Não sou fã da Maratona de “Lisboa”. Tem os 42.195 metros como todas as outras mas foram sendo incluídas alterações, umas mais radicais, outras mais subtis, que me levaram a deixar de gostar da prova. Neste artigo está um resumo do que me chateou há 2 anos e desde aí, não só por isto obviamente, nunca mais voltei. Há tanta coisa para fazer.
Tal como dizia nessa altura, a Maratona do Porto tinha bem mais motivos para ser a minha preferida. E não era só eu. A Maratona do Porto cresceu naturalmente e afirmou-se como a maior e melhor Maratona de Portugal. Em 2014 escrevi neste artigo todos os motivos que justificavam esse facto. Desde 2010, ano em que a fiz pela primeira vez, que se constituiu quase um ritual ir à Maratona do Porto.
E escrevi também que a da Maratona do Porto era um cabaz com vários ingredientes . É importante que nenhum destes ingredientes falte para que a receita funcione….E em 2015 a receita foi alterada.
Em termos gerais, até porque o percurso é 90% idêntico e as coisas funcionam bem, fruto de 12 anos de experiência, o aspeto do petisco é igual e é saboroso. Mas foram introduzidas alterações que não faziam falta a ninguém. Bom, a alguém faziam falta senão não tinham sido introduzidas.
Não me vou alongar muito sobre todas as implicações que as alterações tiveram, nem sobre os reais motivos pelos quais foram feitas, até porque não os conheço. Mas quando se piora uma coisa, do ponto de vista do atleta, começa a ficar aquela sensação estranha. Para que se faz isto? Havia real necessidade?
O que piorou?
O local é mau porque é feio, é muito amplo, não se percebe onde as coisas estão. Onde estava o chá e o café? Só vi barraquinhas a vender. Dantes a barraquinha do chá e do café estava bem visível. Não havia um croqui do local. Era apenas um enorme recinto com as barracas dos patrocinadores arrumadas onde alguém entendeu que deviam estar. Quando se chega nem se consegue perceber onde está o corredor de saída e o que se vê ao longe nem sempre é atingível facilmente porque o local tem zonas vedadas, vedações, etc. Local sem qualquer interesse. Voltaremos a ele para falar da chegada.
- A partida – Partida! 50 metros depois curva à esquerda?!!?!? e fazemos 180º para começar a descer. Saímos relativamente à frente e na curva já tivemos de abrandar. Obviamente não estranhei quando a Dora me disse que estiveram vários minutos parados para passar naquela zona. Depois da curva o corredor encolhe e a opção foi fazer aquele 1º Km apertadinho quase em 5 minutos. Havia necessidade disto? Incompreensível numa organização com 12 anos de experiência. Fruto do novo local e para manter? Francamente mau.

- Alterações no percurso – Em termos gerais tudo o que foi alterado foi para pior. Já falei da partida, depois andamos por ali numas reviangas, a zona industrial é feia, não há qualquer interesse naquele percurso que se percebe foi atamancado na zona. Sobe desde, vai e vem. Depois entramos no percurso habitual e aqui não há muito a dizer. O que já era bom continua igualmente bom e o que era menos bom também. Para o final estava guardado o contrário da cereja em cima do bolo. A 1Km da Meta subir novamente 200m da Avenida da Boavista para voltar a descer até à mesma rotunda, antes de finalmente podermos ir cortar a meta. Genial. Não havia outro local onde esticar um pouco a coisa? Era mesmo preciso meter desnível, dificuldade e piorar os tempos a 1Km da meta? Vêm-me à memória as palavras da organização. Um novo circuito mais rápido…. Isso mesmo!!!
- Chegada – A chegada é no mesmo local da partida. Aqui só vale a pena referir que se chega a um local sem qualquer interesse. Um enorme descampado alcatroado. Quando dantes a chegada era no Parque da Cidade com uma enorme zona verde à disposição e onde se podia passear um pouco descansar e desfrutar, agora estamos num terreiro de alcatrão. Com o sol forte que estava tivemos sorte em vagar um dos raros bancos à sombra de uma árvore.
- Prémio de Finisher – Um colete de plástico, sem mangas e com costas de rede. Não sendo mau, o desaparecimento da tradicional garrafa de vinho do Porto foi a estocada final. A garrafa de vinho do Porto era “O” prémio que distinguia esta prova. O ano passado já tinha passado para o final, o que se aceita. Afinal era um prémio de finisher e fazia sentido racionalizar este custo desta forma. Agora fazê-lo desaparecer? Descaracterizou ainda mais a prova. Será que havia a real consciência do significado desta simples garrafa, o impacto e a imagem, a referência a um dos produtos mais emblemáticos da cidade? Era um custo? Não há almoços grátis. Tudo ali é um custo, pago por alguém. Foi possível durante 11 anos. Agora acabou-se.
Resumindo, a Maratona do Porto agora começa e acaba em Matosinhos, a partida, chegada e percurso foram atamancados ao queimódromo, o melhor é ficar alojado em Matosinhos para se estar perto do local e evitar deslocações ou packs com transporte inimigos da carteira, e no final ganhamos um colete de plástico.
Tudo o resto continua igual, ou seja de excelente nível. Estes aspetos que refiro fazem confusão aos velhos que insistem em regressar todos os anos. Como velhos que são apegam-se a tradições, valorizam em demasia, rabujam e criticam, principalmente quando sentem que as coisas estão a mudar para pior. São pequenos pormenores dirão uns, são coisas que chateiam dirão outros. Sei que a Maratona do Porto que conheci, o tal cabaz que tinha de se manter para que a receita funcionasse, já não existe. Tudo o resto ainda lá está. Aguardemos pelas melhorias da próxima edição…
Do pouco que li a organização não precisou de ouvir qualquer opinião para formar a sua e afirmou que tudo correu lindamente e que o novo local e percurso são excelentes e para manter.
Voltarei? Não sei. Afinal há tanta coisa para fazer.