Embora Tasch seja a última vila antes de Zermatt, apenas a 4 Km, saímos cedo na direção contrária. Tínhamos de voltar a Randa para, aí sim, subir para o trilho Europaweg que nos iria levar até Zermatt. O trilho Europaweg é um dos mais famosos trilhos da Suíça, segue ao longo do vale de Zermatt acima dos 2000 m de altitude, sempre com vistas deslumbrantes, quer para os glaciares e montanhas do outro lado do vale, quer para a paisagem cá em baixo. Mas no trilho Europaweg estava também algo único que seria o ponto sublime do dia e provavelmente da nossa viagem.
A ponte suspensa Charles Kuonen que não estava a funcionar quando lá estivemos em 2016. Mas lá chegaremos.Randa - Início da subida para a ponte Charles Kuonen |
Deixámos Randa lá em baixo no vale |
A manhã estava fresca no vale, mas chegados a Randa os 700 m D+ em poucos Kms iam resolver isso num instante. A subida é rija, floresta densa, direta à ponte que já tínhamos visto cá de baixo e que a pouco e pouco, ao longo da subida, se vislumbrava insinuante lá no alto. A nossa excitação era inversamente proporcional à distância a que estávamos. A desforra de 2016 estava perto...
O início da subida está cheio de pitorescas casinhas e abrigos agrícolas |
À medida que nos aproximamos a ponte vai dando um ar da sua graça |
A primeira coisa que me impressionou quando finalmente chegámos ao topo oeste da ponte, para além do comprimento do assombro e arrojo daquela estrutura, obviamente, foi a simplicidade da sua construção. As amarrações dos cabos de aço que suportam toda a ponte estão tão bem integradas na montanha que fiquei deveras surpreendido. Se compararmos com as aberrantes torres de cimento que foram usadas para a ponte de Arouca, ali a ponte está perfeitamente integrada na paisagem. Cá de baixo de Randa vê-se o que parece ser uma corda a atravessar de um lado ao outro e ali, ao lado da ponte, ficamos estarrecidos com a genialidade da estrutura.
Ao lado da ponte uma casa de banho portátil, daquelas que temos até medo de entrar.... Mas como estávamos na Suiça fui espreitar. Obviamente a estrutura é colocada ali com um helicóptero, como quase tudo o que é feito naquela zona. Mas o conceito de manutenção, que é uma coisa estranha aqui em Portugal, ali é levado ao extremo. A casa de banho tinha "conteúdo" digamos assim, embora o cheiro fosse inexistente. Até estranhei ver que tinha conteúdo dada a ausência do habitual fedor horrível, mesmo com os químicos. Para além de estar tudo impecavelmente limpo, tinha espelho, papel higiénico, ambientador de pressionar e pasme-se, alcool gel. Tudo 100% funcional. Incrível. Foi um desperdício de recursos porque não estava a precisar de usar, mas tive pena :)
Por cá temos, por vezes, de usar o oposto de tudo o que descrevi...
A "simplicidade" das amarrações da ponte impressionou-me |
Vejam os vídeos. Atravessar aquela ponte é qualquer coisa de inesquecível. Atrevo-me a dizer que vale a pena a viagem para fazer aquela travessia. A ponte abana, claro, e quantas mais pessoas, mais a ponte abana. Mas temos de confiar no trabalho de engenharia que é conceber aquela estrutura que terá seguramente sido várias vezes abusada e testada. Relembro que a capacidade máxima são 250 pessoas.
Por isso é desfrutar da oscilação natural da estrutura, da paisagem, da dimensão de tudo o que vemos lá em baixo que parece tão perto. Enfim, uma travessia sublime, não fosse esta a maior ponte pedonal suspensa do mundo. E mesmo que venha a ser ultrapassada brevemente pela nossa ponte de Arouca, dificilmente o será na envolvente, na integração, na paisagem, e na beleza.
Vista do lado Este já bem iluminada pelo sol |
A integração da amarração da ponte na montanha é simplesmente fantástica |
Os trilhos precisam de manutenção |
Muitos trabalhos em curso perto de descermos para Zermatt. Um novo teleférico e um corropio de helicópteros a transportar material para o cimo da montanha. A descida para Zermatt que tinha desenhado naquela zona foi abandonada mal encontrámos as placas que indicavam o trilho pedestre, floresta abaixo. Um trilho florestal fantástico onde dava para um trote contínuo enquanto desfrutávamos da beleza do local.
E por fim Zermatt, o nosso destino, desta vez ofuscado por já não ser novidade e pela fantástica viagem que tínhamos feito durante o dia. Fomos ao supermercado de há 4 anos comprar umas belas cervejas. O sol estava forte e refugiámo-nos para celebrar na estação de comboios em frente. A seguir check in no nosso hostel preferido e desfrutar de um final de dia fantástico em Zermatt.
Zermatt, o nosso destino aos pés do gigante Matterhorn |
Depois de um produzirmos uns espectaculares bifes bem regados com Papa Figos (mais barato do que em Portugal), mal saímos porta fora estivemos meia hora à conversa com 3 raparigas portuguesas que trabalhavam em Zermatt e que estavam na sua noite de folga num jantar de amigas. Interessante conhecer as suas realidades e seguramente também gostaram de nos ouvir contar a nossa aventura e as últimas da pátria.
A noite acabou com o habitual passeio e deslumbre com as montras e os preços de Zermatt.
Logo à saída ficámos aqui à conversa com as nossas patrícias aqui em baixo na foto |
Zermatt by night é tão ou mais bonita que by day |
Amanhã esperava-nos o dia de consagração numa volta pelas redondezas...
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