Como em tudo na vida, esta maratona surgiu no calendário devido a uma série de acontecimentos e factos aleatórios.
No fundo o que sobrou foi uma oportunidade de irmos à Grécia perceber a origem desta coisa chamada maratona, que corremos para nos desafiarmos, por vezes sem sabemos bem porquê.
Maratona é uma pequena cidade, que dista 42 Km do centro de Atenas. Reza a história que os Atenienses, ali pelo séc V A.C. tiveram de ir a Maratona combater os Persas que estavam a desembarcar para tomar Atenas. Como eram uns tipos convencidos e os Persas tinham dito que iam tomar Atenas e violar e matar tudo o que sobrasse, os Atenienses deixaram instruções às mulheres para, se eles não estivessem de volta ao fim de 2 dias era sinal que tinham perdido a batalha e o melhor seria suicidarem-se colectivamente, pois às mãos dos persas o destino seria bem pior.
Os gregos até conseguiram vencer os persas nessa batalha, mas como a coisa acabou por demorar mais do que o previsto, o comandante mandou o seu melhor atleta de volta a Atenas, o mais rápido que conseguisse, para avisar que não executassem o combinado, pois eles tinham vencido a batalha. Fidípedes correu tão depressa que, segundo reza a lenda morreu de exaustão, após dar a notícia aos atenienses. Seja por que tenha sido, o seu feito ficou para sempre preservado e hoje corremos 42,195m em coisas que chamamos maratonas, graças a ele. A maratona tornou-se mesmo a modalidade rainha do atletismo.
Por isso, ir ali, reviver um momento de há 2500 anos, que hoje em dia celebramos por esse mundo fora, tem um significado único e inquestionável. Somos todos Fídipedes. E foi em busca de Fidípedes que fomos.
Num pequeno resumo do que foi um fim se semana fantástico deixo-vos umas dicas do que é esta maratona única. Não esperava uma coisa tão bem organizada, mas de facto a organização da prova é das melhores em que já participei. Tudo funcionou como um relógio suíço, numa estrutura que não é nada simples de colocar em prática. Esta é uma prova inclusiva, em que a competição não é o principal objectivo. Daí haver uma categoria Power Walking que parte 40 minutos depois da primeira vaga. A maratona tem um tempo limite de 8h40m e um tempo abaixo das 3h garante-vos um lugar nos 150 primeiros. É absolutamente normal. Quem quer fazer tempos não vai à maratona de Atenas. É o reviver de um momento histórico e não uma competição.
O percurso é uma espécie de IC19 de menor envergadura que atravessa várias localidades. Não há nada para ver, mas alguém vai ali para ver as vistas? O apoio é constante ao longo do percurso; a população de todas as localidades ao longo do percurso concentra-se junto à estrada e não poupa apoio aos atletas. Imensas crianças a pedirem a habitual palmada, filas de crianças, uma autentica festa.
A organização tem de transportar os quase 20.000 atletas em autocarros que partem de vários pontos de atenas e os 42 Km não permitem mais do que 1 viagem por autocarro. Assim estimo que são necessários cerca de 350 autocarros, que partem entre as 5h30 e as 6h45m, para colocar aquela gente toda na partida. Tudo fluiu tranquilamente com milhares de pessoas na zona de Omonia, onde apanhámos o nosso, por volta das 6h30.
Pode-se aquecer no estádio de Maratona, e tudo está bem pensado para fluir rapidamente para a partida. Distribuem-se bufs e sacos de plástico para vestir e combater o vento fresco que o sol ainda não consegue fazer esquecer. Dezenas de carrinhas da DHL estrategicamente colocadas recebem os sacos de quem precisa de enviar coisas para a chegada. Sem qualquer stress estamos na box da partida. O percurso é o inverso ao que fizemos de autocarro. A estrada está totalmente cortada. Corremos nas faixas de um sentido, estando o outro sentido reservado para a circulação de veículos da organização. Abastecimentos de 2,5 Km em 2,5 Km, águas, e mais para a frente isotónico, géis GU, bananas, esponjas. Começo a reparar em equipas de primeiros socorros. Às tantas estavam de Km a Km ou menos, aos pares, pareciam bem artilhados, prontos para qualquer ajuda. Casas de banho portáteis em cada abastecimento. Tudo pensado e executado da melhor maneira. Facilmente esta foi uma das melhores maratonas em que já participei. O percurso é o que é. Fidípedes teve de o fazer e também nós. Escusam de tentar fazer um bom tempo. Não tem subidas muito pronunciadas mas algumas são muito prolongadas. Depois de 10 Km relativamente planos, até ao Km 32 é sempre a subir. Como consolação os últimos 10 Km são sempre a descer. Até que entram no magnífico estádio Panatenaico, branco, todo em mármore, bancadas cheias de publico, um espectáculo de chegada, uma das melhores que conheço também.



Depois da prova, ou antes, reservem 2 dias completos para visitarem os melhores locais de Atenas, a Acrópole, os museus Arqueológico e da Acrópole, as Ágoras, os bairros tradicionais com tascas para provarem as iguarias gregas ou beberem uns copos. Há um sem número de possibilidades para se divertirem, mas sobretudo é também um mergulho na história da humanidade e dos nossos antepassados.
Aqui ficam alguns bonecos do que podem esperar de Atenas
Sintam-se Fidípedes e ide lá percorrer o percurso histórico, que dá sentido a todas as outras maratonas que vamos fazendo.
Sintam-se Fidípedes e ide lá percorrer o percurso histórico, que dá sentido a todas as outras maratonas que vamos fazendo.
Ah, faltava a questão financeira. Para quem pensa que estas coisas são caras podem ficar surpreendidos.
- A maratona custa 30€ (sem t-shirt);
- O preço não altera até final, não há sorteios e outras parvoíces. Enquanto houver vagas é inscrever;
- O voo pela Aegeans custou 120€ (ida e volta já com 50€ de desconto da organização no fim de semana da maratona)
- A Aegeans é melhor que a TAP (a todos os níveis, temos pena)
Arranjem um Airbnb em conta e facilmente concluem que gastam mais em alguns fins de semana cá pelo burgo, com provas SUPER CARAS, do que irem conhecer um país fantástico às portas da Ásia.... e mais não digo.
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