dei a volta. Estava demasiado perto. Pensava que lhes estivesse a dar 4 ou 5 minutos mas não. Que estranho. Antes ainda de voltar a passar a ponte deixo cair a garrafa de água e como ia precisar dela depois de tomar o gel, baixo-me para a apanhar e saltam umas cãibras nos gémeos. Mau!!! Com calma recuperei. O Nuno ajuda-me a segurar na garrafa enquanto tomo o gel. Depois do tunel por volta do Km 33 o Nuno fica ligeiramente para trás. Faltam já menos de 9km e agora é o costume. Cerrar os dentes e enquanto o corpo der, vai dar. Ainda consigo meter 2 Kms abaixo dos 4m30 e fico impressionado.

Por volta do Km 35 ,naquela zona onde estão uns putos de cabeça cheia a fechar a noite num bar com musica a bombar está uma senhora que me diz assertivamente, daqui para a frente é só cabeça. E é daquelas coisas que precisamos de ouvir embora saibamos que são verdade. E aquelas palavras ecoaram durante uns tempos. O cansaço é enorme a agarramo-nos a tudo. E sem grandes problemas físicos dava a ordem ao corpo. Ouviram? A cabeça diz que é para manter o ritmo. SIGA!!!!

Passo o Pedro Pires que me incentiva e me elogia o esforço. Ao km 40 as cãibras ameaçam aparecer. Pareço o pirata das pernas de pau a correr. Não vai ser agora raios! Faltam menos de 10 minutos. A cerveja fresquinha está à espera. Não sei o tempo que vou fazer. O corpo e o cérebro já estão em serviços mínimos, Olhar para o relógio e mudar para o écran do tempo e fazer contas está fora de questão. Será provavelmente um bom tempo. Chegar! É preciso chegar. Consigo afastar as cãibras, reduzo um pouco o andamento. Tudo é melhor que parar agora. Sem dores e um pouco mais lento sigo nos 4m40 e subo a avenida da Boavista.

Está feita a 13ª e bem feita. Viro à esquerda e olho para o relogio na meta 3h12! Eh Lecas! Belo tempo. Festejo a chegada como deve ser e está feita a minha melhor maratona. Agora era só beber umas enquanto iam chegando os muitos amigos e o corpo não arrefecia. Foi uma grande maratona. A estratégia resultou e o record caiu. Um dia tenho de treinar a sério para fazer a maratona! 

Parabéns a todos, e foram muitos, os que se estrearam na melhor maratona do país. Boa escolha. Uma palavra para o Luis Canhão, finalmente maratonista, now you know it! Agora é sempre a melhorar.

P.S. O meu fenix 2 diz que valho 3h07 na maratona. Um dia vou-lhe dar razão. Um dia...

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Myprotein - Exceed - (More) Power to the People!



Recentemente fui contactado pela Myprotein para experimentar um dos seus produtos. Nem de propósito já tinha “tropeçado” nesta marca quando andei à procura de Maltodextrina para fazer algumas experiências na fabricação de gel energético caseiro. Tinha encontrado na Amazon inglesa a um preço excelente mas nenhuma das lojas enviava para Portugal. Acabei por encomendar de outra loja sem saber que a Myprotein afinal já está a operar em Portugal.

A Myprotein foi criada em 2004 e é atualmente a maior marca de suplementação desportiva, nao só no Reino Unido como também na Europa. Foi adquirida em 2011 pelo The Hut Group e, desde entao, tem crescido rapidamente no território europeu. O site portugues foi lançado recentemente, há menos de 2 meses.

Assim, quando me contactaram foi com expectativa que aceitei a proposta. E a escolha recaiu num dos produtos que à partida não está muito ligado à corrida: Exceed.

Tomo alguns suplementos, não muitos, e não sou muito disciplinado nos que tomo. Prefiro apostar numa alimentação variada e equilibrada. A exceção é a Glucosiamina, alguns recuperadores pós treino (quando me lembro), ZMA quando a carga aumenta ou nas vésperas de grandes desafios e poucos mais.

