sábado, 27 de maio de 2017

O Desporto e Low Carb High Fat - A prova dos 9

Depois de muito ler, pesquisar e estudar o assunto, nada como passar da teoria à prática. 

Ao fim de uns meses estava pronto para começar a meter carga e preparar-me para a maratona de Roterdão.


Uma das coisas boas das maratonas é que o treino é quase uma ciência exacta. Sabemos quais são os tipos de treinos necessários: séries, treinos longos, ritmo, em crescendo, até ao dia D. Há infinitos planos de treinos na net, a dificuldade é escolher um. No fundo, mais coisa menos coisa, vão todos dar ao mesmo. As duas maiores dificuldades são:

  • conseguir manter o foco e a motivação até ao fim; 
  • dosear o descanso com o aumento de carga;

Cada vez vai sendo mais dificil recuperar para o treino seguinte. É preciso saber ouvir bem o corpo para evitar lesões, sobretudo quando se começa a meter velocidade a sério.

Dos 100 mil planos que existem o escolhido foi este do Hal Higdon. Como característica diferenciadora a dupla de, treino de ritmo no sábado, cada vez mais duro, seguida de um treino longo no domingo.

Fundamental quando se treina a sério para a estrada é esquecer o trail. Porque se vamos a uma prova no fim de semana, estamos a comprometer o treino da semana seguinte. Não estaremos capazes de dar o máximo nos treinos exigentes. Acaba por não ser carne nem peixe.

Tal como previsto o plano de treinos prosseguia sem dificuldades de maior, face à alimentação pobre em hidratos de carbono. Mesmo os exigentes treinos de ritmo (30 minutos a 4'15", por exemplo) lá iam entrando, com sofrimento claro, mas nada que não se estivesse à espera. Géis e barras energéticas eram coisas do passado. Treinos com jejuns de 18h eram agora possíveis. 

De facto parecia que afinal era verdade. É possível treinar e progredir com níveis reduzidos de hidratos de carbono.

Nas ultimas 2 a 3 semanas do plano de treino coincidiram vários factores, em que o cansaço começava também a pesar. Não veio ajudar muito à confiança, mas o trabalho estava feito, pior ou melhor. O teste do limiar do lactato do Fenix 3 HR dava-me agora valores de 4'14", supostamente poderia fazer a maratona a 4'15"...

Embora as séries tivessem sido feitas, os treinos de ritmo conseguissem ser respeitados, os treinos longos cumpridos, as habituais duvidas, eram desta vez muito maiores. Uma coisa é treinar-se e outra é correr 42 Km em 3h. E com esta alimentação? Onde iria estoirar? Conseguiria aguentar?

Quando se tenta mexer em vários factores ao mesmo tempo as possibilidades de dar asneira aumentam exponencialmente. Não era só a alimentação e o desconhecimento de como o corpo iria reagir ao esforço continuado de uma maratona a um ritmo que desconhecia, durante tanto tempo. Quando se trabalha para uma marca a margem de erro é mínima. Se temos de fazer uma média de 4'15" ou se arranca a 4'15" ou menos e se arrisca, ou não... 
Pode-se pagar caro, mais lá para a frente, a ousadia. Mas se não arriscamos então para que treinámos? 

Com este turbilhão de duvidas ainda havia a alimentação? Não queria recorrer aos géis do costume, dextrose, maltodextrina, etc. Senão ia tudo dar ao mesmo. Mas então o que comer?

Por um lado é conveniente reforçar 1 ou 2 dias antes alguns hidratos. Não o habitual entupimento de massa sem nexo. Basta reforçar com alguma batata doce, por exemplo.

Na altura coincidiu a descoberta de 2 produtos promissores e muito diferentes da oferta habitual. Vespa Power e Spring Energy. Ambos produtos oriundos dos Estados Unidos embora o Spring Energy já com representação europeia.

Os produtos Vespa muito mais alinhados com a filosofia Low Carb High Fat, com um site excelente que é uma autentica bíblia para quem quiser seguir esta linha. A orientação OFM (Optimized Fat Metabolism) são páginas e páginas de informação que recomendo vivamente para quem quer adaptar o corpo ao consumo de gordura. Percam umas horas (uns dias vá) a ler tudo. Comecem por aqui. Se se interessarem pelo tema irão encontrar podcasts do CEO da empresa a falar sobre LCHF etc.

