segunda-feira, 25 de março de 2019

E assim se passou o Inverno - a profilaxia de uma maratona


Parece que foi ontem. O inverno aproximava-se a passos largos.


Há quem jure pela vitamina C para não se constipar, outros tomam a D. Mas eu optei antes por vir aqui ao blog assumir o compromisso de voltar a treinar para uma maratona, neste artigo.

Na altura tinha sérias duvidas se conseguiria sequer treinar em condições. A minha tendinite nos isquiotibiais parecia começar a responder à minha terapia de choque, mas ainda chateava muito (algum dia deixará de chatear?)

Estava mais pesado, não tinha velocidade e mal conseguia correr rápido. Mas de alguma forma parecia-me que estava na altura de recomeçar a puxar pelo corpo. E como disse na altura, nada como um treino progressivo para uma maratona. Ritmos e carga em crescendo e ir vendo como o corpo reagia. Foi a técnica que usei.

Agora 3 meses depois, o inverno acabou. E o treino também está a chegar ao final. As ultimas séries, o ultimo treino longo, tudo está a acabar. Seguem-se 2 semanas de redução gradual da carga. O que foi feito, feito está. 

Mas para mim esta maratona já foi um sucesso. Pouco me importa o tempo que vou fazer. O que eu queria mesmo era o processo, era conseguir cumprir o plano de treinos com os benefícios que daí ia retirar. Que o corpo resistisse, que se adaptasse e respondesse. 

Hoje, todos os indicadores que tenho estão ao nível de 2017 antes da maratona de Roterdão. Tal como referi neste outro artigo onde registei e acompanhei todo o treino ao longo do inverno, consegui chegar aos mesmos valores. Um pouco melhor no limiar do lactato, um pouco menos de VO2. Perdi peso, estou mais rápido de novo, mais ágil, quase recuperado. 

Nunca me custou tão pouco treinar para uma maratona. A gestão da carga e do esforço foi excelente. Mal dei pelo tempo passar, os treinos específicos, embora duros, foram sendo encaixados e não falhei um único. Ao contrário de 2017 em que no ultimo mês a coisa descarrilou um pouco, talvez com demasiado esforço ou redução das defesas do corpo, andei ali uns dias a patinar e os últimos treinos significativos do plano foram para inglês ver, desta vez entrou tudo que nem ginjas. Também consegui encaixar os treinos nas minhas rotinas diárias com o mínimo de impacto, quer familiar, quer pessoal.

Ultrapassei definitivamente a tendinite? Nem pensar. Talvez esteja a 85%, vá. Aprendemos a viver com as nossas limitações. Uns dias dói mais, outros faz de conta que já nem dói, mas a coisa está sempre lá, uma dor de fundo sempre a recordar. Vive-se um pouco no limbo e dia a dia vê-se para que lado a balança está a pender.  

Mas o que perdemos numas coisas ganhamos em sensatez. Como disse, esta maratona já foi um sucesso. Tudo o que queria dela foi atingido com distinção. Treinei para ritmos de 3 horas mas tenho plena consciência que isso não é possível. Apenas vou desfrutar e sem qualquer pressão vou tranquilo, no meu ritmo de cruzeiro. Quando a coisa aterrar, sigo ainda mais tranquilo. No final logo se vê o que sai dali. Tudo o que vier a mais do que já tenho, é bónus.

Uma coisa é certa, valeu muito a pena esta aposta. Agora siga para 3 semanas de redução gradual de esforço e começar a acumular energia até dia 14 de Abril na Orlen Warsow Marathon.

Se a coisa não correr bem, descansa-se mais um pouco e há uma 2ª oportunidade na Maratona da Europa em Aveiro

Depois de Aveiro está na hora de voltar aos trilhos e começar a preparar o UTAT 2019.

E assim se passou mais um inverno. Profilático, sem dúvida

2 comentários:

  1. Revejo-me totalmente neste post. Tb sofro com uma lesão no joelho, que apesar de estar sempre lá, está muito melhor e me tem deixado treinar para a maratona (de aveiro). Tb "nunca me custou tão pouco" treinar, mas não era dificil com os meus erros acumulados no passado. É a tal sensatez, tb conhecida como experiencia. Bom resto de preparação, agora é já é "fácil".

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    1. Também tenho um joelho desses para a troca. Mas já não há peças, lá vai aguentando.

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