Exactamente 1 mês depois do UTAT estava no calendário a maratona do Porto. Não ia haver grande possibilidade de treinar mas talvez o Exceed ajudasse nos poucos treinos que teria de fazer. Sem grande rigor científico, melhor dizendo, sem qualquer rigor científico, várias vezes usei o Exceed antes de iniciar os treinos neste ultimo mês. Principalmente nos poucos treinos mais fortes que realizei. No próprio dia da maratona usei o Exceed. O Exceed tem uma série de ingredientes que ajudam a reduzir a fatiga e aumentam a produção de energia. 

Em cada dose de 20g, 10g são BCAA’s!

Aqui fica a composição por dose de 20g:

Energia (kj): 298 
Energia (kcal): 71.2 
Proteína (g): 17.4 
Carbohidratos (g): 0.4
dos quais açúcares (g): 0.1 
Gordura (g): Nulo

Também contém:
Aminoácidos de cadeia ramificada (2:1:1) (g): 10.0
Glutamina (g): 3.4
Malato de citrulina (g): 2.3
Beta alanina (g): 1.7
Eletrólitos (mg): 800
Vitamina B5 (mg): 10.5

A energia terá de vir do vosso corpo ou de outro suplemento. Eu pessoalmente e numa fase de redução de peso gostei do Exceed. Nos treinos mais intensos o corpo respondeu bem e sem duvida que ajudou no processo de redução/manutenção de peso que passei. 

Não me vou alongar na análise da composição do Exceed. Usem o Google.

Uma nota apenas para a beta alanina que provoca uma sensação de formigueiro à flor da pele, sobretudo nas mãos, nos picos de esforço mas que rapidamente desaparece. Isto não tem qualquer problema. 300g de peito de perú têm exactamente a mesma quantidade de beta alanina que 1 dose de Exceed. Acho piada ao frisson :)

O Exceed é fácilmente solúvel em água e tem um sabor forte (Berry Blast - Frutos vermelhos) mas que não me desagrada. 

Será que o Exceed ajudou na recuperação pós UTAT e na excelente prestação que consegui na Maratona do Porto (record pessoal de 3h12)? Uma coisa é certa, mal não fez e acredito que a forma vigorosa com que acabava alguns treinos duros me deu a confiança para apostar numa estratégia de fazer a maratona a um ritmo forte. 

Não tenho grandes termos de comparação no mercado nacional dado que opto muitas vezes por comprar suplementos no mercado americano, mas os preços parecem-me bastante interessantes. No caso do Exceed, uma embalagem de 600g dá para 30 vezes sainda a cerca de 1€ cada utilização. 

Nas palavras de Marcos Sabino, o que distingue a Myprotein da concorrencia é a vasta gama de produtos que coloca a disposição dos consumidores, focando-se não apenas nos praticantes de musculação como também nos praticantes das outras modalidades, assim como o indivíduo que não pratica desporto regularmente mas que, ainda assim, quer viver um estilo de vida saudável.
A maioria das marcas de suplementação normalmente foca-se apenas numa vertente: ou musculação, ou produtos para endurance, ou produtos para saúde, etc. A Myprotein oferece, para além dos produtos considerados habituais, frutos secos, comidas saudáveis, farinhas saudáveis para cozinhar, cafés e bebidas ricas em proteína, refeicoes praticas, etc.

Para testarem o Exceed ou da próxima vez que forem às compras dêem uma espreitadela em pt.myprotein.com e comparem os produtos. Creio que a Myprotein poderá ter o que procuram.


quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Suunto Ambit 3 Sport - Crónica de uma review

The beginning!