O problema dos produtos Vespa é a importação dos Estados Unidos (quer o custo, quer o tempo que os nossos vergonhosos serviços alfandegários demoram se a vossa encomenda tiver a sorte de ser seleccionada). Foi por um dia que consegui levar a Vespa para Roterdão... e graças a um amigo que conseguiu fazer curto circuito no sistema...

Os geis da Spring Energy são uma aposta mais tradicional que se propõe substituir os habituais shots de açucar, por alimentos reais. Uma aposta interessante e que gostava de ver um dia distribuída pela Prozis, a quem já deixei a dica, claro. Uma energia mais suave e duradoura, que, para quem não depende de estalos de glicose para ter energia, é mais do que suficiente. Sabores suaves e à base de produtos naturais e biológicos constituem uma oferta interessante e com pouca ou nenhuma concorrência no mercado.

E no meio disto tudo o que levar para a maratona? Os produtos da Spring já tinha testado, Os produtos Vespa não deu tempo. Acabei por levar um de cada. Um gel convencional para usar em SOS, um Vespa Ultra Concentrado e um Spring Long Haul.

Se já tanta coisa era nova, porque não também a alimentação? Vamos a isso.

Depois da fase inicial com muita gente e algumas obras em que não foi possível acelerar muito, lá consegui meter o andamento previsto: 4´15".


Os Kms sucediam-se e o corpo respondia bem. Até aqui não havia nada de novo. Na maratona não era oferecido nada para além de água, esponjas e isotónico (em que nem toquei). Ao Km 15 tomei o Spring Long Haul e a coisa seguiu sem stress. O ritmo seguia sem alterações. O corpo continuava a responder bem. Não havia grande folga, tipo vou a controlar-me, mas também não notava que fosse acima do possível. Era para aquilo que tinha treinado. Estava bem.

Já tinha planeado tomar o Vespa Ultra Concentrado à meia maratona (sem saber o que era claro), de acordo com as indicações do Peter Defty no seu site :)
Bolas que era intenso!!! E nem tinha água. Os produtos Vespa não são géis de açucar. São catalisadores que auxiliam o corpo a consumir gordura. Um Vespa Ultra Concentrado tem 19 calorias.... Pois!

Coincidencia ou não dali ao Km 35 foi um passeio. Aí uma bolha começou a chatear. Seguindo as indicações do Peter, para os kms finais meti uma goma na boca e deixei derreter lentamente. E lá fui gerindo os ultimos Kms. Jà sabia que não ia fazer menos de 3 horas. Nunca foi essa a minha ideia. Com 3h05m já ficaria plenamente satisfeito. Sabia que ia fazer pouco mais de 3h e mais do que feliz estava orgulhoso de tudo ter corrido bem. Foram meses, muitos meses, em que tanta coisa mudou, li e aprendi tanto. Agora estava ali a prova. Parecia um cientista louco a comprovar uma teoria.

Com 51 anos tinha tirado 11 minutos à minha melhor maratona, vários anos depois de fazer 3h12m. Fiquei à porta das 3h com 3h01m26s provavelmente o topo da minha carreira de corredor... até à próxima.

E era esta a história que tinha para vos contar acerca de reduzir drasticamente o consumo de hidratos de carbono e aumentar o consumo de gordura saudável. Nada como provar na vida o que lemos e aprendemos.

Agora é convosco. Tinham dúvidas? Pois fica o repto. Mudem para uma vida melhor e superem-se a todos os níveis, incluindo o desportivo.

Não posso deixar de agradecer ao José Santos, meu companheiro de treinos, que foi sempre um enorme incentivo para cumprir os objectivos. Treinar com amigos é tão mais fácil.

Por fim à minha família linda, que apoia, participa, e que fez um vídeo lindo que passou no écran ao Km 35 e que só não me derreti a chorar porque elas estavam felizes a a brindar com cervejas ao meu sucesso. E que bem que me sabia ali uma fresquinha!

2 comentários:

  1. Paulo, foi com imenso interesse que li este texto, também mudei, mas para ser sincero e apesar de não saber se é um problema psicológico, acho que está mudança não está a surtir o efeito que eu pensava, se calhar a fasquia era elevada e não sei esperar, mas pelo menos serve para melhorar a saúde e ganhar um amigo. Um grande abraço e com essa motivação com certeza que vais conseguir as 02h59, agora eu a ambição é as 03h59. Um grande abraço.

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    1. É preciso tempo. Por vezes cometemos erros e é preciso identificar e corrigir, outras vezes desviamo-nos do objectivo mas é preciso saber voltar e insisitir. Temos o resto da vida para conseguir. Continua e verás resultados.

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