quarta-feira, 6 de outubro de 2010

3 de Outubro - Trail Terras do Grande Lago



Há muito tempo que esta prova estava na agenda. Ainda por cima implicava uma deslocação da corte para aproveitar para conhecer melhor mais um cantinho deste país. E assim no Sábado de manhã seguimos viagem que o tempo é sempre escasso quando as coisas estão a saber bem. Acompanhados do Rogério e respectiva família, foi um passinho até Portel.

À medida que nos aproximávamos do destino íamos vendo com outros olhos a orografia do terreno. Quais searas, rectas e planícies com chaparros? Aquela zona de transição do Baixo para o Alto Alentejo ou está a subir ou está a descer. Serras, montes e vales. Isso sim. Estava dado o mote.

O almoço na Amieira foi fantástico, num restaurante daqueles que desafiam a lógica dos custos, onde só tivemos de responder a 2 perguntas: Tinto ou Branco? e Carne ou Peixe? Nem digo mais para que se surpreendam como nos aconteceu. Vão à Amieria, ao Aficionado (é melhor marcar mesa) e depois falamos.
Altamente recomendado para quem gosta de boa comida genuína, com um serviço eficaz e um preço justo. Se a vossa onda é outra, rumem à marina e seguramente encontrarão outro tipo de opções.

Jantar em Alqueva já mais regrado a preparar o dia seguinte, dia de luta, e regresso à albergaria O Castelo. Sítio em conta com as condições suficientes para quem precisava de descansar o esqueleto por umas horas. No entanto tenham cuidado, se fôr fim de semana, certifiquem-se que pedem um quarto longe do barulho que vem do bar ao lado. É que o pessoal fica cá fora até às tantas e para quem quer descansar é uma desgraça. Mesmo com as excelentes janelas que faziam grande parte do trabalho, era impossível haver sossego. De resto chega bem para o que pretendíamos. Limpo e agradável.

Os autocarros que nos levavam para a partida, em Alqueva, partiam às 8h30 e por lá andávamos a encontrar malta conhecida, quando soubemos que os 32Km, que tinham passado a 34Km, foram esticados até aos 36Km. Primeiro sentimento: épá comecem lá com isto depressa antes que venha um novo aumento para os 38Km :) Devido à abertura da caça foi preciso evitar a passagem por dentro de algumas herdades. Assim iríamos ter de contornar o que dantes estava planeado atravessar. E contra factos não há argumentos. Quem já ia fazer 34Km prefere fazer mais 2 do que ganhar um peso extra... em chumbo.

Isto excedia ainda mais o plano de treino que tinha para esse dia, que ainda por cima não era suposto ser feito em montes e vales. Levávamos também um amigo do Rogério que vinha de umas esfregas valentes, mas que precisava de Kms para a maratona do Porto. Decidimos que íamos devagar e que o importante era chegar ao fim sem estragar nada. E lá fomos. O andamento era muito lento e propício à conversa. Rapidamente juntámos mais alguns companheiros na conversa e lá fomos. Os primeiros Kms a seguir a Alqueva deram logo o mote. Sobe, desce, sobe desce. Até nos aproximarmos do Grande Lago a coisa seguia tipo carrossel. Tínhamos sido avisados que os primeiros 18km eram mais brandos, mas para termos calma que os 18 seguintes iram fazer mossa.

Devido às alterações de ultima hora, penso eu, os abastecimentos ficaram um bocado desfasados. Estavam previstos de 5Km em 5Km mas o primeiro surgiu aos 9Km e os outros seguiam com 2 muito juntos a prejudicarem mais tarde um grande troço sem abastecimento. Precalços que felizmente não foram mais do que incómodos. Tivesse estado um dia como o da véspera com 27º a cantiga ia ser outra. Mas o dia acordou ideal para a prova. Céu muito encoberto, sol nem vê-lo, um vento de Sul, por vezes com rajadas fortes no alto dos montes e serras.


A paisagem desfilava por nós. O Lago acompanhou-nos durante alguns Km’s. Ali naquela zona o lago não é muito largo pelo que não choca muito com a paisagem. Afinal sempre houve albufeiras no Alentejo, maiores ou menores. Devido á orografia do terreno nunca se consegue ter a percepção da grandiosidade do Lago. Talvez se subíssemos a um ponto bem mais alto. Mas dali não. Claro que isso não quer dizer que não desfrutássemos de paisagens belíssimas. Mas enquanto andámos naquela zona junto à água estivemos sempre a uma cota ligeiramente acima da água. Só mais tarde, já longe do lago, atingimos o ponto mais alto da prova com a água já bem longe.

E lá seguíamos o nosso percurso. A monotonia da paisagem contrastava com a boa disposição geral. A paisagem mudava aqui e ali Primeiro sem árvorres, depois com sobreiros, às vezes oliveiras, um bom pedaço de eucaliptos onde parecia que tínhamos saído do Alentejo e entrado no Sicó, até o solo era logo outro. Pinheiros. Uma aula de botânica.