O local era Oukaimeden em Marrocos, Alto Atlas. A 2675m de altitude no albergue mais alto de Africa, de seu nome Chez JuJu, o team tuga que foi ao UTAT aguardava pela chegada da refeição. Não estava previsto almoçar em tão "requintado" local, até porque os preços são um pouco abusivos face à concorrência, ou antes à ausência dela. Prefiro sempre uma genuína tasca marroquina, mas o facto do wifi estar fechado no nosso albergue este ano, serviu de engodo e a trupe há 1 dia sem net já estava a salivar para estar online. 

Depois de 1 reboot ao router do albergue a net lá começa a bombar e à velocidade de um caracol (há que partilhar com outras dezenas de clientes) os facebooks lá se vão actualizando. De repente chega o mail que deu origem a esta review. O meu contacto da Amer Sports Espanha diz-me que tem um Suunto Ambit 3 para eu testar e se estiver interessado em analisar e escrever um artigo no blog é só dizer. Uau! Sem querer comparar-me com aquele pessoal que de facto tem algum valor, mas que só é reconhecido lá fora, é um pouco isso que se passa aqui. Desse modo agradeço à Amer Sports a amabilidade e o reconhecimento e espero continuar a merecer a vossa confiança. Pelo minha parte aqui vai o que tenho a dizer do Ambit 3.

Início da coisa

Despachado o UTAT mal tive tempo de regressar ao trabalho, pois o Ambit quase chegava primeiro que eu. A minha ideia inicial era fazer uma comparação com o Fenix 2, um duelo que permitiria eleger o melhor dos relógios com GPS da actualidade. Mas ao analisar melhor o Ambit 3 percebi que não faria sentido tal comparação. Na realidade há vários Ambits 3, vários sabores por assim dizer:
Suunto Ambitt 3 Peak
o Ambit 3 Peak, o Ambit 3 Sport e depois mais uns sabores com vidro de safira e cores, que para o caso não interessam. O safira obviamente o mais caro de todos e os de cores para pessoal colorido pois claro (na realidade são apenas 3 cores, preto, branco e azul)

Suunto Ambit 3 Sport
A questão aqui é que as diferenças, não sendo muitas entre o Peak e o Sport, são suficientes para tornar injusta uma comparação com o Fenix 2 feature a feature, com classificações etc. Assim sendo, o capítulo da comparação olho por olho está encerrado. Não quer dizer que não os compare, mas não vai haver um claro vencedor ou provavelmente um melhor que outro. O concorrente directo do Fenix 2 é o Suunto Ambit Peak. O que me enviaram para analisar é o Suunto Ambit Sport.

A minha ideia com esta review é então fazê-la ao jeito de quem conta uma história. Só para ser diferente e vos obrigar a ler que é uma coisa muito importante e saudável. Se querem respostas rápidas e classificações vão ter de ir a outro site. Aqui vão ter de penar. Ainda por cima é uma crónica, por capítulos, para vos entreter que a vossa vida anda um pouco por baixo para estarem aqui a estas horas a lerem análises de relógios com GPS.

Primeiras Impressões

Estava obviamente super curioso para conhecer o Ambit 3. Depois de ter testado o Ambit original, enviado pela própria Suunto de propósito da Finlândia e do Ambit 2 ter ficado um pouco aquém do que um produto 2.0 merecia, já sabia o que o 3 trazia de novo, mas apreciar ao vivo e com a responsabilidade de testar e reportar, tem outro sabor,

Ainda sem saber as diferenças entre os vários Ambits 3, depois de o colocar no pulso, pensando que era idêntico ao Fenix 2 a primeira impressão foi excelente. A Suunto fabrica excelentes relógios e o Ambit 3 Sport é nesta encarnação um produto altamente refinado. De toque suave, o acabamento fosco mate da caixa é um mimo. No pulso, tirando a antena GPS que faz o relógio não assentar perfeitamente no pulso (pelo menos no meu encavalita um pouco mas nada que não se habitue), é perfeito. Claro que é um relógio com um grande mostrador, mas para quem anda com um Fenix 2 diariamente não há nada de novo aqui. O que há de novo é que o Ambit 3 Sport não tem a mesma bateria do Ambit 3 Peak (nem do Fenix 2). Assim a Suunto consegue fazer um Ambit 3 com metade da autonomia do Ambit 3 Peak  (e do Fenix 2) mas, muito importante, um pouco mais leve e sobretudo um pouco mais fino. Notem as diferenças:


