Isto tudo espremido ainda dá bué de cenas

Serra da Estrela - Lagoa Comprida

É o final da silly season. Um mês calmo, de banhos e engorda para uns, e só de engorda para outros. Depois da aventura na Suiça, para mim foi um corropio de acontecimentos. Foi um mês único, à semelhança deste ano de 2020, mas um pouco mais louco. Senão vejam:

O meu pé de a precisar de uma grosa

Cirurgia no pé esquerdo

Cheguei da Suiça na 5ª feira dia 13 de Agosto, dia 14 tinha a consulta com o anestesista, dia 16 o teste do Covid (obrigatório para quem vai ser operado) e dia 17 fui operado ao pé. Remoção de um esporão dorsal no calcâneo. Algo que já tinha aqui referido há uns tempos neste artigo. Provavelmente o meu problema não configurava propriamente uma deformidade de Haglund, mas se virem neste raio-X está ali um bico no calcanhar (a zona mais à esquerda) que estava a a pedir um formão. E o Dr. Luis Correia tratou do assunto. Como não houve mexidas em estruturas e foi apenas desbastar a coisa, a recuperação previa apenas a cicatrização da facada que foi necessária para chegar ao osso e desbastar o excesso. Previsão 15 dias para voltar a andar normalmente e 3 semanas para umas corriditas. Foi cumprida. Resolveu o problema de fundo? Não sei, é demasiado cedo para perceber. Resolveu o problema do osso que estava ali proeminente? Sem dúvida. 

15 dias depois já sem pontos

Um mês depois com a cicatrização concluída, subsiste alguma fibrose na zona da raspagem, totalmente natural enquanto todo o tecido regenera. Vai demorar uns meses a estar tudo como dantes. 

Acho que encarei a coisa de ânimo leve e nunca pensei que fosse uma cirurgia daquelas a sério. Por um lado foi  bom, porque pensar que era um coisa simples ajudou-me a decidir avançar. E está feita. Agora é esperar a recuperação a 100% se calhar lá mais para o final do ano. Para já diria que estou a 70%, já com capacidade de correr mas tentando sempre não abusar, ou sempre que abuso há que tirar o pé (literalmente) e deixar recuperar, para depois voltar à carga.

Trail Camp na Serra da Estrela

Depois da meia maratona de Copenhaga ter sido cancelada (seria a nossa primeira da série Super Halfs) ficámos com as datas da viagem disponíveis. Por isso um convite para um Trail Camp na Serra da Estrela para esse fim de semana era irrecusável. E irrecusámos, claro.

A Serra da Estrela é fantástica. Fomos 1 dia antes desfrutar do que sabíamos ser um fantástico fim de semana. Primeira paragem no Sabugueiro. Aldeia de gente simpática, hospitaleira e generosa, como todas as gentes da serra. Alojamento impecável que só podemos recomendar. As Casas do Telheiro oferecem uma estadia impecável face ao preço. Instalações modernas e irrepreensíveis, uma cozinha equipada se necessitarem de alguma refeição, uma mercearia na vila e a serra ali ao lado à vossa espera. Na vila, 2 ou 3 restaurantes excepcionais são mais que suficientes para vos satisfazer ao longo de um fim de semana.

Na 5ª feira ainda fizemos a parte mais espetacular do trilho Sabugueiro - Vale do Rossim. 

O famoso  buraco da Lagoa dos Conchos

Na 6ª feira de manhã foi a vez do trilho Lagoa Comprida - Lagoa dos Conchos (a lagoa do famoso buraco). Passámos pela (gélida) Praia Fluvial de Loriga  antes de almoçarmos na esplanada do mítico Vicente, em Loriga, local de paragem em tantas subidas e descidas à Torre. Uma vista sublime e uma refeição à altura do acontecimento. À tarde rumámos ao Alvoco da Serra para fazer o Trilho da Ribeira do Alvoco até ao Poço do Lagar. Um banho revigorante refrescou-nos antes de voltarmos a subir para o Alvoco.

A refrescar no Poço do Lagar

E ainda mal tínhamos começado. À noite a pandilha juntou-se na base oficial do Trail Camp: Pedras Lavradas. Tudo o que fosse dizer deste local seria pouco, por isso o melhor é não dizer nada. O que se passa em Pedras Lavradas, fica em Pedras Lavradas. Quem já lá esteve, ou lá for, irá perceber.

No sábado fizemos o mítico Alvoco - Torre - Alvoco, uma estreia para a Dora. Nada que ela não tivesse já experimentado na subida ao Toubkal. Uma subida equivalente em desnível, cerca de 1200 m D+, mas muito mais radical em Marrocos, quer na subida quer na descida. 

O team a recuperar energias antes de regressar ao Alvoco

Relax no Poço da Broca

À tarde ainda deu tempo de conhecer o Poço da Broca, uma praia fluvial cheia de recantos, cascatas e piscinas naturais. Um local muito bonito e bem aproveitado. 

Final da tarde na praia fluvial do Poço da Broca

Um trilho surpreendente

No domingo fechámos o Trail Camp com uma voltinha de reconhecimento Pedras Lavradas - Teixeira de Baixo antes do almoço de encerramento. Um trilho muito interessante, bem mantido e que segue para Vasco Esteves, permitindo ligar Pedras Lavradas a Alvoco da Serra e daí... o céu é o limite. Quem sabe para uma próxima edição. Claro que tivemos de refrescar um pouco em Teixeira de Baixo, antes de voltar para cima.

A refrescar em Teixeira de Baixo

Foi um fim de semana ideal para o meu regresso aos trilhos. O pé lá vai ganindo, aqui e ali, o normal. Mas o melhor de tudo foi o convívio, a boa disposição do grupo, a hospitalidade, disponibilidade e generosidade daquela gente serrana, que tão bem nos recebeu. E claro, rever e conhecer novos amigos. Obrigado a todos por este fantástico fim de semana. We'll be back for more!

De volta ao Excel e aos planos

Está na hora de usar um método que já provou funcionar. Armar-me em treinador de mim próprio e fazer um plano de treinos a longo prazo. Sem provas à vista nada como ter um plano que me obrigue a cumprir objectivos. Já o fiz o ano passado, serviu para fazer uma excelente maratona em Valência e estava tudo a correr bem rumo ao MIUT, mas o Covid fornicou tudo e o ano de 2020 acabou em Março.

Agora depois da operação, nada como um plano que gradualmente me leve a fazer um MIUT com sucesso... ou não... logo se verá. A folha de cálculo está em branco, para já. Mas o trabalho de planeamento já começou. Com a ajuda do excelente Training for the Uphill Athlete, o plano há-de ser perfeito. Já o seu cumprimento.... se verá.

Aguardem por muitas novidades

Muito material a caminho e várias reviews vão surgir. Vídeos novos, muita coisa de fastpacking, fiquem atentos que talvez alguma coisa vos interesse. E para já não revelo mais nada. 

E assim chegámos ao final de um verão único, num ano único, que ficará na memória de todos. Eu tenho aqui uma cicatriz no calcanhar que não diz 2020, nem Covid-19, mas ficará para sempre ligada a este ano completamente surreal. E ainda não acabou...