sábado, 11 de maio de 2013

Os 5 na Serra da Estrela

Cliquem na imagem para visitar a página do fotógrafo José Branco
Esta é a história de um passeio. Não se sabe se vão ser 5 mas "Os Cinco" foi uma colecção que me fez sonhar quando era miúdo e gosto da ideia de esta ser mais uma aventura dos 5. É um facto que a 1 mês do evento não faço ideia se seremos 5, 10 ou mais. Para já somos 3 e quando começarmos a correr no dia 8 de Junho logo se contam as cabeças, ou as pernas e divide-se por 2. 

Esta foto mostra a génese desta nova incursão à serra. Ao centro, de onde a estrada vem, fica o Covão d' Ametade: o local onde deixámos o carro o ano passado quando fomos em modo caminhada. Acabaríamos por regressar ao final da tarde, descendo o trilho e entrando no Covão pelas traseiras, depois de um dia inteiro de trilhos, em que passámos pela torre. Não ficámos no Covão dado que as condições de higiene eram nulas e nem para tomar um duche havia condições. A Câmara gere o local que disponibiliza de forma gratuita. Mas infelizmente o estado das instalações era vergonhoso e descemos para o Skiparque  onde por um preço muito acessível descobrimos um parque fantástico com  uma praia fluvial e excelentes condições a todos os níveis. Do parque partem imensos trilhos que nos levam por caminhadas sem fim.

Para completar o início da história faltam os trilhos. E trilhos é coisa que não falta por ali. A Câmara de Manteigas com uma fantástica iniciativa fez a sua parte. No site Manteigas Trilhos Verdes podem apreciar todo o trabalho desenvolvido. Não foi só marcar e disponibilizar os trilhos. É também todo o trabalho de ter online e de forma sistematizada toda a informação que precisamos para conhecer e planear belos passeios à distância. 

A partir da página dos trilhos (recomendo que tenham o Google Earth instalado para poderem ver os trilhos na página) podem clicar em cada um dos trilhos para verem toda a informação relativa a cada um. Têm também um pdf com todos os trilhos que permite ver o conjunto. 

Estes são os condimentos necessários. Daqui para a frente basta a vontade para a coisa nascer. 
Foi criado um grupo no Facebook para facilitar a comunicação entre quem quiser ir. Basta pedir para aderir. 

A ideia é irmos fazer 100Km no fim de semana do 10 de Junho.

O plano é o seguinte:

Sábado 8 de Junho
- Saída de Lisboa (ou de outro local) de modo a chegar por volta das 7-8h ao Skiparque no Sameiro, Manteigas
- Check-in no Skiparque, montar a tenda e seguir para os trilhos
- Correr o dia inteiro em autonomia (50-60K)
- O trilho termina no Skiparque onde podemos refrescar na água fresca do Zêzere
- Churrasco e descanso para repor energia pela noite dentro
Domingo 9 de Junho
- Acordar, pequeno almoço e seguir para os trilhos 
- Correr o dia inteiro em autonomia (40-50K)
- O trilho termina no Skiparque onde podemos refrescar na água fresca do Zêzere
- Desmontar a tenda e jantar num restaurante da zona antes de regressar a casa

Para maximizar o tempo que passamos a correr e não nos perdermos mais que o necessário, vou criar um track que podem descarregar para os vossos GPS's. As marcações dos trilhos são razoáveis. O ano passado tivemos algumas duvidas nalguns locais e andámos um pouco às aranhas. Assim não há duvidas. O track é feito com base dos trilhos do site pelo que há a garantia que são tudo trilhos corríveis sem obstáculos naturais ou artificiais, terrenos privados ou o que fôr. 

Resumidamente no primeiro dia iremos fazer o maçico central subindo à torre. Skiparque->Sameiro->Manteigas->Torre->Manteigas-Sameiro->Skiparque.