Peso:
         Ambit 3 Peak  - 89g
         Ambit 3 Sport - 81g
         Fenix 2            - 85g

As diferenças podem parecer insignificantes, mas não são. O Ambit 3 Sport é 10% mais leve e 14% mais fino que o Ambit 3 Peak.

É claro que isto não será um factor decisivo na aquisição, mas se não precisam dos extras do Peak então asseguro-vos que o Sport é bem mais interessante até porque custa menos 20% que o Peak (valores de tabela com cinta HRM).
Claro que o vosso pulso vai sentir a diferença pois o Sport é bem mais elegante e confortável. É uma das coisas que noto em comparação com o Fenix 2, que deve ser muito identico ao Peak  em termos de espessura.

Acho que esta estratégia da Suunto é muito acertada. Segmentou o produto, pois nem toda a gente precisa de 15h de autonomia e de barómetro (Peak) e consegue atingir mais clientes que se calhar iam torcer o nariz a usar um relógio tão grande para fazer apenas umas maratonas ou umas provas de trail mais curto. O Sport tem 8h de autonomia no modo 1seg de dados de GPS (ou seja GPS sempre ligado) que é mais do que suficiente para a maioria das pessoas.

Que diferenças há mais entre os 2 modelos? A Suunto responde neste link. Em resumo todas as diferenças se resumem a três coisas. O Peak tem uma bateria com o dobro da autonomia, tem um barómetro atmosférico e um sensor de temperatura.  Se não precisam destes extras o Ambit 3 Sport poderá ser o relógio que procuram e só têm de continuar a ler o próximo capítulo para o saberem.

Seguir para a parte 2 desta análise

sábado, 11 de outubro de 2014

UTAT 2014 - Disseminação!



Em 2012 juntamente com o Luis Canhão descobri o UTAT, Foi uma revelação. A história dessa prova está neste post. Foi a maior aventura da minha vida, vi jeitos de ficar ali na montanha, sofri com o frio, com a dureza das subidas, com uma descida tenebrosa sem fim, mas tudo foi superado. 
E quando nos esquecemos das partes más, fica uma vontade enorme de mostrar aos amigos os tesouros que há no Atlas. Não têm qualquer valor financeiro, o que os torna inestimáveis e muito mais valiosos.

Esta nova viagem ao UTAT surgiu de uma negociação duríssima com o Luis Trindade. Bora fazer a TransGranCanária que depois vou ao UTAT. Bora! E foi assim. 

Depois foi só juntar o maior número de amigos possível. Queria passar a mensagem, quantos mais melhor. Nesta prova é possível conhecer um pouquinho de um país fantástico e quebrar alguns mitos, preconceitos e julgamentos errados sobre o que é Marrocos, obviamente apanhando pelo caminho um brutal e gigantesco empeno, com uma passagem aos 3660m de altitude e mais umas quantas acima dos 3000m. Desenganem-se os que pensam que o UTAT é uma prova vulgar, igual a tantas outras que temos aqui na Europa. Ah e tal 6500 D+, já fiz esta aquela e a outra. Desenganem-se. O Atlas vai cobrar o seu preço e só os mais fortes o vencerão. O tempo máximo de 36h denotam uma aposta da organização em que o maior numero de pessoas acabem a prova. E parece-me acertado dado que este ano em 112 participantes só houve 2 desistências. Chamam-lhe a mais dura prova naquela distância. Se não fôr verdade estão muito perto disso.


