Depois de muito ler, pesquisar e estudar o assunto, nada como passar da teoria à prática.

Uma das coisas boas das maratonas é que o treino é quase uma ciência exacta. Sabemos quais são os tipos de treinos necessários: séries, treinos longos, ritmo, em crescendo, até ao dia D. Há infinitos planos de treinos na net, a dificuldade é escolher um. No fundo, mais coisa menos coisa, vão todos dar ao mesmo. As duas maiores dificuldades são:
Cada vez vai sendo mais dificil recuperar para o treino seguinte. É preciso saber ouvir bem o corpo para evitar lesões, sobretudo quando se começa a meter velocidade a sério.
- conseguir manter o foco e a motivação até ao fim;
- dosear o descanso com o aumento de carga;
Cada vez vai sendo mais dificil recuperar para o treino seguinte. É preciso saber ouvir bem o corpo para evitar lesões, sobretudo quando se começa a meter velocidade a sério.
Dos 100 mil planos que existem o escolhido foi este do Hal Higdon. Como característica diferenciadora a dupla de, treino de ritmo no sábado, cada vez mais duro, seguida de um treino longo no domingo.

Tal como previsto o plano de treinos prosseguia sem dificuldades de maior, face à alimentação pobre em hidratos de carbono. Mesmo os exigentes treinos de ritmo (30 minutos a 4'15", por exemplo) lá iam entrando, com sofrimento claro, mas nada que não se estivesse à espera. Géis e barras energéticas eram coisas do passado. Treinos com jejuns de 18h eram agora possíveis.
De facto parecia que afinal era verdade. É possível treinar e progredir com níveis reduzidos de hidratos de carbono.
Nas ultimas 2 a 3 semanas do plano de treino coincidiram vários factores, em que o cansaço começava também a pesar. Não veio ajudar muito à confiança, mas o trabalho estava feito, pior ou melhor. O teste do limiar do lactato do Fenix 3 HR dava-me agora valores de 4'14", supostamente poderia fazer a maratona a 4'15"...
Embora as séries tivessem sido feitas, os treinos de ritmo conseguissem ser respeitados, os treinos longos cumpridos, as habituais duvidas, eram desta vez muito maiores. Uma coisa é treinar-se e outra é correr 42 Km em 3h. E com esta alimentação? Onde iria estoirar? Conseguiria aguentar?
Quando se tenta mexer em vários factores ao mesmo tempo as possibilidades de dar asneira aumentam exponencialmente. Não era só a alimentação e o desconhecimento de como o corpo iria reagir ao esforço continuado de uma maratona a um ritmo que desconhecia, durante tanto tempo. Quando se trabalha para uma marca a margem de erro é mínima. Se temos de fazer uma média de 4'15" ou se arranca a 4'15" ou menos e se arrisca, ou não...
Pode-se pagar caro, mais lá para a frente, a ousadia. Mas se não arriscamos então para que treinámos?
Com este turbilhão de duvidas ainda havia a alimentação? Não queria recorrer aos géis do costume, dextrose, maltodextrina, etc. Senão ia tudo dar ao mesmo. Mas então o que comer?
Por um lado é conveniente reforçar 1 ou 2 dias antes alguns hidratos. Não o habitual entupimento de massa sem nexo. Basta reforçar com alguma batata doce, por exemplo.

Os produtos Vespa muito mais alinhados com a filosofia Low Carb High Fat, com um site excelente que é uma autentica bíblia para quem quiser seguir esta linha. A orientação OFM (Optimized Fat Metabolism) são páginas e páginas de informação que recomendo vivamente para quem quer adaptar o corpo ao consumo de gordura. Percam umas horas (uns dias vá) a ler tudo. Comecem por aqui. Se se interessarem pelo tema irão encontrar podcasts do CEO da empresa a falar sobre LCHF etc.
O problema dos produtos Vespa é a importação dos Estados Unidos (quer o custo, quer o tempo que os nossos vergonhosos serviços alfandegários demoram se a vossa encomenda tiver a sorte de ser seleccionada). Foi por um dia que consegui levar a Vespa para Roterdão... e graças a um amigo que conseguiu fazer curto circuito no sistema...