Rota da Azinha
Saímos do Skiparque pelo final da Rota da Azinha que nos vai levar até ao Sameiro. Este pequeno troço passa mesmo ao lado do parque e segue junto à estrada nacional até ao Sameiro, sempre ao lado do Zêzere. No Sameiro vamos despedir-nos do Zêzere até ao final da tarde quando regressarmos.

Rota do Sameiro
Podem ver todos os detalhes da Rota da Azinha neste link

Depois de passarmos a estrada e entrarmos no Sameiro não vamos fazer a volta pequena mas sim começarmos a trepar até ao cimo da serra que separa o Sameiro de Manteigas. Aí iremos saltar para outra rota.

Para verem todos os detalhes da Roda do Sameiro sigam este link

No cimo da serra vamos trocar de trilho. Vamos passar para a Rota das Faias. Aqui não resisto a plagiar o que está no site acerca da Rota das Faias.

Rota das Faias
A Rota das Faias possibilita a descoberta de algo novo e surpreendente a cada instante, desde a vegetação esplendorosa a paisagens fulgurantes, que juntamente com a agricultura e a pastorícia proporcionam um passeio perfeito para quem deseja conhecer a serra, as suas gentes e costumes.
Mais do que um trilho pedestre, a Rota das Faias é uma experiência sensitiva, onde os odores a rosmaninho, hortelã-brava, alfazema e tomilho se fundem com magníficos quadros que rodeiam o olhar de quem os observa.

A sua denominação advém do facto deste percurso mergulhar no interior de uma densa floresta de faias, plantada pelos Serviços Florestais de Manteigas no início do século XX.

Para além desta espécie, também há a destacar o castanheiro, a giesta, o Pinheiro-do-Oregon e os imponentes carvalhos monumentais que rodeiam a Capela de S. Lourenço, lugar de culto de reminiscências pagãs, relacionadas com a adoração das árvores e do Sol – no solstício de Verão, quem está em Manteigas vê o sol nascer sobre S. Lourenço.

Na paisagem natural sobressai o Vale Glaciar do Zêzere, em forma de “U”, a Torre, o Cântaro Magro, o Cântaro Gordo e as Penhas Douradas. Podem ver este texto e muito mais informação sobre este troço neste link. Aqui vai ser sempre a descer até Manteigas. Maravilha.

Rota do Sol
Vencida que está a primeira montanha do dia vamos entroncar na Rota do Sol. Um pequeno troço de ligação que nos vai levar até Manteigas. É um percurso circular do qual faremos a parte superior à ida e a parte inferior à vinda. Serve apenas de ligação com a Rota do Carvão, o principal obstáculo do dia. Destaco o seguinte da descrição da Rota do Sol: O caminheiro pode contemplar uma paisagem marcada pela influência de uma agricultura tradicional, com vinhas, socalcos, hortas, lameiros e levadas, deslumbrar-se com as casas típicas da serra (em xisto ou em granito), caminhos e muros ornamentados e aromatizados pelo rosmaninho que embelezam e particularizam a paisagem.

A paisagem natural é marcada pela floresta mista, de folhosas e resinosas, que pode ser observada ao longo de grande parte da rota. Na derivação que liga Sameiro a Manteigas, destaca-se o Cabeço de Satanás de onde é possível desfrutar de uma paisagem abrangente e fascinante sobre os bosques que envolvem o vale do Zêzere.

Rota do Carvão
Chegados a Manteigas espera-nos o verdadeiro desafio do dia. A Rota do Carvão. Não vamos mais parar de subir até alcançarmos a Torre. Mas vai ser uma subida cheia de beleza natural: A beleza da paisagem natural que o percurso proporciona é comprovada pela presença de Matos e Matagais e por Florestas de Folhosas, em contraposição com as esculturas naturais concebidas nas escarpas rochosas, como a Fraga da Cruz - majestoso cabeço granítico, o Fragão do Corvo e a Pedra Sobreposta. Este percurso, além de atravessar as Penhas Douradas – pequena aldeia de montanha que teve a sua origem no tratamento em altitude de doenças do foro respiratório, dá a conhecer a Nave da Mestra – depressão topográfica que apresenta um largo plano rodeado por um maciço granítico muito fracturado. O privilégio de se conhecerem estes locais é completado pelo Vale das Éguas, pelo espelho de água do Vale Rossim, pela Charca do Perdigueiro, pela panorâmica incrível para o Vale Glaciar e para o acumular de serras que se estendem até Espanha.