Assumi o risco de organizar, tanto quanto possível, uma viagem que ficasse gravada para sempre na memória dos amigos que nos quisessem acompanhar. Voo directo de Lisboa com regresso via Marrakech e pernoita num Riad tão bom quanto em conta. Passear na medina para limpar o ácido lático que restasse, comprar recuerdos para as Marias e para os Manéis e regressar ao lar sem problemas de maior ao fim de 6 dias/5 noites; umas mini-férias.

Não vai ser esse registo que vão aqui encontrar. Estes dias que passámos são património de cada um. Até porque seria exaustivo e aborrecido resumir por palavras tudo o que passámos e nos divertimos. 

Mas quanto à prova vou deixar-vos um pequeno resumo do que é regressar ao UTAT 105Km.

Há 2 tipos de pessoas que gostam de correr em montanha. Os que ainda têm de ir ao UTAT e os que já foram ao UTAT. Dento deste ultimo tipo temos ainda os marados que regressam novamente para um 2º round (diria casmurros). Engraçado como só me comecei a aperceber da loucura que é regressar ali, quando nos abastecimentos me diziam o que vinha a seguir e eu respondia que já sabia pois já tinha feito a prova. Invariavelmente perguntavam-me se não tinha sofrido o suficiente da primeira vez. E de facto ia-lhes dando cada vez mais razão à medida que progredia na prova.

Depois de um começo calmo quanto baste em que tentei chegar com o Paulo Martins o mais fresco possível aos 30km, que é  onde efectivamente começa a prova, enfrentámos a 1ª subida a sério. Dia muito agradável depois de ter conseguido passar aos 3100 metros ainda sem o sol nascer e só de t-shirt. Foi uma excelente estratégia. Nem sei como suportei a ventania horrível e gelada naquele primeiro pico, mas o certo é que a coisa acalmou e ali estávamos nós a subir forte e feio após cerca de 4h. 

O Paulo começa a quebrar e a ir-se abaixo, tonturas, vómitos e eu começo a ver o caso mal parado. Falta muito para acabar a subida pergunta ele aos 2000m. Fingi que nem ouvi a pergunta pois aguardáva-nos subida por mais 2h30, Cada vez mais difícil progredir e depois de pararmos algumas vezes não tive outro remédio senão deixá-lo ali a recuperar. Com uma bela vista e uma boa sombra a pretegê-lo do forte sol que se fazia sentir no vale. Contrariado e triste segui sozinho, Era o primeiro revés da nossa aventura.

Sentia-me forte, os pés a acusarem algum desgaste mas fisicamente estava muito bem. Apenas uma queda em que me recordei que não se deve correr com aneis pois podem prender-se em qualquer sítio e arrancar ou cortar facilmente um dedo. Chego ao Km 68 em pouco mais que 30º lugar e com menos 2h do que em 2012. De facto estou bem melhor. Peço ao podólogo para me dar uma vista de olhos nos pés. Seca-me uma bolha com um produto que não fixei o nome, liga as zonas mais massacradas com tape e fiquei fino. Arranco para a subida dos 3660m como novo, Mantive as 2 horas de diferença e ia fazendo contas. O percurso começa a parecer-me diferente de 2012. A princípio atribuí ao facto de em 2012 ser já de noite quando comecei a subir e este ano ainda dar para ir ver o pôr do sol lá em cima, coisa que nunca imaginei possível. Estava deveras surpreendido e embora soubesse que faltavam apenas 37Km de prova, teriam de ser calmamente feitos em 12h ou perto disso. Mas ainda o dia era uma criança...

