Já há uns tempos que não escrevia sobre provas. Sem nenhuma razão especial. Uma das coisas boas de não se ser profissional é que não há compromissos. Não se ganha nada com isso portanto ide chatear o Camões, que a mim não me pagam para escrever. Mas tal como por vezes não apetece, por vezes apetece. E desta vez apetece-me escrever sobre a prova do Ico e sobre o facto de ter conseguido levar à sua terra umas valentes centenas de amigos.
Não é fácil ir a Barrancos. Não foi à toa que eles mataram lá os touros décadas a fio sem ninguém passar grande bilhete ao assunto. Não há nenhum motivo adicional para ir a Barrancos para além de ir a Barrancos. Alguns sítios ficam a caminho de outros sítios. Outros ainda ficam no já agora. Barrancos não. Só dá Barrancos em Barrancos. Pode-se passar para Espanha mas do lado de lá a coisa não é muito diferente. É uma zona onde a terra e tudo o que a ela está ligado ainda está no centro da vida das pessoas. Talvez por esse motivo a natureza permaneça também ainda tão genuína, assim como as tradições e o apego das suas gentes.
Em Barrancos encontrei tudo aquilo que prezo cada vez mais na corrida e sobretudo nos trilhos, trail ou como lhe quiserem chamar: os amigos, a hospitalidade, a boa comida e bebida, a natureza genuinamente preservada, e correr pelos montes e vales. E é de correr que esta prova é feita. Não tem nenhuma dificuldade adicional para além de terem de correr praticamente todo o percurso. Se conseguirem claro.
Depois de uma noite no pavilhão gimnodesportivo da vila, em que estranhamente dormi bem, graças à roupa quentinha e aos tampões da 3M é certo, lá seguimos para a partida. Um compasso de espera pela partida às 10h, um pouco tarde mas compreende-se a intenção de dar tempo a quem optou por vir de mais longe logo no dia da prova. Afinal Barrancos fica longe de tudo, lembram-se?
No final um troféu bem original que deve ter deixado as crianças bem orgulhosas do seu trabalho e de saberem que os malucos que andaram por ali a correr levaram para casa as suas obras como troféu.
E o que fica quando cai o pano nesta 1ª edição? Fica um belo fim de semana cheio de amigos. Muitos do lado de lá, a trabalharem para a gente se divertir, é verdade, mas ainda assim lá estavam. E acredito que também devem estar contentes por tudo ter corrido tão bem.
Quanto a nós, e creio que falo por toda a nossa comitiva, eu o Luis e o Zé, enchemos o papinho com esta viagem ao Alentejo profundo, primeiro de carro e depois a correr. No regresso juntámo-nos com a equipa vencedora da prova e seguimos a grande sugestão do Álvaro, ir comer à Adega Velha em Mourão. E que bela ideia para encerrar esta viagem. Um cozido de grão tão saboroso e genuíno como toda aquele local que parece preservado no tempo há décadas e décadas. Sem dúvida mais um dos pontos altos desta bela viagem. O Alentejo é um espectáculo!
Obrigado amigo Ico! Até à próxima. Obrigado amigos por um belo fim de semana!
Nesta ligação podem ver todas as fotos de Barrancos e nesta ligação as fotos do jantar na Adega Velha.
Nesta ligação podem ver todas as fotos de Barrancos e nesta ligação as fotos do jantar na Adega Velha.