Pelo caminho íamos também encontrando muitos dos tipos que nos tinham obrigado a fazer ainda mais 2Km. Caçadeiras ao ombro. Olhavam para nós um pouco resignados. Não sou caçador mas é fácil perceber que 300 tipos a correr por aqueles montes não são propriamente a melhor receita para ajudar a apanhar umas lebres.

Os km’s iam passando e moendo as forças. A segunda metade fez-se anunciar com declives mais acentuados e mais frequentes. Ora era preciso meter a passo porque a subida era demasiado inclinada, ora a descida moía as articulações dos joelhos. Dado que tínhamos ido devagar, eu e o Rogério íamos bem, o 3º resistente começava a sucumbir ao cansaço acumulado dos últimos dias e à falta de Km’s que ainda tem. O Paulo que tinha ficado para trás apanhou-nos, porque íamos muito lentos. Ainda fomos ali um bocado juntos, mas ele estava a sentir-se bem e seguiu viagem.

Pouco antes do Km 32 novo abastecimento. Lembro-me de ter pensado que se tivessem sido 32 era perfeito. Mas ainda faltavam 4. E sempre a subir. Aliás, todo o traçado é em crescendo desde o Alqueva até Portel. O Reis ficou definitivamente para trás e conseguiu convencer o Rogério a seguir. Lá fomos fazer os últimos 4Km. O ultimo empeno até á meta. Passagem pela vila de Portel e chegada a Portel onde o pessoal nos aguardava. Ahhh!!! Mais uma bela prova de trail.


Desta vez optei por levar uma máquina fotográfica comigo. É uma pequena máquina, à prova de água e de quedas, pelo que ia descansado. Fiquei surpreendido com a qualidade das fotos. Quase todas foram tiradas em corrida e nem sei como a máquina consegue tirar fotos focadas nestas condições. Acho que o resultado é bem interessante. E já que levo o Garmin a gravar o track, basta juntar as duas coisas, mexer bem, e voilà. Lembrei-me de preparar mais uma engenhoca. Que tal um track no Google Maps…. com as fotos ao longo do track, cada uma no sítio do track onde foi tirada? Ahnnn? Era giro! E que tal fazer isto para quase 100 fotos de forma quase automática e que esteja acessível com um simples browser visitando o Google Maps. Era fixe! Pronto, é este resultado que partilho convosco. 

Google Map da Prova


Para quem tiver o Google Earth instalado no PC também pode usar o link seguinte. Vê o mesmo, mas tem muito mais funcionalidades disponíveis no Google Earth, para além de ter uma utilização muito mais fluida que um browser.



Tenho pena de não ter tirado mais fotos, por vezes esquecia-me que levava a máquina comigo. Por vezes no meio do esforço e de uma recuperação era o que menos me apetecia era pegar na dita. Tenho de apurar a técnica para a próxima prova. Digam o que acham da ideia. Isto assim fica uma espécie de street view em que eu faço de carro da Google (ok, geek joke time). Pelo menos para as provas mais emblemáticas que aí vêm vou fazer novamente o "race view".

Era tempo de tomar um banho rápido na hospedaria e ir para o almocinho de cozido de grão. Que óptima ideia. O problema é que devido a uma organização pouco eficiente da empresa que serviu o almoço, o tempo de espera foi um desespero. Esperámos talvez 1 hora na fila para o almoço. E era suposto ser self-service. Correu mal essa parte. No Sicó tinha corrido tão bem. De resto e mesmo contando com as alterações de traçado á ultima da hora, a localização dos abastecimentos que também trocou um bocado as voltas, foi uma organização 5 estrelas e demos o nosso fim-de-semana por muitíssimo bem empregue. Agradeço ao pessoal do Mundo da Corrida por mais este contributo para a causa. Voltarei com a certeza que estes aspectos serão melhorados na próxima.


Foi um prova diferente para mim. Normalmente vou sozinho, no meu ritmo. Vou mais rápido e chego mais esgotado à meta. Levava o Garmin em auto pausa (pára o cronómetro sempre que paro) e só nos reabastecimentos foram mais de 10 minutos, à conversa, à espera para reagrupar, etc. Mas assim é muito mais divertido e o tempo passa bem mais depressa. Mas o objectivo foi perfeitamente atingido. Não deixou qualquer mazela, e no dia a seguir não sentia qualquer cansaço ou dôr muscular. Não diria que tinha feito 36Km de montes e serras alentejanas no dia anterior. Excelente treino para a Maratona do Porto.

As classificações estão aqui. Fizemos 3h57 com um tempo de corrida de 3h45.



2 comentários:

  1. paulo, excelente relato, excelente foto reportagem, de uma prova magnífica em que adorei participar.. uma vez mais obrigado pelas dicas e ajuda preciosa nesta minha estreia..
    grande abraço

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  2. Já vi que a estreia correu bem. Mais um participante potencial para as próximas provas de trail. Temos trail alentejano sim senhor. Foi um excelente passeio. Abraço

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