Ataco a subida determinado a ver o por do sol lá em cima. Decididamente não reconhecia aquele vale. As paisagens eram de cortar a respiração. Sigo já na minha posição quase definitiva, afasto-me lentamente de companheiros mais lentos a subir mas não vejo ninguém mais acima. Não via, porque de repente alguém a descansar pergunta, Pires?
Era o Trindade que estava a descansar. Depois da felicidade de encontrar alguém para falar ao fim de 7 horas, fiquei preocupado. A pouco e pouco fui-me apercebendo que o Trindade não estava bem e como estava fora de questão, nesta altura, abandonar um companheiro em dificuldades lá seguimos juntos.
Esperava-nos uma das partes mais duras da prova. A duríssima ascenção aos 3660m seguida da irracional descida de pedra e cascalho solto com uma inclinação pouco razoável e que se prolongaria durante 2000m D-

O estado do Trindade agravava-se e não estava a ser fácil progredir. A ideia seria ir até Imlil, o 3º abastecimento da prova, aos 88Km. Também da minha parte, não sei se apenas pela descida ou pelo ritmo lento e paragens contínuas, os meus pés começaram a sofrer mais do que o desejável tendo torcido várias vezes o tornozelo que já vinha frágil da subida Loriga Estrela-

Nisto, do nada surge o Paulo Martins. Vinha cheio de pica, já tinha levado pontos na canela no PC aos 3500m e tinha renascido para a vida. Lá lhe expliquei que seguia com o Trindade e acabou por seguir mais rápido.

As 6 horas estimadas para chegar a Imlil transformaram-se em 8h. Em Imlil e depois de ter de tratar novamente dos pés aparece o Sérgio Cacheirinha. Traz más notícias. Deixou a Paula Penedo no Km50 totalmente infeliz. Ia abandonar e viu-se forçado a seguir sozinho. O Trindade opta por ficar a descansar mais um pouco e seguir depois com o Sérgio e eu que só queria ver o fim à coisa meto-me ao caminho. Estes 17Km seriam feitos em 4h30 muito por culpa dos 1400 D+ mas também dado que já ia muito massacrado dos pés. Já não estava a desfrutar da prova há muito tempo.

Ainda assim foi possível fazer a prova em 25h18m tirando 1h30 ao meu tempo de 2012. Teria sido possível fazê-la em menos de 23h mantendo-me nos 30 primeiros, se tivesse sido possível manter o ritmo? Quem sabe...

De qualquer forma, depois de tanta preparação e planeamento, para mim todos os objectivos foram largamente superados, o ultimo dos quais aconteceu já ao final da tarde quando a Paula Penedo entra no quarto e surpreende toda a gente quando anuncia que tinha acabado de cortar a meta. Estávamos convencidos que tinha ficado no Km50 mas qual quê. Quando recuperou a calma decidiu acabar o que tinha ali vindo fazer. E mais nada! Meteu-se ao caminho e ainda bem. Todos tínham superado os 105Km, todos tinham conhecido e vencido o Atlas.

O meu objectivo tinha sido atingido. Sei que não terá corrido da melhor forma a todos, eu incluído, mas globalmente a viagem de descoberta do Atlas foi um enorme sucesso. Acredito que todos adoraram ir fazer o UTAT e que nunca esquecerão estes dias fantásticos que passámos, a generosidade e simpatia dos marroquinos e dos berberes, a excelente organização, a boa comida, as parvoíces e as galhofas, os boches, os douradinhos e outras palermices semelhantes, as quinquelharias marroquinas, o chupa chupa Maria, o mestre Massoud especialista em telemóveis, e tudo o resto.

Agora sei que mais alguns compreendem porque esta prova me marcou tão profundamente. Voltaremos?

Para além de algumas das fotos da viagem que podem ver neste link aqui ficam algumas fabulosas imagens. E vocês? Atrevem-se a desafiar o Atlas?




quinta-feira, 24 de julho de 2014

Hey fenix! Sync my fitness!


Há algo de mágico no sincronismo automático de dados entre aplicações ou sites. Então se houver aparelhos que se sincronizam entre si para manter todos os vossos dados interligados é irresistível. Há poucos dias reparei qua a Garmin tinha feito uma parceria com a myFitnessPall, uma app de contar calorias, para que o Garmin Connect e o myFitnessPall partilhassem informação entre eles. O Connect diz ao myFitnessPal o exercício que fizeram e o o myFitnessPal diz ao Connect o que comeram. Depois cada site integra esses dados e tem em conta as calorias que comeram e que gastaram.

