E pronto! A ultima prova antes de Portalegre chegou. Passei a semana a temer o pior. O joelho esquerdo ameaçava ser um problema. No Sábado fui fazer um mini trail pela Arriba depois de uma semana de gelo e Voltaren e a coisa lá deu o seu sinalzito... Mau, mau....
Mas decidi ir na mesma fazer os 40Km do Trail do Castelo de Abrantes. Havia de servir para tirar as teimas. Ou se portava bem com os 40Km e me dava confiança para Portalegre, ou a coisa rachava, ou vai ou racha como se costuma dizer. E para rachar que rachasse já, em vez de rachar em Portalegre. Também porque a Dora ia fazer a versão 15Km e isso era de facto excelente e merecia só por si a deslocação.
15 dias depois de termos estado na zona, lá repetimos a viagem. O estado português lá ficou a arder com mais uma viagem SCUT (sem custos para o utilizador e sem lucro para o tipo da galinha dos ovos de outro). Outro otário que não eu, que pague aquelas porcarias de pseudo auto-estradas. É com prazer que descubro as melhores estradas nacionais que temos. A melhor forma de viajar sem alimentar gulosos.
Lá chegados reencontrámos toda a equipa que ia participar. Está para breve o fim destas fotos coloridas... mas para já é o que há.
Quem ia para os 40Km partia primeiro num autocarro que nos havia de levar até à herdade de onde saímos. Quem ia para os 15Km partia 1h30 depois. Fiz umas contas de cabeça para ver se era possível apanhar a Dora antes da meta, dado que eles iam fazer os ultimos 15Km do percurso. Parecia-me viável até porque olhando para a altimetria, o percurso seria "sempre" a descer até ao Tejo, e no final a escalada ao castelo de Abrantes. Era esse então o meu objectivo. Chegar com a Dora ao final.
Chegados à herdade de onde íamos partir nem éramos assim tantos como isso. Umas poucas dúzias de atletas. O Director de prova estabelecia os últimos contactos via telemóvel e no relógio de cozinha.... perdão!!!...cronómetro da partida, tínhamos já 15 minutos de atraso relativamente à hora anunciada inicialmente. Isto ia dificultar o meu objectivo. De qualquer forma, desta vez, ia mesmo devagar. Portalegre gritava dentro de mim. "Não te canses pá! Prá semana tens de fazer 100Km".
E consegui ir mesmo devagar. Sem desprimor para os meus companheiros, mas eles têm um ritmo mais lento que eu (alguns). E obriguei-me a ir com eles até onde pudesse. Rapidamente formámos um grupo onde seguia também o Dário Santos (Organizador do Trail de Penafirme) já companheiro durante uma parte do percurso no Trail de Sesimbra.
Para quem pensava que a coisa ia ser fácil ou tendencialmente a descer... ainda estou para perceber como acabámos por descer até ao Tejo. Safa! Que dureza. O andamento já de si não ia ser muito rápido, mas com aquelas subidas, que teimavam em surgir após cada descida a coisa ameaçava prolongar-se bem para além do que tinha pensado.
A parte boa é que as paisagens compensavam tudo o resto. A seguir a esta zona da barragem desfrutámos do melhor que o nosso país tem em trail.
Um fantástico trilho que começou junto à ribeira e que nos fazia subir cada vez mais alto com a ribeira sempre lá em baixo e onde, por vezes, a progressão não era simples. As inúmeras ribeiras que nos refrescavam os pés, a alma e a garganta. Em várias bebi água tal a pureza das mesmas. Não esquecer que estavam anunciados 31ºC para esse dia, mas houve momentos por aquelas serras em que as coisas aqueceram seguramente mais do que isso.
Primeiro ninguém queria molhar o pezinho, que faz bolha etc. A verdade é que quando por fim nos afastámos desta zona das ribeiras e deixámos de cruzá-las, bastantes vezes desejámos tê-las de volta. Que bem que sabia refrescar os pés naquela água fresquinha.
Com o final das ribeiras veio também a hora de mais calor. Tínhamos demorado muito mais tempo do que o estimado. Ao Km 21 no abastecimento já nos tinham dito que o pessoal dos 15 Km tinha passado ali há que tempos. Lá se tinha ido o meu objectivo de apanhar a Dora e cruzarmos a meta juntos. O calor apertava e estávamos numa zona de olival que tivemos de contornar. As marcações aí estavam confusas e por sorte seguimos o trilho certo. Mais tarde percebemos que fomos dar uma volta enorme ao olival e tornámos a voltar para trás passando muito perto, mas a uma cota inferior. Por pouco não nos perdemos e apanhámos o trilho mais abaixo, como seguramente outros fizeram...
O Dário começou a ficar um pouco para trás mas eu já estava naquela fase em que só vejo a hora de chegar. Deixei-o com o Álvaro e segui lento mas determinado. Mais uns sobe e desces, passagem por dentro da quintazinha do Paes do Amaral e num instante o Castelo de Abrantes surge lá no alto. Ok, só já falta esta parede venha ela!
A vista a meio da subida para o Castelo era esmagadora. Sabia que já toda a gente dos 15Km tinha terminado mas estava curioso de encontrar a Dora.
E chegado lá acima lá estava ela à espera. Claro que já tinha cortado a magnifica meta que aqui vos mostro. De qualquer modo simulámos uma chegada conjunta que o fotógrafo da meta registou. Pena que por vezes as imagens que mais desejamos ver acabem por nunca aparecer. Nunca vi esta foto da meta. Será que ficámos assim tão mal e o Sr. fotógrafo apagou? Mistérios!
Ah! E o joelho? Pois é. Já nem me lembrava dele. Deu sinal de vida entre o Km 10 e o 20. Depois eu esqueci-me dele, ou terá sido ele que se esqueceu de mim? Pouco importa. Vim com a confiança no máximo. A máquina estava operacional e pronta para a grande aventura do ano.
Quanto a um balanço desta prova, na verdade é um belo trail, bem organizado. Talvez se possa reduzir um pouco os encargos e passar essa poupança para os atletas. Os tempos assim o exigem. O almoço um pouco descaracterizado mas com um preço justo e cumpre o objectivo de repôr energias. Pergunto-me se seria preciso irmos de autocarro? Não seria possível sair junto ao tejo serra fora, feitos doidos?
De qualquer forma foi um excelente dia, numa bela região e um magnífico treino para Portalegre.
Se quiserem ver mais fotos vejam este album do facebook
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