E no meio disto tudo o que levar para a maratona? Os produtos da Spring já tinha testado, Os produtos Vespa não deu tempo. Acabei por levar um de cada. Um gel convencional para usar em SOS, um Vespa Ultra Concentrado e um Spring Long Haul.
Se já tanta coisa era nova, porque não também a alimentação? Vamos a isso.
Depois da fase inicial com muita gente e algumas obras em que não foi possível acelerar muito, lá consegui meter o andamento previsto: 4´15".
Os Kms sucediam-se e o corpo respondia bem. Até aqui não havia nada de novo. Na maratona não era oferecido nada para além de água, esponjas e isotónico (em que nem toquei). Ao Km 15 tomei o Spring Long Haul e a coisa seguiu sem stress. O ritmo seguia sem alterações. O corpo continuava a responder bem. Não havia grande folga, tipo vou a controlar-me, mas também não notava que fosse acima do possível. Era para aquilo que tinha treinado. Estava bem.
Já tinha planeado tomar o Vespa Ultra Concentrado à meia maratona (sem saber o que era claro), de acordo com as indicações do Peter Defty no seu site :)
Bolas que era intenso!!! E nem tinha água. Os produtos Vespa não são géis de açucar. São catalisadores que auxiliam o corpo a consumir gordura. Um Vespa Ultra Concentrado tem 19 calorias.... Pois!
Coincidencia ou não dali ao Km 35 foi um passeio. Aí uma bolha começou a chatear. Seguindo as indicações do Peter, para os kms finais meti uma goma na boca e deixei derreter lentamente. E lá fui gerindo os ultimos Kms. Jà sabia que não ia fazer menos de 3 horas. Nunca foi essa a minha ideia. Com 3h05m já ficaria plenamente satisfeito. Sabia que ia fazer pouco mais de 3h e mais do que feliz estava orgulhoso de tudo ter corrido bem. Foram meses, muitos meses, em que tanta coisa mudou, li e aprendi tanto. Agora estava ali a prova. Parecia um cientista louco a comprovar uma teoria.
Com 51 anos tinha tirado 11 minutos à minha melhor maratona, vários anos depois de fazer 3h12m. Fiquei à porta das 3h com 3h01m26s provavelmente o topo da minha carreira de corredor... até à próxima.
E era esta a história que tinha para vos contar acerca de reduzir drasticamente o consumo de hidratos de carbono e aumentar o consumo de gordura saudável. Nada como provar na vida o que lemos e aprendemos.
Agora é convosco. Tinham dúvidas? Pois fica o repto. Mudem para uma vida melhor e superem-se a todos os níveis, incluindo o desportivo.
Não posso deixar de agradecer ao José Santos, meu companheiro de treinos, que foi sempre um enorme incentivo para cumprir os objectivos. Treinar com amigos é tão mais fácil.
Por fim à minha família linda, que apoia, participa, e que fez um vídeo lindo que passou no écran ao Km 35 e que só não me derreti a chorar porque elas estavam felizes a a brindar com cervejas ao meu sucesso. E que bem que me sabia ali uma fresquinha!
Paulo, foi com imenso interesse que li este texto, também mudei, mas para ser sincero e apesar de não saber se é um problema psicológico, acho que está mudança não está a surtir o efeito que eu pensava, se calhar a fasquia era elevada e não sei esperar, mas pelo menos serve para melhorar a saúde e ganhar um amigo. Um grande abraço e com essa motivação com certeza que vais conseguir as 02h59, agora eu a ambição é as 03h59. Um grande abraço.
ResponderEliminarÉ preciso tempo. Por vezes cometemos erros e é preciso identificar e corrigir, outras vezes desviamo-nos do objectivo mas é preciso saber voltar e insisitir. Temos o resto da vida para conseguir. Continua e verás resultados.
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