E vai o quê? 1 mês? 1 mês e picos desta incursão ao mundo LCHF. Se bem se lembram isto veio na sequência do meu artigo E a banha da cobra? É uma boa ou má gordura?
Um tipo tropeça nos assuntos e depois não há como experimentar e tirar conclusões. O que mudei na minha alimentação?
Basicamente tento manter os hidratos de carbono na casa das 100g-150g/dia. Não tem grande ciência.
Basicamente tento manter os hidratos de carbono na casa das 100g-150g/dia. Não tem grande ciência.
Coisas que excluí totalmente: pão, massas, farinhas, batatas, cereais, arroz e todos os derivados (ou pelo menos tento e quase sempre consigo). Todo o tipo de porcarias processadas mas essas já eram raras: flocos, snacks, charcutaria processada, todos o tipo de pastelaria, etc. Depois, claro, coisas que já não consumia tipo açucares, refrigerantes e todo o tipo de doces. O que mantive? Carne, peixe, vinho lol.

Pensava que ia ser mais difícil abdicar do pão, sendo alentejano e tudo... mas não. Sem grande custo excluí totalmente o pão. É apenas força de vontade.
O que é mais estranho? Os pequenos almoços. Ao princípio é estranho. Se não dá para comer flocos, cereais (sim, a aveia fica de fora também), pão, produtos lácteos, fruta (não abusar nem comer sistematicamente) que raio sobra? Ovos, queijo, salmão, cogumelos, iogurte grego, oleaginosas, já para não falar de uma bifana, todo o tipo de hortaliças, legumes, os restos do jantar, ou nada simplesmente. Parece parvo, mas a nossa dieta é apenas uma questão cultural. Ensinaram-nos assim, então sentimo-nos idiotas se comermos assado...
Mas houve tanta coisa que nos ensinaram que era pura parvoíce. Só não mudamos se não quisermos.
Nas refeições principais não muda grande coisa. Basta deixarem de fora os acompanhamentos que só serviam para vos atulhar a pança e substituírem-nos por uma salada, bróculos, couves, cogumelos, etc
O que aconteceu? Ao princípio foi complicado retomar os treinos. Ainda é, cada vez menos, mas é. O corpo estava habituado a recorrer ao glicogéneo como fonte principal de energia. Com menos hidratos de carbono disponíveis na dieta, a ideia é aumentar a eficiência no consumo de gordura durante o exercício. Como se tentassem colocar um motor a gasolina a queimar gasóleo, neste caso seria até bio-diesel. Claro que na realidade isto não é possível, mas o nosso corpo é uma máquina impressionante, com uma capacidade de adaptação fabulosa.

A sensação que tenho actualmente é que, na corrida, o aquecimento é mais custoso. Provavelmente o corpo estava habituado a recorrer à energia instantânea para a parte mais complicada que é logo a inicial. Depois de passar o aquecimento a coisa entra na rotina habitual. Também noto a respiração mais ofegante e ainda mais transpiração (eu já transpirava que nem um bácoro... agora então quando o treino é mais duro... medo!) Creio que isto se explica pelo processo de queima de gordura que necessita de mais oxigénio e logo deve produzir mais calor o que implica mais necessidade de arrefecimento.

Claro que uma vida mais activa vos irá obrigar a consumir um certo nível de hidratos de carbono. Pelo menos mais do que se fossem sedentários. Acho que correr 80 a 100Km por semana também não é propriamente a forma de exercício físico mais recomendável, principalmente para quem ainda anda a tentar ensinar o corpo a ser mais eficaz no uso da gordura. Daí há que calibrar, sentir o corpo e adequar. Sempre estar atento aos sinais, ao cansaço, à recuperação.
No supermercado também há mudanças. A preocupação com a escolha de alguns alimentos processados, com poucos hidratos de carbono, leva-nos a fazer descobertas engraçadas. De um modo geral fujam de porcarias light e optem por produtos inteiros, com toda a gordura.
Eu vou continuar. Há várias coisas nesta dieta que me conquistaram. Também sinto que ainda não estou a tirar todos os benefícios. É um processo de aprendizagem longo e embora burro velho não aprenda línguas, se calhar ainda vai a tempo de aprender a ser mais saudável.
Um "piqueno" update
Não é fácil encontrar muita informação util sobre desportos de endurance e dieta LCHF. Esta dieta é contrária à sabedoria convencional, às recomendações das entidades de saúde pública, bem como a toda a industria alimentar, farmacêutica e às nossas mais profundas (e parvas) convicções. Ora se juntarmos a isto tudo desporto a um nível exigente, está o caldo entornado. Não há judas no deserto que não vos chame logo à razão e vos diga que isto é uma aberração. Por isso criei um grupo no facebook para que o pessoal interessado em como conjugar os dois mundos (LCHF + Trail Running) troque experiências e partilhe informação. Se o tema te interessa junta-te a nós.
Low Carb High Fat Trail Running - Portugal
Siga para a caverna!
Gostei de ler mas isso é muito "à frente" para a minha cabeça. Com os meus 56 anos já não me vou meter a fazer grandes mudanças alimentares! Cá vou tentando comer equilibradamente comendo um pouco de tudo e evitando as porcarias... Um abraço.
ResponderEliminarJorge eu estou quase nos 51. Estamos sempre a tempo de mudar principalmente se for para melhor. E é precisamente nesta fase da vida em que a máquina começa a dar mais problemas que faz todo o sentido tentarmos fazer algo para melhorar. Eu também comia um pouco de tudo. O problema é que no tudo entra muita coisa que só serve para atrofiar ainda mais depressa o que já não vai durando muito. Isto não é bem uma dieta e nem envolve grandes mudanças. É só substituir o que não presta por coisas saudáveis como legumes e vegetais. Como bónus podemos comer muito mais das verdadeiras coisas boas (peixe, carne e gorduras saudáveis). É só ler um pouco. Mesmo que não se siga a 100% (eu não sigo), segue-se a 75% ou a 50%. Ficamos sempre a gamhar, saúde!
EliminarVou acompanhar com interesse a tua aventura por esta dieta mas confesso que me faz confusão, principalmente porque não pretendo abdicar da progressão nos treinos e então ser a dieta a culpada disso ainda mais confusão me faz..
ResponderEliminarAbraço
Obrigado pelo comentário Vitor Às vezes é preciso dar um passo atrás para depois se dar 2 ainda mais fortes. No meu caso não tenho nada a perder, sempre fui um coxo de corrida. Por outro lado, mesmo que esta dieta me faça ainda mais coxo (o que nem é o caso porque há atletas ao mais alto nível que a seguem) quando chegamos aos 50 anos começamos a atribuir as prioridades de forma mais correta. A saúde e o potencial para uma vida muito mais equilibrada, com menos doenças, problemas e lesões são um objectivo mais interessante de perseguir e onde a progressão ainda está ao meu alcance. Se puder espremer mais um pouco nas corridas aproveita-se. Senão fica-se "só" com o resto :)
EliminarAbraço