Rota do Maciço Central
Não iremos fazer a Rota do Carvão de uma só vez. Nenhuma subida à serra fica completa sem visitarmos a Torre, o ponto mais alto da Serra e a Rota do Carvão não chega à Torre. Por isso sensivelmente a meio e perto do ponto mais alto desta rota aproveitamos o cruzamento com a Rota do Maciço Central para darmos um salto à Torre e beber uma fresquinha. Faremos apenas o troço que liga à Torre e regressamos depois por esse mesmo troço até à Rota do Carvão. Retornados a essa Rota resta-nos descer até Manteigas desfrutando das belas paisagens que proporciona a mais fantástica das Rotas do site.

O caminho de regresso será muito mais calmo e pacífico, maioritariamente descendente. Em Manteigas passamos para a parte de regresso da Rota do Sol que, sem grandes desníveis, nos vai levar a meia altitude ao longo do vale do Zêzere até ao Sameiro. No Sameiro apanhamos o pequeno troço que nos leva até ao nosso destino final, o Skiparque.

No parque será o descanso dos guerreiros. Temos o rio Zêzere numa fantástica represa que com a sua água fresca vai auxiliar a recuperação muscular. É também altura de tomar um retemperador banho quente e preparar o espírito para um belo churrasco que vai saber pela vida. Depois descansar o máximo que no dia a seguir os trilhos aguardam por nós.

Após cozinhar todos estes troços dos vários trilhos o track do dia 1 está pronto e disponível no gpsies.com para todos. Não me responsabilizo pela precisão do track. Apenas que foi feito com troços das Rotas referidas pelo que será de total confiança e no terreno não haverá qualquer tipo de obstáculo.

Aqui fica a altimetria do percurso:

Subida acumulada 2.347 metros
Descida acumulada 2.348 metros
Acumulado Total 4.700 metros 


Podem aceder ao track no site do Gpsies usando este link. Podem fazer o track de helicóptero usando este link. Vejam se a volta agrada. O tempo estimado para efectuar o percurso vai depender muito do ritmo imposto. Idealmente num ritmo calmo deveremos demorar entre 8 e 9 horas.


2º Dia

No segundo dia os planos são,  acordar cedo e zarpar novamente para os trilhos. Desta vez não vamos ao Sameiro, nem vamos sequer passar para o lado Oeste do vale do Zêzere. Vamos manter-nos sempre no lado Este. Saímos do Skiparque subindo ao lado da pista de ski até ao cume da serra. Vai ser uma magnífica subida logo para aquecer os motores. É a Rota da Reboleira que tem vários trilhos que rasgam a encosta a várias cotas. Vamos usar esta rota como ligação para a rota seguinte, antes disso ainda vamos descer de novo até ao Zêzere para voltarmos a subir. 
Aí passaremos para o Rota do Poço do Inferno. Devido aos cumes xistosos mais altos, formados pelas rochas corneanas (fenómeno que ocorre quando o magma quente e plástico ascende atravessando as rochas pré-existentes), predominam paisagens íngremes, onde nascem linhas de água como a cascata do Poço do Inferno. Esta cascata natural tem cerca de 10 metros e chega a transformar-se em gelo nos Invernos mais rigorosos. É um monumento geológico de extrema beleza e um dos pontos de maior interesse desta rota, sendo um dos ex-líbris do Concelho de Manteigas e da Serra da Estrela. Quem sabe o dia vai permitir que nos refresquemos na bela cascata...

