sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Fastpacking - A arte de viajar ligeiro

Trail Camp UTMB - 2015

O Fastpacking está em crescimento, mas antes de mais, o que é o fastpacking?

Fastpacking deriva de backpacking, sendo que o backpacking é bem mais conhecido de todos. O backpacking consiste em viajar com tudo às costas, numa mochila (backpack). Podia-se traduzir por mochilar, vá. Daí os famosos mochileiros. 

Haute Route - 2016
A diferença entre levar-se uma mala de cabine e uma mochila para viajar, é que a mochila permite total autonomia, permite caminhadas, permite desfrutar da natureza dos locais para onde vamos. Uma mala de cabine pressupõe um hotel ou similar, rapidamente à disposição. Ninguém quer andar a arrastar uma mala de cabine ou de porão muito tempo, quanto mais meter-se num trilho ou simplesmente visitar uma cidade, por exemplo. 

Trail Camp UTMB - 2015
O Fastpacking é uma mistura entre mochilar e o trail running. A mochila está lá, o trilho também, a corrida também. A subtileza é que o Fastpacking exige um equilíbrio e concessão na quantidade de coisas que transportamos na mochila. Isto para nos permitir, por um lado autonomia, mas por outro lado correr, ou sermos rápidos. Daí o Fast Packing.  

A língua inglesa é simples e fantástica para compor novas palavras juntando vocábulos. Em português a coisa não funciona tão bem. Se traduzimos backpacking por mochilar o que vamos inventar para fastpacking ? Rapidar ? Rapimochilar ? Mochilar rápido? Epa desisto. Fastpacking está perfeito. Além disso a informação sobre o tema na net encontra-se com fastpacking, por isso fastpacking será, até que alguém invente uma palavra tão eficaz em português.

Via Algarviana - 2017
Qual é a vantagem do fastpacking sobre o backpacking? Apenas a velocidade a que se viaja e a capacidade que temos de cobrir distâncias maiores em menos tempo. 

É óbvio que não se é assim tão mais rápido, mas diria que conseguimos gastar entre 1/3 e metade do tempo que demorávamos se fossemos num ritmo de mochileiro. 

Cobrir 30 a 40 Km de distância por dia será um bom objectivo, dependendo da dificuldade do terreno e desnível positivo e negativo que há para fazer. 

À medida que leio cada vez mais sobre fastpacking descubro que já faço aventuras de fastpacking há vários anos (clica nos links para leres as aventuras):

- Trail camp UTMB 2015
- Haute Route 2016
- Rif 2017
- Via Algarviana 2017
- Picos da Europa 2018
- Subida ao Toubkal 2019
- Rota Vicentina 2020
- Via Valais 2020

Umas mais radicais que outras, mas todas igualmente fabulosas e das quais guardo experiências, memórias e vivências únicas, irrepetíveis e inesquecíveis. 

Via Algarviana - 2017
Não há bem uma regra para o fastpacking. Se bem que a ideia pressuponha uma autonomia total, na prática todas as adaptações são possíveis. A ideia é viajar leve e incluir a corrida para conseguir percorrer maiores distâncias diariamente. 

Também deve ser uma aventura multi dias, para a distinguir de uma simples incursão. Se têm autonomia de refeições, ou para pernoitar, já é uma questão particular de cada aventura, mas não é por comerem num restaurante ou dormirem numa casa que deixa de ser fastpacking, se tiverem autonomia e capacidade para correr. Isso significa que levam pouco peso e com tudo o que precisam para passar os dias. 

De todas as aventuras que referi acima, talvez a Via Algarviana fosse a mais radical em termos de fastpacking porque íamos também com autonomia para dormir, ao relento é um facto, mas o tempo algarvio não exigia mais. 

Subida ao Toubkal - 2019
Ultimamente tenho lido bastante sobre fastpacking com o objetivo de preparar novas aventuras com total autonomia. Não tenho nada contra dormir em bons aposentos, mas a logística, os preços e a necessidade de proceder a reservas com muita antecedência em períodos mais concorridos, são aspetos que chateiam e tiram a piada à coisa. Por isso não renego ficar bem alojado se se proporcionar, até porque o país é pequeno e, pelo menos por cá, não temos grandes distâncias sem encontrar um local para pernoitar entre 4 paredes. Mas termos capacidade de autonomia com uma tenda, um colchão e um saco cama, é outro nível. Ficar em plena natureza é fantástico. 

Picos da Europa - 2018

A dificuldade reside em conseguirmos ter esta capacidade e ainda assim um peso que permita correr qualquer coisa, mais que não seja a descer. Para isso ser possível há que recorrer a material ultra leve. Uma tenda de 1 Kg, um saco cama de 600 gr, um colchão de 600 gr. Como o material ultra leve é também ultra caro, é preciso pesquisar e encontrar as opções que não são assim tão caras, mas sem comprometer a qualidade. Rapar frio dentro de uma tenda em que entre água não é das melhores experiências seguramente.

Rota Vicentina - 2020
Mas sobretudo sermos frugais no que levamos. 1 par de sapatilhas nos pés, 1 muda de roupa na mochila, avaliar cada item que fará parte do peso total. Será mesmo fundamental ? Não cortar no vestuário para o frio, impermeável, camisola quente, calças impermeáveis, luvas, etc. Tendo em conta claro, o local e a previsão meteorológica. Não vale a pena levar calças impermeáveis ou mesmo casaco, para o Algarve em agosto, se a previsão indica uns estáveis 30 graus em média, por exemplo. 

Posso afirmar que já tenho alguma experiência de fastpacking e uma comprovada lista de itens que tenho afinado ao longo das várias aventuras. Na ultima aventura, Via Valais, a mochila tinha pouco mais de 5 Kg. Com vários itens para enfrentar o frio aos 3000 m se tal fosse necessário. 

A minha ideia é escrever alguns artigos sobre fastpacking e ao longo do tempo ir melhorando a minha autonomia de fastpacking nas próximas aventuras. Será um processo gradual em que espero aprender à medida que for adquirindo e testando vário material fazendo algumas saídas mais curtas.

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