14 de Junho - Raposeira - Cabo de S. Vicente - 17,5 Km
6 da manhã. A cama não está muito confortável e não vai melhorar. As casas de banho são um grande conforto para a higiene matinal. Despedimo-nos do parque infantil da Raposeira, o nosso resort, e rumamos em direção a Vila do Bispo em busca de um café aberto.
Em Vila do Bispo há 2 opções para prosseguir rumo ao cabo de S. Vincente. Pela Via Algarviana ou pelo Rota Vicentina. Não se percebe bem porquê. Em Salir já nos tinham dito que o percurso da Via Algarviana a partir de Vila do Bispo era um flop total, ao contrário do percurso da Rota Vicentina, muito mais bonito. Pergunta-se, mas porque é que o percurso não é comum sendo que o outro é bem mais bonito e interessante? Para dar os 300 Km? Já tínhamos sentido isso aqui e ali ao longo do percurso. Mas aqui, mais do que no terreno, basta ver no mapa as reviangas que o percurso faz para se concluir que só pode ser esse o motivo. Porque não é seguramente pelo aborrecimento e total desinteresse deste percurso face ao outro, que alguém decidiu serem distintos. Mas havia un(s) purista(s) no grupo... que insistia(m) em fazer a Via Algarviana...
© João Faustino |
© João Faustino |
© Luis Matos |
Nós estávamos quase lá. Começa-se a ver o mar. Finalmente! Enormes falésias escarpadas, quase esculpidas. O final do nosso país. Um local cheio de história (ou de tretas como dizem alguns historiadores). Para nós era o fim da aventura, o concretizar de um objectivo que demorou anos a chegar. E lá estávamos nós a resgatar o prémio. Sem medalhas, sem glória, apenas o sentimento de termos cumprido aquilo a que nos tínhamos proposto e que fomos ali fazer. Como habitual, nada de muito especial. Apenas uns dias entre amigos, ultrapassar algumas dificuldades, gerir o imprevisto e desfrutar de todo o processo.
© Luis Trindade |
Encostamo-nos por ali à espera que a coisa abra (abre às 10!) e nada mais. Começam a chegar autocarros carregados de espanhóis e muitas outras nacionalidades. Finalmente abrem o raio do mausoléu, bebemos umas fresquinhas para celebrar o momento e começamos a pensar na viagem para Sagres.
Sim, ainda era preciso ir até Sagres, almoçar, apanhar o autocarro para Lagos, onde depois apanharíamos o comboio para Tunes, onde faríamos o transbordo para o Inter Cidades que nos levaria enfim até ao Pragal, para uns, enquanto o Melo seguiria para Lisboa.
Depois de tantos, só faltavam mais 6 Km sob um sol abrasador, mas ninguém parava para dar uma boleia nem nenhum taxista de Sagres se dignou a vir-nos buscar. E mesmo tendo em conta que 90% dos carros que passavam por nós eram alugados por turistas....quis o destino que mamássemos mais aquela longa reta de caminhada até chegar por fim a um refrescante e desinfectante banho, já há 2 dias merecido.
© José Santos |
Fica a aventura, gravada para sempre na memória dos que participaram, dos que acreditaram que era possível. Obrigado pela vossa companhia. Quis fazer este relato para que daqui a uns anos, ao relermos esta prosa, nos lembrássemos de todos os momentos que vivemos em conjunto e que são impossíveis de enumerar aqui, tal como os sentimentos de cada um ao longo destes 5 dias. Acredito que tal como me acontece a mim, ao lermos algumas coisas nos lembramos das outras, daquelas que ficam por contar...
É o meu singelo tributo à vossa presença!
Uma agradecimento especial à minha família que suporta estas aventuras e fica a segurar as pontas nestas alturas. Não sou um tipo muito exigente, mas nestas alturas sinto que a vida não tem sido austera com o que me vai permitindo desfrutar. Se sou eu que estico a corda, ou se é ela que faz questão de me oferecer estes momentos únicos, é algo que ainda não percebi e se calhar nunca descobrirei. Mas também, que importância tem isso face à dimensão das emoções que vou vivendo?
Venha a próxima!
Fim. Finalmente!
Obrigado pela partilha de mais uma grande experiência. Na verdade, é um relato verdadeiramente INSPIRADOR!!! jg.
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