Depois de nos refrescarmos seguimos viagem para a Rota do Javali. Nesta Rota surgem estruturas de relevante interesse, como a Casa do Guarda-florestal dos Carvalhais ou o Viveiro Florestal das Moitas. No que reporta a linhas de água, destaca-se a Ribeira de Leandres, que corre rápida por entre escarpas e vales encaixados e o Poço do Inferno. Estes espaços naturais contribuem para o desenvolvimento da vegetação local e permitem contemplar uma bela mancha florestal que enche os horizontes de cor - tons suaves de castanho no Inverno/Primavera, verde com flores brancas no Verão, amarelo e laranja que se fundem na folhagem de Outono. Na viagem para lá faremos apenas o topo superior de ligação à Rota dos Póios Brancos.


A Rota dos Poios Brancos deve a sua designação ao facto de atravessar, no seu ponto mais elevado, o aglomerado granítico dos Poios Brancos, que nas primeiras neves do ano se veste de branco, dando um sinal claro à povoação de Manteigas que o inverno chegou. 
Os Poios Brancos correspondem a um Tor – forma granítica típica em que os blocos se acumulam in situ, respeitando o sistema de diaclases do granito. Neste local encontra-se a cadeira do Viriato, como um autêntico trono feito pelas mãos da natureza.
Esta Rota servirá para ligar à Rota Glaciar.


Vamos descer até Manteigas com paisagens que vão ficar na nossa memória. Finalista das 7 maravilhas naturais de Portugal, o Vale Glaciar do Zêzere faz-se percorrer pelo seu interior ao longo da Rota do Glaciar, desbravando um caminho de singular beleza. O percurso acompanha o refrescante Rio Zêzere, entre quadros que emolduram o azul do céu e o verde do Vale. 
Ao longo da Rota do Glaciar é possível contemplar o Vale Glaciar do Zêzere, um dos melhores exemplos da modelação da paisagem pelos glaciares, em forma de “U”. Apesar de se tratar de um vale glaciar e por isso muito aberto, as encostas são muito íngremes, cobertas de bolas graníticas e caos de blocos, principalmente na base das linhas de água.

A partir daqui vamos ligar à Rota do Javali, Poço do Inferno e por fim a Rota da Reboleira que nos vai levar  de volta ao parque onde o Zêzere nos aguarda para mais uma sessão de crioterapia. Ao final da tarde desmontamos as tendas e vamos celebrar um fim de semana de trilhos tirando a barriga de misérias para uma tasca com boa comida e bebida porque de certeza que merecemos. Só resta regressar a casa para descansar e desfrutar do dia 10 de Junho em paz. Enfm!

Este é o resumo do 2º dia:


Subida acumulada 1.932 metros
Descida acumulada 1.962 metros 
Acumulado Total 3.894 metros


Podem aceder ao track no site do Gpsies usando este link. Podem fazer o track de helicóptero usando este link. Vejam se a volta agrada. O tempo estimado para efectuar o percurso vai depender muito do ritmo imposto. Idealmente num ritmo calmo deveremos demorar entre 6 e 7 horas.

5 comentários:

  1. Paulo...bem...esta (e outras) tuas iniciativas são um espectáculo! Pena eu não ter arcaboiço para isto...

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    1. Toda a gente consegue vir. Há 2 hipóteses: Ou segue no seu ritmo e espera que a gente regresse e quando nos cruzarmos tenta vir connosco e acompanhar o nosso ritmo na fase final. Já vamos a descer. Ou então quando chegarmos à Torre ou um pouco antes, contactamos com o grupo mais lento e iniciam a marcha descendente. Isto permitirá chegarmos ao parque de campismo mais ou menos à mesma hora. À la Treinos Lunares. Como vês tudo é possível, basta querer. Convem apenas levar o trilho carregado num GPS para evitar perder-se. Arranja alguém com o teu ritmo e vamos a ela.

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  2. Bela descrição e fantástico planeamento.. Gostava muito de ir

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  3. Bela descrição e fantástico planeamento.. Gostava muito de ir

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