terça-feira, 23 de outubro de 2007

o início

Fumei durante 20 anos. Estupidez. Nos ultimos anos de fumanço a vontade de acabar com a estúpida dependência já superava aqueles raros momentos de verdadeiro prazer; quando o corpo já exige a sua dose há imenso tempo e nos podemos finalmente encostar, saboreando cada baforada a carcomer cá dentro o pulmanito sequioso de fumo quentinho.

A decisão estava tomada. Restava aguardar pela altura certa de apanhar o bicho desprevenido para lhe dar com o cacete. Deixar de fumar, garanto-vos, é simples e fácil. No meu caso ainda tive de provar o sabor da derrota uma vez. Traído pela auto-confiança de ao fim de uns dias "isto até é fácil deixar, deixa-me cá fumar agora um que está mesmo a apetecer, mas é mesmo só este e talvez um ou outro de vez em quando...".
Perder uma batalha até é profilático se soubermos transformar essa derrota numa revolta ainda maior e na certeza que com aquela tática o raio das folhas secas não vão vencer a próxima. Passado um ano, já nem sei bem como nem porquê, nem sei o dia exacto, a guerra começou de novo e logo ao fim de um dia ou dois já sabia que ia ganhar. E pronto. Vitória!!!!

Não foi preciso emplastros, pastilhas, comprimidos, tisanas, xaropes ou agulhas. Se queremos mesmo uma coisa porque é que havemos de nos iludir com porcarias de substituição? Quem manda? Tu ou umas folhas secas esquartejadas embrulhadas em papel? Han? É só querermos mesmo e está feito.

Embora estes vícios com dependência física sejam para o resto da vida (nunca se esqueçam disto!!! o corpinho não se esquece, têm sempre de ser os vossos neurónios a comandar as operações) posso-vos garantir que ao fim de 3 anos e depois de tudo o que descobri, conheci e relembrei, fumo para mim é só nas chaminés.

Depois foi preciso lutar contra o excesso de peso, crónico, e principalmente não usar o fim do vício para engordar ainda mais e justificar o engordanço com o fim do vício. Tipo pescadinha de rabo na boca.

A pouco e pouco lá fui introduzindo o desporto em substituição da comezaina e da fumarada mas tudo sem grande convicção. Pouco tempo livre, muita inércia, etc.

Em 26 de Março de 2007 tudo mudou. Finalmente fui à mini-maratona de Lisboa (Corrida da Ponte sobre o Tejo), algo que já andava para fazer há vários anos, mas só dava por ela quando as inscrições estavam fechadas. Consegui correr os 8Km sem parar e fiquei com vontade de repetir a graça. Descobri o prazer de correr, o prazer das batalhas pessoais, do ultrapassar dos limites, da vitória do espírito sobre o corpo, do bem estar final após o esforço e muito mais.

10 comentários:

  1. Paulo,

    Descobri este endereço por acaso, e estou a achar bastante interessante.
    Está de parabéns por este trabalho.
    Até já encomendei o livro do Haruki Murakami.

    Um abraço,
    MV

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  2. O livro do Haruki é de facto muito interessante. É incrível ver como a corrida pode ter um papel tão importante na vida e na carreira de uma pessoa. E ele consegue pôr em palavras o que muitos de nós não conseguimos explicar.

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  3. Eu sou um gajo que passou pela mesma situação, mas PIOR...já fui alcoolico, fumador agora treino Atletismo de Fundo e não quero outra coisa,já pesei mais de 75kg, hoje peso 63.5kg e tenho a barriga aos quadrados...como elas gostam...tento levar uma alimentação equilibrada(muitos vegetais e frutas) mas orientado por uma nuticionista, a minha corrida mais longa foi a Meia Maratona do Porto Santo que completei em 1h36mins ficando em 31º geral de mais 100. podem comprovar aqui... espero tambem com o meu depoimento dar forças a outras pessoas para que levem uma vida saudável os filhos agradecem e as Esposas tambem.aurelio.davide@hotmail.com http://www.portosantomarathon.com/Resultados/Resultados_2010.pdf

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  4. Muito bom. Trocar um vício potencialmente mortal e no mínimo extremamente degradante para a saúde (e não só) por um vício saudável e que prolonga a vida e o bem estar. Agora é só continuar a usufruir da corrida durante muitas décadas. Abraço e boas provas.

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  5. Muitos Parabéns Paulo,
    Na verdade também sou um apaixonado pela corrida, desafiarmo-nos a nós mesmos e aprendermos com os nossos erros a corrigir e a conseguir atingir as metas a que nos propomos é um dos objectivos da corrida e também um bellíssimo exercicio para a vida.
    O Escritor/Corredor Haruki é um dos meus preferidos, na verdade a corrida transforma mesmo os mais resistentes.

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  7. Pois comigo, tambem acabei com o vicio do fumar.... Mas o correr.....engordei, e ando a tentar "mexer-me" ha perto de 8 meses, e há fases que até me surpreendo com o tempo de desporto que faço, mas sinceramente estou a desanimar, o rendimento e os kg não se alteram nada........!!!!

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  8. Mas se alguem me quiser tentar ajudar.... sou todo ouvidos....

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  9. Bom uma coisa lhe digo e a equação é simples e universal. O ar não engorda, as hormonas também não. Nem o coitadinho tem uma doença. Nada disso engorda. A engorda é feita à base da boca. Quando comemos mais do que gastamos = engorda. Quando gastamos mais do que comemos = emagrecemos.
    Isto é simples, básico e universal. Portanto no seu caso terá de analisar os seus hábitos alimentares e perceber o que está errado. Algo está errado. Ou há pouco exercício ou há muita comida. É simples.
    Remédio santo. Substituir uma das refeições por 1h-1h30 de exercício e uma sopa. De preferência o jantar. Isto de lutarmos contra a nossa genética e (maus) hábitos alimentares não é fácil. É uma luta para o resto da vida. E os resultados só aparecem com a mudança DEFINITIVA de hábitos. Não há volta a dar.
    Eu só agora me começo a aproximar de um peso mais razoável e mesmo assim... quanto mais perto mais dificil é de lá chegar e a luta e a atenção tem de aumentar. Sempre! Não é fácil mesmo!
    Mas é só respeitar a regra numero 1 (input < output) e ao fim de uns anos e de muita luta os resultados aparecem.

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  10. Espero ter ajudado mas não sou médico nem dou consultas. Por vezes precisamos da ajuda de um profissional. Daqueles que nos diz as mesmas coisas de maneira que a gente acredita (normalmente alivia-nos a carteira também). Por essas razões somos levados a fazer o que nos mandam. Já que largámos o €€€€€ então o melhor é não ter sido em vão e portarmo-nos bem. A troika recomenda fazer o que é preciso sem ser precio largar o caroço. Mas depende muito da nossa força de vontade, claro.

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