Com o ultimo update para o Fenix2 a ligação bluetooth estabilizou. O sincronismo automático está a funcionar na perfeição entre o meu Galaxy S4 e a App do Garmin Connect. Fiquei curioso em ligar mais esta camada adicional: calorias! Até porque quero perder 5Kg. 
Ok toca a experimentar a App do myFitnessPal.  Usar um contador de calorias foi algo que nunca me entusiasmou, é um facto, mas com a sincronização com o Connect... hummmm... bora lá experimentar. 

Resultado: tou fan do processo. É simples inserir os alimentos. A app lê códigos de barras e conhece imensos produtos de forma instantânea. Se não houver código de barras a pesquisa resolve o problema. Fazer o log de tudo o que comemos não é assim tão difícil. A app traça um plano de ingestão diária de calorias em função do que pretendem, perder ou ganhar peso. Em função da quantidade sugere valores semanais e traça uma meta diária de calorias. A parte interessante é que depois recebe as calorias que gastaram nos vossos treinos, directamente do Connect e entra em conta com elas nos valores diários e estima o peso que irão ter dentro de x semanas.


Mais do que uma fobia de contar calorias, o processo é interessante porque contar calorias vos dá imensa informação sobre os alimentos. Cada alimento está totalmente detalhado em termos de nutrientes. Aprende-se muito. Ao somarmos os ingredientes por vezes ficamos de boca aberta. Por exemplo, uma sandocha mista com um suculento pãozinho integral cheio de apetitosas sementes pode chegar quase às 500 Kcal....

Por outro lado quando tentamos alterar o nosso peso, seja para cima ou para baixo, é importante seguir um plano. E de facto todo este sincronismo ajuda-nos a manter a motivação. Vemos algo a acontecer, sabemos se estamos no bom ou no mau caminho, dia a dia.


Tecnologicamente o fitness sync é a ultima tendência dos gadgets. GPS, saber onde estamos, quanto corremos, boring, demasiado 2010 já :)

Agora há todo o tipo de pulseiras que calculam as calorias consumidas, as horas de sono, os passos que deram e enviam para todo o tipo de Apps de nutrição.

Veja-se o novo Suunto Ambit 3 que de novo praticamente só traz o bluetooth sync para permitir todas estas interligações. Ainda antes de chegarem em massa os smart watches, lá mais para a frente quando a Apple lançar finalmente o dela (que obviamente será altamente inovador e o melhor smart watch do mundo com honras de abertura dos telejornais) irão dar por eles. Entretanto com o fenix 2 podem já ter um cheirinho do futuro com as notificações do Android ou iPhone a serem apresentadas no relógio. 

Para já estou a gostar da experiência integrada de todo o processo. Chego do treino e assim que o fenix 2 está ao alcance do telefone, envia automaticamente o treino para o site do Connect, que por sua vez envia automaticamente os detalhes para o myFitnessPal. Quando vou inserir qualquer refeição ou alimento no myFitnessPal já o moço tem lá o meu treino e com isso o respectivo bónus de calorias. Depois passa-me a mão pelo pêlo. "Se todos os dias fossem como este teria 75 kilos no dia 25 de Agosto" Ah amigo! Obrigado :)
Obviamente o Connect também recebe a informação do myFitnessPal relativamente ao que comeram e faz uns bonitos gráficos.

Agora percebo o fitness sync que aí vem, mais cedo ou mais tarde estará por todo o lado. Bem vindos ao futuro.

Importa referir que todo este automatismo requer as ultimas gerações de relógios da Garmin: fenix, fenix 2, 620 ou 220, bluetooth 4.0 bem como o Android 4.4 ou iPhone 4S. Divirtam-se!